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INFLUÊNCIA DO AMBIENTE QUÍMICO NA MICROBIOTA
     DOS PROCESSOS DE TRATAMENTOS BIOLÓGICOS

                            Samuel Chaves Melchior e Ronaldo Teixeira Pelegrini

                    Esta apresentação trata-se de um estudo dos efeitos
                    bacteriostático e bactericida provocado pela presença de
                    poluentes químicos em uma cepa de microrganismos.


Geralmente, uma substância química pode afetar os microrganismos de três
diferentes maneiras:
. Pode servir como nutriente e assim favorecer o crescimento.
. Pode impedir o crescimento num meio que, sem ela, seria favorável; este é o
conhecido efeito bacteriostático.
. Pode produzir a morte do organismo; este é denominado efeito bactericida
(germicida).
Em termos de influência sobre o crescimento, as substâncias químicas podem
funcionar como nutrientes, como agentes bacteriostáticos e como agentes
bactericidas.
Influência das Substâncias Químicas:
         As substâncias químicas NÃO enquadram, necessariamente, nas
classes: nutrientes, agentes bacteriostáticos ou agentes bactericidas.

         Os microrganismos diferem em seus comportamentos fisiológicos, e,
uma substância que é um poderoso agente bactericida ou bacteriostático para
alguns pode, na mesma concentração, ser um nutriente essencial para outros.

         Assim, H2S e CO são altamente tóxicos para a maioria dos organismos
aeróbios porque inibem o metabolismo respiratório; entretanto, certos grupos
especiais de bactérias utilizam H2S ou CO como fontes de energia.

          Portanto, não se pode generalizar a influência de uma substância
química, sobre o desenvolvimento de todos os microrganismos; ao se descrever
seu efeito é necessário especificar o microrganismo particularmente envolvido.

          O efeito de uma substância química sobre um organismo é avaliado
quantitativamente em termos de sua influência sobre a taxa de crescimento ou
de morte, sendo que a maneira mais geral de se avaliarem tais efeitos é pela
medida de contagens viáveis.
Os Efeitos Inibitórios

        Em alguns casos, o efeito inibitório de um composto químico pode não ser
causado pela ação química direta sobre o organismo.
         Por exemplo, compostos como o açúcar, que não tem efeito químico nocivo
direto para a maioria dos microrganismos são inibitórios quando empregados em
concentrações muito altas.
          Em tais casos, a bacteriostase é produzida por uma interferência com o
equilíbrio osmótico entre as células vivas e seu meio ambiente.
         Na maioria dos casos, porém, a ação deletéria de uma substância química é o
resultado direto de um efeito químico específico sobre alguns componentes da célula
viva.
          Algumas substâncias químicas podem impedir o crescimento de um
organismo ou produzir sua morte em uma de duas maneiras principais: pela
interferência em alguma estrutura física integrante da célula, ou interferindo com um ou
mais processos metabólicos essenciais.
Os Efeitos Tóxicos

         Os efeitos tóxicos de numerosos agentes bactericidas são atribuídos à sua
ação química sobre as estruturas celulares, especialmente a membrana celular.
         A membrana celular não só preserva a integridade da célula impedindo o
escoamento de constituintes citoplasmáticos para o meio externo, mas atua também no
transporte ativo de nutrientes para o interior da célula.
        Assim, qualquer agente químico que danifique a membrana celular
semipermeável, por alteração de sua estrutura físico-química, tende a produzir uma
desorganização geral da fisiologia celular.
         Quando as propriedades seletivas da membrana se perdem, alguns dos
componentes da célula, como aminoácidos, nucleotídeos, coenzimas e íons
inorgânicos, escoam para fora da célula e o organismo morre.
         A membrana celular é largamente composta de proteínas e lipídios, portanto,
uma variedade de substâncias capazes de reagir com estes constituintes pode afetar
suas propriedades. Entre estas, encontram-se os compostos fenolados, sabões e
detergentes sintéticos.
         Estes agentes ou dissolvem os constituintes da membrana celular ou com
eles se combinam quimicamente, alterando assim a superfície celular de modo a
prejudicar suas funções essenciais
Microrganismos Presentes nos Processos de
             Tratamento Biológico

        Os processos de tratamento biológico possuem uma população
de microrganismos característicos e compostos freqüentemente por
bactérias, fungos, algas, protozoários e micrometazoários.


        A microbiologia tem sido cada vez mais utilizada como um
importante instrumento para o conhecimento e Controle da Poluição.
METABOLISMO MICROBIANO


O metabolismo consiste em milhares de reações químicas separadas, que são
estreitamente associadas pelas enzimas que as catalisam.
As enzimas são os catalisadores orgânicos responsáveis pela execução das reações
químicas realizadas pela célula.
Todas as células contêm muitas enzimas, cada uma delas capaz de catalisar uma ou
diversas reações específicas.
A soma total das reações catalisadas pelas enzimas de determinada célula ou
organismo constitui o metabolismo dessa célula ou organismo.
O metabolismo de todos os organismos é dirigido fundamentalmente para assegurar
seu crescimento e sua reprodução
Oxidações Biológicas

As oxidações-reduções estão, como uma classe, entre as reações mais
característica do metabolismo.
Muitas das alterações na estrutura molecular necessária à produção de materiais
celulares é resultado direto da oxidação ou redução enzimáticas dos nutrientes
da célula ou de seus produtos de metabolismo intermediário.
Além disso, muitas reações de oxidação-redução proporcionam um meio para a
geração de ATP e para efetuar transformações químicas que são indiretamente
associadas a estas reações através da transferência da energia armazenada em
ligações químicas
Atuação das Enzimas no Metabolismo Oxidativo

Consideremos o processo fisiológico da respiração, no qual nutrientes orgânicos
são oxidados principalmente a CO2, enquanto o oxigênio molecular é reduzido à
água.
 Embora a respiração seja às vezes equacionada com a combustão, ela difere da
combustão em vários aspectos fundamentais.
Diversamente da combustão, a respiração se dá a temperaturas comuns sem
liberação de grandes quantidades de calor. Além disso, conduz não somente à
produção de CO2, mas também à síntese de materiais celulares.

A quantidade total de energia disponível para a oxidação completa de um dado
composto orgânico a CO2 é a mesma, independentemente de estar a combustão
ou a respiração envolvida no processo.
A diferença entre os dois processos reside no fato da respiração ser um processo
ordenado, catalisado por enzimas e constituído em muitas reações parciais e
integradas, enquanto a combustão representa uma série de reações
descontroladas e desordenadas, que se dão à alta temperatura.
Atuação das Enzimas no Metabolismo Oxidativo
                                    (continuação)


Uma das funções das enzimas na respiração é eliminar a necessidade de
temperaturas elevadas, substituindo por uma alta energia de ativação.
Além do seu papel básico como catalisadores, as enzimas envolvidas na respiração
têm duas funções essenciais:
-Uma é promover a decomposição ordenada e gradual dos nutrientes orgânicos, na
qual uma variedade de compostos que podem ser usados como materiais iniciais
para as reações biossintéticas,
-Outra é tornar parte da energia fornecida pela respiração, útil para a biossíntese.
COMPOSTOS FENOLADOS

       As substâncias fenólicas podem ser bactericidas ou bacteriostáticas,
dependendo da concentração utilizada.


         Diversas espécies químicas impactantes aos microrganismos podem ser
encontradas em águas residuárias industriais podendo atuar como agente bactericida
e bacteriostático para a microbiota presente nos sistemas de tratamento.


                                   OH
MICROBIOTA DOS LODOS ATIVADOS
PROTOZOÁRIOS
             Grandes Ciliados livre – natantes - GCLN

▪ Ciliados Pequenos Ciliados livre – natantes - PCLN
             Ciliados predadores de flocos - CPF
             Ciliados fixos ou pedunculados - CF

▪  Flagelados - FLG
▪ Rizópodes (Amebas) - AMB

MICROMETAZOÁRIOS
▪         Rotíferos - RTF
▪         Anelídeos - ALD
▪         Nematóides – NTD
▪         Tardígrados - TDG
REATOR DE LODOS ATIVADOS




                           Volume Total
                            4,5 Litros
REATOR DE LODOS ATIVADOS




                           Reator
REATOR DE LODOS ATIVADOS




    Parte Superior do Reator
REATOR DE LODOS ATIVADOS




Saída de lodos ativados do reator para o fundo do decantador secundário
Metodologia para Análise Quantitativa de
                 Microrganismos

A análise quantitativa é feita através de contagens de protozoários e
micrometazoários em câmara de Sedgwick-Rafter




                  Câmara de Sedgwick-Rafter.
Contagem de microrganismos através do Retículo de Whipple.


A contagem por campos é recomendada para amostras ricas em
microrganismos. Recomenda-se a contagem de no mínimo 30 campos
distribuídos aleatoriamente pela câmara. Cada campo corresponde à área do
retículo de Whipple.
Resultados da Aplicação da Solução de Fenóis 50 mg/L Sobre a Biota de
                           Lodo Ativado.
                                        APLICAÇÃO DA SOLUÇÃO DE FENÓIS DA BS COM VALOR TEÓRICO 50 mg/L
                                10000
                                 9000
                                 8000                                         CPF
            Microrganismos/mL

                                 7000
                                 6000
                                 5000
                                 4000
                                 3000                                           AMB

                                 2000
                                 1000                                                     GCLN
                                                             RTF
                                    0
                                    10:15          11:45           13:15       14:45         16:15


                                 Variação da microbiota ao longo do ensaio.



 O valor < 0,1 mg/L de fenóis na saída do reator demonstra que os
 microrganismos conseguiram adaptar-se ao meio, sendo que a eficiência de
 biodegradação do poluente foi maior que 99,76%.
▪ CPF/AMB: a predominância de CPF e a presença de AMB indicam que
está ocorrendo uma boa depuração (CETESB, 2003), sendo que os fenóis
serviram como nutrientes, favorecendo o crescimento desses protozoários.
▪  GCLN: a estabilidade do número de microrganismos ao longo do ensaio,
pode ser relacionada com o efeito bacteriostático, ou com a presença de
predadores, pois, não ocorreu um desequilíbrio na microbiota do reator.
▪ RTF: o efeito bactericida poderá ser relacionado, porém, como o
deslocamento dos RTF é lento, isto é, por rastejamento (CETESB, 2003),
talvez seria esse o motivo de sua não contagem.



      Grandes Ciliados livre – natantes - GCLN
      Pequenos Ciliados livre – natantes - PCLN
      Ciliados predadores de flocos - CPF
      Ciliados fixos ou pedunculados - CF
Resultados e Discussão da Aplicação da Solução de Fenóis com Valor
                        Teórico 100 mg/L
                                          APLICAÇÃO DA SOLUÇÃO DE FENÓIS DA BS COM VALOR TEÓRICO 100 mg/L
                              12000
                              11000
                              10000            CPF
                               9000
          Microrganismos/mL

                               8000
                               7000
                               6000
                               5000
                               4000                                 PCLN      AMB
                               3000
                               2000
                                                                                                    CF
                               1000
                                                     RTF
                                  0
                                  10:35              12:05           13:35           15:05           16:35


                                          Variação da microbiota ao longo do ensaio



O “Choque” no sistema pôde ser observado através do desequilíbrio dos
microrganismos e a presença de 9,8 mg/L de fenóis na saída do reator
▪  CPF/CF: a diminuição do número desses protozoários ao longo do
ensaio está relacionada com o efeito bactericida dos fenóis. Muitos dos CF
estavam sem o pedúnculo, indicando a presença de alguma substância
tóxica no meio (CETESB, 2003).
▪  AMB: a estabilidade do número de microrganismos pode ser relacionada
com o efeito bacteriostático, já que ocorreu um desequilíbrio significativo na
microbiota.
▪ RTF: conforme já discutido anteriormente, o deslocamento desse
micrometazoário interfere na sua contagem, dificultando a interpretação dos
resultados.
▪ PCLN: a predominância indica deficiência de aeração no reator e baixo
tempo de detenção hidráulica (CETESB, 2003). Como a variação do O.D.
foi mínima, o baixo tempo de detenção hidráulica seria a interpretação mais
plausível. O aumento do número de PCLN foi ocasionado pelo efeito tóxico
dos fenóis, o que ocasionou a agitação excessiva desses microrganismos.

             Grandes Ciliados livre – natantes - GCLN
             Pequenos Ciliados livre – natantes - PCLN
             Ciliados predadores de flocos - CPF
             Ciliados fixos ou pedunculados - CF
Conclusões

         Foi possível verificar neste estudo que o valor de 100,0 mg L-1 de
fenóis ocasiona o efeito bactericida e o desequilíbrio dos microrganismos no
Lodo Ativado.
          Para resguardar a microbiota seria ideal que a concentração de
fenóis não ultrapassasse 50 mg L-1, tendo como garantia a biodegradação
total do poluente.

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Módulo 1 - biologia - Diversidade e unidade biológica
 

Influência de substâncias químicas na microbiota de tratamento biológico

  • 1. INFLUÊNCIA DO AMBIENTE QUÍMICO NA MICROBIOTA DOS PROCESSOS DE TRATAMENTOS BIOLÓGICOS Samuel Chaves Melchior e Ronaldo Teixeira Pelegrini Esta apresentação trata-se de um estudo dos efeitos bacteriostático e bactericida provocado pela presença de poluentes químicos em uma cepa de microrganismos. Geralmente, uma substância química pode afetar os microrganismos de três diferentes maneiras: . Pode servir como nutriente e assim favorecer o crescimento. . Pode impedir o crescimento num meio que, sem ela, seria favorável; este é o conhecido efeito bacteriostático. . Pode produzir a morte do organismo; este é denominado efeito bactericida (germicida). Em termos de influência sobre o crescimento, as substâncias químicas podem funcionar como nutrientes, como agentes bacteriostáticos e como agentes bactericidas.
  • 2. Influência das Substâncias Químicas: As substâncias químicas NÃO enquadram, necessariamente, nas classes: nutrientes, agentes bacteriostáticos ou agentes bactericidas. Os microrganismos diferem em seus comportamentos fisiológicos, e, uma substância que é um poderoso agente bactericida ou bacteriostático para alguns pode, na mesma concentração, ser um nutriente essencial para outros. Assim, H2S e CO são altamente tóxicos para a maioria dos organismos aeróbios porque inibem o metabolismo respiratório; entretanto, certos grupos especiais de bactérias utilizam H2S ou CO como fontes de energia. Portanto, não se pode generalizar a influência de uma substância química, sobre o desenvolvimento de todos os microrganismos; ao se descrever seu efeito é necessário especificar o microrganismo particularmente envolvido. O efeito de uma substância química sobre um organismo é avaliado quantitativamente em termos de sua influência sobre a taxa de crescimento ou de morte, sendo que a maneira mais geral de se avaliarem tais efeitos é pela medida de contagens viáveis.
  • 3. Os Efeitos Inibitórios Em alguns casos, o efeito inibitório de um composto químico pode não ser causado pela ação química direta sobre o organismo. Por exemplo, compostos como o açúcar, que não tem efeito químico nocivo direto para a maioria dos microrganismos são inibitórios quando empregados em concentrações muito altas. Em tais casos, a bacteriostase é produzida por uma interferência com o equilíbrio osmótico entre as células vivas e seu meio ambiente. Na maioria dos casos, porém, a ação deletéria de uma substância química é o resultado direto de um efeito químico específico sobre alguns componentes da célula viva. Algumas substâncias químicas podem impedir o crescimento de um organismo ou produzir sua morte em uma de duas maneiras principais: pela interferência em alguma estrutura física integrante da célula, ou interferindo com um ou mais processos metabólicos essenciais.
  • 4. Os Efeitos Tóxicos Os efeitos tóxicos de numerosos agentes bactericidas são atribuídos à sua ação química sobre as estruturas celulares, especialmente a membrana celular. A membrana celular não só preserva a integridade da célula impedindo o escoamento de constituintes citoplasmáticos para o meio externo, mas atua também no transporte ativo de nutrientes para o interior da célula. Assim, qualquer agente químico que danifique a membrana celular semipermeável, por alteração de sua estrutura físico-química, tende a produzir uma desorganização geral da fisiologia celular. Quando as propriedades seletivas da membrana se perdem, alguns dos componentes da célula, como aminoácidos, nucleotídeos, coenzimas e íons inorgânicos, escoam para fora da célula e o organismo morre. A membrana celular é largamente composta de proteínas e lipídios, portanto, uma variedade de substâncias capazes de reagir com estes constituintes pode afetar suas propriedades. Entre estas, encontram-se os compostos fenolados, sabões e detergentes sintéticos. Estes agentes ou dissolvem os constituintes da membrana celular ou com eles se combinam quimicamente, alterando assim a superfície celular de modo a prejudicar suas funções essenciais
  • 5. Microrganismos Presentes nos Processos de Tratamento Biológico Os processos de tratamento biológico possuem uma população de microrganismos característicos e compostos freqüentemente por bactérias, fungos, algas, protozoários e micrometazoários. A microbiologia tem sido cada vez mais utilizada como um importante instrumento para o conhecimento e Controle da Poluição.
  • 6. METABOLISMO MICROBIANO O metabolismo consiste em milhares de reações químicas separadas, que são estreitamente associadas pelas enzimas que as catalisam. As enzimas são os catalisadores orgânicos responsáveis pela execução das reações químicas realizadas pela célula. Todas as células contêm muitas enzimas, cada uma delas capaz de catalisar uma ou diversas reações específicas. A soma total das reações catalisadas pelas enzimas de determinada célula ou organismo constitui o metabolismo dessa célula ou organismo. O metabolismo de todos os organismos é dirigido fundamentalmente para assegurar seu crescimento e sua reprodução
  • 7. Oxidações Biológicas As oxidações-reduções estão, como uma classe, entre as reações mais característica do metabolismo. Muitas das alterações na estrutura molecular necessária à produção de materiais celulares é resultado direto da oxidação ou redução enzimáticas dos nutrientes da célula ou de seus produtos de metabolismo intermediário. Além disso, muitas reações de oxidação-redução proporcionam um meio para a geração de ATP e para efetuar transformações químicas que são indiretamente associadas a estas reações através da transferência da energia armazenada em ligações químicas
  • 8. Atuação das Enzimas no Metabolismo Oxidativo Consideremos o processo fisiológico da respiração, no qual nutrientes orgânicos são oxidados principalmente a CO2, enquanto o oxigênio molecular é reduzido à água. Embora a respiração seja às vezes equacionada com a combustão, ela difere da combustão em vários aspectos fundamentais. Diversamente da combustão, a respiração se dá a temperaturas comuns sem liberação de grandes quantidades de calor. Além disso, conduz não somente à produção de CO2, mas também à síntese de materiais celulares. A quantidade total de energia disponível para a oxidação completa de um dado composto orgânico a CO2 é a mesma, independentemente de estar a combustão ou a respiração envolvida no processo. A diferença entre os dois processos reside no fato da respiração ser um processo ordenado, catalisado por enzimas e constituído em muitas reações parciais e integradas, enquanto a combustão representa uma série de reações descontroladas e desordenadas, que se dão à alta temperatura.
  • 9. Atuação das Enzimas no Metabolismo Oxidativo (continuação) Uma das funções das enzimas na respiração é eliminar a necessidade de temperaturas elevadas, substituindo por uma alta energia de ativação. Além do seu papel básico como catalisadores, as enzimas envolvidas na respiração têm duas funções essenciais: -Uma é promover a decomposição ordenada e gradual dos nutrientes orgânicos, na qual uma variedade de compostos que podem ser usados como materiais iniciais para as reações biossintéticas, -Outra é tornar parte da energia fornecida pela respiração, útil para a biossíntese.
  • 10. COMPOSTOS FENOLADOS As substâncias fenólicas podem ser bactericidas ou bacteriostáticas, dependendo da concentração utilizada. Diversas espécies químicas impactantes aos microrganismos podem ser encontradas em águas residuárias industriais podendo atuar como agente bactericida e bacteriostático para a microbiota presente nos sistemas de tratamento. OH
  • 11. MICROBIOTA DOS LODOS ATIVADOS PROTOZOÁRIOS Grandes Ciliados livre – natantes - GCLN ▪ Ciliados Pequenos Ciliados livre – natantes - PCLN Ciliados predadores de flocos - CPF Ciliados fixos ou pedunculados - CF ▪  Flagelados - FLG ▪ Rizópodes (Amebas) - AMB MICROMETAZOÁRIOS ▪         Rotíferos - RTF ▪         Anelídeos - ALD ▪         Nematóides – NTD ▪         Tardígrados - TDG
  • 12. REATOR DE LODOS ATIVADOS Volume Total 4,5 Litros
  • 13. REATOR DE LODOS ATIVADOS Reator
  • 14. REATOR DE LODOS ATIVADOS Parte Superior do Reator
  • 15. REATOR DE LODOS ATIVADOS Saída de lodos ativados do reator para o fundo do decantador secundário
  • 16. Metodologia para Análise Quantitativa de Microrganismos A análise quantitativa é feita através de contagens de protozoários e micrometazoários em câmara de Sedgwick-Rafter Câmara de Sedgwick-Rafter.
  • 17. Contagem de microrganismos através do Retículo de Whipple. A contagem por campos é recomendada para amostras ricas em microrganismos. Recomenda-se a contagem de no mínimo 30 campos distribuídos aleatoriamente pela câmara. Cada campo corresponde à área do retículo de Whipple.
  • 18. Resultados da Aplicação da Solução de Fenóis 50 mg/L Sobre a Biota de Lodo Ativado. APLICAÇÃO DA SOLUÇÃO DE FENÓIS DA BS COM VALOR TEÓRICO 50 mg/L 10000 9000 8000 CPF Microrganismos/mL 7000 6000 5000 4000 3000 AMB 2000 1000 GCLN RTF 0 10:15 11:45 13:15 14:45 16:15 Variação da microbiota ao longo do ensaio. O valor < 0,1 mg/L de fenóis na saída do reator demonstra que os microrganismos conseguiram adaptar-se ao meio, sendo que a eficiência de biodegradação do poluente foi maior que 99,76%.
  • 19. ▪ CPF/AMB: a predominância de CPF e a presença de AMB indicam que está ocorrendo uma boa depuração (CETESB, 2003), sendo que os fenóis serviram como nutrientes, favorecendo o crescimento desses protozoários. ▪  GCLN: a estabilidade do número de microrganismos ao longo do ensaio, pode ser relacionada com o efeito bacteriostático, ou com a presença de predadores, pois, não ocorreu um desequilíbrio na microbiota do reator. ▪ RTF: o efeito bactericida poderá ser relacionado, porém, como o deslocamento dos RTF é lento, isto é, por rastejamento (CETESB, 2003), talvez seria esse o motivo de sua não contagem. Grandes Ciliados livre – natantes - GCLN Pequenos Ciliados livre – natantes - PCLN Ciliados predadores de flocos - CPF Ciliados fixos ou pedunculados - CF
  • 20. Resultados e Discussão da Aplicação da Solução de Fenóis com Valor Teórico 100 mg/L APLICAÇÃO DA SOLUÇÃO DE FENÓIS DA BS COM VALOR TEÓRICO 100 mg/L 12000 11000 10000 CPF 9000 Microrganismos/mL 8000 7000 6000 5000 4000 PCLN AMB 3000 2000 CF 1000 RTF 0 10:35 12:05 13:35 15:05 16:35 Variação da microbiota ao longo do ensaio O “Choque” no sistema pôde ser observado através do desequilíbrio dos microrganismos e a presença de 9,8 mg/L de fenóis na saída do reator
  • 21. ▪  CPF/CF: a diminuição do número desses protozoários ao longo do ensaio está relacionada com o efeito bactericida dos fenóis. Muitos dos CF estavam sem o pedúnculo, indicando a presença de alguma substância tóxica no meio (CETESB, 2003). ▪  AMB: a estabilidade do número de microrganismos pode ser relacionada com o efeito bacteriostático, já que ocorreu um desequilíbrio significativo na microbiota. ▪ RTF: conforme já discutido anteriormente, o deslocamento desse micrometazoário interfere na sua contagem, dificultando a interpretação dos resultados. ▪ PCLN: a predominância indica deficiência de aeração no reator e baixo tempo de detenção hidráulica (CETESB, 2003). Como a variação do O.D. foi mínima, o baixo tempo de detenção hidráulica seria a interpretação mais plausível. O aumento do número de PCLN foi ocasionado pelo efeito tóxico dos fenóis, o que ocasionou a agitação excessiva desses microrganismos. Grandes Ciliados livre – natantes - GCLN Pequenos Ciliados livre – natantes - PCLN Ciliados predadores de flocos - CPF Ciliados fixos ou pedunculados - CF
  • 22. Conclusões Foi possível verificar neste estudo que o valor de 100,0 mg L-1 de fenóis ocasiona o efeito bactericida e o desequilíbrio dos microrganismos no Lodo Ativado. Para resguardar a microbiota seria ideal que a concentração de fenóis não ultrapassasse 50 mg L-1, tendo como garantia a biodegradação total do poluente.