1. A Responsabilidade dos Pais na Educação dos Filhos
Baseado em “O QUE FAZER COM CRIANÇAS QUE NÃO RESPEITAM NINGUÉM” – Revista Época, nº 569 de
13.04.2009, páginas 62 a 69.
Texto contemplado no concurso “A Doutrina Explica”, ocorrido no período de março a setembro de 2009,
com o objetivo de sensibilizar os participantes para o potencial de racionalização e explicação da
realidade social e espiritual pela Doutrina Espírita e levar a conhecer alguma metodologia de pesquisa
para apoiar o estudo doutrinário.
Apresentamos abaixo, “A responsabilidade dos pais na educação dos filhos”, excelente trabalho de
pesquisa recomendado para publicação.
Por Lara Maria Albuquerque E Silva
A , edição n° 569, do dia 13/04/2009, da revista Época trouxe em sua matéria de capa
o tema: O que fazer com crianças que não respeitam ninguém? A matéria, intitulada
"Por que crianças e adolescentes que têm família estruturada e boas condições
financeiras extrapolam os limites do mau comportamento - e o que fazer com eles?"
está nas páginas 62 a 69 da revista.
A matéria enfoca a dificuldade
dos pais em transmitir valores e
hábitos saudáveis aos filhos,
que desafiam as regras e
possuem uma conduta
antissocial. Para as autoras, "a
permissividade dos pais parece
ser a grande causa do
comportamento". Citam ainda,
estudo realizado pelo psiquiatra
americano Jeffrey Burke que
publicou um trabalho sobre a
relação entre as atitudes de
crianças rebeldes e de seus
pais. Burke concluiu que
"Quando as crianças desobedeciam, os pais costumavam reagir com fúria. Isso levava as
crianças a ficar mais nervosas, desobedecer mais - e provocar respostas mais ríspidas. Ao
longo do tempo, a criança com problemas muda mais o comportamento dos pais que o
2. oposto." O tema é extremamente controvertido e o objetivo desta análise é focar os
ensinamentos da doutrina espírita, de acordo com as obras da codificação e em
publicações de autores consagrados e reconhecidos pela FEB, para tentar auxiliar os
pais nesta difícil missão de educar os filhos.
A pergunta n 208 do Livro dos Espíritos - LE - explica que os pais exercem grande
influência sobre os filhos. "Os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os de seus
filhos pela educação. Constitui-lhes isso uma tarefa. Tornar-se-ão culpados, se vierem a
falir no seu desempenho."
Primeiramente é preciso que os pais compreendam que seus filhos são espíritos
reencarnados, podendo ser mais, menos ou tão evoluídos quanto seus genitores. Durante
a infância, os pais têm a oportunidade de educá-los para os auxiliarem em seu
desenvolvimento. Entretanto, as crianças somente aprendem pelo exemplo, por isso
Burke concluiu que as crianças mudam mais o comportamento dos pais que o inverso. É a
sabedoria divina trazendo para o mesmo lar espíritos com diversas deficiências morais,
para que uns ensinem aos outros e todos aprendam juntos.
Para estabelecer uma verdadeira harmonia no lar, os pais deverão estar dispostos a
abraçar a missão de educar seus filhos, significando isto reservar para eles o maior
espaço de tempo possível, pois eles demandam muita atenção, carinho e afeto preciso
que os pais conheçam seus filhos, suas inclinações e seus vícios para poderem corrigi-los,
não havendo como fazer isso sem estarem presentes em seu dia-a-dia. Muitas vezes será
preferível não assumir importantes cargos no local de trabalho, pois a compensação
financeira não compensará os efeitos decorrentes da ausência dos pais no lar. Somente
assim será possível afirmar que a família da criança é estruturada, não sendo as
condições financeiras o fator de maior relevância para que os filhos extrapolem os
limites do mau comportamento. Somos orientados sobre a questão material, na pergunta
582, do LE, onde se lê que "Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que
estes o dirijam pela senda do bem, e lhes facilitou a tarefa dando àquele uma
organização débil e delicada, que o torna propício a todas as impressões. Muitos há, no
entanto, que mais cuidam de aprumar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar bons
frutos em abundância, do que de formar o caráter de seu filho. Se este vier a sucumbir
por culpa deles, suportarão os desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos
sofrimentos do filho na vida futura, por não terem feito o que lhes estava ao alcance
para que ele avançasse na estrada do bem".
Estamos diante de uma geração que exige respeito, não se curvando ante à violência
física ou moral e que só admite a autoridade de quem lhe dá atenção. Para mudar o que
ensinam às crianças, os pais precisam mudar, dedicando-lhes o seu tempo, sob pena de
haver um relaxamento dos laços de família, que como nos ensina a doutrina levaria à um
agravamento do egoísmo. (LE - pergunta 775)
Ao invés de tentar moldar seus filhos, incutindo-lhes a ideia do certo e do errado,
recompensa ou castigo, os pais deveriam ensinar-lhes a responsabilidade, ou seja, a lei
de ação e reação, evitando incutir-lhes a culpa, um sentimento pobre que não leva a
lugar nenhum.
Certamente que impor limites é essencial à educação da criança, mas antes disso é
preciso que os pais se questionem se estes limites são válidos e porque os estão
impondo, se para o bem da criança ou para a sua própria comodidade, senão a criança
poderá reagir com rebeldia.
3. O Evangelho Segundo o Espiritismo nos traz valiosos ensinamentos sobre a necessidade
da afabilidade e da doçura na educação infantil: O mundo está repleto de pessoas que
têm o sorriso nos lábios e o veneno no coração; que são mansas sob a condição de nada
lhes machucar, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua dourada, quando
falam face a face, se transforma em dardo envenenado, quando estão por detrás. A essa
classe pertencem ainda aqueles homens, benignos por fora e que, tiranos domésticos,
fazem suas famílias e seus subordinados sofrer com o peso de seu orgulho e de sua
tirania, querendo compensar assim o constrangimento a que se submetem fora de casa.
Não ousando agir autoritariamente com estranhos, que os recolocariam no seu lugar,
querem pelo menos ser temidos pelos que não podem resistir-lhes. Sua vaidade alegra-se
por poderem dizer: "Aqui, eu mando e sou obedecido"; sem se lembrar de que poderiam
acrescentar com mais razão: "E sou detestado”.
Se, entretanto, apesar de todo o zelo dos pais, amorosos e presentes, os filhos
permanecem incorrigíveis, como devem proceder os pais? A resposta está na pergunta
190 de O consolador: "Depois de movimentar todos os processos de amor e de energia no
trabalho de orientação educativa dos filhos, é justo que os responsáveis pelo instituto
familiar, sem descontinuidade da dedicação e do sacrifício, esperem a manifestação da
Providência Divina para o esclarecimento dos filhos incorrigíveis, compreendendo que
essa manifestação deve chegar através de dores e de provas acerbas, de modo a semear-
lhes, com êxito, o campo da compreensão e do sentimento."
Bibliografia:
1. Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução da 3a Edição. São Paulo. Editora:
Petit. 1997. Capítulo 9 – item 6 - A afabilidade e a doçura.
2. Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução da 2a Edição. São Paulo. Editora: Petit. 1999.
Questões 208, 582 e 775.
3. Xavier, Francisco Cândido. O Consolador. 28a Edição. Editora: FEB. 2008. Questão 109.
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Grêmio Espírita Atualpa Barbosa Lima. Publicado no Jornal “Brasília Espírita”, edição de
janeiro/fevereiro de 2010, ANO XXXVIII - N° 162. Leia esta edição na íntegra e acesse as edições
anteriores em http://www.atualpa.org.br