O documento descreve a história e as propriedades dos aminoglicosídeos, uma classe de antibióticos. Os aminoglicosídeos foram descobertos em 1939 e a estreptomicina foi o primeiro membro da classe isolado em 1944. Eles atuam inibindo a síntese de proteínas nas bactérias e possuem atividade contra gram-positivos e gram-negativos. Os principais efeitos colaterais são nefrotoxicidade e ototoxicidade.
1. AMINOGLICOSIDEOS
MARIA GRACIELA LUONGO DE MATOS
INTERNATO Clínica Médica 2012 - HSPE
2. HISTÓRICO
O descobrimento desta nova classe de antibióticos
iniciaram-se em 1939, no Departamento de Microbiologia
da Unidade de Agricultura Experimental da Universidade
Rutgers, de New Jersey, nos Estados Unidos.
3. HISTÓRICO
Em 1943, após examinar vários actinomicetos de
solo, Waksman et al. isolaram uma cepa de
Streptomyces griseus, que produzia uma substância
que inibia o crescimento do bacilo da tuberculose e
de diversos microorganismos Gram-positivos e
Gram-negativos.
4. HISTÓRICO
A Estreptomicina foi o primeiro
aminoglicosídeo obtido a partir do
fungo Streptomyces griseus em
1944.
5. ORIGEM
O nome aminoglicosídeo se deve ao fato da
molécula ser constituída por dois ou mais
aminoaçúcares unidos por ligação glicosídica à
hexose ou aminociclitol, que habitualmente está em
posição central.
O nome da substância tem relação com a sua
origem. Aqueles que terminam com mycin são
derivados direta ou indiretamente de Streptomyces
e aqueles que terminam com micin são derivados
direta ou indiretamente de Micromonosporona.
6. CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO
As principais drogas utilizadas atualmente em
nosso meio, além da Estreptomicina, são:
Gentamicina,
Tobramicina,
Netilmicina,
Paramomicina,
Amicacina (semi-sintético),
Espectinomicina (único da classe que não tem
estrutura aminoglicosídica, mas possui uma molécula
aminociclitol presente nos outros componentes da
classe).
7. ORIGEM E ANO DA DESCOBERTA
Revista Brasileira de Cirurgia Carvdiovascular - Vol. 21 – Número 4,
8. CARACTERISTICAS GERAIS
São substâncias solúveis em água, estáveis em
pH 6 a 8, e com estrutura polar de cátions, o que
impede sua absorção via oral.
Exerce então sua ação, principalmente em meio
aeróbico, e pH alcalino.
Portanto, em coleções purulentas sua
concentração é ruim.
9. MECANISMO DE AÇÃO
Ligam-se à fração 30S dos ribossomos inibindo a
síntese protéica ou produzindo proteínas defeituosas.
Para atuar, o aminoglicosídeo deve primeiramente ligar-
se à superfície da célula bacteriana e posteriormente
deve ser transportado através da parede por um
processo dependente de energia oxidativa.
10. MECANISMO DE RESISTÊNCIA
Existem três mecanismos:
1) alteração dos sítios de
ligação no ribossomo;
2) alteração na permeabilidade;
3) modificação enzimática da
droga.
Os genes que conferem resistência podem estar
associados a plasmídeos conjugativos e não
conjugativos e em transposons (elemento genético
móvel), e parecem ser constitutivos, não sendo
induzidos pela presença do antimicrobiano.
O desenvolvimento da resistência durante o
tratamento é raro.
11. PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS
Pouco absorvíveis por via oral, esta via é utilizada
sómente para a descontaminação da flora intestinal
(Neomicina).
Níveis séricos máximos: 60 a 90 minutos, por via IM,
e em infusões intravenosas por 30 minutos.
Atividade bactericida está relacionada ao seu pico
sérico, quanto maior a concentração da droga mais
rápida e maior o efeito bactericida, mostrando ainda
importante atividade bacteriostática residual,
principalmente quando do uso concomitante com
antimicrobianos ß-lactâmicos.
12. PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS
Distribuem-se bem no líquido extracelular, porém a
concentração intracelular é pequena, por necessitarem
de transporte ativo para sua absorção.
Exceção são as células tubulares renais proximais
onde fazem com que a urina atinja concentrações
25 a 100 vezes a sérica.
A penetração nas secreções pulmonares alcança 20%
da concentração sérica, também é baixa a penetração
em liquor, exceto em recém-nascidos. São eliminados
quase que inalterados por filtração glomerular.
13. INDICAÇÕES CLÍNICAS
• Septicemias,
• Infecções do trato urinário,
• Endocardites,
• Infecções respiratórias,
• Infecções intra-abdominais,
• Meningites em recém-nascidos,
• Infecções oculares,
• Osteomielites e
• Infecções de articulações.
14. INDICAÇÕES CLÍNICAS
Grande atividade contra bacilos e cocos gram-
negativos aeróbios, entre eles:
Klebsiella spp., Serratia spp., Enterobacter spp.,
Citrobacter spp., Haemophilus spp.,
Acinetobacter spp. e cepas de Pseudomonas
aeruginosa.
Apresentam também atividade contra bactérias gram-
positivas, entre elas:
Staphylococcus aureus, S. epidermidis,
Listeria monocytogenes, Enterococcus faecalis e
Nocardia asteroides, além de serem ativas contra
micobactérias.
15. INDICAÇÕES CLÍNICAS
Ação sistêmica (Gentamicina, Tobramicina,
Amicacina e Netilmicina): infecções urinárias,
biliares, pulmonares e peritonites.
Neomicina, Soframicina e Aminosidina: sómente
tópicos (pele, mucosa e luz intestinal)
Aminosidina alternativa para leishmaniose cutaneo
mucosa e calazar.
Espectinomicina é usada na gonorréia como
alternativa.
16. PRINCIPAIS AMINOGLICOSIDEOS
ESTREPTOMICINA
Boa atividade contra Mycobacterium
tuberculosis e M. bovis.
Usada em esquemas alternativos contra
tuberculose, quando há resistência a isoniazida
e/ou rifampicina ou quando a terapia parenteral
é necessária.
17. PRINCIPAIS AMINOGLICOSIDEOS
GENTAMICINA
(Garamicina®, Gentamicina®)
Utilizada no tratamento de infecções por
bacilos gram-negativos, com ação contra P.
aeruginosa ou S. marcescens.
Também usada em esquemas combinados
com ß-lactâmicos para infecções mais graves por
enterococos
18. PRINCIPAIS AMINOGLICOSIDEOS
AMICACINA
(Amicacina®, Amikin®, Novamin®, Bactomicin®)
Maior espectro de ação do grupo e é usada em:
* Infecções por bacilos gram-negativos resistentes
a gentamicina e na terapia empírica de infecções
relacionadas à assistência à saúde.
* Útil na terapia das micobacterioses, em casos
específicos de infecções por Mycobacterium
tuberculosis ou no tratamento de infecções pelo M.
fortuitum e M. avium.
19.
20. REGIME EM DOSE ÚNICA
• ITU, sepse por gram negativos, neutropenia
febril, tuberculose e infecções de pele e tecido
subcutâneo.
• RN e crianças.
• Endocardite não estabelecida (mínimo 2 doses)
VANTAGENS
Menor chance de surgir resistência
Menor nefrotoxicidade
Facilidade terapêutica
Melhor adesão ao tratamento
Mais econômico.
21. INTERAÇÕES
Sinergismo com ß-lactâmicos e
glicopeptídeos
Administração deve ser separada
dos ß-lactâmicos: inativação
química.
Aumento de nefrotoxicidade com
glicopeptídeos: Clindamicina,
Anfotericina B.
22. EFEITOS COLATERAIS
NEFROTOXICIDADE
Todos são potencialmente nefrotóxicos.
Manifestação Clínica: Poliúria, glicosúria, proteinúria,
microglobulinúria, excreção aumentada de sódio e
diminuição da osmolaridade urinária.
Após 7 a 10 dias de tratamento como uma insuficiência
renal aguda do tipo não oligúrica, por necrose tubular
aguda.
Aumento de creatinina 5 a 10%.
Reduz a filtração flomerular em 5 a 25%.
Há reversibilidade da função renal com a interrupção
do tratamento.
23. EFEITOS COLATERAIS
NEFROTOXICIDADE
Fatores de risco incluem: uso concomitante de outras
drogas nefrotóxicas, idade avançada, doença hepática
subjacente, uso prévio de aminoglicosídeos e estados
hipovolêmicos.
O emprego de doses menores, repetidas em intervalos
mais curtos tem MAIOR nefrotoxicidade.
24. EFEITOS COLATERAIS
OTOTOXICIDADE
É relativamente incomum, porém importante por sua
irreversibilidade, podendo ocorrer mesmo após a
interrupção da droga.
É relacionada com: dose, tempo > ou = 10 dias, idosos,
uso concomitante ou prévio de drogas ototóxicas,
desidratação, desnutrição e insuficiência renal.
Lesão do 8º par craniano: alteração da função
vestibular e/ou auditiva.
Neomicina e framicetina limita o uso sistêmico.
25. EFEITOS COLATERAIS
OTOTOXICIDADE
Gentamicina, Tobramicina, Netilmicilina e
Estreptomicina: alterações do equilíbrio.
Amicacina: alteração da audição
Geralmente são irreversíveis.
Especialmente alto com uso tópico no ouvido,
principamente quando há perfuração da membrana
timpânica: lesões destrutivas do sáculo e cóclea.
26. EFEITOS COLATERAIS
PARALISIA NEUROMUSCULAR
Complicação rara, vista em situações especiais
como:
• absorção de altas doses intra-peritoneais ou de
infusões rápidas do medicamento.
• Os mais susceptíveis são pacientes que:
Usaram curarizantes,
Pacientes com miastenia gravis, hipocalcemia,
hiperfosfatemia, botulismo, nos quais os
aminoglicosídeos não devem ser utilizados. O
tratamento é feito com administração de gluconato
de cálcio .
27. EFEITOS COLATERAIS
PARALISIA NEUROMUSCULAR
Lembrar do risco de paciente usando
aminoglicosídeo e submetido a anestesia,
podendo ter:
Depressão respiratória por paralisia flácida
da musculatura na recuperação pós-anestésica.
28. BIBLIOGRAFIA
Antimicrobianos – Bases Teóricas e Uso Clínico – disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web
Tavares, W. ; Antibióticos e Quimioterápicos para o Clínico; 2006
Notas do Editor
1952 – Recebeu Premio Nobel de Microbiologia e Medicina Selman Waksman was awarded the Nobel Prize in Physiology or Medicine for his "ingenious, systematic, and successful studies of soil microbes that have led to the discovery of streptomycin, the first antibiotic remedy against tuberculosis."