O documento discute a importância do civismo e da educação para formar cidadãos conscientes e patriotas. Argumenta que o amor à pátria surge do conhecimento da história e problemas do país, e que a escola precisa se renovar para combater a alienação e formar agentes de transformação social. Defende que o civismo verdadeiro nasce da construção coletiva de um país sustentável e justo para todos os seus cidadãos.
1. CIVISMO?
Estamos longe de tornar exequível qualquer proposta que estabeleça em nossos
jovens e crianças, experiências valiosas de sentimento patriótico. Houve um tempo em que
brasileiros foram torturados e até morreram pela pátria. Época em que a leitura, mesmo que
feita às escondidas, era visceral. Enquanto não decidirmos construir uma nova grade curricular
que force o educador a aprender a ler para ensinar a ler, continuaremos fazendo de conta que
formamos cidadãos.
Amor à pátria surge da conscientização, do conhecimento real de nossa história, da
análise dos seus primordiais problemas, do conhecimento dos principais avanços que
conquistamos e do longo caminho que precisamos percorrer para atingirmos novas metas. O
aparelho ideológico escola precisa se renovar para combater a tão nociva alienação. A nova
ordem deve ser formar agentes de transformação da sociedade e não fomentar a ignorância, a
robotização, a subserviência e uma intencional preparação para a mão de obra. Precisamos
fazer nossos alunos perceberem a força de nossa diversidade cultural. Precisamos ensinar aos
nossos alunos a importância de pensar por conta própria. Temos que ensiná-los quem são
nossos verdadeiros heróis...Quem ama respeita e cuida.
Hoje, ao ver os desfiles “cívicos” fiquei a refletir: será mesmo que nossas crianças e
jovens sabem o real significado de ser brasileiro? Afinal, o que é amor à pátria? Será mesmo
que conhecem o torrão natal? Não venha me dizer que para mostrar amor e respeito à pátria
é preciso bater forte no chão com o pé esquerdo ao som de uma fanfarra. Isto não é civismo. O
civismo nasce da formação de um povo envolvido, coletivamente, na construção de um país
cujo desenvolvimento sustentável é lei. E não há outra alternativa fora da educação escolar.
Mas quem ousa fazer essa mudança? Não haverá mudança. A não ser, se juntarmos forças e
decidirmos que ir às ruas é sim um ato cidadão, é sim um ato de amor à nação.
Não se ama forçosamente. O amor é natural. Acontece. Fantoches podem amar e
desamar. Depende da história que escrevemos. Que possamos, pois, ler mais. Mas ler mesmo
para que possamos fazer as melhores escolhas. O Brasil precisa ser reinventado, pautado na
ética, no respeito às diferenças, no combate às injustiças, ao poder mesquinho e efêmero. O
Brasil pode ter outra cara, mas precisa de um novo coração para dar morada aos seus filhos
tão carentes de uma melhor realidade. Saúde de qualidade para todos. Educação de qualidade
para todos. Segurança de qualidade para todos. Meio ambiente respeitado por todos. Civismo
é ação, é atitude. E tudo passará por uma boa leitura!