1. Controle de Zoonoses
Município de Itapura
M. V Elisângela Medeiros Melo
2. Doença crônica, parasitária, agente etiológico
denominado Leishmania Chagasi
É uma zoonose
Doença de Notificação Compulsória e com
características clínicas de evolução grave.
Alta Letalidade em indivíduos não tratados, crianças
desnutridas e pessoas com deficiência imunológica.
Mais freqüente em crianças menores de 10 anos
(54,4%), sendo 41%dos casos registrados em menores
de 5 anos (imaturidade imunológica celular)
Adultos: formas oligossintomáticas, ou assintomáticas.
3. Ocorre na Ásia, Europa, Oriente Médio e Américas
Na América Latina já foi descrita em 12 países, sendo 90% dos
casos no Brasil, principalmente na região nordeste
Brasil: registro do 1º caso humano em 1913
Desde então a doença vem sido descrita em vários municípios
de todas as regiões, exceto na região sul
Inicialmente predominava em áreas caracteristicamente rurais
e periurbanas mas recentemente em centros urbanos como Rio
de Janeiro (RJ), Corumbá (MS), Belo Horizonte (MG), Araçatuba
(SP), Palmas (TO), Três Lagoas (MS), Campo Grande (MS),
entre outros.
Atualmente, no Brasil a LV está registrada em 19 das 27
Unidades da Federação, com aproximadamente 1600
municípios apresentando transmissão autócne
4.
5.
6. Protozoários tripanossomídeos do gênero Leishmania,
parasita intracelular obrigatório das células do sistema
fagocítico mononuclear,
com uma forma flagelada ou promastigota, encontrada
no tubo digestivo do inseto vetor
e outra aflagelada ou amastigota nos tecidos dos
vertebrados
7.
8. Na área urbana o cão é a principal fonte de infecção
9. No ambiente silvestres são os canídeos
selvagens (lobo guará, cachorro vinagre, raposa)
e marsupiais (gambá, preguiça
10. Flebotomínios
Principal espécie transmissora no
Brasil Lutzomia Longipalpis e
Lutzomia Cruzi
Nomes populares: mosquito palha,
birigui, cangalinha, tatuquira
Inseto pequeno: 1 a 3 mm, corpo
coberto por pêlos, coloração clara
(castanho claro ou cor de palha)
Voa em pequenos saltos e pousa
com as asas entreabertas
Ambos os sexos necessitam de
carboidratos como fonte energética
e as fêmeas necessitam de sangue
para o desenvolvimento dos ovos
11. Atualmente adaptado ao
ambiente urbano e periferias de
grandes cidades.
Pode ser encontrado em
galinheiro, chiqueiro, canil, paiol
e outros lugares com acúmulo de
matéria orgânica e também
dentro do domicílio.
O período de maior transmissão
de LV é durante é após a
estação chuvosa (aumento da
densidade populacional do
inseto)
Ciclo Biológico: ovo larva
(quatro estágios) pupa
adulto
12. Na fase adulta está adaptado a
diversos ambientes; na fase
larvária se desenvolve em
ambientes terrestres úmidos e
ricos em matéria orgânica e de
baixa incidência luminosa.
Após a cópula as fêmeas
colocam seu ovos sobre um
substrato úmido no solo e com
alto teor de matéria orgânica para
garantir a alimentação das larvas
Ovos eclodem 7 a 10 dias após a
postura
Larvas alimentam-se vorazmente
e desenvolvem entre 20 a 30 dias
Larvas de quarto estágio pode
entrar em diapausa (ambiente
desfavorável)
13. Após este período
transformam-se em pupas
(mais resistentes às variações
de umidade do que os ovos e
as larva) média 2 semanas
O desenvolvimento do ovo ao
inseto adulto em média é 30 a
40 dias.
A fêmea vive em média 20
dias, hematófaga obrigatória,
alimenta-se de várias
espécies. O cão é a principal
fonte de alimentação.
A atividade dos flebotomínios
é crepuscular e noturna
14. A fêmea suga o sangue de mamíferos infectados, ingerem
macrófagos parasitados por formas amastigotas da Leishmania.
Trato digestivo anterior do vetor ocorre o rompimento dos
macrófagos e liberação dos parasitas
Reproduzem-se e diferenciam-se em formas flageladas
(promastigotas) divisão binária formas paramastigotas
colonizam esôfago e faringe do vetor permanecem aderidas ao
epitélio pelo flagelo formas infectantes promastigotas
metacíclicas
O ciclo do parasito no inseto se completa em torno de 72 horas
Após este período, as fêmeas infectantes estão aptas a infectarem
um novo hospedeiro
15. Na epiderme as formas promastigotas são fagocitadas
pelas células do sitema mononuclear fagocitário
no interior dos macrófagos diferenciam em
amastigotas e se multiplicam intensamente até o
rompimento dos mesmos
liberação destas formas que serão fagocitadas por
novos macrófagos continuamente
disseminação hematogênica para outros tecidos
(linfonodos, fígado, baço e medula óssea)
16.
17. No Brasil o modo de transmissão é pela picada dos
vetores L. Longipalpis e Lutzomia Cruzi infectados
pela Leishmania (L.) Chagasi
Transmissão de cão para cão?????
Transmissão entre os cães através de carrapatos
infectados???????
Não ocorre transmissão direta de LV de pessoa para
pessoa
A transmissão para o vetor ocorre enquanto houver o
parasitismo na pele ou no sangue periférico do
hospedeiro
18. Homem: 10 dias a 24 meses (média entre 2 a 6
meses)
Cão: bastante variável , de 3 meses a vários anos
(média 3 a 7 meses)
19. No homem:
Crianças e idosos são mais susceptíveis
Anticorpos: pouca importância como defesa
(Leishmania é parasita intracelular obrigatório de células do Sistema Mononuclear Fagocitário,
determina uma imunossupressão reversível e específica da imunidade mediada por células )
Só uma pequena parcela de indivíduos infectados
desenvolve os sinais e sintomas da doença
20. No cão:
Até o momento não foi verificada predisposição racial, sexual ou
etária relacionada com a infecção do animal
Infecção da pele disseminação do parasita por todo o corpo
desenvolvimento dos sintomas ( forma aguda ou crônica)
Linfócitos T exercem maior influência sobre a infecção . Como a Leishmania é um parasito
intracelular obrigatório, as defesas do hospedeiro são dependentes da atividade dessas células ,
que se encontram reduzidas durante a infecção. Em contrapartida há a proliferação de Linfócitos
B e abundante produção de anticorpos, porém é deletéria e não protetora.
Geralmente, a doença no cão é sistêmica e crônica, no entanto, a evolução aguda e grave pode
levar o animal ao óbito em poucas semanas. Em alguns cães a doença pode permanecer
latente, levando inclusive à cura espontânea. No Brasil a forma assintomática da doença é
encontra em 40 a 60% da população soropositiva.
21. No Homem:
O diagnóstico e tratamento dos pacientes deve ser realizado
precocemente e sempre que possível com a confirmação parasitológica
deve preceder o tratamento
As manifestações clínicas podem ser discretas (oligossintomáticas),
moderadas e graves (pode levar o paciente à morte)
Suspeita clínica: febre, esplenomegalia associado ou não há
hepatomegalia
A evolução clínica da LV é dividida em 3 períodos: inicial, de estado e final
22. Em áreas endêmicas, uma pequena
proporção de indivíduos, geralmente
crianças, podem apresentar um
quadro clínico discreto, de curta
duração, aproximadamente 15 dias,
que frequentemente evolui para cura
espontânea. Estes pacientes
apresentam sintomatologia mais
discreta, com febre baixa, palidez
cutâneo-mucosa leve, diarréia e/ou
tosse não produtiva e pequena
hepatoesplenomegalia. Esta
apresentação clínica pode facilmente
ser confundida com outros processos
infecciosos de natureza benigna
Alterações laboratoriais:
hiperglobulinemia e
hemossedimentação alta
23. Alterações laboratoriais: hiperglobulinemia e
hemossedimentação alta
Punção aspirativa de medula óssea e baço pode ou não
mostrar formas amastigotas (a princípio não é indicado
a sua realização
A sorologia é invariavelmente positiva (IFI, ELISA)
24. Início da sintomatologia (varia de paciente para paciente),
geralmente febre com duração inferior a 4 semanas, palidez
cutâneo-mucosa e hepatoesplenomegalia (frequentemente estes pacientes se
apresentam o serviço médico fazendo uso de antimicrobiano sem resposta clínica)
25. Anemia discreta Exame sorológico: IFI é
Contagem de leucócitos sem invariavelmente reativos
alterações significativas Aspirado de medula óssea e do
(predomínio de células baço geralmente mostram formas
linfomonocitárias) amastigotas do parasita
Contagem de plaquetas pode
estar normal
Velocidade de
hemossedimentação elevada
Proteínas totais e frações
discretamente alteradas
Diagnóstico Laboratorial Diagnóstico Imunológico e
Complementar Parasitológico
26. Febre irregular geralmente associada a
emagrecimento progressivo
Palidez cutâneo mucosa
Aumento da hepatoesplenomegalia
Quadro clínico com mais de 2 meses de evolução, na maioria das vezes
associado a comprometimento do estado geral
27.
28. Laboratorial Complementar:
Anemia
Trombocitopenia
Leucopenia com predominância
acentuada de células linfomocitárias
Inversão da relação albumina/globulina
Alterações Bioquímicas (podem
estar presentes)
Elevação dos níveis das
aminotransferases (2 a 3 x o valor normal)
Alteração das bilirrubinas
Aumento discreto da uréia e creatinina
29. Caso não seja feito o diagnóstico e tratamento, a doença evolui
progressivamente para o período final
Febre contínua
Comprometimento mais intenso do estado geral
Desnutrição
Cabelos quebradiços, cílios alongados e pele seca
Edema dos membros inferiores que pode evoluir para anasarca
Hemorragias (epistaxe, gengivorragia e petéquias)
Icterícia
Ascite
O óbito geralmente é determinado por infecções bacterianas e/ou sangramentos
30.
31.
32. As complicações mais frequentes da LV são de
natureza infecciosa bacteriana:
Otite média aguda
Piodermites
Infecções do trato urinário e respiratório
Caso essas infecções não sejam tratadas com antimicrobianos, o
paciente poderá desenvolver um quadro séptico que pode ser fatal
33. É uma doença sistêmica severa, porém na
maioria dos casos a evolução é lenta
As manifestações clínicas estão dependentes do
tipo de resposta imunológica expressada pelo
animal infectado
O quadro clínico dos cães infectados apresenta
um espectro de características clínicas que varia
do aparente estado sadio a um severo estado
final
34.
35. Lesões cutâneas, principalmente
descamação e eczema, em
particular no focinho e orelhas
Pequenas úlceras nas orelhas,
focinho, cauda e articulações
Pêlo opaco
Lesões ao redor dos olhos
Ceratoconjutivite
Coriza
36. Onicogrifose (unhas compridas) Apatia
Esplenomegalia Diarréia
Linfoadenopatia Hemorragia Intestinal
Alopecia
Edema de patas
Vômito
Dermatites Hiperqueratose
Úlceras de pele Caquexia
Ceratoconjuntivite Anasarca
Coriza Paralisia dos membros
Emagrecimento progressivo posteriores
Morte
Fase Final
37.
38.
39.
40. Segundo os sinais clínicos os animais infectados podem se
apresentar:
49. Difícil de ser determinado devido a grande
quantidade de animais assintomáticos e
oligossintomáticos.
(Áreas com padrão socioeconômico baixo
dermatoses e desnutrição)
51. Detecta anticorpos no soro. (Não diferencia
anticorpos maternos, de infecção e de vacina)
Em áreas com transmissão autócne é feito o
inquérito sorológico censitário anual para
determinar a prevalência da infecção na
população canina.
Animais acima de 3 meses de idade
52. RIFI (Reação de Imunofluorescência Indireta) e ELISA
(Ensaio Imunoenzimático) (Inquérito Canino)
53. Fase de implantação, está sendo utilizado como
triagem de cães sorologicamente negativos
54. Pode apresentar reações cruzadas para outras
doenças (LTA e doença de chagas). Titulação
considerada reagente igual ou superior 1:40
62. No Brasil usado pela primeira vez em 1913
Droga de primeira escolha
No Brasil a única formulação disponível é o N-metil
glucamina, distribuído pelo Ministério da Saúde
Dose 20 mg/kg/dia endovenosa ou intramuscular por no
mínimo 20 dias e no máximo 40 dias
Bons índices de cura
Nos últimos anos, doses progressivamente maiores tem
sido recomendadas pela OMS devido ao aparecimento
de resistência primária dos parasitas
Tratamento das infecções concomitantes
63. Ação sobre o aparelho cardiovascular (realização de
eletrocardiograma semanal)
Anorexia
Dor no local da aplicação
Aumento da diurese
Alteração de enzimas : amilase e lipase
Insuficiência Renal Aguda (aumento de uréia e creatinina)
Icterícia e outras demonstrações de hepatotoxicicidade
Pancreatite aguda
64. Contra-Indicações :Pacientes que fazem uso de
Beta-Bloqueadores e drogas antiarrítimicas ;
Insuficientes renais ou hepáticos
Gestantes até o 6º mês
Acompanhamento do paciente até no 3º, 6º e 12º
65. Anfotericina B: (Inúmeros efeitos colaterias)
Tóxica para células do endotélio vascular flebites
Vasoconstrição renalInsuficiência Renal
Durante a aplicação: calafrio, febre, falta de apetite, náuseas,
vômitos, cefaléias, dor muscular, dor na articulação e diminuição da
pressão arterial.
66. Isotionato e Mesilato Europa e Ásia
Miltefosine Índia
67. Complicado e polêmico
Ministério da Saúde não recomenda o tratamento
no cão.
68. Inquérito Sorológico Canino e Eutanásia de Cães
Sororeagentes
69. Aplicação de inseticidas (nas quadras onde houve
casos humanos)
Diagnóstico e tratamento adequado dos casos
registrados (humanos)
70. No ser humano
Uso de mosquiteiro com malha fina;
Telagem de portas e janelas;
Uso de repelentes;
Não se expor nos horários de atividade do vetor
(crepúsculo e noite) em locais onde ele
podehabitualmente encontrado
71. Dirigidas à população canina
Controle da população canina de cães errantes
Uso de telas de malha fina em canis
Uso de repelentes (óleo de citronela)
Coleiras impregnadas com deltametrina a 4%
Vacina antileishmaniose visceral canina
101. Utilização de Inseticida de ação residual
Medida dirigida apenas para o inseto adulto
Evitar e/ou reduzir o contato entre o inseto
transmissor e a população humana
102. Recomendado quando :
1. há o primeiro registro de caso autócne de LV
humano, imediatamente após a investigação
entomológica
2. Em áreas com transmissão moderada ou
intensa
3. Em áreas com surto
107. Anestesia Geral prévia
Tiopental sódico 5% - 30mg/kg IV
Parada Cardíaca
Cloreto de Potássio 19,1% 1ml/kg IV
108.
109. Orientações dirigidas às atividades de Educação
em Saúde
• Inserida nos serviços
• Divulgação e informação à população
• Incorporar atividades ou ações em
processos de educação continuada.
• Integração interinstitucional
112. Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral –
Ministério da Saúde 2006
Revista Clínica Veterinária – Edição Especial de Saúde Pública ,
Leishmaniose n. 71, nov/dez 2007
Aula Prof Italmar Teodorico Navarro – Depto Medicina Veterinária
Preventiva – Universidade Estadual de Londrina, 2005