1. É cooperativa, mas parece indústria
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
A Aurora se firma como produtora de alimentos processados e cobiça o nordeste para
manter a série de bons resultados
Entrar de vez no mercado brasileiro de alimentos industrializados e se posicionar como uma
alternativa às grandes marcas que dominam o setor – eis o caminho que vem sendo trilhado
pela Aurora Alimentos, também conhecida como Coopercentral Aurora. “Somos uma
cooperativa e sempre seremos, mas nos especializamos em alimentos industrializados. Isso
tem sido essencial para o nosso desempenho”, afirma Mário Lanznaster, presidente da Aurora.
Em 2011, a cooperativa emplacou uma receita bruta de R$ 3,9 bilhões, alta de 23,9% em
relação ao ano anterior.
A industrialização agrega valor a um negócio que, por natureza, sofre muito com as oscilações
das commodities agrícolas. Desde o início deste ano, diz Lanznaster, os preços dos insumos
têm crescido acima da média. As maiores preocupações são com o milho e com o farelo de
soja, essenciais na criação de frangos e suínos. A forte seca que atingiu o sul do país, aliada
ao fraco desempenho das lavouras de grãos nos Estados Unidos, colocou a Aurora diante de
um cenário de baixa oferta de ração e custos altos. “Torcemos para que o governo atue no
sentido de evitar um desabastecimento”, ressalta.
Atualmente, a Aurora abate 600 mil aves e 14 mil suínos por dia. “Isso está normal e vamos
conseguir manter, mas o custo das carnes vai ficar bem alto. Se não repassarmos,
quebramos”, adverte Lanznaster. O grande desafio é acompanhar o crescimento da demanda.
Denis Ribeiro, diretor do departamento de economia e estatística da Associação Brasileira da
Indústria de Alimentos (Abia), estima que a produção do setor no país deverá crescer em torno
de 5% no ano. “O primeiro semestre ainda está um pouquinho desacelerado, mas é uma
indústria competitiva, que está sempre investindo. Além disso, existe um crescimento
populacional e de renda no país, o que resulta em demanda por alimentos processados”,
explica.
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sexta-feira, 21 de setembro de 2012
Lanznaster lembra que, até o início deste ano, a Aurora projetava um crescimento de 12% nas
vendas em 2012. Agora, diante do cenário adverso, as metas estão sendo revistas. “Pode ser
que a gente ainda atinja essa meta em termos de volume de produção. Mas, em resultado, vai
ser muito difícil. Hoje, 70% do custo de produção de frango ou porco é ração. Mas a próxima
safra só entra em janeiro, então não tem muito o que fazer para reverter”, admite.
No longo prazo, porém, a Aurora espera retomar o caminho do crescimento. E ele passa pelo
investimento em novos frigoríficos. Um está sendo erguido em Joaçaba (SC), com
investimentos de R$ 50 milhões. O outro já está em operação – funciona em São Gabriel do
Oeste (MT), no qual foram aportados R$ 49 milhões. O foco é a “industrialização total”, com
produtos que deverão ser vendidos nos mercados de São Paulo, Rio de Janeiro e nordeste. “O
nordeste é o mercado mais cobiçado, tanto que estamos abrindo novos canais de vendas em
Fortaleza e Natal”, destaca Lanznaster.
Confira essa e outras reportagens em mais de 30 setores da economia da região sul na edição
Grandes & Líderes, ranking elaborado por AMANHÃ e PwC que está à venda nas principais
bancas e livrarias do país.
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