SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
Baixar para ler offline
Saúde

ANO III – EDIÇÃO Nº 5
ABRIL , 2011

EPILEPSIA
Introdução
Epilepsia é uma doença caracterizada por muitos sintomas resultantes de
uma variedade de desordens cerebrais. Estima-se que 50 milhões de pessoas
no mundo sofram dessa doença, sendo a epilepsia parcial a mais comum
(ocorre em cerca de 60% dos casos). Dependendo do tipo de crise epiléptica,
a patologia pode estar relacionada a altos índices de morbimortalidade. O
tratamento inicial para grande maioria dos pacientes com epilepsia inclui o
uso de drogas antiepilépticas. Os medicamentos são escolhidos não apenas
com base em estudos, mas também de acordo com variáveis como: tipo de
epilepsia, idade e características do paciente, além do mecanismo de ação da
droga. Os anticonvulsivantes carbamazepina e oxcarbazepina pertencem à
mesma classe terapêutica e possuem as mesmas indicações. Não há consenso de superioridade de eficácia entre
esses dois medicamentos1, contudo há grandes diferenças nos seus custos de tratamento.

A DOENÇA
As epilepsias são distúrbios caracterizados por convulsões que podem
causar comprometimento transitório
da consciência, expondo o indivíduo a
riscos de lesões físicas, como também
provocam, frequentemente, interferência na sua vida escolar e funcional.
O tratamento visa o controle dos sintomas, uma vez que os fármacos disponíveis inibem as convulsões, porém,
não existe profilaxia, nem cura eficaz2.

A adesão aos medicamentos
torna-se um problema devido
à necessidade de
tratamento prolongado e aos
efeitos indesejáveis.
A incidência é de 50 por 100.000 habitantes e a prevalência é de 0,5-1%.
Estudos da história natural da doença

indicam que mais de 70% dos pacientes apresentam melhora a longo prazo
após o início da terapia medicamentosa. No entanto, 20 a 30% dos pacientes tratados têm epilepsia crônica
e debilitante, com consideráveis consequências psicossociais para o indivíduo
e custos para a sociedade. Mesmo os
grupos de pacientes que apresentam
melhora podem estar sujeitos a efeitos
adversos relacionados à dose e à toxicidade crônica dos medicamentos3, 4.
As crises epilépticas são classificadas
de acordo com os sinais ou sintomas
clínicos das convulsões, os quais dependem da localização das descargas
epilépticas no córtex cerebral, sua
extensão e padrão de propagação.
Dentre todas as crises epilépticas, as
parciais ou focais são as mais frequentes após os primeiros anos de vida e
se caracterizam por terem início numa
área cerebral limitada ou de foco em
um hemisfério cerebral, não se associando à perda da consciência5.

Ao se comparar a qualidade de vida
(percepção subjetiva de felicidade ou
satisfação) de pessoas com epilepsia e
de indivíduos com outras doenças crônicas, verifica-se que adultos com crises parciais simples têm qualidade de
vida semelhante à de pacientes com
diabetes mellitus. O impacto negativo
de crises parciais complexas ou generalizadas é parecido ao de indivíduos
com insuficiência aguda do miocárdio
ou insuficiência cardíaca congestiva.
No que se refere ao diagnóstico, a
avaliação de pacientes com suspeita
de crises epilépticas deve ser cuidadosa. Uma história clara do paciente e
de uma testemunha ocular das crises
é fundamental para a caracterização
desses eventos (epiléticos ou não).
Os exames para fins de diagnóstico
de epilepsia incluem: eletroencefalograma (EEG), vídeo-EEG, Ressonância
Magnética Nuclear (RMN) e Tomografia Computadorizada de Crânio7.

SAÚDE E ECONOMIA | EPILEPSIA

1
Tratamentos
O tratamento da epilepsia requer que os profissionais de saúde adotem um método de consultas no qual a família do paciente ou seus cuidadores possam participar de todas as decisões, além de levar em conta a raça, cultura e necessidades
específicas do paciente8.

O tratamento com drogas antiepilépticas
deve ser individualizado de acordo com
o tipo de crise, síndrome epiléptica, comedicações e co-morbidades, o estilo de
vida dos indivíduos e suas preferências
individuais e de sua família8.
É recomendado que os indivíduos
sejam tratados com um antiepiléptico único enquanto for possível. Se o
tratamento inicial não tiver sucesso,
outra monoterapia pode ser testada.
Cuidados devem ser tomados durante esse período de troca de medicação. Se um antiepiléptico fracassou
por causa de efeitos adversos ou crises continuadas, uma segunda droga pode ser iniciada até se atingir a
dose adequada ou máxima tolerada
e, em seguida, a primeira droga deve

ser retirada lentamente8. Segundo
um Consenso de Especialistas Brasileiros de 2003, a carbamazepina e a
oxcarbazepina foram consideradas
drogas de primeira linha para todos
os tipos de crises em pacientes com
epilepsia focal sintomática. A Figura
1 esquematiza a estratégia geral de
tratamento de epilepsia focal sintoespecialistas no Consenso citado9.

MONOTERAPIA

COMBINAÇÃO
DE
DUAS DROGAS

INICIAR
AVALIAÇÃO
PARA CIRURGIA

COMBINAÇÃO DE DUAS DROGAS
(2ª e outras)

COMBINAÇÃO DE TRÊS DROGAS
(1ª, 2ª e outras)

SAÚDE E ECONOMIA | EPILEPSIA

O tratamento da epilepsia
tem muitas variantes e, provavelmente, o custo é uma
das mais sérias limitações.
Não é todo o paciente que
pode sustentar os vários
tipos de tratamento, especialmente nos países em
desenvolvimento 9.

MONOTERAPIA

2

Em pacientes que não responderam
ao tratamento medicamentoso, a intervenção cirúrgica pode ser indicada.
Embora a maioria das pessoas tenha
epilepsia auto-limitada e/ou bom
controle com drogas antiepilépticas,
20-30% delas continuam a ter crises,
grande parte com epilepsia focal10.

mática com base nas respostas dos

FIGURA 1: EPILEPSIA FOCAL SINTOMÁTICA: ESTRATÉGIA GERAL10

MONOTERAPIA
(outras combinações)

Segundo o Guia Britânico de 2004
para tratamento de epilepsia, as
novas drogas antiepilépticas, dentre elas gabapentina, lamotrigina e
oxacarbazepina, são recomendadas
para tratamento da epilepsia em
pessoas que não se beneficiaram do
tratamento com as drogas antigas,
como carbamazepina ou valproato
de sódio, ou nos seguintes casos:
interação medicamentosa (como
contraceptivos orais), intolerância
às drogas e no caso de mulheres
em idade fértil8.

Considerando-se a necessidade de
serem estabelecidos parâmetros sobre a epilepsia no Brasil e diretrizes
nacionais para diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos indivíduos com epilepsia, o Ministério
da Saúde publicou a Portaria SAS/
MS Nº 492, de 23 de setembro de
2010, em cujo anexo encontra-se o
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - Epilepsia. Esse guia recomenda o uso de carbamazepina em
crises focais e os fármacos indicados
para cada tipo de epilepsia11.
Carbamazepina
X
Oxcarbazepina
Neste Informe, abordaremos os preços e os custos de tratamento dos
medicamentos de referência, similares e genéricos da carbamazepina e
oxcarbazepina. Os fármacos citados
foram escolhidos por possuírem as
mesmas indicações e classificação
terapêutica (derivados da carboxamida), assim como, perfis de eficácia
e tolerabilidade semelhantes. Serão
descritos brevemente neste Informe
um grande estudo clínico randomizado (SANAD) e uma revisão sistemática, que compararam carbamazepina
à oxcarbazepina3.
O SANAD é um estudo clínico,
composto por dois “braços” (estratégias), que comparou as novas
drogas desenvolvidas para tratamento de epilepsia com as drogas
utilizadas como padrão, carbamazepina e valproato, em pacientes
tratados com apenas um medicamento. O “braço” A comparou carbamazepina versus gabapentina
ou lamotrigina ou oxcarbazepina
ou topiramato. A oxcarbazepina só
foi incluída no decorrer do estudo,
resultando num menor número
de pacientes randomizados para
essa droga e num menor tempo
de acompanhamento. O “braço” B
comparou valproato versus lamotrigina versus topiramato3.

A randomização, ou seja, a seleção
aleatória dos pacientes para o estudo
SANAD ocorreu de janeiro de 1999 a
31 de agosto de 2004. Os pacientes
foram acompanhados pelo menos
até o final do estudo (31 de agosto
de 2005), e um pequeno número de
pacientes participou do resultado do
estudo após essa data. Participaram
desse estudo pacientes com histórico
devidamente documentado de duas
ou mais crises epilépticas clinicamente definidas não provocadas no último ano, para quem o tratamento
com uma única droga antiepiléptica
representava a melhor opção terapêutica3.
Os pacientes, juntamente com os
médicos, poderiam optar pela substituição do medicamento antiepiléptico em caso de efeitos adversos,
perda da eficácia e remissão, ou pela
adição de outro medicamento, no
caso de perda da eficácia. Os desfechos primários medidos foram:
tempo até que ocorra falha ao tratamento (a retirada do medicamento
devido a efeitos adversos; controle
inadequado das crises epilépticas ou
ambos) e tempo para atingir a melhora das crises em 12 meses. Foram
incluídos 1721 pacientes no “braço”
A e 716 no “braço” B3.
Segundo esse estudo, a carbamazepina e oxcarbazepina possuem eficácia intermediária em relação à lamotrigina (que apresentou os melhores
resultados) e às demais opções estudadas. O uso de carbamazepina foi

CONSULTE SEU MÉDICO E SEMPRE CONFIRA OS
PREÇOS DOS MEDICAMENTOS NO SITE DA ANVISA.
Acesse: http://anvisa.gov.br>Regulação Econômica>
Listas de Medicamentos> Listas de Preços Máximos
de Medicamentos ao Consumidor

mais associado à falha ao tratamento
devido à ocorrência de eventos adversos, enquanto a oxcarbazepina
apresentou melhor perfil de tolerabilidade. Entretanto, o uso de oxcarbazepina foi associado a um menor
controle das crises epiléticas em relação ao uso da carbamazepina. Dados
desse estudo sugerem similaridade
entre as duas drogas, sem diferenças
consistentes entre elas. Em relação
aos desfechos secundários, também
não houve diferenças significativas
entre a oxcarbazepina e carbamazepina3.
Uma revisão sistemática da Cochrane foi realizada com o objetivo de
comparar a eficácia e a tolerabilidade
da carbamazepina em relação à oxcarbazepina, em monoterapia, para
tratamento de crises epilépticas parciais. À época dessa revisão acreditava-se que a oxcarbazepina causava
menos efeitos adversos e menos reações alérgicas que a carbamazepina. Foram selecionados estudos que
comparavam a os fármacos em questão, em monoterapia12.
O desfecho primário definido foi
o tempo decorrido desde a randomização até a retirada do medicamento, devido a efeitos adversos,
controle inadequado das crises ou
adição de outro tratamento. O SANAD foi o único estudo que usou as
mesmas medidas de eficácia dessa
revisão. Assim, a análise da eficácia
foi baseada apenas nesse estudo11.
Para o desfecho considerado não
houve diferenças significativas entre
as duas drogas, assim como em relação aos eventos adversos. Segundo
a revisão, a carbamazepina e oxcarbazepina têm eficácia e tolerabilidade similares em pacientes com crises
epilépticas parciais e as evidências disponíveis não sugerem a superioridade
de uma comparada à outra12.

SAÚDE E ECONOMIA | EPILEPSIA

3
Custo de tratamento
0

20

40

60

80

100

120

140

160

R$/mês

R$ 9,36

R$ 31,02

CARMAZIM

TEGRETOL

R$ 37,48

(CARBAMAZEPINA)

CARMAZIM (CARBAMAZEPINA)
(+ BARATO - SIMILAR)

ZYOXIPINA

(OXCARBAZEPINA)

ZYOXIPINA ((OXCARBAZEPINA)
(+ BARATO - SIMILAR)
•	Apresentação: 30 COM REV CT BL
AL PLAS INC DE 300 MG
•	Custo tratamento: R$ 37,48

•	Apresentação: 20 COM CT BL AL
PLAS INC DE 200 MG
•	Custo tratamento: R$ 9,36

TRILEPTAL (OXCARBAZEPINA)
•	Apresentação: 20 COM REV CT BL AL
PLAS INC X DE 300 MG
•	Custo tratamento: R$ 75,72
9,36

TEGRETOL (CARBAMAZEPINA)
•	Apresentação: 20 COM CT BL AL PLAS
INC DE 200 MG
•	Custo tratamento: R$ 31,02
PERCENTUAIS DE DIFERENÇA DOS
CUSTOS DE TRATAMENTO ENTRE
O MEDICAMENTO DE MARCA, O
GENÉRICO E O SIMILAR

R$ 75,72
TRILEPTAL

CAR

MAZ

Tegretol x Trileptal:144%
Carmazim x Zyoxipina: 300%
Carmazim x Trileptal: 709%

IM

75,72

TRIL

EPTA

709

L

Conforme discutido neste Informe, não há evidências de superioridade quanto à eficácia entre as substâncias carbamazepina e oxcarbazepina para o tratamento de epilepsia. Contudo, observa-se que os preços dos medicamentos com
essas substâncias variam bastante, o que implica em custos de tratamento mensais diferentes.
Análises comparativas dos custos entre os medicamentos disponíveis no mercado identificaram as seguintes diferenças
de preço (vide figura do termômetro): 144% entre os medicamentos de referência* TRILEPTAL (oxcarbazepina) e o TEGRETOL (carbamazepina); 300% entre o medicamento mais barato à base de oxcarbazepina (medicamento similar*) e
o medicamento mais barato à base carbamazepina (medicamento similar) e 709% entre o medicamento de referência
TRILEPTAL (oxcarbazepina) e o medicamento mais barato à base de carbamazepina (medicamento similar).
Cabe ressaltar que, para efeitos do cálculo do custo mensal de tratamento, foram considerados: as doses iniciais máximas previstas em bula; período de 30 dias de tratamento e Preços Máximos de Venda ao Consumidor dos medicamentos analisados, com alíquota de 18% de ICMS.
* De acordo com as definições dadas pela Resolução RDC nº 17, de 2 de março de 2007:
Medicamento similar: é aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta mesma concentração, forma farmacêutica,
via de administração, posologia e indicação terapêutica, e que é equivalente ao medicamento registrado no órgão federal responsável pela
vigilância sanitária, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem,
rotulagem, excipientes e veículo, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca.
Medicamento de referência: é o medicamento inovador registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado
no País, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CARTAS
As referências bibliográficas referentes a este informe e as respostas às Cartas recebidas podem ser encontradas no site
http://anvisa.gov.br>>Regulação Econômica>>Boletim Saúde e Economia
SAÚDE E ECONOMIA
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
NUREM – Núcleo de Assessoramento Econômico em Regulação
GERAE – Gerência de Avaliação Econômica de Novas Tecnologias
Endereço: SIA, Trecho 5, Área Especial 57, 71.205-050, Brasília/DF
E-mail para contato: saude.economia@anvisa.gov.br

Texto e pesquisa: Giselle Silva Pereira Calais, Symone Oliveira
Lima. Revisão do texto: Gustavo Cunha Garcia, Renata
Faria Pereira e Telma Rodrigues Caldeira. Coordenação da
publicação: Alexandre Lemgruber P. d’Oliveira. Projeto gráfico
e diagramação: Anvisa.
Ministério da
Saúde

4

SAÚDE E ECONOMIA | EPILEPSIA

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados (20)

Epilepsia
EpilepsiaEpilepsia
Epilepsia
 
Anti-hipertensivos
Anti-hipertensivosAnti-hipertensivos
Anti-hipertensivos
 
Doenças neurodegenerativas - aspectos fisiopatológicos
Doenças neurodegenerativas - aspectos fisiopatológicosDoenças neurodegenerativas - aspectos fisiopatológicos
Doenças neurodegenerativas - aspectos fisiopatológicos
 
Slides Vc Epilepsia Sintomas ,Causas E Condutas
Slides Vc Epilepsia Sintomas ,Causas E CondutasSlides Vc Epilepsia Sintomas ,Causas E Condutas
Slides Vc Epilepsia Sintomas ,Causas E Condutas
 
AVC Isquemico
AVC IsquemicoAVC Isquemico
AVC Isquemico
 
Avc – acidente vascular cerebral
Avc – acidente vascular cerebralAvc – acidente vascular cerebral
Avc – acidente vascular cerebral
 
Epilepsia - Neuropsicologia
Epilepsia - NeuropsicologiaEpilepsia - Neuropsicologia
Epilepsia - Neuropsicologia
 
Avc
AvcAvc
Avc
 
Acidente Vascular Encefálico
Acidente Vascular EncefálicoAcidente Vascular Encefálico
Acidente Vascular Encefálico
 
INTERAÇ
INTERAÇINTERAÇ
INTERAÇ
 
Diabetes mellitus
Diabetes mellitusDiabetes mellitus
Diabetes mellitus
 
Apresentação Epilepsia
Apresentação EpilepsiaApresentação Epilepsia
Apresentação Epilepsia
 
AVC
AVCAVC
AVC
 
Aula - SNC - Anticonvulsivantes
Aula -  SNC - AnticonvulsivantesAula -  SNC - Anticonvulsivantes
Aula - SNC - Anticonvulsivantes
 
Síndrome de Guillain-Barré
Síndrome de Guillain-BarréSíndrome de Guillain-Barré
Síndrome de Guillain-Barré
 
Antidepressivos
AntidepressivosAntidepressivos
Antidepressivos
 
psicofarmacologia 2
psicofarmacologia 2psicofarmacologia 2
psicofarmacologia 2
 
Esquizofrenia
EsquizofreniaEsquizofrenia
Esquizofrenia
 
Aula 9 Riscos da automedicação
Aula 9 Riscos da automedicaçãoAula 9 Riscos da automedicação
Aula 9 Riscos da automedicação
 
Esclerose múltipla apresentação
Esclerose múltipla apresentação   Esclerose múltipla apresentação
Esclerose múltipla apresentação
 

Destaque

Epilepsia med 4 ..quinta
Epilepsia med 4 ..quintaEpilepsia med 4 ..quinta
Epilepsia med 4 ..quintajessicabehrens
 
Dsnervooso 1232367792130399-3
Dsnervooso 1232367792130399-3Dsnervooso 1232367792130399-3
Dsnervooso 1232367792130399-3Pelo Siro
 
I diretriz brasileira de hipercolesterolemia familiar 2012
I diretriz brasileira de hipercolesterolemia familiar 2012I diretriz brasileira de hipercolesterolemia familiar 2012
I diretriz brasileira de hipercolesterolemia familiar 2012Arquivo-FClinico
 
Comunicação no contexto clinico
Comunicação no contexto clinicoComunicação no contexto clinico
Comunicação no contexto clinicoArquivo-FClinico
 
Doenca renal cronica_pre_terapia_renal_substitutiva_diagnostico
Doenca renal cronica_pre_terapia_renal_substitutiva_diagnosticoDoenca renal cronica_pre_terapia_renal_substitutiva_diagnostico
Doenca renal cronica_pre_terapia_renal_substitutiva_diagnosticoArquivo-FClinico
 
Diretrizes brasileiras de diabetes 2013/2014
Diretrizes brasileiras de diabetes 2013/2014Diretrizes brasileiras de diabetes 2013/2014
Diretrizes brasileiras de diabetes 2013/2014Arquivo-FClinico
 
Hipertensão arterial - MS
Hipertensão arterial - MSHipertensão arterial - MS
Hipertensão arterial - MSArquivo-FClinico
 
Pcdt hiperfosfatemia irc_livro_2010
Pcdt hiperfosfatemia irc_livro_2010Pcdt hiperfosfatemia irc_livro_2010
Pcdt hiperfosfatemia irc_livro_2010Arquivo-FClinico
 
Manual de cuidados paliativos
Manual de cuidados paliativosManual de cuidados paliativos
Manual de cuidados paliativosArquivo-FClinico
 
Refluxo gastroesofágico - MS
Refluxo gastroesofágico - MSRefluxo gastroesofágico - MS
Refluxo gastroesofágico - MSArquivo-FClinico
 
Ebola Ministério da Saúde
Ebola Ministério da SaúdeEbola Ministério da Saúde
Ebola Ministério da SaúdeArquivo-FClinico
 

Destaque (20)

Epilepsia med 4 ..quinta
Epilepsia med 4 ..quintaEpilepsia med 4 ..quinta
Epilepsia med 4 ..quinta
 
Epilepsia gabi ab
Epilepsia  gabi abEpilepsia  gabi ab
Epilepsia gabi ab
 
Epilepsia
Epilepsia Epilepsia
Epilepsia
 
Dsnervooso 1232367792130399-3
Dsnervooso 1232367792130399-3Dsnervooso 1232367792130399-3
Dsnervooso 1232367792130399-3
 
I diretriz brasileira de hipercolesterolemia familiar 2012
I diretriz brasileira de hipercolesterolemia familiar 2012I diretriz brasileira de hipercolesterolemia familiar 2012
I diretriz brasileira de hipercolesterolemia familiar 2012
 
Comunicação no contexto clinico
Comunicação no contexto clinicoComunicação no contexto clinico
Comunicação no contexto clinico
 
Doenca renal cronica_pre_terapia_renal_substitutiva_diagnostico
Doenca renal cronica_pre_terapia_renal_substitutiva_diagnosticoDoenca renal cronica_pre_terapia_renal_substitutiva_diagnostico
Doenca renal cronica_pre_terapia_renal_substitutiva_diagnostico
 
Consenso artrite
Consenso artriteConsenso artrite
Consenso artrite
 
Dislipidemia - MS
Dislipidemia - MSDislipidemia - MS
Dislipidemia - MS
 
Guia ulcera
Guia ulceraGuia ulcera
Guia ulcera
 
Diretrizes brasileiras de diabetes 2013/2014
Diretrizes brasileiras de diabetes 2013/2014Diretrizes brasileiras de diabetes 2013/2014
Diretrizes brasileiras de diabetes 2013/2014
 
Hipertensão arterial - MS
Hipertensão arterial - MSHipertensão arterial - MS
Hipertensão arterial - MS
 
Pcdt hiperfosfatemia irc_livro_2010
Pcdt hiperfosfatemia irc_livro_2010Pcdt hiperfosfatemia irc_livro_2010
Pcdt hiperfosfatemia irc_livro_2010
 
Manual de cuidados paliativos
Manual de cuidados paliativosManual de cuidados paliativos
Manual de cuidados paliativos
 
Refluxo gastroesofágico - MS
Refluxo gastroesofágico - MSRefluxo gastroesofágico - MS
Refluxo gastroesofágico - MS
 
Osteoporose
OsteoporoseOsteoporose
Osteoporose
 
Ebola Ministério da Saúde
Ebola Ministério da SaúdeEbola Ministério da Saúde
Ebola Ministério da Saúde
 
Como Fazer um Slideshow
Como Fazer um SlideshowComo Fazer um Slideshow
Como Fazer um Slideshow
 
Tema 1 genética
Tema 1   genéticaTema 1   genética
Tema 1 genética
 
Genética 013 ff
Genética 013 ffGenética 013 ff
Genética 013 ff
 

Semelhante a Epilepsia - MS

Pcdt angioedema livro_2010
Pcdt angioedema livro_2010Pcdt angioedema livro_2010
Pcdt angioedema livro_2010angiomac
 
Asma de difícil controle
Asma de difícil controleAsma de difícil controle
Asma de difícil controleFlávia Salame
 
Lupus eritematoso sistemico tto
Lupus eritematoso sistemico   ttoLupus eritematoso sistemico   tto
Lupus eritematoso sistemico ttoIsabelle Gontijo
 
Tratamento da Esclerose Múltipla na Infância
Tratamento da Esclerose Múltipla na InfânciaTratamento da Esclerose Múltipla na Infância
Tratamento da Esclerose Múltipla na InfânciaLeandro Junior
 
Manual Prof Wilson De Cefaleia
Manual Prof Wilson De CefaleiaManual Prof Wilson De Cefaleia
Manual Prof Wilson De Cefaleiadouglas silva
 
Novo repertorio-clinico-homeopatico-por-patologias
Novo repertorio-clinico-homeopatico-por-patologiasNovo repertorio-clinico-homeopatico-por-patologias
Novo repertorio-clinico-homeopatico-por-patologiasrhinquez
 
Diretrizes obsesidade
Diretrizes obsesidadeDiretrizes obsesidade
Diretrizes obsesidadeLucia Tome
 
Medcel miniguiadeestudos 2017 REVALIDA
Medcel miniguiadeestudos 2017 REVALIDAMedcel miniguiadeestudos 2017 REVALIDA
Medcel miniguiadeestudos 2017 REVALIDALuciana Disconzi
 
Asma de dificil controle
Asma de dificil controleAsma de dificil controle
Asma de dificil controleFlávia Salame
 
Uso de drogas vasoativas em uti
Uso de drogas vasoativas em utiUso de drogas vasoativas em uti
Uso de drogas vasoativas em utigisa_legal
 
Sistema Respiratório - Casos Clínicos - Farmacologia
Sistema Respiratório - Casos Clínicos - FarmacologiaSistema Respiratório - Casos Clínicos - Farmacologia
Sistema Respiratório - Casos Clínicos - FarmacologiaRAYANE DORNELAS
 
Ms ru 01
Ms ru 01Ms ru 01
Ms ru 01amdii
 
Enxaqueca malantigocomroupagemnova-opasems
Enxaqueca malantigocomroupagemnova-opasemsEnxaqueca malantigocomroupagemnova-opasems
Enxaqueca malantigocomroupagemnova-opasemsLucas Stolfo Maculan
 
Guia prático das interações medicamentosas
Guia prático das interações medicamentosasGuia prático das interações medicamentosas
Guia prático das interações medicamentosasLucas Stolfo Maculan
 

Semelhante a Epilepsia - MS (20)

Pcdt angioedema livro_2010
Pcdt angioedema livro_2010Pcdt angioedema livro_2010
Pcdt angioedema livro_2010
 
Asma de difícil controle
Asma de difícil controleAsma de difícil controle
Asma de difícil controle
 
Lupus eritematoso sistemico tto
Lupus eritematoso sistemico   ttoLupus eritematoso sistemico   tto
Lupus eritematoso sistemico tto
 
Tratamento da Esclerose Múltipla na Infância
Tratamento da Esclerose Múltipla na InfânciaTratamento da Esclerose Múltipla na Infância
Tratamento da Esclerose Múltipla na Infância
 
Manual Prof Wilson De Cefaleia
Manual Prof Wilson De CefaleiaManual Prof Wilson De Cefaleia
Manual Prof Wilson De Cefaleia
 
Novo repertorio-clinico-homeopatico-por-patologias
Novo repertorio-clinico-homeopatico-por-patologiasNovo repertorio-clinico-homeopatico-por-patologias
Novo repertorio-clinico-homeopatico-por-patologias
 
Diretrizes obsesidade
Diretrizes obsesidadeDiretrizes obsesidade
Diretrizes obsesidade
 
Medcel miniguiadeestudos 2017 REVALIDA
Medcel miniguiadeestudos 2017 REVALIDAMedcel miniguiadeestudos 2017 REVALIDA
Medcel miniguiadeestudos 2017 REVALIDA
 
Asma de dificil controle
Asma de dificil controleAsma de dificil controle
Asma de dificil controle
 
Uso de drogas vasoativas em uti
Uso de drogas vasoativas em utiUso de drogas vasoativas em uti
Uso de drogas vasoativas em uti
 
Sistema Respiratório - Casos Clínicos - Farmacologia
Sistema Respiratório - Casos Clínicos - FarmacologiaSistema Respiratório - Casos Clínicos - Farmacologia
Sistema Respiratório - Casos Clínicos - Farmacologia
 
Depressao 2001
Depressao 2001Depressao 2001
Depressao 2001
 
Farmacos detalhes
Farmacos detalhesFarmacos detalhes
Farmacos detalhes
 
Cefaleia em adultos 2009
Cefaleia em adultos 2009Cefaleia em adultos 2009
Cefaleia em adultos 2009
 
Ms ru 01
Ms ru 01Ms ru 01
Ms ru 01
 
Enxaqueca malantigocomroupagemnova-opasems
Enxaqueca malantigocomroupagemnova-opasemsEnxaqueca malantigocomroupagemnova-opasems
Enxaqueca malantigocomroupagemnova-opasems
 
879 4816-1-pb
879 4816-1-pb879 4816-1-pb
879 4816-1-pb
 
Pré teste
Pré testePré teste
Pré teste
 
Antibiticos completo
Antibiticos completoAntibiticos completo
Antibiticos completo
 
Guia prático das interações medicamentosas
Guia prático das interações medicamentosasGuia prático das interações medicamentosas
Guia prático das interações medicamentosas
 

Mais de Arquivo-FClinico

Armazenamento e descarte de medicamentos e materiais
Armazenamento e descarte de medicamentos e materiaisArmazenamento e descarte de medicamentos e materiais
Armazenamento e descarte de medicamentos e materiaisArquivo-FClinico
 
Farmacovigilância - Hospital Sírio Libanês
Farmacovigilância - Hospital Sírio LibanêsFarmacovigilância - Hospital Sírio Libanês
Farmacovigilância - Hospital Sírio LibanêsArquivo-FClinico
 
Barreiras de segurança no processo de medicação unidade internação
Barreiras de segurança no processo de medicação   unidade internaçãoBarreiras de segurança no processo de medicação   unidade internação
Barreiras de segurança no processo de medicação unidade internaçãoArquivo-FClinico
 
Busca ativa de reações adversas a medicamentos ram
Busca ativa de reações adversas a medicamentos   ramBusca ativa de reações adversas a medicamentos   ram
Busca ativa de reações adversas a medicamentos ramArquivo-FClinico
 
Avaliação de prescrição e protocolos de tratamento oncológico
Avaliação de prescrição e protocolos de tratamento oncológicoAvaliação de prescrição e protocolos de tratamento oncológico
Avaliação de prescrição e protocolos de tratamento oncológicoArquivo-FClinico
 
Cristalóides e colóides na prática clínica
Cristalóides e colóides na prática clínicaCristalóides e colóides na prática clínica
Cristalóides e colóides na prática clínicaArquivo-FClinico
 
Medicamentos de atenção especial
Medicamentos de atenção especialMedicamentos de atenção especial
Medicamentos de atenção especialArquivo-FClinico
 
Nomes de medicamentos semelhantes na pronúncia ou na escrita
Nomes de medicamentos semelhantes na pronúncia ou na escritaNomes de medicamentos semelhantes na pronúncia ou na escrita
Nomes de medicamentos semelhantes na pronúncia ou na escritaArquivo-FClinico
 
Fluxo de medicamentos da farmácia oncológica
Fluxo de medicamentos da farmácia oncológicaFluxo de medicamentos da farmácia oncológica
Fluxo de medicamentos da farmácia oncológicaArquivo-FClinico
 
Antidepressivos brats 2012
Antidepressivos brats 2012Antidepressivos brats 2012
Antidepressivos brats 2012Arquivo-FClinico
 
Hipertensão arterial referencias - MS
Hipertensão arterial referencias - MSHipertensão arterial referencias - MS
Hipertensão arterial referencias - MSArquivo-FClinico
 
Epilepsia referencias - MS
Epilepsia referencias - MSEpilepsia referencias - MS
Epilepsia referencias - MSArquivo-FClinico
 
Dislipidemia referencias - MS
Dislipidemia referencias - MSDislipidemia referencias - MS
Dislipidemia referencias - MSArquivo-FClinico
 
Disfunção erétil referências - MS
Disfunção erétil referências - MSDisfunção erétil referências - MS
Disfunção erétil referências - MSArquivo-FClinico
 
Anemia por deficiência de ferro - MS
Anemia por deficiência de ferro - MSAnemia por deficiência de ferro - MS
Anemia por deficiência de ferro - MSArquivo-FClinico
 
Cadernos de atenção básica estratégias para o cuidado da pessoa com doença ...
Cadernos de atenção básica   estratégias para o cuidado da pessoa com doença ...Cadernos de atenção básica   estratégias para o cuidado da pessoa com doença ...
Cadernos de atenção básica estratégias para o cuidado da pessoa com doença ...Arquivo-FClinico
 

Mais de Arquivo-FClinico (20)

Armazenamento e descarte de medicamentos e materiais
Armazenamento e descarte de medicamentos e materiaisArmazenamento e descarte de medicamentos e materiais
Armazenamento e descarte de medicamentos e materiais
 
Farmacovigilância - Hospital Sírio Libanês
Farmacovigilância - Hospital Sírio LibanêsFarmacovigilância - Hospital Sírio Libanês
Farmacovigilância - Hospital Sírio Libanês
 
Barreiras de segurança no processo de medicação unidade internação
Barreiras de segurança no processo de medicação   unidade internaçãoBarreiras de segurança no processo de medicação   unidade internação
Barreiras de segurança no processo de medicação unidade internação
 
Busca ativa de reações adversas a medicamentos ram
Busca ativa de reações adversas a medicamentos   ramBusca ativa de reações adversas a medicamentos   ram
Busca ativa de reações adversas a medicamentos ram
 
Avaliação de prescrição e protocolos de tratamento oncológico
Avaliação de prescrição e protocolos de tratamento oncológicoAvaliação de prescrição e protocolos de tratamento oncológico
Avaliação de prescrição e protocolos de tratamento oncológico
 
Cristalóides e colóides na prática clínica
Cristalóides e colóides na prática clínicaCristalóides e colóides na prática clínica
Cristalóides e colóides na prática clínica
 
Medicamentos de atenção especial
Medicamentos de atenção especialMedicamentos de atenção especial
Medicamentos de atenção especial
 
Nomes de medicamentos semelhantes na pronúncia ou na escrita
Nomes de medicamentos semelhantes na pronúncia ou na escritaNomes de medicamentos semelhantes na pronúncia ou na escrita
Nomes de medicamentos semelhantes na pronúncia ou na escrita
 
Fluxo de medicamentos da farmácia oncológica
Fluxo de medicamentos da farmácia oncológicaFluxo de medicamentos da farmácia oncológica
Fluxo de medicamentos da farmácia oncológica
 
Antidepressivos brats 2012
Antidepressivos brats 2012Antidepressivos brats 2012
Antidepressivos brats 2012
 
Osteoporose -MS
Osteoporose -MSOsteoporose -MS
Osteoporose -MS
 
Hipertensão arterial referencias - MS
Hipertensão arterial referencias - MSHipertensão arterial referencias - MS
Hipertensão arterial referencias - MS
 
Glaucoma - MS
Glaucoma - MSGlaucoma - MS
Glaucoma - MS
 
Epilepsia referencias - MS
Epilepsia referencias - MSEpilepsia referencias - MS
Epilepsia referencias - MS
 
Dislipidemia referencias - MS
Dislipidemia referencias - MSDislipidemia referencias - MS
Dislipidemia referencias - MS
 
Disfunção erétil - MS
Disfunção erétil - MSDisfunção erétil - MS
Disfunção erétil - MS
 
Disfunção erétil referências - MS
Disfunção erétil referências - MSDisfunção erétil referências - MS
Disfunção erétil referências - MS
 
Anemia por deficiência de ferro - MS
Anemia por deficiência de ferro - MSAnemia por deficiência de ferro - MS
Anemia por deficiência de ferro - MS
 
Rinite alérgica - MS
Rinite alérgica - MSRinite alérgica - MS
Rinite alérgica - MS
 
Cadernos de atenção básica estratégias para o cuidado da pessoa com doença ...
Cadernos de atenção básica   estratégias para o cuidado da pessoa com doença ...Cadernos de atenção básica   estratégias para o cuidado da pessoa com doença ...
Cadernos de atenção básica estratégias para o cuidado da pessoa com doença ...
 

Epilepsia - MS

  • 1. Saúde ANO III – EDIÇÃO Nº 5 ABRIL , 2011 EPILEPSIA Introdução Epilepsia é uma doença caracterizada por muitos sintomas resultantes de uma variedade de desordens cerebrais. Estima-se que 50 milhões de pessoas no mundo sofram dessa doença, sendo a epilepsia parcial a mais comum (ocorre em cerca de 60% dos casos). Dependendo do tipo de crise epiléptica, a patologia pode estar relacionada a altos índices de morbimortalidade. O tratamento inicial para grande maioria dos pacientes com epilepsia inclui o uso de drogas antiepilépticas. Os medicamentos são escolhidos não apenas com base em estudos, mas também de acordo com variáveis como: tipo de epilepsia, idade e características do paciente, além do mecanismo de ação da droga. Os anticonvulsivantes carbamazepina e oxcarbazepina pertencem à mesma classe terapêutica e possuem as mesmas indicações. Não há consenso de superioridade de eficácia entre esses dois medicamentos1, contudo há grandes diferenças nos seus custos de tratamento. A DOENÇA As epilepsias são distúrbios caracterizados por convulsões que podem causar comprometimento transitório da consciência, expondo o indivíduo a riscos de lesões físicas, como também provocam, frequentemente, interferência na sua vida escolar e funcional. O tratamento visa o controle dos sintomas, uma vez que os fármacos disponíveis inibem as convulsões, porém, não existe profilaxia, nem cura eficaz2. A adesão aos medicamentos torna-se um problema devido à necessidade de tratamento prolongado e aos efeitos indesejáveis. A incidência é de 50 por 100.000 habitantes e a prevalência é de 0,5-1%. Estudos da história natural da doença indicam que mais de 70% dos pacientes apresentam melhora a longo prazo após o início da terapia medicamentosa. No entanto, 20 a 30% dos pacientes tratados têm epilepsia crônica e debilitante, com consideráveis consequências psicossociais para o indivíduo e custos para a sociedade. Mesmo os grupos de pacientes que apresentam melhora podem estar sujeitos a efeitos adversos relacionados à dose e à toxicidade crônica dos medicamentos3, 4. As crises epilépticas são classificadas de acordo com os sinais ou sintomas clínicos das convulsões, os quais dependem da localização das descargas epilépticas no córtex cerebral, sua extensão e padrão de propagação. Dentre todas as crises epilépticas, as parciais ou focais são as mais frequentes após os primeiros anos de vida e se caracterizam por terem início numa área cerebral limitada ou de foco em um hemisfério cerebral, não se associando à perda da consciência5. Ao se comparar a qualidade de vida (percepção subjetiva de felicidade ou satisfação) de pessoas com epilepsia e de indivíduos com outras doenças crônicas, verifica-se que adultos com crises parciais simples têm qualidade de vida semelhante à de pacientes com diabetes mellitus. O impacto negativo de crises parciais complexas ou generalizadas é parecido ao de indivíduos com insuficiência aguda do miocárdio ou insuficiência cardíaca congestiva. No que se refere ao diagnóstico, a avaliação de pacientes com suspeita de crises epilépticas deve ser cuidadosa. Uma história clara do paciente e de uma testemunha ocular das crises é fundamental para a caracterização desses eventos (epiléticos ou não). Os exames para fins de diagnóstico de epilepsia incluem: eletroencefalograma (EEG), vídeo-EEG, Ressonância Magnética Nuclear (RMN) e Tomografia Computadorizada de Crânio7. SAÚDE E ECONOMIA | EPILEPSIA 1
  • 2. Tratamentos O tratamento da epilepsia requer que os profissionais de saúde adotem um método de consultas no qual a família do paciente ou seus cuidadores possam participar de todas as decisões, além de levar em conta a raça, cultura e necessidades específicas do paciente8. O tratamento com drogas antiepilépticas deve ser individualizado de acordo com o tipo de crise, síndrome epiléptica, comedicações e co-morbidades, o estilo de vida dos indivíduos e suas preferências individuais e de sua família8. É recomendado que os indivíduos sejam tratados com um antiepiléptico único enquanto for possível. Se o tratamento inicial não tiver sucesso, outra monoterapia pode ser testada. Cuidados devem ser tomados durante esse período de troca de medicação. Se um antiepiléptico fracassou por causa de efeitos adversos ou crises continuadas, uma segunda droga pode ser iniciada até se atingir a dose adequada ou máxima tolerada e, em seguida, a primeira droga deve ser retirada lentamente8. Segundo um Consenso de Especialistas Brasileiros de 2003, a carbamazepina e a oxcarbazepina foram consideradas drogas de primeira linha para todos os tipos de crises em pacientes com epilepsia focal sintomática. A Figura 1 esquematiza a estratégia geral de tratamento de epilepsia focal sintoespecialistas no Consenso citado9. MONOTERAPIA COMBINAÇÃO DE DUAS DROGAS INICIAR AVALIAÇÃO PARA CIRURGIA COMBINAÇÃO DE DUAS DROGAS (2ª e outras) COMBINAÇÃO DE TRÊS DROGAS (1ª, 2ª e outras) SAÚDE E ECONOMIA | EPILEPSIA O tratamento da epilepsia tem muitas variantes e, provavelmente, o custo é uma das mais sérias limitações. Não é todo o paciente que pode sustentar os vários tipos de tratamento, especialmente nos países em desenvolvimento 9. MONOTERAPIA 2 Em pacientes que não responderam ao tratamento medicamentoso, a intervenção cirúrgica pode ser indicada. Embora a maioria das pessoas tenha epilepsia auto-limitada e/ou bom controle com drogas antiepilépticas, 20-30% delas continuam a ter crises, grande parte com epilepsia focal10. mática com base nas respostas dos FIGURA 1: EPILEPSIA FOCAL SINTOMÁTICA: ESTRATÉGIA GERAL10 MONOTERAPIA (outras combinações) Segundo o Guia Britânico de 2004 para tratamento de epilepsia, as novas drogas antiepilépticas, dentre elas gabapentina, lamotrigina e oxacarbazepina, são recomendadas para tratamento da epilepsia em pessoas que não se beneficiaram do tratamento com as drogas antigas, como carbamazepina ou valproato de sódio, ou nos seguintes casos: interação medicamentosa (como contraceptivos orais), intolerância às drogas e no caso de mulheres em idade fértil8. Considerando-se a necessidade de serem estabelecidos parâmetros sobre a epilepsia no Brasil e diretrizes nacionais para diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos indivíduos com epilepsia, o Ministério da Saúde publicou a Portaria SAS/ MS Nº 492, de 23 de setembro de 2010, em cujo anexo encontra-se o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - Epilepsia. Esse guia recomenda o uso de carbamazepina em crises focais e os fármacos indicados para cada tipo de epilepsia11.
  • 3. Carbamazepina X Oxcarbazepina Neste Informe, abordaremos os preços e os custos de tratamento dos medicamentos de referência, similares e genéricos da carbamazepina e oxcarbazepina. Os fármacos citados foram escolhidos por possuírem as mesmas indicações e classificação terapêutica (derivados da carboxamida), assim como, perfis de eficácia e tolerabilidade semelhantes. Serão descritos brevemente neste Informe um grande estudo clínico randomizado (SANAD) e uma revisão sistemática, que compararam carbamazepina à oxcarbazepina3. O SANAD é um estudo clínico, composto por dois “braços” (estratégias), que comparou as novas drogas desenvolvidas para tratamento de epilepsia com as drogas utilizadas como padrão, carbamazepina e valproato, em pacientes tratados com apenas um medicamento. O “braço” A comparou carbamazepina versus gabapentina ou lamotrigina ou oxcarbazepina ou topiramato. A oxcarbazepina só foi incluída no decorrer do estudo, resultando num menor número de pacientes randomizados para essa droga e num menor tempo de acompanhamento. O “braço” B comparou valproato versus lamotrigina versus topiramato3. A randomização, ou seja, a seleção aleatória dos pacientes para o estudo SANAD ocorreu de janeiro de 1999 a 31 de agosto de 2004. Os pacientes foram acompanhados pelo menos até o final do estudo (31 de agosto de 2005), e um pequeno número de pacientes participou do resultado do estudo após essa data. Participaram desse estudo pacientes com histórico devidamente documentado de duas ou mais crises epilépticas clinicamente definidas não provocadas no último ano, para quem o tratamento com uma única droga antiepiléptica representava a melhor opção terapêutica3. Os pacientes, juntamente com os médicos, poderiam optar pela substituição do medicamento antiepiléptico em caso de efeitos adversos, perda da eficácia e remissão, ou pela adição de outro medicamento, no caso de perda da eficácia. Os desfechos primários medidos foram: tempo até que ocorra falha ao tratamento (a retirada do medicamento devido a efeitos adversos; controle inadequado das crises epilépticas ou ambos) e tempo para atingir a melhora das crises em 12 meses. Foram incluídos 1721 pacientes no “braço” A e 716 no “braço” B3. Segundo esse estudo, a carbamazepina e oxcarbazepina possuem eficácia intermediária em relação à lamotrigina (que apresentou os melhores resultados) e às demais opções estudadas. O uso de carbamazepina foi CONSULTE SEU MÉDICO E SEMPRE CONFIRA OS PREÇOS DOS MEDICAMENTOS NO SITE DA ANVISA. Acesse: http://anvisa.gov.br>Regulação Econômica> Listas de Medicamentos> Listas de Preços Máximos de Medicamentos ao Consumidor mais associado à falha ao tratamento devido à ocorrência de eventos adversos, enquanto a oxcarbazepina apresentou melhor perfil de tolerabilidade. Entretanto, o uso de oxcarbazepina foi associado a um menor controle das crises epiléticas em relação ao uso da carbamazepina. Dados desse estudo sugerem similaridade entre as duas drogas, sem diferenças consistentes entre elas. Em relação aos desfechos secundários, também não houve diferenças significativas entre a oxcarbazepina e carbamazepina3. Uma revisão sistemática da Cochrane foi realizada com o objetivo de comparar a eficácia e a tolerabilidade da carbamazepina em relação à oxcarbazepina, em monoterapia, para tratamento de crises epilépticas parciais. À época dessa revisão acreditava-se que a oxcarbazepina causava menos efeitos adversos e menos reações alérgicas que a carbamazepina. Foram selecionados estudos que comparavam a os fármacos em questão, em monoterapia12. O desfecho primário definido foi o tempo decorrido desde a randomização até a retirada do medicamento, devido a efeitos adversos, controle inadequado das crises ou adição de outro tratamento. O SANAD foi o único estudo que usou as mesmas medidas de eficácia dessa revisão. Assim, a análise da eficácia foi baseada apenas nesse estudo11. Para o desfecho considerado não houve diferenças significativas entre as duas drogas, assim como em relação aos eventos adversos. Segundo a revisão, a carbamazepina e oxcarbazepina têm eficácia e tolerabilidade similares em pacientes com crises epilépticas parciais e as evidências disponíveis não sugerem a superioridade de uma comparada à outra12. SAÚDE E ECONOMIA | EPILEPSIA 3
  • 4. Custo de tratamento 0 20 40 60 80 100 120 140 160 R$/mês R$ 9,36 R$ 31,02 CARMAZIM TEGRETOL R$ 37,48 (CARBAMAZEPINA) CARMAZIM (CARBAMAZEPINA) (+ BARATO - SIMILAR) ZYOXIPINA (OXCARBAZEPINA) ZYOXIPINA ((OXCARBAZEPINA) (+ BARATO - SIMILAR) • Apresentação: 30 COM REV CT BL AL PLAS INC DE 300 MG • Custo tratamento: R$ 37,48 • Apresentação: 20 COM CT BL AL PLAS INC DE 200 MG • Custo tratamento: R$ 9,36 TRILEPTAL (OXCARBAZEPINA) • Apresentação: 20 COM REV CT BL AL PLAS INC X DE 300 MG • Custo tratamento: R$ 75,72 9,36 TEGRETOL (CARBAMAZEPINA) • Apresentação: 20 COM CT BL AL PLAS INC DE 200 MG • Custo tratamento: R$ 31,02 PERCENTUAIS DE DIFERENÇA DOS CUSTOS DE TRATAMENTO ENTRE O MEDICAMENTO DE MARCA, O GENÉRICO E O SIMILAR R$ 75,72 TRILEPTAL CAR MAZ Tegretol x Trileptal:144% Carmazim x Zyoxipina: 300% Carmazim x Trileptal: 709% IM 75,72 TRIL EPTA 709 L Conforme discutido neste Informe, não há evidências de superioridade quanto à eficácia entre as substâncias carbamazepina e oxcarbazepina para o tratamento de epilepsia. Contudo, observa-se que os preços dos medicamentos com essas substâncias variam bastante, o que implica em custos de tratamento mensais diferentes. Análises comparativas dos custos entre os medicamentos disponíveis no mercado identificaram as seguintes diferenças de preço (vide figura do termômetro): 144% entre os medicamentos de referência* TRILEPTAL (oxcarbazepina) e o TEGRETOL (carbamazepina); 300% entre o medicamento mais barato à base de oxcarbazepina (medicamento similar*) e o medicamento mais barato à base carbamazepina (medicamento similar) e 709% entre o medicamento de referência TRILEPTAL (oxcarbazepina) e o medicamento mais barato à base de carbamazepina (medicamento similar). Cabe ressaltar que, para efeitos do cálculo do custo mensal de tratamento, foram considerados: as doses iniciais máximas previstas em bula; período de 30 dias de tratamento e Preços Máximos de Venda ao Consumidor dos medicamentos analisados, com alíquota de 18% de ICMS. * De acordo com as definições dadas pela Resolução RDC nº 17, de 2 de março de 2007: Medicamento similar: é aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, e que é equivalente ao medicamento registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículo, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca. Medicamento de referência: é o medicamento inovador registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no País, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E CARTAS As referências bibliográficas referentes a este informe e as respostas às Cartas recebidas podem ser encontradas no site http://anvisa.gov.br>>Regulação Econômica>>Boletim Saúde e Economia SAÚDE E ECONOMIA ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária NUREM – Núcleo de Assessoramento Econômico em Regulação GERAE – Gerência de Avaliação Econômica de Novas Tecnologias Endereço: SIA, Trecho 5, Área Especial 57, 71.205-050, Brasília/DF E-mail para contato: saude.economia@anvisa.gov.br Texto e pesquisa: Giselle Silva Pereira Calais, Symone Oliveira Lima. Revisão do texto: Gustavo Cunha Garcia, Renata Faria Pereira e Telma Rodrigues Caldeira. Coordenação da publicação: Alexandre Lemgruber P. d’Oliveira. Projeto gráfico e diagramação: Anvisa. Ministério da Saúde 4 SAÚDE E ECONOMIA | EPILEPSIA