1. O documento discute a organização do tempo e do espaço escolar como categorias importantes na prática pedagógica que são construídas cultural e historicamente.
2. Ao longo da história, diferentes formas de organização do tempo e espaço escolar refletiram diferentes concepções de ensino, como a escola seriada do século XIX e propostas atuais mais flexíveis.
3. A organização do tempo e espaço escolar influencia diretamente o processo de formação das novas gerações, podendo gerar inclusões ou exclusões sociais.
2. OBJETIVOS
1. Refletir sobre a organização do tempo e do espaço
escolar como categorias importantes e constitutivas da
prática pedagógica.
2. Compreender quer o tempo e o espaço são categorias
construídas cultura e historicamente e que sofrem
interferências em diferentes épocas e contextos.
3. Perceber que as diferentes formas de organização do
tempo e do espaço escolar refletem diferentes
concepções de ensino.
4. Conhecer aspectos relevantes das propostas educativas
atuais que preconizam novas formas de organizar e
conceber o tempo e o espaço na escola.
3. Cortar o tempo
Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no
limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar
e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra
vez, com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui pra diante vai ser diferente
DRUMMOND
4. Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o
propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e
tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo
de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de
dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo
de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e
tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e
tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de
paz.
Eclesiastes 3:1-8
5. Assim como na vida, na
escola, bem como qualquer
outra instituição
social, ocorrem diversas
práticas de organização do
tempo e do espaço como
forma de ordenamento das
relações estabelecidas entre
diferentes atores e suas
práticas.
6. A organização do tempo e dos
espaços impõem regras, valores
e condutas que são
interiorizadas pelos sujeitos
envolvidos no processo
educacional.
Nesta perspectiva, a cultura escolar
com seus rituais e normas regulam
os tempos infantis
estabelecendo, por exemplo, o
tempo de brincar e formas de viver
e conviver no espaço educativo
7. Configura-se em um
conjunto de normas que
definem conhecimentos a
ensinar e com condutas a
inculcar, e um conjunto de
práticas que permitem a
transmissão de
conhecimentos e
incorporação desses
comportamentos: normas
e práticas coordenadas a
finalidades que podem
variar segundo épocas.
(Dominique e Julia (2001)
8. Atualmente, existem Colocam em xeque antigas
diversas propostas organizações temporais e do
educacionais que espaço
defendem novas formas escolar, descaracterizando:
de organizar o tempo e
o espaço escolar: A ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA
SERIADA
SISTEMA DE CICLOS
PADRONIZAÇÃO DO ENSINO
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
PROGRAMAS DE ENSINO
EDUCAÇÃO INTEGRAL PRÉ-ESTABELECIDOS
SALAS HOMOGÊNEAS
9. ESCOLAS
GRADUADAS OU
SERIADAS
PROPOSTAS ATUAIS DE
FLEXIBILIZAÇÃO DO
TEMPO E DO ESPAÇO NA
ORGANIZAÇÃO
PEDAGÓGICA
10. A LÓGICA DAS
ESCOLAS
GRADUADAS
OU SERIADAS
ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
RÍGIDA, RITUALISTA, PADRONIZADA,
VOLTADA PARA A DISCIPLINA E
NORMALIZAÇÃO DOS CORPPOS
INFANTIS, COM PREDOMÍNIO DE
CONHECIMENTOS FRAGMENTADOS
QUE POUCO DIALOGAM COM O
CONTEXTO CULTURAL DOA ALUNOS
11. 1. Implantada no Brasil, em 1894
2. Institucionalização dos grupos
escolares
2. Alterações no ensino público
primário
3. Remodelação das práticas
de ensino.
4. Nova configuração do tempo
e espaços escolares
12. Por meio da escola seriada ou
graduada é que se configurou, no
campo educacional, a
institucionalização dos Grupos
Escolares.
13. • Dias letivos
• Duração das aulas
• Recreio
• Salas de aulas
• Distribuição dos móveis, quadro, giz
• Corredores, muros, pátios
• Ensino simultâneo
• Agrupamentos de alunos em classes
• Nivelamento por idade e conhecimento das crianças.
•Tempo de frequência e permanência na escola
• Jornada escolar: 20 h semanais, 200 dias
letivos, férias, etc.
14. Para compreendermos as mudanças
ocorridas a partir do processo de
implantação dos GRUPOS ESCOLARES é
preciso entender o movimento de
institucionalização dessa modalidade escolar
no Brasil que produziu e consolidou uma
FORMA ESCOLAR de educação com sua
organização específica dos saberes, tempos
e espaços.
15. Caracteriza-se por um conjunto coerente de
traços, entre eles e, primeiramente, a
constituição de um universo separado para
a infância.
• A importância das regras na aprendizagem
• A organização racional do tempo.
• A multiplicação e a repetição de exercícios
16. SÉCULO XIX – INICIA-SE, NOS PAISES UM PROCESSO DE
CONSOLIDAÇÃO E EXPANSÃO DOS SISTEMAS ESCOLARES ESTATAIS
MODERNOS E A ESCOLA TORNA-SE UMA INSTITUIÇÃO DE GRANDE
RELEVÂNCIA POLÍTICA E SOCIAL.
NO BRASIL, COM A IMPLANTAÇÃO DO REGIME
REPUBLICANO, INTENSIFICOU-SE O MOVIMENTO DE
RENOVAÇÃO DA EDUCAÇÃO – CRENÇA NA
REGENERAÇÃO NACIONAL POR MEIO ESCOLA
PRODUZIR UM NOVO
CIDADÃO CAPAZ DE SUPERAR
OS ATRASOS DO IMPÉRIO
17. INSTITUIÇÕES MODELARESNO QUAIS , FINALMENTE, A
INSTRUÇÃO REALIZAR-SE-IA “NUMA ÚNICA E AUTORIZADA
INSTITUIÇÃO, NUM MESMO TEMPO ESCOLAR, COMO EDUCAÇÃO
ESCOLAR”
18. ESCOLA ISOLADA
Não havia preocupação rígida com a
organização do tempo
O espaço, era, geralmente, os lares
onde as pessoas residiam.
Organizava-se sob um tempo
aleatório, mais flexível e marcado pelo
ritmo de aprendizagem do aluno ou
livre decisão do professor
19. ESCOLA GRADUADA
Modalidade de Ensino com características peculiares:
Classes homogêneas
Ensino simultâneo e concêntrico
Classificação uniforme
Programas de Ensino
Estabelecimento da jornada escolar
Divisão anula e diárias das lições e atividades
Salas de aula em um mesmo edifício-escola
Uniformização e graduação dos
conteúdos, distribuídos gradualmente, nos 04 anos
do curso primário
20. O ensino simultâneo se consolida com a implantação dos Grupos Escolares
O ensino simultâneo configura-se em
uma proposta de organização
educacional que preconizava o controle
do tempo, supunha a existência de
espaços adequados, escolas com salas
espaçosas, materiais escolares
específicos e livros iguais para que os
alunos reunidos, de maneira
homogênea, recebessem
simultaneamente as mesmas lições.
21. A FORMA DE CONCEBER E DE ORGANIZAR O TEMPO E O ESPAÇO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL INTERFERE NA FORMAÇÃO DAS NOVAS
GERAÇÕES E NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS.
NO DECORRER DO XIX É QUE ACONTECEU A CRIAÇÃO DE
INSTITUIÇÕES ESPECÍFICAS PARA O ATENDIMENTO ASSISTENCIAL E
EDUCACIONAL DAS CRIANÇAS.
22. O SURGIMENTO VEM A PARTIR DO RECONHECIMENTO DA
INFÂNCIA COMO GRUPO ETÁRIO E DA NECESSIDADE DE
RECOLHER E EDUCAR CRIANÇAS TIDAS COMO INDESEJADAS E
ABANDONADAS
NO BRASIL, AS PRIMEIRAS CRECHES SURGEM COMO UM MAL
NECESSÁRIO, COM O OBJETIVO DE MINIMIZAR OS ÍNDICES DE
MORTALIDADE INFANTIL, ATENDER MÃES SOLTEIRAS, REALIAR
EDUCAÇÃO MORAL DAS FAMÍAS - COM UM CARATER ASSISTENCIAL.
23. NO QUE SE REFERE A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DO ESPAÇO
NAS CRECHES E PRÉ ESCOLAS É POSSÍVEL PERCEBER
ELEMENTOS SEMELHANTES COM A ESCOLA GRADUADA.
SEPARAÇÃO POR FAIXA ETÁRIA E POR NÍVEL DE
DESENVOLVIMENTO, CONTEÚDOS ESPECÍFICOS, CURRÍCULO PRÓPRIO
PARA CADA FAIXA ETÁRIA, CONTROLE E VIGILÂNCIA DOS CORPOS E
RITMOS , ESTRUTURAÇÃO DA SUBJETIVIDADE DA CRIANÇA.
24. NA ATUALIDADE, COM A CONSTITUIÇÃO DE 1988, SURGE UMA
NOVA CONCEPÇÃO DE CRIANÇA COMO SUJEITO DE DIREITOS E
A LDB QUE ESTABELECE A EDUCAÇÃO INFANTIL COMO UM
DOS NÍVEIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
SURGEM PERSPECTIVAS EDUCACIONAIS QUE DEFENDEM UM
PROPOSTA PEDAGÓGICA QUE ENTENDA O ESPAÇO E O TEMPO COMO
ELEMENTOS QUE AMPLIEM AS POSSIBILIDADES DE
INTERAÇÃO, APRENDIZAGEM, ALEGRIA E VIDA E NÃO COMO
ELEMENTOS QUE LIMITAM O DESENVOLVIMENTO INFANTIL.
25. NO ENTANTO, A ESCOLA NÃO CONSEGUIU MODIFICAR A SUA
BASE ESTRUTURAL MANTENDO A LÓGICA DA ESCOLA
GRADUADA.
E OS DESDOBRAMENTOS DECORRENTES DA MESMA SÃO A EXCLUSÃO
SOCIAL E EDUCACIONAL EM FUNÇÃO DE UMA PRÁTICA BASEADA NOA
HOMOGENIZAÇÃO DISSIMULANDO DIFERENÇAS E DESIGUALDADES
SOCIAIS E DESRESPEITANDO AS INDIVIDUALIDADES DOS ALUNOS.
26. É PRECISO CONSIDERAR A
FORÇA DA CULTURA
ESCOLAR QUE CONFORMA
MODOS DE PENSAR E AGIR
NOS SUJEITOS QUE
DETERMINAM AS
PRÁTICAS EDUCACIONAIS.
27. ASPECTOS QUE DEVEM SER CONSIDERADOS NO USO DO
ESPAÇO E DO TEMPO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
01. PROCESSOS DE ADAPTAÇÃO
02. DESENVOLVIMENTO INFANTIL
03. ESPAÇO E ROTINA
04. ATENÇÃO AOS SENTIDOS,
IMAGINAÇÃO, MEMÓRIA E PENSAMENTO
DA CRIANÇA
05. MULTIPLAS HABILIDADES E
SENSAÇÕES
06. MEDIAÇÃO CULTURAL, COGNITIVA
07. ESQUEMAS MOTORES
08. EXPERIÊNCIAS FÍSICAS, SENSORIAIS E
RELACIONAIS
28. A ORDENAÇÃO DO
TEMPO TRAZ
REGULARIDADES E
RITMO A VIDA
CONTEMPORÂNEA E
ESTRUTURA AS
RELAÇÕES ENTRE OS
TEMPOS SOCIAIS E OS
TEMPOS ESCOLARES
29. A TEMPORALIDADE E A ESPACIALIDADE
INTERFEREM DIRETAMENTE NA FORMAÇÃO
DOS MODOS DE PENSAR E AGIR DAS PESSOAS.
A ESCOLA IMPÕE HÁBITOS DE
PONTUALIDADE, ORDEM, APROVEITAMENTO
EDISCIPLINA MAIS RÍGIDOS OU MAIS
FLEXÍVEIS, DEPENDENDO DE COMOSE USA O
TEMPO, SE ORGANIZA O ESPAÇO ESCOLAR E SE
CONCEBE A EDUCAÇÃO.
30. A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DO ESPAÇO ESCOLAR ESCOLAR SÃO
CATEGORIAS CONSTRUIDAS HISTÓRICA E CULTURALMENTE
E, PORTANTO SOFREM INTERFERÊNCIAS E MODIFICAÇÕES EM
DIFERENTES ÉPOCAS E CONTEXTOS
AS DIFERENTES FORMAS DE CONCEBER A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO
E DO ESPAÇO ESCOLAR INFLUENCIAM DIRETAMENTE NOS
RESULTADOS DA AÇÃO EDUCATIVA E NO PROCESSO DE FORMAÇÃO
DAS NOVAS GERAÇÕES.
NA CONTEMPORANEIDADE, A LUTA POR UMA ESCOLA DE
MOCRÁTICA, QUE ATENDA A TODOS, TEM LEVADO DIVERSOS
SEGMENTOS SOCIAIS A DISCUTIR E PROPOR NOVOS PARADIGMAS
PARA A EDUCAÇÃO, NUMA PERSPECTIVA CRÍTICO-SOCIAL.
33. A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DO ESPAÇO
EDUCACIONAL ADQUIRE UMA IMPORTÂNCIA
FUNDAMENTAL PORQUE ESSES ELEMESNTOS
REFLETEM PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS, ENGENDRADOS
POR MÚLTIPLOS INTERESSES MANIFESTOS E
OCULTOS, QUE PODEM AFETAR A VIDA DOS SUJEITOS
ESCOLARES, GERANDO INCLUSÕES E EXCLUSÕES
SOCIAIS.
NESSE SENTIDO, É PRECISO CONCEBER A
ESCOLA “COMO ESPAÇO
TRANSFORMADOR E QUE PARA
TAL, DEVE SER IGUALMENTE
TRANSFORMADO EM SUAS FINALIDADES
E EM SUAS PRÁTICAS, EM SEUS ESPAÇOS
DE GESTÃO E EM SEUS TEMPOS DE
FORMAÇÃO” – Freitas, 2001, p.15
38. A POSSIBILIDADE DE
REALIZAR
EXPERIÊNCIAS
EDUCACIONAIS
DIFERENCIADAS VEM
DA NECESSIDADE DE
RENOVAÇÃO
PEDAGÓGICA
RECLAMADA POR
DIVERSOS
EDUCADORES E PELA
PRÓPRIA
SOCIEDADE, EM
CONTRAPOSIÇÃO À
PADRONIZAÇÃO