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        SEMINÁRIO TEOLÓGICO DA MISSÃO JUVEP




               Dafiana do Socorro Soares Vicente




ESCOLA BÍBLICA: o esforço de desenvolver uma ação educativa em
   que o evangelho seja vivido na realidade atual da sociedade.




                        JOÃO PESSOA/PB
                             2010


                  Dafiana do Socorro Soares Vicente
4




ESCOLA BÍBLICA: o esforço de desenvolver uma ação educativa em
   que o evangelho seja vivido na realidade atual da sociedade.




                         Monografia apresentada à diretoria do Seminário Teológico
                         da Missão JUVEP, referente ao Curso Teologia, como
                         requisito parcial para a obtenção do certificado de Bacharel
                         em Teologia, sob a orientação do Pastor Rubemar de Sousa
                         de Andrade.




                       JOÃO PESSOA/PB
                            2010
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DEDICATÓRIA

Primeiramente, dedico a Deus, pelo seu imenso amor, pela
sua graça inefável, pela salvação em Cristo Jesus, pelo
sustento nos momentos de dificuldades, pelas alegrias e
vitórias conquistadas;
A minha amiga Rosângela Batista de Morais, por sua
valiosa amizade, que contribuiu para meu crescimento
espiritual e pessoal;
Aos meus familiares, que aceitaram e apoiaram minha
vocação;
Aos meus mantenedores, pelo investimento no chamado,
para o qual fui escolhida, e ao Pr. Rodolpho de Almeida
Eloy, amigo verdadeiro em todos os momentos. Obrigada
pelas suas orações e incentivo.
6

                                       AGRADECIMENTOS




Ao meu mestre e orientador maior, Jesus Cristo, por me fortalecer nos momentos de dificuldades;

Aos meus pais, pelo amor, cuidado e incentivo na minha caminhada cristã, fazendo-me perseverar

nos meus objetivos;

Aos meus familiares, que sempre acreditaram nos meus objetivos, incentivando-me e contribuindo
para que tivesse um melhor aproveitamento;

Ao Grupo Miora, pelas intercessões feitas em meu favor para a realização deste sonho;

À JUVEP, pelo apoio e encorajamento contínuo durante a elaboração da pesquisa;

Aos Mestres desta casa de profeta, pelos conhecimentos transmitidos;

À Diretoria, pelo apoio institucional e pelas facilidades oferecidas;

Ao Pastor Rodolpho Eloy, pela sua determinação em me fazer avançar. Obrigada por acreditar em

meu potencial.
7




A tarefa do professor é despertar a mente do aluno, é
estimular idéias através do exemplo, da simpatia pessoal e
de todos os meios que puder utilizar para isso. Isto é,
fornecendo-lhe lições objetivas para os sentidos e fatos para
a inteligência. Jesus, o maior dos mestres, disse: A semente
é a Palavra. O verdadeiro professor é o que revolve a terra e
planta a semente.
                                    (John Milton Gregory)
8

                                    RESUMO




      Este trabalho tem o objetivo de refletir sobre as ações da Escola Bíblica
Dominical nas instituições evangélicas, mediante a necessidade de enfrentarmos as
problemáticas nesse lócus, devido às diversas mudanças ocorridas no campo
educacional brasileiro. No Brasil, o ensino religioso sempre esteve presente, desde a
vinda dos jesuítas, que tinham o papel de alfabetizar e catequizar os ―selvagens‖.
Com a expulsão dos jesuítas no período pombalino, a educação passou a ser vista
como responsabilidade e dever do Estado em ofertá-la a todos os cidadãos. Apesar
dessa ruptura embrionária, o ensino religioso sempre se manteve restrito aos templos
―sagrados‖. Com o avanço do Cristianismo, na contemporaneidade, as igrejas e os
seminários, seja protestantes ou católicos, têm investido na formação teológica de
seus membros, visando maior aprofundamento e dedicação à fé cristã. Diante dessa
realidade, o texto em tela tem a intenção de dialogar com diferentes teóricos,
protestantes e pedagogos, visando fornecer subsídios para se pensar e fazer uma
Escola Bíblica relevante na sociedade hodierna.


PALAVRAS-CHAVES: Educação Cristã. Escola Bíblica. Ser padrão.
9

                                                                SUMÁRIO




INTRODUÇÃO...................................................................................................................................   08


CAPITULO I
OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO CRISTÃ.....................................................................................                             09


CAPITULO II
EDUCAÇÃO CRISTÃ: objetivos, fundamentos e princípios educacionais e bíblicos numa
perspectiva             cristã,          para          a        construção              de         uma           escola           bíblica
eficiente................................................................................................ ..........................            11
2.1. Fundamentos teológicos para uma educação cristã relevante......................................                                            14
2.2. Jesus, o exemplo de mestre perfeito para o exercício do magistério eclesiástico.......................                                     20




CAPÍTULO III
O EDUCADOR DE ESCOLA BÍBLICA COMO AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO:
COMUNICAÇÃO, PLANEJAMENTO E CAPACITAÇÃO DOCENTE.........................................                                                        28
3.1. O papel da comunicação do educador no processo de aprendizagem.........................                                                    28
3.2. A relevância do planejamento educacional para a Escola Bíblica.............................                                                32
3.3. A importância da capacitação do educador da Escola Bíblica...................................                                              40
3.4. A construção do currículo na Escola Bíblica Dominical....... ....................................                                          43


CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................                              48


REFERÊNCIAS ................................................................................... ............................                    50


ANEXOS........................................................................................................................                  52




                                                            INTRODUÇÃO
10



   A educação, na contemporaneidade, tem sido problematizada nos diversos contextos, tanto em

escolas seculares, quanto em organizações não governamentais, no plenário brasileiro, nas

comunidades e nas igrejas. Essa temática tem atraído os olhares dos diversos atores sociais, pelo fato

de a Educação ser um direito público subjetivo a todo cidadão brasileiro. Ou seja, todos têm direito a

uma educação de qualidade e igualitária.

   É nesse cenário que a igreja está inserida, e como a educação tem passado por constantes

mutações, ela deve estar atenta a esta realidade concreta. Nesse sentido, várias inquietações devem

permear as igrejas evangélicas na sociedade hodierna, entre elas, podemos refletir sobre algumas: Que

tipo de educação cristã as igrejas têm ofertado aos seus membros? Como se tem planejado o ensino

nessas instituições? Como a formação dos educadores tem acontecido nas escolas bíblicas? Esses

educadores têm seguido o exemplo de Cristo ao ensinar seus alunos? Como se dá a relação entre

educador e alunos em sala de aula? Qual o nível de seriedade com que as escolas bíblicas são tratadas

nas igrejas? Tais inquietações se configuraram em constantes reflexões, que ocasionaram na

construção deste trabalho de conclusão de curso de Teologia, por entendermos que muitas das igrejas

não têm dado o devido valor e importância ao ensino eclesiástico, assim como Cristo o fez, a ponto

de, demasiadamente, ser chamado pelos seus discípulos de MESTRE.

   Portanto, o presente trabalho está dividido em quatro momentos: o primeiro traz uma breve

discussão sobre os caminhos que a educação cristã deve percorrer; o segundo faz uma abordagem

sobre a definição e os objetivos da educação nas igrejas, retratando os fundamentos teológicos da

educação cristã, fundamentada na visão cristocêntrica, por ser esta um fundamento na prática do

magistério do educador nas comunidades eclesiásticas; no terceiro momento, procede-se a uma

discussão sobre o papel do educador como agente de transformação, o que implica a

comunicabilidade com os alunos, o planejamento e sua capacitação para o exercício do

ministério/magistério nas igrejas.
11

      Este preâmbulo visa descrever sinteticamente a intencionalidade do presente trabalho. Portanto,

fica o desejo de que este material traga contribuições substanciais para as escolas bíblicas, acarretando

em crescimento saudável, tanto nos aspectos quantitativos (com maior quantidade de membros

assíduos nas escolas bíblicas) quanto nos aspectos qualitativos (membros maduros na comunidade,

que saibam responder quanto à razão da vossa fé, desejosos em servir e amar uns aos outros). A

educação cristã deve ser pensada considerando-se todas as implicações que decorrem dela, para que

os alunos pratiquem o conteúdo ensinado na Escola Bíblica. Nisso, os educadores devem ser

capacitados para desenvolver suas funções com competência pedagógica, dentro ou fora da igreja.



      1. OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO CRISTÃ


              Uma das tarefas mais nobres é o ensino. Contudo, é comum entendermos o

processo de aprendizagem numa igreja através dos princípios e padrões do sistema escolar

tradicional de educação que, geralmente, é orientado pelo conteúdo e pelo saber, tendo o

intelecto como um fim em si mesmo. Assim, o ensino na igreja passa, muitas vezes, a se

resumir na transmissão de conhecimentos abstratos e conceituais sem imediata aplicação

para a vida cotidiana. Mas, a educação cristã, por essa sua característica, não se preocupa

apenas com o saber, mas também com o ser, o sentir, o conviver, o fazer e o ter. Preocupa -

se, enfim, com a integridade da pessoa.

              Na educação secular tradicional, temos as técnicas para a transmissão do

conhecimento, enquanto que a preocupação da educação cristã não e stá apenas na

informação precisa de conteúdos, mas também na formação do caráter e na transformação do

que precisa ser redimido. Ao escolher doze pessoas para estarem com Ele - ―Então designou
                                                                  8
doze para estarem com Ele e para enviá-los a pregar‖                  - Jesus deixou-nos o ponto de

partida, pois, enquanto a educação secular leva o aluno a SABER o que o educador sabe, a

educação cristã procura levar as pessoas a SABEREM e SEREM o que o seu Mestre é.


8
    Marcos 3:14
12

             Nas muitas experiências da vida real do relacionamento interpessoal entre mestre

e aluno, há um processo de aprendizagem mais profundo e compromissado , que leva o

educando a ser como o Supremo mestre, Cristo. O apóstolo Paulo, ao escrever aos gálatas,

fala, com precisão, quanto ao objetivo do ensino cristão: ―Meus filhos, por quem de novo
                                                             9.
sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós‖           Para que isso se potencialize, é

preciso haver transmissão de vida entre educador e educando, em que é necessário que o

educador reparta o seu modo de viver, que deve ser semelhante ao de Cristo , para que o

aluno, tendo-o como modelo concreto, alcance o concreto modelo de Cristo, em dou trina,

atitudes, valores éticos, emocionais etc. Isso requer um modelo, um exemplo, um padrão,

uma referência a seguir. Em uma das bibliografias sobre o ministério e a pessoa de Cristo, o

autor João, ao escrever o quarto Evangelho, expôs, com clareza, as afirmações do próprio

Mestre, sobre ele ser o modelo e exemplo perfeito a ser seguido. ―Ora, se eu, sendo o Senhor

e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei
                                                       10
o exemplo para que, como eu fiz, façais vós também‖      .

             Esse é o motivo pelo qual Cristo pode dizer aos seus alunos: ―Siga-me‖ 11. As

atitudes, o conhecimento e os valores do Mestre hão de se encarnar na personalidade de seus

alunos. Portanto, temos uma educação vivencial entre o Mestre e os educandos. Não tem

como negar a importância de tendências ou técnicas adotadas para o ensino na Escola

Bíblica, mas não são suficientes para o ensino na igreja, já que, na igreja, o processo

educacional na educação cristã é mais laborioso e demorado, pois o que está em jogo é mais

do que um conjunto de informações, mas transformações de vidas. Sendo assim, não existem

soluções mágicas e em curto prazo para os dilemas da educação nas igrejas. Não é difícil

programar uma estrutura de ensino, posto que a educação moderna tem muitos instrumentos

para isso, o difícil é entender que a vontade da s pessoas não é programável, uma vez que a




9
  Gálatas 4:19
10
   João 13:14-15
11
   Mateus 9:9
13

educação cristã tem como preocupação a estruturação da vontade e do caráter da pessoa à

semelhança de Cristo.



       2. SOBRE A EDUCAÇÃO CRISTÃ: objetivos, fundamentos e princípios educacionais
          e bíblicos numa perspectiva cristã, para a construção de uma escola bíblica eficiente .


       A educação cristã é um ingrediente essencial em toda a vivência eclesiástica, pois o

conceito que a igreja tem quanto a sua natureza vai determinar o que realiza. Por isso, o

ensino na Igreja visa não apenas oferecer conhecimentos literários, doutrinários e teológicos

aos crentes, mas também instrumentalizá-los ao serviço e a uma vivência piedosa e ética

compatível com os princípios cristãos delineados nas Sagradas Escrituras. Mas, acima de

tudo, todo processo de ensino deve objetivar o desenvolvimento total do ser humano,

prosseguindo para o alvo, Jesus Cristo. Ele é o model o ideal de personalidade. Dormas

(1999, p.35), ao definir o significado da educação cristã, demonstra forte preocupação em

preservar Cristo como o objetivo Maior, para se obter uma educação relevante para a igreja

hodierna.

       A educação religiosa tem por objetivo a formação de uma consciência que orienta a conduta do

cristão à luz da Palavra de Deus e desenvolver o seu caráter de modo a reproduzir nele o Caráter de

Cristo na adoração, no comportamento ético em todos os aspectos de seu viver e na submissão ao

propósito redutivo do amor de Deus 12.

                      A educação cristã não deve ser instrumento de dominação ideológica ou

mesmo da formação de uma mentalidade amorfa e sem identidade. É uma educação que deve

levar o aluno a desenvolver uma leitura crítica de uma realidade através da construção do

seu ser, sentir, fazer e conviver, à luz da razão de ser de todos nós, isto é, vivendo para a

glória de Deus 13.




12 DORMAS. L. A nova EBD, a EBD de sempre. JUERP, 1999.
13
     Isaías 43:7 e I Co. 10:31
14

                   Por isso a participação de cada um na construção do conh ecimento, a

compreensão e a vivência a respeito do reino de Deus é requerida, a fim de que sejamos não

meros instrumentos da realidade cotidiana, mas participantes de sua construção.

                   Como a Igreja está inserida em uma sociedade e é influenciada por ela, a educação cristã,

muitas vezes, passa a caminhar de acordo com os padrões educacionais que prevalecem nas escolas

seculares. No Século XVII, época em que viveu Comênio, e nos séculos seguintes, o que prevalecia

na educação eram as práticas escolares da Idade Média, sendo um ensino intelectualista, verbalista e

dogmático, memorização e repetição mecânica dos ensinamentos do educador. Nessas escolas, não

havia espaço para ideias próprias dos alunos, porquanto o ensino era separado da vida, mesmo porque

ainda era grande o poder da religião católica na vida social. Tal ideia formou as bases da Pedagogia

Tradicional, que ainda exerce forte influência no processo de ensino nas escolas seculares e é prática

na educação cristã nas igrejas.

                   Portanto, como a educação cristã visa à mudança do indivíduo em sua totalidade e não

apenas transmitir conhecimento mecânico, precisamos rever as práticas pedagógicas adotadas em sala

de aula. Nesse sentido, o ensino não deve estar desassociado da vida do aluno, porque, na perspectiva

cristã, atinge outros níveis, posto que deve também formar o caráter do aluno. Isso denota que o nosso

caráter precisa passar por processos de reengenharia total e precisamos ser reconstruídos para ser

chamados de novas criaturas. ―E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura, as coisas velhas já

passaram, eis que tudo se fizeram novas‖14.

                   Vale salientar que as nossas decisões são produtos de todo o processo elaborado

internamente pela nossa estrutura mental, emocional e intuitiva, e diversas influências externas são

responsáveis pela configuração dessas estruturas, tais como a cultura, o grupo em que vivemos e uma

ideologia hegemônica.




14
     II Co. 5:17
15

      Esses conteúdos internos, que fazem parte das nossas decisões, precisam ser

reconstruídos ou reformulados, conforme nos ensina o apóstolo Paulo, em sua carta aos

Romanos, quando fala da renovação da mente.

                     E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
                     mente, para que possais experimentar qual seja a boa, a agradável e perfeita vontade
                     de Deus (12:02 - Bíblia de estudo Genebra, versão revista e atualizada).


          Assim, a educação cristã tem uma natureza formativa, isto é, uma reforma interna

na personalidade do indivíduo, a ponto de refletir sobre a vontade de Deus, através de

nossas decisões e escolhas diárias de nosso cotidiano, sejam pessoais, familiares,

profissionais, sentimentais ou sociais. Entretanto, podemo s definir os verbos que expressam

o processo educacional cristão como ser, sentir e pensar.

          Mas a formação proporcionada pela educação cristã também visa preparar

operacionalmente o crente para o exercício de seus dons no desempenho de seu ministério

na obra de Deus e se preocupa em transformar o aluno. Esse processo ocorre na

demonstração vivencial, através dos atos concretos transformados, que são frutos de um

caráter reconstruído. Enquanto a formação do caráter é interior, a força motriz, a

transformação é o produto externo desse interior mudado. É a religião a prática da qual

Tiago (1:21-22) fala em sua carta.

                     ...Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolheu
                     com mansidão a Palavra em vós plantada, a qual é poderosa para salvar as
                     vossas almas. Tornai-vos pois praticantes da Palavra, e não somente
                     ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.


          Esse complexo processo de informação, formação e transformação não ocorre por

acaso, automaticamente ou como num passe de mágica. É produto de muita dedicação. E a

operacionalidade desse processo todo requer planejamento e estratégia séria e bem

cuidadosa, implementação técnica, capacitação e treinamento especializado. É um processo

que deve prever o futuro e prover os recursos necessários para informar e formar o aluno na

busca de uma contínua transformação concreta de sua vida.
16

             A educação cristã envolve ―gente‖ atendendo ―gente‖, é um processo demorado e

paciente, mas que poderá não se realizar, se houver uma busca pelo ativismo, que apenas

preencherá um calendário, e manter ocupados os participantes do processo educacional,

comprometendo o verdadeiro objetivo da educação cristã.



2.1. Fundamentos teológicos para uma educação cristã relevante



        Teologia e educação são duas palavras que se casam, pois toda boa educação vem de Deus, e

toda Teologia é educação. Há um grande interesse de Deus em despertar vidas, que se dediquem ao

estudo sistemático de sua palavra e que sejam teólogos-educadores. Esse interesse divino é acentuado

em várias passagens bíblicas, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.

        No Antigo Testamento, a educação cristã é vista nas Escrituras hebraicas. A principal palavra

que significa ensinar ou educar é "Torah‖. É interessante observar que essa palavra também significa

"lei. Deriva-se de um verbo que significa "apontar, mostrar e orientar". Um novo verbo, mais recente,

significa "disciplinar, corrigir, admoestar". Outros termos atribuídos à educação, no Antigo

Testamento, expressam ideias de discernimento, sabedoria, conhecimento, iluminação, visão e

inspiração15.

        Quando falamos em educação, normalmente nos vem à memória a intelectualidade dos

mestres. No entanto, constatamos que há uma grande diferença entre esse conceito e os ensinos do

Antigo Testamento, pois cada vez que se ensina alguma coisa, destaca-se a prioridade da vida, que é o

ponto de partida para toda forma de educação. O ensino do Antigo Testamento não é aplicado apenas

para o desenvolvimento do intelecto, mas para comunicar e ensinar o indivíduo a viver de acordo com

suas crenças e necessidades. ―Além da palavra "Torah", citada anteriormente, temos mais três

palavras hebraicas que expressam a ideia de ensino no Antigo Testamento. São elas: “YADAH , com



15
  Sobre maior conhecimento no campo da língua hebraica, ver. VINE W. E.; UNGER, Merril F.; WHITER, William Jr.
Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo Testamento e do Novo Testamento. Trad.
Luís Aron de Macedo. Rio de Janeiro. Editora CPAD, 2002.
17

significado semelhante a "vir a conhecer". Inclui a ideia de que a experiência ensina (Ver Jó, 32.7);

YARAH, que significa "mostrar, dirigir, ensinar". Essa palavra tem uma importância prática bem

definida (Sl 86.11;25.8; 119.102); e LAMAD, talvez a única palavra que parece enfocar o objeto da

compreensão, porém expressa também, com muita nitidez, o desenvolvimento de técnicas de guerra

(Dt 4.5,18;Ed 7.10;Jr 32.33;2 Sm 22.344; Sl 18.3,4)16‖.

        Portanto, o incentivo à educação teológica é uma constante no Antigo Testamento. Podemos

ainda tomar como exemplo o Salmo 78.3-7, em que o povo de Deus promete que vai ensinar

fielmente a cada geração vindoura "os feitos gloriosos do Senhor" (v. 4). Encontramos várias citações

indicando que o próprio Deus é o verdadeiro educador, como por exemplo, em Is 30.20, onde seu

povo é incitado a buscar instrução Nele (Deus) e em sua Palavra (Sl 78.1;119.27; Is 8.19,10;54.13; Jr

31.33-34). No entanto, põe-se ênfase no fato de que Deus utiliza os homens, por meio dos quais

comunica sua mensagem (Dt 5.1-5). Repetidamente, diz-se que Deus ordenou aos homens e os

inspirou para ensinar.

        Já o Novo Testamento reúne os acontecimentos do Antigo Testamento e gera novos

acontecimentos objetivando a educação. Toda teologia do Novo Testamento é direcionada para a

educação. Essa é a constante meta de Deus. Em um sentido bem real, a educação do Antigo

Testamento preparou o caminho para o programa didático do Novo Testamento. Jesus é o destaque, o

Mestre por excelência. Tanto através de exemplos quanto por mandamentos, Jesus enfatiza a

importância do magistério em seu ministério. Ele próprio era fundamentalmente um Mestre, vindo de

Deus (Jo 3.2). Durante sua missão terrena, era chamado de "Mestre" com mais frequência que

qualquer outra designação. Nos quatro evangelhos, é mencionado como Mestre oitenta e nove vezes;

como pregador, apenas doze vezes. Naturalmente, sua doutrina e pregação se fundiam, mas sua obra

didática era fundamental em tudo o que fazia. A maior escola que já existiu consistia em ter Jesus

como educador, e os doze apóstolos, como alunos. Ele também ensinava as multidões. Os seus

principais métodos constituem o ideal em direção ao qual os educadores devem empenhar-se.

16
  Sobre maior conhecimento no campo da língua hebraica, ver. VINE W. E.; UNGER, Merril F.; WHITER, William Jr.
Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo Testamento e do Novo Testamento. Trad.
Luís Aron de Macedo. Rio de Janeiro. Editora CPAD, 2002.
18

        Os métodos utilizados pelo Mestre Jesus são explicitados na sua prática pedagógica na sua

vivência com os discípulos e com a multidão que o seguia. Segundo Price (1980, p.74), o Mestre, por

excelência, fez uso de objetos e coisas; da dramatização e das histórias e parábolas.

        Sobre o uso de objetos e coisas, Jesus ensinou mediante lições objetivas 17. Ele buscou fazer da

verdade uma coisa concreta e viva. Esse método, naturalmente, deu resultado. Um exemplo disso

podemos destacar quando Jesus tomou um menino e o pôs no meio dos discípulos, para ensinar qual

atitude que devemos tomar para com o Reino de Deus (Mat. 18:1-4). Os discípulos pensavam que o

Reino era algo com escalas e ordens hierárquicas, e, portanto, com promoções e distinções especiais.

Assim, ambições e egoísmos ocupavam seus corações e já discutiam qual deles seria o maior. Daí

Cristo perguntou: "Quem é, porventura, o maior no reino dos céus?" (v. 1). Ao que parece, sem

qualquer outra palavra de explicação ou de discussão, chamou uma criança e a pôs no meio deles.

Vendo eles a modéstia, o desinteresse e a humildade exemplificados na criança, Jesus lhes disse que

deviam tomar a atitude da criança para poderem entrar no Reino. E acrescentou: "Quem, pois, se

tornar humilde como este menino, esse será o maior no reino dos céus" (v. 4). Era a maior lição sobre

a modéstia e contra o mal do orgulho que a humanidade recebia naquela hora.

        Já ao método da dramatização18, das muitas atividades do Mestre em que Ele usou esse

método, podemos destacar o momento em que Jesus expulsou os mercadores do Templo (Mat. 21:12-

16). Ele notara que os judeus estavam abusando do privilégio de vender animais e aves para os

sacrifícios àqueles que não os tinham e estavam fazendo aquilo mais para se locupletar (enriquecer)


17
    Quando se fala em lições objetivas, pensamos logo no uso de coisas que simbolizam ou sugerem a verdade a ser
ensinada. Isso inclui modelos, quadros, desenhos, mapas e outros materiais semelhantes. Um modelo da arca de Noé, ou
do tabernáculo, ou do conjunto duma missão estrangeira é valiosa ajuda para aclarar e avivar a cena a ser discutida.
Também o uso de bons quadros ou de desenhos no quadro-negro ajuda bastante a apresentação de cenas bíblicas ou
missionárias, como de outras verdades. Note-se, porém, que objetos simbólicos, como um bocado de pão para representar
que Cristo é o Pão da Vida, cu clarear um copo de água escura ou turva por meio de elementos químicos para mostrar
como a regeneração limpa o coração do pecador, são métodos não muito recomendáveis porque as crianças podem tomar
o figurado pelo real.
18
   A dramatização traz consigo a ideia da reconstituição de uma cena. Ela é a reprodução de um acontecimento histórico
ou a representação de uma atividade ou fato de nossos dias. Noutras palavras, é o esforço que se faz para representar, de
maneira mais precisa, em um ambiente apropriado, em uma situação histórica ou a vida de nossos dias. A dramatização,
portanto, é, primeiramente, uma atividade de imitação ou de reprodução. Contudo, o termo é empregado com significação
mais larga, chegando a abranger tanto a apresentação de verdades como a reprodução de fatos. Assim, podemos concebê-
la com a representação duma verdade ou lição, sem se levar em conta se o fato tem ou não base definida. As atividades
dramáticas podem incluir incidentes bíblicos, feitos de missionários, lições de temperança e outros mais eventos a serem
apresentados, bem como lições a serem ensinadas. Um elemento de dramatização pode entrar em qualquer lição.
19

do que para servir ao povo. Assim, tomou um chicote de cordéis e expulsou os mercadores,

espalhando as aves e os animais, derrubando as moedas no chão, e dizendo: "Minha casa será

chamada casa de oração; mas vós fizestes dela um covil de ladrões" (v. 13). Dessa forma, Jesus

proclamou dramaticamente a santidade do Templo e do culto a Deus. "A purificação do templo não

foi tanto por causa do próprio edifício, e, sim, mais para ensinar ao povo a grande lição da

reverência."

        Por último, o método mais lembrado e mais usado por Jesus é o da historicidade 19 e das

parábolas20. É o método que toma o primeiro lugar em seus ensinos. Jesus o usou tanto que julgamos

ser isso o que mais o caracterizou como Mestre; e as histórias que ele contou são sempre mais

lembradas que outros ensinos dele. Inquestionavelmente, Jesus foi o maior contador de histórias que o

mundo já teve.

        Cerca de um quarto das palavras de Jesus, registradas por Marcos, e cerca de metade das

registradas por Lucas têm a forma de parábolas. O vocábulo parábola aparece cinquenta vezes no

Novo Testamento.

        Um exemplo de ter Ele iniciado uma lição com uma história ou parábola é aquele em que nos

fala de quatro qualidades de terra e da resposta que a terra semeada deu ao lavrador (Mat. 13:1-9). O

Mestre, posteriormente, esclareceu a lição baseada na parábola. A terra à beira da estrada representa o

ouvinte preocupado ou desatento, do qual a verdade saltita como saraiva no telhado. A terra cheia de

pedras representa a pessoa superficial e emotiva, que responde prontamente, mas sem convicções

firmes, e que, por isso, abandona a verdade, quando esta o leva para caminhos difíceis. A terra de

espinhos representa o indivíduo preocupado, que deixa que o serviço e as diversões o empolguem por

completo, deixando-o sem frutos espirituais. A terra boa representa aqueles que ouvem a verdade,

recebem-na de todo o coração e a praticam sempre. Ninguém, por certo, esquecerá essa história, nem

o seu profundo significado.



19
   O método de histórias é de grande valor no ensino. É coisa concreta, apela à imaginação, tem estilo fácil e livre, assaz
eficiente e interessante.
20
   O termo parábola significa, literalmente, projetado ao lado de alguma coisa. É uma. história ou ilustração tirada de
algum caso conhecido ou comum da vida, para lançar luz sobre outro caso não muita conhecido.
20

        Diante do explicitado, podemos afirmar que Jesus foi Mestre consumado no uso de lições

objetivas, bem como no emprego do método de dramatizações, de histórias e de parábolas. Usando-as,

a par de sua maravilhosa personalidade, conseguiu atrair as multidões para si, fazendo com que essas

verdades fossem lembradas e repetidas através dos séculos. Bem faremos nós estudando os modos e

os meios de empregar figuras, comparações e parábolas em nossas lições. Auxílios visuais,

dramáticos e ilustrativos devem secundar o nosso ensino.

        Esses princípios de Educação religiosa continuam em todo o Novo Testamento. Há uma

convocação do próprio Cristo na chamada "grande comissão" em Mt 28.19,20. Em Atos 2.42, vemos

que a Igreja primitiva cumpria sua missão de ensinar. O ensino era tão profundo que, "em cada alma,

havia temor."

        O Apóstolo Paulo, depois de sua experiência com Cristo, segue o mesmo método didático,

gerando discípulos e incitando-os ao estudo e à educação. Escrevendo ao seu filho Timóteo, ele diz:

"Persiste em ler, ensinar e exortar, até que eu vá" ( I Tm 4.13). Com essas palavras, o apóstolo mostra

um caminho pedagógico para o jovem pastor no exercício da educação religiosa, através destas quatro

palavras-chaves do verso citado: na primeira, "persiste" (do grego: Prósekhe), o tempo presente do

verbo pede uma ação contínua, traduzido como "persiste, aplica-te"; a segunda, "ler" (do grego:

Anagnósei ,"leitura", usada como verbo, implica uma sábia escolha de passagens a serem lidas; leitura

audível, o poder de expor corretamente"; a terceira palavra, "exortar" (do grego: Paraklései,

exortação, encorajamento, tem a mesma raiz de consolador), e a quarta palavra, "ensinar" (do grego:

Didaskalia, significa ensino, doutrina)21.

        O Apóstolo Paulo, com essa instrução a Timóteo, criou um vocabulário para a

responsabilidade educacional. Primeiramente, sinaliza o dever da aprendizagem através da leitura ou

do estudo e, depois, a missão de educar, ensinando o que se aprendeu. Esse pensamento está em

concordância com os princípios ensinados por Jesus, pois, primeiramente, ele chamou: "vinde a



21
  Sobre maior conhecimento no campo da língua grega, ver. VINE W. E.; UNGER, Merril F.; WHITER, William Jr.
Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo Testamento e do Novo Testamento. Trad.
Luís Aron de Macedo. Rio de Janeiro. Editora CPAD, 2002.
21

mim..." ( Mt 11.28 a) ; "vinde após mim..." (Mt 4.19 a); "ficai, porém, na cidade de Jerusalém..." ( Lc

24.49 b), etc. Depois os envia conforme vemos em (Mc 16.l5 ): "Ide por todo mundo..."; e (Mt 28.19):

"Ide e ensinai todas as nações..."

       A experiência da educação religiosa, na atualidade, ocorre num tipo especial de contexto,

inicialmente, educativo, mas, basicamente, teológico. Esse contexto é a comunidade cristã na

qualidade de Igreja organizada, uma koinonia ou irmandade, que exerce a sua finalidade em Jesus

Cristo e no sacerdócio individual do crente, que goza de um relacionamento íntimo com o criador e

redentor. No âmago da educação religiosa, existe uma mensagem, uma missão e um mandamento a

comunicar. Essa comunicação funciona melhor quando proferida dentro da comunidade cristã com

amor. É, por certo, educativa, mas fundamentada em fortes bases teológicas.

       A forte dimensão teológica da experiência da educação religiosa não pode ser menosprezada,

pois é a dimensão que se encontra no âmago do processo de equipagem e amadurecimento. Quanto

mais a comunidade de aprendizes puder se aproximar da verdadeira natureza da Igreja, mais eficiente

se torna o seu ministério de equipagem e amadurecimento. A interpretação inicial do evangelho

comunicado é a fé individual dos crentes, fundamentada nesse evangelho, com o privilégio e o poder

de se encontrarem com o criador num nível de sacerdócio e serviço pessoal. Esse serviço se expressa

em termos de atividades próprias da comunidade cristã. É realmente a vivência de uma teologia de fé,

que se demonstra no evangelismo, nos ministérios sociais, nas missões, no serviço cristão, na

educação e no culto. O ministério da educação na igreja procura implementar os ministérios no

mundo e para ele.

       Nesse sentido teológico, o crente é afetado e se torna eficiente, por meio do envolvimento

pessoal com Deus. Ele se torna o centro do processo de comunicação. O empenho em se comunicar

emana de um desejo de fidelidade a um mandamento de desafio e a uma posição de responsabilidade.

Centraliza-se no impulso básico do ímpeto educativo e no imperativo teológico de alcançar e ensinar.

O cristão está no ápice do serviço quando sua vida demonstra a realização do imperativo de Cristo.

       Quando o testemunho, a educação e a equipagem se tornam os imperativos dinâmicos da

igreja, o cristão começa a imaginar os resultados significativos de sua própria experiência rumo ao
22

 discipulado cristão, bem como a responsabilidade de levar outras pessoas a se tornarem parte do

 processo redentor do evangelho. A pessoa se torna capacitada a trabalhar e a testemunhar com os

 significados e valores do evangelho como base para os relacionamentos totais. Em concordância com

 esse fato, conhecer a ação de Cristo como Mestre é fundamental para o educador cristão, já que Cristo

 é o exemplo de mestre perfeito. Para tal conhecimento, o próximo capítulo visa mergulhar o leitor na

 vida ministerial do Homem mais extraordinário que viveu entre nós, o Verbo de Deus - Cristo



 2.2. Jesus, o exemplo de mestre perfeito para o exercício do magistério eclesiástico.



        Quando a educação se torna instrumento de análise, não há como fugir do passado.

Grandes homens que surgiram na história da humanidade influenciaram a e ducação secular de

sua época. Aristóteles (384-322 a. C.) criou a pedagogia da virtude, segundo a qual o propósito

da vida humana é obter felicidade e ser útil à comunidade. A virtude seria a forma mais plena de

excelência moral. Para Sócrates (469-399 a.C.), a educação tinha a responsabilidade de conduzir

as pessoas, por meio do autoconhecimento, a sabedoria e a prática do bem, e tinha o diálogo

como método relevante para a aprendizagem. Na história das ideias ou idealismo platônico,

Platão (427-347 a. C.) entendia a educação como um caminho pelo qual é formado o homem

moral e político. Já Martinho Lutero (1483-1546), precursor da Reforma Protestante, defendia o

progresso da educação para todos, pois, segundo ele, quando a escola progride, tudo progride.

Ao longo da história, muitos outros, como Tomás de Aquino, Santo Agostinho, Kant, Descartes,

Galileu, Rousseu, Shakespeare, Hegel, Marx, Freud, Piaget, Vygotsky, Einstein, Pestalo zzi,

Decroly, Dewey, Maria Montessori, Fernando Azevedo, Anísio Teixeira, Paulo Freire, entre

outros, brilhavam em suas inteligências, o que influenciou e contribuiu com o processo de

educação, mas nenhum deles, apesar de suas grandes descobertas terem beneficiado a educação,

causando mudança na sociedade, conseguiram causar um impacto de transformação na vida das

pessoas, como fez o Mestre dos mestres. Portanto, esse Mestre , que viveu há muitos séculos,

não apenas surpreendeu em sua inteligência, mas teve uma personalidade fascinante. Ele
23

conquistou uma fama indescritível, porquanto destilava uma sabedoria que atraía multidões.

Esse Homem é Jesus Cristo.

        Jesus Cristo foi o homem que nasceu em uma manjedoura , em vez de nascer em um

berço de ouro; que andou em um jumento, em vez de andar em uma ostensiva carruagem real;

foi conhecido como Aquele que andava com os pecadores, em vez de andar com os ―mestres‖ da

Lei, com os ―sábios‖ da época; foi o Mestre que ensinava as classes desfavorecidas, em vez de

ensinar a elite aristocrática. Jesus viu no ensino a gloriosa oportunidade de formar os ideais, as

atitudes e a conduta do povo em geral. Ele não se distinguiu , primeiramente, como orador, como

reformador nem como chefe, mas como mestre. Vemos perfeitamente que ele não pertenceu à

classe dos escribas e rabinos que interpretavam minuciosamente a Lei. Ele ensinou. De forma

alguma foi visto como "agitador da massa popular". Não comprometeu sua Causa com apelos

em reuniões populares, com práticas ritualistas ou com manobras políticas. Ele confiou sua

Causa aos prolongados e pacientes processos de ensino e de treinamento. Jesus lançou mão do

método educativo, e não, do método de força política, ou de propaganda, ou do poder. A

principal ocupação de Jesus foi o ensino. Algumas vezes, agiu como curador, outras vezes,

operou milagres, pregou frequentemente, mas foi sempre o Mestre. Ele não se pôs a ensinar

porque não tivesse outra coisa a fazer, mas, quando não estava ensinando, estava fazendo

qualquer outra coisa. Sim, Ele fez do ensino o agente principal da redenção. A ênfase que Jesus

deu ao ensino ressalta o fato de, em geral, ser Ele reconhecido como Mestre. "À luz dos

Evangelhos, vemos que seus discípulos e contemporâneos o tornavam como mestre. ‖ Ele foi

mesmo chamado Mestre, Educador ou Rabi. E tudo isso traz, em seu bojo, a mesma ideia geral

expressa por Nicodemos, quando disse:: "Rabi, sabemos que és mestre vindo da parte de Deus"

(João 3:2).

        Nos Evangelhos, Jesus é chamado mestre nada menos de quarenta e cinco vezes. Fala-

se em Jesus ensinando, quarenta e cinco vezes; e onze apenas pregand o, e, assim mesmo,

pregando e ensinando, como vemos em Mateus 4:23 — "ensinando em suas sinagogas e
24

pregando o evangelho do reino". Chamavam -no mestre não apenas os doze discípulos, mas

também outros mais discípulos seus.

         Vale salientar que Jesus a si mesmo se chamava Mestre, dizendo: "Vós me chamais

Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou" (João 13:13). Também dizia ser "a luz",

vocábulo que traz a ideia de instrução. Nessa linha de pensamento, interessante é notar que João

Batista sempre foi mais chamado pregador que mestre. Outra indicação dessa ênfase sobre o

ensino é a terminologia empregada para descrever os seguidores e a mensagem de Jesus. Não

são eles chamados súditos, servidores ou camaradas. ―A palavra discípulo, que significa aluno

ou aprendiz, empregada 243 vezes, refere-se aos seguidores de Jesus, seus alunos queridos. A

mensagem de Jesus diz-se ser ensino (39 vezes) e sabedoria (seis vezes), sem denotar a ideia de

preleção ou sermão. A expressão Sermão do Monte não é usada pelos escritores do Novo

Testamento. Mateus apenas diz — ―E ele se pôs a ensiná-los, dizendo..." (Mat. 5:2). Tal peça

deve ser intitulada — O Ensino do Monte, e não, O Sermão do Monte‖ 22.

         Todos os caminhos que o Mestre percorria marcava a vidas das pessoas e atraía

multidões. Todos ansiavam por ouvir seus ensinamentos, pois Ele ensinava com a vida, e não,

com conteúdos desvinculados de sua prática e da realidade. Enquanto isso, os outros mestres

ficavam estarrecidos com o impacto que os ensinamentos do Mestre operavam na sociedade e se

sentiam ameaçados. Jesus era um pedagogo que transformava a hi stória em um espetáculo da

vida e que, diferentemente da maioria dos mestres de seu tempo, que ensinavam as Escrituras

desvinculada da vida das pessoas, com conhecimentos prontos, fechados e fragmentados, que ao

invés de libertar vidas, tornava-as escravas, Ele ensinava com autoridade e com verdade,

conforme relata Cury (2001, p. 134):

                            ...Cristo era um mestre fascinante. Muitos corriam para ouvi -lo, para serem
                            ensinados por Ele. Era diferente da grande maioria dos demais mestres, mesmo
                            os da atualidade, que transmite o conhecimento sem prazer e desafio, transmite
                            o conhecimento pronto, acabado e despersonalizado, ou seja sem comentar as
                            dores, frustrações e aventuras que os pensado res viveram enquanto produziram:



 22
   Sobre esse assunto, ler: PRICE, J. M. A Pedagogia de Jesus: o Mestre por excelência .Trad. Ver. Waldemar W. Wey, 3ª
 edição. Rio de Janeiro – RJ. JUERP: 1980, p.10-11.
25

         Mas, o que torna Cristo diferente dos outros mestres? O que Ele tinha, a ponto de atrair

multidões? O que contribuiu para que Ele fosse aceito pela sociedade? Como seus discípulos,

será que podemos ser iguais ao nosso Mestre? Como podemos ensinar na Escola Bíblica como

Jesus ensinou? Eis as inquietações que não se calam e que, humildemente, iremos abordar, para

que tenhamos uma compreensão plausível e transformadora na vida daqueles que são chamados

para o ensino da palavra, ou seja, todos nós.

        Na época de Cristo, o povo de Israel vivia sob o domínio do Império Romano.

Sobreviver era difícil. A fome e a miséria faziam parte daquele contexto. A produção de

alimentos era pouca e, ainda assim, as pessoas tinham de pagar pesados impostos, pois havia

coletores (publicanos) espalhados por todo o território de Israel. Diante dessa historicidade, se

olharmos a miséria do povo de Israel, constataremos que Cristo não veio na melhor época para

expor seus ensinamentos e um audacioso projeto para transformar o indivíduo, em sua

totalidade. O povo vivia à margem da sociedade, a exclusão era uma realidade contundente na

vida social, mas o Mestre não desanimou e teve um brilhante plano: escolher ajudadores,

auxiliadores para efetuarem o seu plano. Ele teve uma estratégia, pois, diante da demanda, tinha

consciência de que precisava formar pessoas para darem continuidade a sua missão, quando

fosse o tempo de ―ausentar-se‖. Jesus, então, passou a selecionar os discípulos. Se fôssemos

nós, indubitavelmente, escolheríamos os mais brilhantes, os mais inteligentes, os mais

capacitados, os mais carismáticos, os mais persuasivos, os mais influentes, os que tivessem

maior poder aquisitivo, os mais fortes ou os mais bonitos. Porém, o Mestre, mais uma vez,

contrariou a ideologia da sociedade excludente em vigor e formou uma equipe totalmente

desclassificada, o que caracteriza Sua postura de valorizar a inclusão, porquanto não tinha

preconceito, conforme Cury (2001, p. 127;143;144) comenta:



                     Cristo não tinha preconceito. Ele falava em qualquer ambiente com as pessoas.
                    Não perdia uma oportunidade para conduzir o ser humano a se interiorizar. Por
                    onde passava, atuava como Mestre e iniciava sua escola. [..] Estranhamente,
                    Cristo não escolheu paras ser seus discípulos e, conseqüentemente, para revelar
                    seu propósito e executar seu projeto um grupo de intelectuais da época,
                    representados pelos escribas e fariseus. Esses tinham a grande vantagem de
26

                  possuírem uma cultura milenar e uma refinada capacidade de racioci nar. Porém
                  pesava contra eles o orgulho, a auto -suficiência, o que impedia que se abrissem
                  para outras possibilidade de pensar. [...] Cristo tomou uma atitude arriscada ,
                  corajosa e desafiadora. Ele teve uma escolha incomum para levar a cabo se
                  complexo desejo. Escolheu um grupo de homens iletrados e sem grandes virtudes
                  intelectuais para transformá-los em engenheiros da inteligência e torná -los
                  propagadores de um plano que abalaria o mundo, atravessaria os séculos e
                  conquistaria centenas de milhões de pessoas de todos os níveis culturais e
                  econômicos.


      Para sermos bons educadores na Escola Bíblica, devemos assumir uma postura com

caráter de inclusão, valorizando cada aluno, respeitando sua subjetividade, ou seja, suas

limitações, suas particularidades, suas singularidades, e sermos altruístas como o nosso

Mestre.

      Depois que o Mestre escolheu seus seguidores, passou a ensinar-lhes. Os discípulos

vivenciaram um extenso treinamento de três anos (um mestrado teológico) com o maior Mestre

da história da humanidade, Aquele que detém toda sabedoria. O diálogo era bastante utilizado

por Cristo, mas isso não significava que Ele dava as respostas prontas, pelo contrário, o

discurso visava despertar a curiosidade, a dúvida e a reflexão, fazendo com que seus alunos

obtivessem autonomia no pensar e criticidade, instigando-lhes a inteligência. As parábolas

tinham essa intencionalidade. É importante frisar que o diálogo não castra a autoridade do

educador, mas é uma ferramenta educacional relevante, principal mente diante da sociedade na

qual estamos inseridos, onde as relações familiares e interpessoais estão cada vez mais

comprometidas e fragilizadas. Jesus entendia que essa ferramenta era fundamental e que o fato

de utilizá-la não impedia nem ameaçava a sua autoridade de Mestre, pois a mesma era regada

de afetividade, de amor, de compaixão. ―O diálogo é uma ferramenta educacional

insubstituível. Deve haver autoridade entre a relação de educador e aluno, mas a verdadeira

autoridade é conquistada com inteligência e amor‖ ( Ibid. 2003, p. 90).

       O silêncio era outra estratégia utilizada com essa configuração, que conduzia os alunos

a encontrarem respostas as suas indagações, ou seja, quando o Mestre não lhes dava respo stas

reflexivas, o silêncio Dele também tinha esse oficio pedagógico. Mas tanto o diálogo quanto o
27

 silêncio do grande Pedagogo não eram algo banal, pelo contrário, era cheio de calor humano,

 de amor, de solidariedade, de altruísmo, de compaixão, de graça, de autoridade e de verdade.

                       Cristo instigava a inteligência daqueles que convivia com ele. Ele os inspirava na
                       formação de engenheiros do pensamento marcando a história de seus íntimos, mas
                       também os gestos e os momentos de silêncio foram tão eloqüentes que modificaram a
                       trajetória da vida deles. Ele andava pelas cidades, vilas e lugarejos e proclamava o
                       reino dos céus e o seu projeto de transformação interior. Suas biografias indicam que
                       falava de maneira arrebatadora. O seu falar despertava algo nas pessoas, uma sede
                       interior. Embora fosse o carpinteiro de Nazaré e se vestisse de modo simples, seus
                       ouvintes ficavam impressionados com a dimensão de sua eloqüência. Com o decorrer
                       dos meses, Cristo não precisava procurar as pessoas para falar-lhes. O seu falar era
                       tão cativante que ele passou a ser procurado pelas multidões (Ibid: 134).


       Diferentemente dos escribas e fariseus, Cristo, apesar de ser o grande Mestre e ter uma

sabedoria inigualável, não demonstrava uma postura arrogante , prepotente ou orgulhosa. Ele não

permitiu que os seus conhecimentos afasta ssem as pessoas de sua companhia, de sua presença,

porquanto sua inteligência era uma ponte, era a mediação entre Ele e as pessoas, que motivava,

que valorizava o ser humano, que impulsionava as pessoas a terem esp eranças, mesmo diante da

realidade caótica vigente.

       Cristo não tolhia a criatividade de seus seguidores, não manipulava suas mentes nem

controlava as suas vidas, como se fossem marionetes, subjugando -as, como se faz naquela

brincadeira do ―mestre mandar‖, em que o mestre manda, e os súditos obedecem, e caso não

sejam obedientes, serão penalizados. Jesus não despertava medo nas pessoas, não as oprimia,

não alienava as suas mentes. Havia uma interação entre o docente e os discentes. ―Que vos

parece?‖ Era uma das expressões preferidas de Jesus. Os quatro evangelhos registram mais de

cem perguntas que Ele fez. Por que Jesus fazia tantas perguntas? Porque Ele sabia que uma boa

pergunta prenderia a atenção e desafiaria o raciocínio. Para Cury, o mestre deve instigar a

inteligência dos alunos, ao invés de bloqueá-la; o mestre deve estimular a arte de pensar, em vez

de transmitir conhecimentos prontos e acabados que alienam; o mestre deve atrair seus alunos,

para que eles tenham prazer de desfrutar de sua companhia, em vez de afastá -los; o mestre não

deve ser lembrado pelos seus educandos apenas no passado, mas também no presente e no

futuro.
28



                        Um bom mestre possui eloqüência, mas um excelente mestre possui mais do
                       que isso; possui a capacidade de surpreender seus alunos, instigar -lhes a
                       inteligência. O bom mestre transmite o conhecimento com dedicação, enquanto
                       um excelente mestre estimula a arte de pensar. Um bom mestre procura os seus
                       alunos porque quer educá-los, mas um excelente mestre lhes inspira tanto a
                       inteligência que é procurado e apreciado por ele s. Um bom mestre é valorizado
                       e lembrado durante o tempo de escola, enquanto um excelente mestre jamais é
                       esquecido, marcando para sempre a história dos seus alunos (Ibid - 2001: 134).


       Jesus não queria que Seus seguidores fossem meros refletores das opini ões alheias.

Desejava que tivessem pensamentos próprios. Os educadores devem induzir os alunos a pensar e

a entender claramente a verdade por si mesmos. Não basta ao mestre explicar, ou ao aluno crer;

cumpre suscitar o espírito de investigação, e o aluno ser atraído e enunciar a verdade em sua

própria linguagem. Esse princípio está em harmonia com o que há de melhor nas atuais teorias

sobre o ensino. Muitos alunos encontram dificuldades para ordenar seu pensamento, a menos

que tenham a possibilidade de expressar oralmente sua confusão e declarar seus conceitos. As

perguntas abrem caminho para a discussão e levam o estudante a participar. Elas o ajudam a

pensar e a lidar com as grandes ideias.

       No tempo de Cristo, as escolas não tinham acesso à variedade de ma teriais pedagógicos

de que dispomos atualmente, mas, nem por isso, o Mestre foi medíocre em exercer seu oficio.

Ele aproveitou todas as oportunidades para ensinar as boas novas do Evangelho, e o método que

mais utilizava, alem do discurso, da oratória, era o proximal, ou seja, a aproximidade com as

pessoas, o relacionamento. Ele fazia questão de estar perto de seus alunos, de ouvi -los, de

alimentá-los, de tocá-los, de ajudá-los a superar seus medos, frustrações e dificuldades. Não

havia quadro branco, retroprojetor, cadeiras, data-show, computadores e livros. Mas havia o

Mestre, sua presença graciosa, sua afetividade e generosidade pelos aluno. No entanto,

atualmente, apesar de termos uma avalanche tecnológica, faltam-nos mestres que, realmente,

tenham a sensibilidade de amar seus alunos a ponto de ouvi-los, de respeitar suas

subjetividades, de valorizar seus conhecimentos, de ajudá -los a superar seus limites, de ensiná -

los com a própria vida. Este trabalho não tem a pretensão de ser contra a tecnologia na
29

atualidade, nem desconsidera o devido valor dos vários materiais facilitadores de aprendizagem,

mas postula que os mesmos não substituem a pessoa do educador, como facilitador e como

ajudador, e, principalmente, como afetivo.

      Vidas precisam de vidas; pessoas precisam de pessoas; e conhecimento precisa ser

compartilhado, mas, para que tal processo se efetive, precisamos de gente, e não apenas de

materiais pedagógicos, que não substituem o educador.             Os métodos educativos são

importantes, mas o caráter e a atitude do mestre são vitais. Portanto, que relevância tem um

educador eloquente, que transmite conhecimentos através dos mais avançados instrumentos

tecnológicos, se não conhece seus alunos, não senta com eles no momento do lanche, não

demonstra interesse com suas vidas? Convém enfatizar que, apesar de Cristo ter uma

inteligência incomparável e de não ter acesso aos mais avançados instrumentos pedagógicos, as

pessoas se sentiam atraídas por Ele, não apenas pelo seu lindo sermão expositivo, mas pelo

amor demonstrado em seu olhar, em suas palavras, em suas atitudes, em suas ações, em sua

vida. Cristo fazia e fez parte da vida daqueles que seguem seus ensinamentos, Ele é um

educador pessoal, o Deus pessoal e presente, que desceu de sua glória para viver como homem,

entre homens, fazendo questão de se relacionar com pecadores, ainda que estes não sejam tão

sábios, tão estudiosos, tão inteligentes, tão ricos, tão obedientes. Porém, se há em nós o anseio

de ensinar como o Mestre devemos imitá-lo, abrindo mão de nosso orgulho, despindo-nos da

arrogância teológico-intelectual, passando a viver o que ensinamos, e não, ensinando o que não

vivemos.

                      Tendo e vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, pois ele,
                      subsistindo em forma de Deus, não julgou com usurpação o s er igual a Deus,
                      antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo , tornando -se em
                      semelhança de homem; e reconhecido em figura humana, a si mesmo se
                      humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz (Fl. 2:5-8)

        A prática pedagógica de Cristo fazia com que as pessoas se sentissem íntimas Dele,

posto que era um aprendizado prazeroso, e todos ficavam atentos as suas palavras, não queriam

perder nada; nem uma palavra, nem um gesto, nem um olhar seu, a ponto de subirem em árvores

para avistá-lo de longe. Todos desejavam desfrutar de sua graciosa presença, confirmando sua
30

autoridade de Mestre por excelência, por entender que o educador não apenas procura os alunos,

mas é procurado por eles, e isso era demonstrado em sua prática pedagógica. Contrariando a

pedagogia de Jesus, em muitas Escolas Bíblicas Dominicais, os alunos, os educadores e o

conhecimento que transmitem estão em mundos divergentes, há uma disparidade . Um não entra

no mundo do outro. Os alunos não entram na história dos /as educadores/as, os/as educadores/as

não entram no mundo dos alunos, e ambos não entram na história do conhecimento, ou seja, nas

dificuldades, nos problemas, mas criam barreiras para um aprendizado teológico relevante na

vida das pessoas. Porém, Jesus era Mestre em duas importantes áreas da educação: o assunto (a

palavra) e o discípulo (as pessoas). Se existe a intencionalidade de seguirmos os métodos do

Mestre por excelência, não temos que dominar apenas a matéria, mas também conhecer nosso

aluno. O apóstolo João disse de Jesus: ―E não precisava de que alguém Lhe desse testemunho a

respeito do homem, porque Ele mesmo sabia o que era a natureza humana‖ (João 2:25). Jesus

era eficiente como educador porque Seu amor se expressava no olhar, nas palavras e em Seus

atos. Ele conhecia em profundidade a natureza dos seus alunos, dos discípulos. Portanto, se

quisermos ensinar como Jesus ensinou, devemos ter Seu amor , sua sensibilidade em nossos

corações e em nossa prática pedagógica .



   3. O EDUCADOR DE ESCOLA BÍBLICA COMO AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO:
      COMUNICAÇÃO, PLANEJAMENTO E CAPACITAÇÃO DOCENTE


     3.1 O papel da comunicação do educador no processo de aprendizagem



        A história revela que não há neutralidade em educação, porque ela implica paradigmas que

 orientam a vida dos indivíduos, da sociedade, pois existe uma proposta de valores que a perpassa. A

 educação supõe processo de humanização e personalização, aquisição de meios para atuação no

 contexto social. Indubitavelmente, neste cenário, o educador cristão é imprescindível na

 potencialização dos conteúdos teológicos na constituição do sujeito, mas a ausência da articulação

 entre conteúdo teológico e vida de mestre, entre o saber e o ser, entre aluno e educador, é um caminho
31

que conduz o cristão a viver na superficialidade e trivialidade. Um dos fatores, demasiadamente

usado por Cristo, mas utilizado inadequadamente por muitos educadores de Escola Bíblica, é a

comunicação. Apesar de vivermos inseridos numa cultura grafocêntrica23, imagética e iconográfica

que, constantemente, rege a comunicação nas relações sociais, muitos não sabem usá-la de modo

relevante. Comunicar não implica falar e ouvir, mas se fazer entender pelo outro de modo que instigue

uma reflexão sobre sua realidade cristã, ou seja, sua vida.

           Há educadores que, por falta de conhecimento ou sensibilidade docente, não percebem que são

maus comunicadores. A impressão que temos é de que se preocupam com a medíocre exposição de

sua matéria em detrimento da educação propriamente dita. O educador acha que sua função consiste

em transmitir conhecimentos e que é obrigação do aluno ouvir, compreender e registrá-los em sua

memória. Quando as ideias do educador estão desorganizadas, sua mensagem é confusa e insegura.

Eles preferem o monólogo, isto é, a criticada ―salivação‖. Outros costumam ensinar partindo da

seguinte premissa: ―Se os alunos mais inteligentes dos primeiros assentos entendem o que eu falo,

todos os demais também entenderão‖. Ora, isso é simplesmente uma falácia!

           Em relação à linguagem, muitos são os que costumam utilizar conceitos ou termos que ainda

não existem na experiência dos estudantes. Ao contrário desses, há os que assumem uma postura bem

mais nociva: não se preocupam em enriquecer o seu vocabulário e o dos alunos.

           A maneira de expor a matéria é outro problema que dificulta a boa comunicação entre

educadores/as e alunos. Na Escola Bíblica, muitos mestres colocam tantas ideias em cada exposição

que somente algumas delas são compreendidas e retidas na mente dos membros. Falar rápido demais,

articular mal as palavras, usar voz baixa e em tom monótono são comportamentos igualmente

perniciosos.

           Se existem educadores que não utilizam meios visuais para expor conceitos ou relações que

exigem apresentação gráfica, há também os que fazem uso recursos visuais de forma inadequada. Um

exemplo disso é quando empregam o quadro-negro sem planejar, escrevendo e desenhando ora aqui,

ora ali, com muita confusão e desordem. Aqui está um resumo dos principais problemas que

23
     A cultura grafocêntrica é pautada na valorização da escrita.
32

atrapalham a comunicação entre docentes e discentes em qualquer nível do processo ensino-

aprendizagem. É importante ressaltar que a eficiência da comunicação resulta, fundamentalmente, de

clareza, precisão, simplicidade, criatividade e objetividade da mensagem.

       Outro fator necessário para uma boa comunicação em sala de aula é a arte de ouvir. O

educador deve ouvir com interesse e atenção as colocações dos alunos na sala de aula. A audição

inteligente é facilitada ainda mais quando atentamos para a fisionomia e para a gesticulação de quem

fala. Um dos maiores problemas de comunicação, tanto a de massa quanto a interpessoal, é como o

receptor capta uma mensagem. Raríssimas são as pessoas que procuram ouvir atentamente o que a

outra está dizendo. Ouvir depende de concentração, é perceber através do sentido da audição. Escutar

significa dirigir a atenção para ouvir.

       Enquanto uma pessoa normal fala, em média 120 a 150 palavras por minuto, nosso

pensamento funciona três ou quatro vezes mais depressa. Consequentemente, surge um mau hábito na

audição. Muitas pessoas estão de tal forma ansiosas em provar sua rapidez de apreensão que

antecipam os pensamentos antes de ouvi-los dos lábios do interlocutor. Isso ocorre quando ouvimos a

precipitada exclamação: “Já sei o que você vai dizer!” Ouvir, portanto, é muito raro. É necessário

limpar a mente de todos os ruídos e interferências do próprio pensamento durante a fala alheia. Ouvir

implica dirigir atenção irrestrita ao outro. Daí a dificuldade de as pessoas com raciocínio rápido

efetivamente ouvirem. Sua inteligência em funcionamento e o seu hábito de pensar, avaliar, julgar e

analisar tudo interferem como um ruído, na plena recepção daquilo que lhe está sendo falado.

       Às vezes, imaginamos ter tanta coisa ―interessante‖ para dizer, nossas ideias são tão originais

e atrativas que é um castigo ouvir. Queremos falar, porque falando, aparecemos. Ouvindo, ficamos

omissos. Só ouvir, acreditamos, dá aos outros uma impressão desfavorável de nossa inteligência. Por

isso falamos, mesmo que nada tenha a dizer. Porém não é esse o conselho da Bíblia. É melhor ouvir

que falar, ―...mas todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar...‖ (Tg 1.19).

       É através dos sentidos que a alma humana se comunica com o mundo. No ato de ouvir,

percebemos e identificamos os sons pelo sentido da audição. Ouvindo atentamente, interpretamos e

assimilamos o sentido do que percebemos. Não é de hoje a dificuldade que as pessoas têm de ouvir
33

atentamente o que os outros falam. Jesus discorreu sobre o tema quando explicava a seus discípulos a

razão de falar-lhes por parábolas. Naquela ocasião, o Mestre usou a seguinte expressão: ―Quem tem

ouvidos para ouvir, ouça...‖ (Mt 13.9). Segundo Champlim, (1966) um dos maiores comentaristas do

Novo Testamento, essa expressão, inclusive usada por Jesus outras vezes, sob diferentes

circunstâncias (Mt 11.15; Mc 4.9,23; Ap 2.7,11,17,29; e 3.6,13,22), era um ditado comum entre os

judeus, empregado especialmente pelos rabinos.

                       O adágio era usado para chamar a atenção sobre a importância do ensino apresentado,
                       o sentido oculto do ensino e a total compreensão do que fica subentendido no ensino.
                       Jesus queria dizer que seus ensinos deveriam ser ouvidos com atenção e diligência, e
                       que por ausência disso, muitos não poderiam compreendê-lo.



       Naturalmente que os ouvidos foram feitos para ouvir. Jesus usou o pleonasmo para realçar

seus verdadeiros propósitos. Não era suficiente apenas ouvir no sentido de identificar os sons das

palavras, era necessário interpretar o sentido delas para praticá-las. Significa ter ouvidos com

capacidade para ouvir e entender os mistérios de Deus. Jesus estava dizendo que, falando por

parábolas, nem todos teriam capacidade de ouvir e compreender o pleno sentido de suas palavras.

―Ouvindo, não ouvem, nem compreendem‖ (Mt 13.13). Ouviram com os seus ouvidos os seus

ensinamentos, mas permaneceram surdos para as suas implicações. Isso porque a eficiência do

aprendizado, através da audição, depende da predisposição da pessoa. Ou seja, a atitude mental de

quem ouve é imprescindível.

       Toda a argumentação anterior objetiva afirmar que a emissão, a transmissão e a recepção do

conteúdo didático-teológico são componentes da rede de comunicação entre educadores e alunos. É

necessário enfatizar que da excelente comunicação dependem não só a aprendizagem, mas também a

admiração mútua, a cooperação e a criatividade em sala de aula. O educador, que também pretende

ser bom comunicador, precisa desenvolver empatia, colocar-se no lugar do aluno e, com ele, procurar

as melhores respostas para que, ao mesmo tempo em que aprende novos conteúdos, desenvolva sua

habilidade de pensar, refletir e vivenciar o aprendido. Essa é a tese principal da educação cristã.
34



3.2. A relevância do planejamento educacional para a Escola Bíblica



          ―Planejar‖ significa fazer planos, projetar ou traçar. Alguns pastores ou líderes têm certa

resistência em utilizar esse termo, por considerá-lo empresarial. Mas, atualmente, a expressão

planejamento encontra-se em todos os setores da atividade humana e nos faz assumir uma atitude

séria e curiosa diante dos problemas que possam surgir, pois, diante de um problema, é necessário que

se reflita para decidir quais são as melhores alternativas de ação possíveis para alcançar determinados

objetivos, posto que planejar não se limita a sistematizar conteúdos, é estudar, ―assumir uma atitude

séria e curiosa diante de um problema‖ (FREIRE, 1979, p. 68-69). Portanto, planejar é uma

necessidade em todos os campos da atividade humana, principalmente na educação, já que educar é

uma atitude intencional, sistemática e deliberada.

       O fato de a educação religiosa ocorrer, quase sempre, na Igreja, muitos não valorizam o

planejamento, como se essa prática fosse tolher a ação do Espírito Santo. Todavia, sistematizar o

conteúdo que será ministrado na Escola Bíblica promoverá uma compreensão teológica mais apurada,

quanto à vontade de Deus para e na vida dos cristãos, tornando-os mais maduros e capacitados para

responder quanto à razão de sua fé. Isso denota que a ação do Espírito Santo não deixa de agir, seja na

vida do cristão ou da Igreja, quando se utilizar o planejamento como uma ferramenta pedagógica.

       O educador cristão dever tem em mente que o planejamento é um processo de racionalização,

organização e coordenação da ação docente, que deve articular a atividade em sala de aula, sem

desconsiderar a ação do Espírito Santo na elaboração do planejamento na educação cristã, ou seja, a

ação de planejar não se reduz ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo;

é, antes, uma atividade consciente de previsão das ações docentes, fundamentadas tanto em opções

político-pedagógicas (educação formal) quanto teológicas (educação religiosa), e tendo como

referência permanente as situações didáticas concretas, ou seja, o contexto sócio-historico-cultural em

que estão inseridos os alunos, os educadores e a instituição de ensino, neste caso, a igreja.
35

        Quando se pretende elaborar um planejamento, é preciso responder às seguintes perguntas: O

que pretendo alcançar? Em quanto tempo pretendo alcançar? Como posso alcançar isso que pretendo?

O que fazer e como fazer? Quais os recursos necessários? O que e como analisar a situação a fim de

verificar se o que pretendo foi alcançado? Portanto, se uma liderança não se preocupa em levantar

esses questionamentos, o processo educativo na igreja passa a ser fragilizado, desorganizado.

        Na educação, o planejamento se restringe a três etapas: planejamento educacional,

planejamento curricular e planejamento de ensino. No que se refere à educação cristã, o planejamento

educacional consiste na tomada de decisões sobre que tipo de formação teológica (teologia reformada,

teologia pentecostal, teologia da prosperidade etc) se pretende alcançar. Por meio do planejamento de

currículo se formulam os objetivos educacionais24, a partir daqueles expressos nos guias curriculares

estabelecidos pela instituição de ensino religioso, e, por ultimo, o planejamento de ensino, que é a

especificação do planejamento de currículo e que consiste em traduzir, em termos mais concretos e

operacionais, o que o educador fará na sala de aula, para conduzir os alunos a alcançarem os objetivos

educacionais propostos. Um planejamento de ensino, segundo Piletti, deverá conter:

                            Objetivos específicos (ou instrucionais) estabelecidos a partir dos objetivos
                            educacionais; Conhecimentos a serem adquiridos pelos alunos no sentido
                            determinado pelos objetivos; Procedimentos e recursos de ensino que estimulam as
                            atividades de aprendizagem; Procedimentos de avaliação que possibilitem verificar,
                            de alguma forma, até que ponto os objetivos foram alcançados. (2006, p. 62)

        As etapas do planejamento de ensino, em qualquer processo educativo, deve considerar: o

conhecimento da realidade; elaboração do plano; execução do plano; avaliação e aperfeiçoamento do

plano. Essas etapas podem ser visualizadas através do gráfico em anexo.

        Para poder planejar adequadamente a tarefa de ensino na Escola Bíblica e atender às

necessidades do aluno, é preciso, primeiro, saber para quem vai se planejar. Por isso, conhecer o

aluno e seu ambiente é a primeira etapa do processo de planejamento. É preciso saber quais as

aspirações, frustrações, necessidades e possibilidades dos alunos. Agindo assim, estaremos fazendo

uma sondagem, ou seja, buscando dados importantes não apenas para elaborar o planejamento, mas

também para entender as relações que serão estabelecidas durante o processo educativo.
24
  Objetivos Educacionais ou gerais são as metas e os valores mais amplos que a instituição de ensino pretende atingir.
(2006, p. 65).
36

        Os alunos da Escola Bíblica precisam ser conhecidos não apenas na Escola Bíblica, mas fora

da instituição eclesiástica, para entender sua realidade diariamente, já que a maioria das escolas

bíblicas ocorre um dia na semana. Todavia, quanto maior for o conhecimento da realidade do aluno,

maior será a facilidade em contextualizar os conteúdos bíblicos à sua vida prática, já que o ensino

bíblico objetiva alcançar a mudança na vida do indivíduo, em sua vivência prática, no seu contexto,

seja, no lar, no trabalho, na escola, formando, desse modo, um discípulo.

        Assim, uma vez realizada tal sondagem, devem-se estudar cuidadosamente os dados coletados.

A conclusão a que chegamos, após o estudo dos dados coletados, denomina-se diagnóstico. Sem a

sondagem e o diagnóstico, corre-se o risco de propor o que é impossível alcançar ou o que não

interessa ou, ainda, o que já foi alcançado. Portanto, esse procedimento é que definirá e delimitara os

objetivos instrucionais25.

        A partir dos dados fornecidos pela sondagem e interpretados pelo diagnóstico, temos

condições de estabelecer que é possível alcançar os objetivos 26, como fazer para alcançar o que

julgamos possível e como avaliar os resultados. Por isso, passamos a elaborar o Plano através dos

seguintes passos: ―determinação dos objetivos; seleção e organização dos conteúdos, seleção e

organização dos procedimentos de ensino; seleção dos recursos; seleção de procedimentos de

avaliação e estruturação do Plano de ensino‖ (ibid, p.64).

        Ao elaborar o Plano de Ensino, antecipamos, de forma organizada, todas as etapas do trabalho

que será realizado na Escola Bíblica Dominical. Na execução do plano, que consiste no

desenvolvimento das atividades previstas, sempre haverá o elemento não plenamente previsto. Às

vezes, a reação dos alunos ou as circunstâncias geradas em sala de aula pelo conteúdo ministrado

(predestinação X arminianismo; escatologia etc.) poderão exigir adaptações e alterações no

planejamento, que é sujeito a mudanças, devido à dinâmica no processo ensino-aprendizagem. Isso é

uma normalidade, pois uma das características de um bom planejamento deve ser sua flexibilidade.


25
   Os objetivos instrucionais são proposições mais específicas referentes às mudanças comportamentais esperadas para
um determinado grupo-classe. (2006, p.65)
26
   Objetivos e descrição clara do que se pretende alcançar como resultado de nossa atividade. Os objetivos nascem da
própria situação: da comunidade, da escola, da família, da disciplina do educador e, principalmente, do aluno. Os
objetivos, portanto, são sempre do aluno e para o aluno. (2006, p.65)
37

       Ao término da execução do que foi planejado, passamos a avaliar o próprio plano, visando ao

replanejamento. Nessa etapa, a avaliação adquire um sentido diferente da avaliação do ensino-

aprendizagem e um significado mais amplo. Isso porque, além de avaliar os resultados do processo de

ensino e aprendizagem, procuramos avaliar a qualidade do nosso plano e de nossa prática de ensino,

ou seja, o educador se autoavaliando, a sua eficiência como educador e a eficiência da Escola Bíblica

na Igreja em que ensina. Ao avaliar o ensino na Escola Bíblica, o educador estará avaliando a

totalidade do ensino em toda a Igreja, identificando sua eficácia, falácia e fragilidade, visando à

melhoria no ensino e, consequentemente, a formação do caráter cristão em cada membro.

       Foi destacado anteriormente que, na Escola Bíblica, uma abordagem educacional

eficiente é aquela que pode ser orientada por objetivos educacionais. Isso significa dizer que

toda a Estrutura Educacional é desenhada à luz dos objetivos a serem alcançados. Antes de

se elaborar qualquer currículo, conteúdo, estrutura de ensino, processo de avaliação, e

demais procedimentos relacionados ao processo educacional, busca m-se traçar os objetivos

que nortearão e governarão todos esses detalhes de modo a se esperar que tudo venha a

convergir para o alcance desses objetivos. Neste caso, a Didática, disciplina técnica e que

tem como objetivo a técnica de ensino, utiliza dois tipos de objetivos: o objetivo geral e os

objetivos específicos.

       O objetivo geral abrange o aspecto geral para a formação da pessoa no processo

educacional, a saber: depois de concluído, determina a etapa do processo, e o que esperamos

que o educando tenha conquistado, em termos de SER, TER, CONVIVER, SENTIR E

SABER, dependerá do tipo de conteúdo ministrado na Escola Bíblica.

       Já os objetivos específicos contemplam as necessidades específicas dos educandos,

tendo em vista o âmbito em que vivem e atuam, as suas características e necessidades ,

considerando-se os detalhes de seu perfil específico. Esse tipo de objetivo educacional

contextualiza a educação, uma vez que o âmbito de atuação do educando e seu perfil é

considerado. Assim, o desenho da grade curricular e o desenvolvimento do conteúdo na
38

busca de estratégias didáticas devem estar em harmonia com o contexto em que ocorrerá o

processo educativo.

      No caso da educação cristã, os objetivos gerais correspondem às aspirações que a

Bíblia expressa a respeito da pessoa que se converte ao Evangelho, isto é, qual o perfil que

Deus espera de uma pessoa cristã? Além de outros aspectos gerais que incluem o preparo da

pessoa para agir como cristã na sociedade ou comunidade em que vive. Os objetivos

específicos detalham a contextualização do próprio processo educacional. Assim, estudando

a Bíblia, descobrimos que Deus deseja que todos os cristãos sejam mordomos de sua vid a.

Esse é o objeto geral bíblico. Ao estuda r o perfil do educando, descobre-se como

desenvolver o conteúdo e buscar estratégias didáticas ligadas a esse perfil.

      Anteriormente, tratamos dos objetivos educacionais. Ao orientar a educação por meio

de objetivos, estaremos não apenas contextualizando-a, mas germinando uma série de

mecanismos que viabilizarão a coesão e a não redundância de conteúdos e práticas

educacionais. Ao planejar a educação e construir toda a sua estrutura, conseguiremos

determinar com mais precisão cada etapa do processo educacional, que agora está ligado aos

objetivos almejados e, na mesma direção, realizar a sua supervisão e avaliar os seus

resultados. Essa deve visar à prática educativa do educador, do aluno e da Escola Bíblica em

geral. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (1996, p. 61) , ―Os resultados da

avaliação devem ser concebidos como indicadores para a prática educacional e nunca como

um meio de estigmatizar os alunos‖. Andrade (1979, p.91) afirma que ―a inexistência de

objetivos promoveria a instalação da instabilidade, do desnorteamento, da improvisão,

enfim, da inexistência de administração educacional‖ . Desde o estudo das mais complexas

variáveis do planejamento educacional, até o trabalho do educador em sala de aula, tudo

deve girar em torno dos objetivos educacionais estabelecidos. Assim , a seleção dos

conteúdos, dos procedimentos e dos recursos didáticos será governada ou orientada pelos

objetivos.
39

      O estabelecimento de objetivos educacionais é um procedimento que antevê e projeta

os resultados esperados na vida dos alunos que participarem do processo educativo. Segundo

Turra (1995, p. 65), esses objetivos servem como grande benefício para a aprendizagem.

                       Deixa claro o desempenho planejado para que o aluno conquiste; guiam a
                       seleção e a organização curricular e dos conteúdos; orientam a seleção e a
                       organização dos procedimentos necessários em todo o processo educacional;
                       orienta na seleção e busca dos recursos necessários; capacitam o educador a
                       planejar as etapas que serão necessárias em todo o processo pelo qual o
                       aluno deverá passar para conquistar o desempenho almejado; permite maior
                       precisão na avaliação sobre o que se espera dele; possibilitará que a grade
                       curricular e os conteúdos sejam coerentes, simétricos, não-redundantes; e
                       possibilita um enfoque comum aos educadores .


      Depois do estabelecimento dos objetivos educacionais almejados, é que se poderá

cuidar de todo o conjunto que envolve a educação, t ais como a estrutura dos cursos, grade

curricular, conteúdos, recursos e estratégias didáticas mais comuns, sistemas de avaliação

docente e discente, formação e capacitação do docente, ambiente físico e equipamento

adequado, etc. Os procedimentos educacionais também precisam ser previstos e

estabelecidos. Turra define os procedimentos como ―meios para que o aluno atinja os

objetivos‖ (Ibid, p. 66). Os procedimentos deverão ser elaborados levando -se em

consideração princípios pedagógicos (como o aluno apre nde), da psicologia educacional, da

psicologia do desenvolvimento, da ciência da comunicação e de toda ciência ou ramo do

conhecimento humano que viabilize a obtenção dos resultados compatíveis c om os objetivos

esperados. Turra (Ibid, p. 63) acrescenta que a transformação dos objetivos em realidades

concretas no trabalho educacional entre aluno e mestre deverá levar em consideração as

seguintes variáveis:

                       Maturidade: trata-se de detectar as capacidades e necessidades relacionadas
                       com o que o aluno pode aprender; Aprendizagem atual dos alunos: onde se
                       comprova o nível do aluno em relação aos objetivos que o educador pretende
                       alcançar; Motivação: fenômeno da aprendizagem; Tempo disponível: tanto
                       do aluno, com do sistema educacional, em relação à quantidade de objetivos;
                       Recursos disponíveis: educadores capacitados, meios concretos a disposição
                       do educador para a ministração de suas aulas; Espaço e ambiente físico.


      Uma vez estabelecidos os objetivos, criados a estrutura educacional necessária, o

currículo, elaborados os conteúdos, enfim, iniciado o processo educacional na interação
40

aluno, mestre e conteúdo, gera-se a necessidade de se estabelecer um processo de avaliação,

seja no discente, seja no docente.

      É certo que há toda uma fundamentação filosófico-pedagógica que norteia esse

processo de avaliação. Lamentavelmente, no sistema educacional aplicado às igrejas, esse

processo avaliativo das ações didático-pedagógicas do educador e do ensino-aprendizagem

dos educandos praticamente não existe. O educador vai à sala de aula, ministra o conteúdo -

quando utiliza um recurso didático, em geral, é o quadro branco - o aluno ouve

passivamente, alguém dá o sinal, e a aula termina. No próximo domingo, todo esse processo

se repete, no próximo mês, também, no próximo semestre, dá continuidade à mesma lógica,

e assim por diante. Vale destacar que, sem um processo de avaliação, não será possível

aferir se os objetivos educacionais almejados estão sendo conquistados nem saber se os

alunos estão sendo formados e conquistando também esses objetivos. Também não será

possível saber se o trabalho do educador está sendo adequado. Enfim, sem a avaliação, é

como navegar num navio sem uma carta de navegação e sem considerar o rumo que se está

tomando. É ministrar aula por ministrar. É ter uma Escola Bíblica apenas para se dizer que

tem. É ter um programa educacional doméstico só por ter.

      Iniciado o processo de avaliação, cria-se outro processo chamado de feedback, ou

realimentação, que nos fornece dados importantes para a reformulação de objetivos e a

prática de ensino. Essa reformulação de objetivos e de práticas de ensino contempla a

política da qualidade que todas as igrejas devem estabelecer e passa por uma dinâmica que

sempre premia a qualidade, afinal, a obra de Deus merece isso. Portanto, pode -se ver mais

claramente no desenho abaixo.
41




                                       OBJETIVOS

                                      O que se espera?




         REFORMULAÇÃO
                                                             CRITÉRIOS
         Objetivos e prática
                                                          Normas e princípios
                                                             estruturais




                  AVALIAÇÃO                              TRABALHO
                                                         DOCENTE E
                O que foi feito e o                       DISCENTE
                   que falta?



      Na educação não religiosa, em geral, existem três fontes dos objetivos educacionais:

primeiro, o aluno, considerando-se suas necessidades e seus interesses ―...e como todo ensino

deve ser um processo intencional, sistemático e deliberado, é preciso conhecer as

características de que aprende para conseguir o seu envolvimento‖ (1995:59); segundo, a

sociedade, pois ―as complexidades da via atual refletem o processo de mutação em que a

sociedade determina fins e objetivos que visem tipos de aptidões que a pessoa precisa

desenvolver para melhor realizar-se‖ (Id, 1b.); e terceiro, os conteúdos, que informarão como

irá contribuir a consecução da educação. Consultando essas três fontes, obteremos os objetivos

educacionais provisórios, que depois serão filtrados por uma filosofia e psicologia da

educação, para que se estabeleçam os objetivos pre cisos do ensino, uma vez que essas duas
42

ciências detêm dados sobre a aprendizagem e estabelecem a cosmovisão necessária aos

educadores, norteando-os com pressupostos seguros e coerentes.

       Como em nosso modelo educacional partimos do conceito de que Deus é a fonte da verdade e

que, através de sua Palavra, deseja restaurar e formar o ser humano, capacitando-o para toda boa obra (II

Tm. 3:16,17), a fonte primeira da educação cristã passa a ser ele mesmo e sua palavra. Sem dúvida, isso

passa a ser considerado a partir de uma educação cristã preocupada com a formação humana, em sua

inteireza, a formação do indivíduo em sua totalidade, forjando a subjetividade humana, adotando como

parâmetro o Jesus histórico.

       Portanto, um bom planejamento de ensino é aquele que contém as seguintes características: ser

elaborado em função das necessidades e das realidades apresentadas pelos alunos; ser flexível, isto é,

deve dar margem a possíveis alterações e reajustes sem quebrar sua unidade e continuidade. O plano

pode ser alterado quando se fizer necessário; ser claro e preciso, isto é, os enunciados devem

apresentar indicações bem exatas e sugestões bem concretas para o trabalho a ser realizado; ser

elaborado em íntima correlação com os objetivos, tendo em vista as condições reais e imediatas de

local, tempo e recursos disponíveis.

       O educador da Escola Bíblica deve entender que o planejamento é importante porque evita a

rotina e a improvisação; contribui com a realização dos objetivos propostos; promove a eficiência do

ensino bíblico; garante maior segurança na direção do ensino na Escola Bíblica e economia de tempo

e energia, promovendo mais prazer para quem apreende e para quem ensina, o que torna o magistério

eclesiástico mais qualitativo.



3.3. A importância da capacitação do educador da Escola Bíblica



       O ministério de mestre, daquele que educa, daquele que ensina, irá determinar o rumo daquele

que aprende e, por isso, afirmamos que, na Escola Bíblica, o ensino é de grande relevância. O filósofo

Espinosa afirmava que a melhor forma para se dominar o homem é mantê-lo na ignorância. Com isso,

ele queria dizer: "É conveniente ao governo manter o seu povo sem instrução, porque um povo
43

ignorante é facilmente manipulado, dominado. "Se esse princípio é válido na política do terceiro

mundo, ele não pode ser adotada na Igreja de Cristo. A Igreja Cristã não pode aceitar essa filosofia

educacional. Cabe a ela dar prioridade à educação religiosa. O ensino da Palavra de Deus tem que ser

relevante no meio do Seu povo.

       O Século XX foi marcado pela tecnologia: muita produção, muita rapidez no serviço. O

homem moderno perdeu a visão, o ideal, a paixão, a esperança. Ele vive para gerar recursos de

sobrevivência. Na educação secular, desapareceu o educador educacional, idealista, para dar lugar ao

educador profissional, ativista. Infelizmente, esse perfil profissional adentrou as igrejas, e o educador

da Escola Bíblica tornou-se um ativista em suas funções, uma pessoa sem tempo, sem ideal, sem

esperança.

       Como minimizar esse mal que atingiu as nossas igrejas? Como trazer de volta aquele educador

da Escola Bíblica preocupado com seu aluno global: físico e espírito, corpo e alma? Como trazer de

volta o educador que visitava seu aluno doente, seu aluno faltoso, seu aluno aniversariante? Que tinha

tempo suficiente para orar com ele e por ele?

       O texto áureo da educação cristã: "o que ensina esmere-se em fazê-lo", sugere duas verdades:

primeiro, o educador dever ser vocacionado por Deus para o exercício do magistério; segundo, o

ensino na Escola Bíblica deve ser relevante, e um ensino relevante tem três características: procede de

Deus; é feito com esmero, ou seja, gasta-se tempo no ministério, aplicando-se na formação do caráter

do educando; e, por ultimo, é aquele que gera vida. O educador da Escola Bíblica precisa estar

comprometido com a edificação de seu aluno: vida nova, de caráter espiritual, para aqueles que estão

mortos em seus delitos e pecados. Conforme Efésios, ―Ele vos deu vida, estando vós mortos nos

vossos pecados e delitos‖ (2:1). Vida plena e abundante para aqueles que já nasceram de novo. De

acordo com João 10:10, ―o ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham

vida e a tenham em abundância‖. No entanto, o educador da Escola Bíblica deve estar preparado para

o exercício de uma das mais nobres virtudes do ser humano em todo o tempo, que é o de ensinar. Em

todo o mundo, milhões e milhões de dólares são gastos todos os anos com o ensino e com a formação

de novos educadores. Na Igreja de Cristo, não devia ser diferente, contudo não vemos a mesma ênfase
44

que o mundo dá aos seus mestres, dentro de nossas igrejas. Para desempenhar bem seu papel, o

educador da Escola Bíblica Dominical precisa estar preparado para ensinar, pronto para discipular e

para exercer a liderança no grupo. O educador da Escola Bíblica deve exercer seu ministério com

excelência. A palavra excelência significa qualidade do que é excelente, muito bom. A palavra de

Deus nos adverte quanto ao fato de exercermos o ministério relaxadamente, pois ―Maldito aquele que

fizer a obra do Senhor relaxadamente‖ (Jr 48:10). Serviço relaxado é o que é feito de qualquer

maneira. O mundo atual se prima pela eficácia, pela capacitação, pela excelência. A Igreja de Cristo

não pode ficar para trás. O ensino, na Escola Bíblica, não pode ser arcaico, desatualizado. A vocação

não exclui a necessidade de se atualizar.

       Ensinar é uma das missões da igreja. Muitas igrejas se acham anêmicas espiritualmente porque

não têm dado ênfase ao estudo da Palavra de Deus. Por falta de Profeta, o povo se corrompe. O crente

que não conhece a Bíblia está propenso a deixar-se levar por qualquer vento de doutrina que passa. O

apóstolo Paulo tinha grande preocupação em relação à questão do ensino. Em Romanos, ele chamou a

atenção sobre isso, escrevendo: ―Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao

ensino‖(12:7).

       O ministério da educação cristã está associado ao ensino da Palavra de Deus no seio da igreja.

Então, ela precisa ter obreiros devidamente preparados e treinados para o exercício desse ministério.

Muitas igrejas não têm dado o devido apoio àqueles que vêm se dedicando à Educação Cristã, o que

se configura como uma falta muito grande, que é estar omissa em relação às necessidades espirituais

de seus membros.

       A Escola Bíblica tem como meta o ensino da Palavra de Deus. Todavia, ultimamente, temos

constatado muito descaso nessa área por parte de algumas denominações. Preocupados com o

esvaziamento da Escola Bíblica, muitos grupos têm conclamado congressos e simpósios para tratar do

assunto, com vistas a buscar meios que promovam uma sensível melhora nessa área. Sabemos que os

problemas na área da Escola Bíblica são muitos e envolvem muitas questões. A frequência à Escola

Bíblica dominical tem caído muito nos últimos anos; a qualidade do ensino tem caído quase na

mesma proporção. Nesse sentido, é preciso motivar as pessoas para que realmente sintam
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Educação Cristã na Escola Bíblica

  • 1. 3 SEMINÁRIO TEOLÓGICO DA MISSÃO JUVEP Dafiana do Socorro Soares Vicente ESCOLA BÍBLICA: o esforço de desenvolver uma ação educativa em que o evangelho seja vivido na realidade atual da sociedade. JOÃO PESSOA/PB 2010 Dafiana do Socorro Soares Vicente
  • 2. 4 ESCOLA BÍBLICA: o esforço de desenvolver uma ação educativa em que o evangelho seja vivido na realidade atual da sociedade. Monografia apresentada à diretoria do Seminário Teológico da Missão JUVEP, referente ao Curso Teologia, como requisito parcial para a obtenção do certificado de Bacharel em Teologia, sob a orientação do Pastor Rubemar de Sousa de Andrade. JOÃO PESSOA/PB 2010
  • 3. 5 DEDICATÓRIA Primeiramente, dedico a Deus, pelo seu imenso amor, pela sua graça inefável, pela salvação em Cristo Jesus, pelo sustento nos momentos de dificuldades, pelas alegrias e vitórias conquistadas; A minha amiga Rosângela Batista de Morais, por sua valiosa amizade, que contribuiu para meu crescimento espiritual e pessoal; Aos meus familiares, que aceitaram e apoiaram minha vocação; Aos meus mantenedores, pelo investimento no chamado, para o qual fui escolhida, e ao Pr. Rodolpho de Almeida Eloy, amigo verdadeiro em todos os momentos. Obrigada pelas suas orações e incentivo.
  • 4. 6 AGRADECIMENTOS Ao meu mestre e orientador maior, Jesus Cristo, por me fortalecer nos momentos de dificuldades; Aos meus pais, pelo amor, cuidado e incentivo na minha caminhada cristã, fazendo-me perseverar nos meus objetivos; Aos meus familiares, que sempre acreditaram nos meus objetivos, incentivando-me e contribuindo para que tivesse um melhor aproveitamento; Ao Grupo Miora, pelas intercessões feitas em meu favor para a realização deste sonho; À JUVEP, pelo apoio e encorajamento contínuo durante a elaboração da pesquisa; Aos Mestres desta casa de profeta, pelos conhecimentos transmitidos; À Diretoria, pelo apoio institucional e pelas facilidades oferecidas; Ao Pastor Rodolpho Eloy, pela sua determinação em me fazer avançar. Obrigada por acreditar em meu potencial.
  • 5. 7 A tarefa do professor é despertar a mente do aluno, é estimular idéias através do exemplo, da simpatia pessoal e de todos os meios que puder utilizar para isso. Isto é, fornecendo-lhe lições objetivas para os sentidos e fatos para a inteligência. Jesus, o maior dos mestres, disse: A semente é a Palavra. O verdadeiro professor é o que revolve a terra e planta a semente. (John Milton Gregory)
  • 6. 8 RESUMO Este trabalho tem o objetivo de refletir sobre as ações da Escola Bíblica Dominical nas instituições evangélicas, mediante a necessidade de enfrentarmos as problemáticas nesse lócus, devido às diversas mudanças ocorridas no campo educacional brasileiro. No Brasil, o ensino religioso sempre esteve presente, desde a vinda dos jesuítas, que tinham o papel de alfabetizar e catequizar os ―selvagens‖. Com a expulsão dos jesuítas no período pombalino, a educação passou a ser vista como responsabilidade e dever do Estado em ofertá-la a todos os cidadãos. Apesar dessa ruptura embrionária, o ensino religioso sempre se manteve restrito aos templos ―sagrados‖. Com o avanço do Cristianismo, na contemporaneidade, as igrejas e os seminários, seja protestantes ou católicos, têm investido na formação teológica de seus membros, visando maior aprofundamento e dedicação à fé cristã. Diante dessa realidade, o texto em tela tem a intenção de dialogar com diferentes teóricos, protestantes e pedagogos, visando fornecer subsídios para se pensar e fazer uma Escola Bíblica relevante na sociedade hodierna. PALAVRAS-CHAVES: Educação Cristã. Escola Bíblica. Ser padrão.
  • 7. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 08 CAPITULO I OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO CRISTÃ..................................................................................... 09 CAPITULO II EDUCAÇÃO CRISTÃ: objetivos, fundamentos e princípios educacionais e bíblicos numa perspectiva cristã, para a construção de uma escola bíblica eficiente................................................................................................ .......................... 11 2.1. Fundamentos teológicos para uma educação cristã relevante...................................... 14 2.2. Jesus, o exemplo de mestre perfeito para o exercício do magistério eclesiástico....................... 20 CAPÍTULO III O EDUCADOR DE ESCOLA BÍBLICA COMO AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO: COMUNICAÇÃO, PLANEJAMENTO E CAPACITAÇÃO DOCENTE......................................... 28 3.1. O papel da comunicação do educador no processo de aprendizagem......................... 28 3.2. A relevância do planejamento educacional para a Escola Bíblica............................. 32 3.3. A importância da capacitação do educador da Escola Bíblica................................... 40 3.4. A construção do currículo na Escola Bíblica Dominical....... .................................... 43 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 48 REFERÊNCIAS ................................................................................... ............................ 50 ANEXOS........................................................................................................................ 52 INTRODUÇÃO
  • 8. 10 A educação, na contemporaneidade, tem sido problematizada nos diversos contextos, tanto em escolas seculares, quanto em organizações não governamentais, no plenário brasileiro, nas comunidades e nas igrejas. Essa temática tem atraído os olhares dos diversos atores sociais, pelo fato de a Educação ser um direito público subjetivo a todo cidadão brasileiro. Ou seja, todos têm direito a uma educação de qualidade e igualitária. É nesse cenário que a igreja está inserida, e como a educação tem passado por constantes mutações, ela deve estar atenta a esta realidade concreta. Nesse sentido, várias inquietações devem permear as igrejas evangélicas na sociedade hodierna, entre elas, podemos refletir sobre algumas: Que tipo de educação cristã as igrejas têm ofertado aos seus membros? Como se tem planejado o ensino nessas instituições? Como a formação dos educadores tem acontecido nas escolas bíblicas? Esses educadores têm seguido o exemplo de Cristo ao ensinar seus alunos? Como se dá a relação entre educador e alunos em sala de aula? Qual o nível de seriedade com que as escolas bíblicas são tratadas nas igrejas? Tais inquietações se configuraram em constantes reflexões, que ocasionaram na construção deste trabalho de conclusão de curso de Teologia, por entendermos que muitas das igrejas não têm dado o devido valor e importância ao ensino eclesiástico, assim como Cristo o fez, a ponto de, demasiadamente, ser chamado pelos seus discípulos de MESTRE. Portanto, o presente trabalho está dividido em quatro momentos: o primeiro traz uma breve discussão sobre os caminhos que a educação cristã deve percorrer; o segundo faz uma abordagem sobre a definição e os objetivos da educação nas igrejas, retratando os fundamentos teológicos da educação cristã, fundamentada na visão cristocêntrica, por ser esta um fundamento na prática do magistério do educador nas comunidades eclesiásticas; no terceiro momento, procede-se a uma discussão sobre o papel do educador como agente de transformação, o que implica a comunicabilidade com os alunos, o planejamento e sua capacitação para o exercício do ministério/magistério nas igrejas.
  • 9. 11 Este preâmbulo visa descrever sinteticamente a intencionalidade do presente trabalho. Portanto, fica o desejo de que este material traga contribuições substanciais para as escolas bíblicas, acarretando em crescimento saudável, tanto nos aspectos quantitativos (com maior quantidade de membros assíduos nas escolas bíblicas) quanto nos aspectos qualitativos (membros maduros na comunidade, que saibam responder quanto à razão da vossa fé, desejosos em servir e amar uns aos outros). A educação cristã deve ser pensada considerando-se todas as implicações que decorrem dela, para que os alunos pratiquem o conteúdo ensinado na Escola Bíblica. Nisso, os educadores devem ser capacitados para desenvolver suas funções com competência pedagógica, dentro ou fora da igreja. 1. OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO CRISTÃ Uma das tarefas mais nobres é o ensino. Contudo, é comum entendermos o processo de aprendizagem numa igreja através dos princípios e padrões do sistema escolar tradicional de educação que, geralmente, é orientado pelo conteúdo e pelo saber, tendo o intelecto como um fim em si mesmo. Assim, o ensino na igreja passa, muitas vezes, a se resumir na transmissão de conhecimentos abstratos e conceituais sem imediata aplicação para a vida cotidiana. Mas, a educação cristã, por essa sua característica, não se preocupa apenas com o saber, mas também com o ser, o sentir, o conviver, o fazer e o ter. Preocupa - se, enfim, com a integridade da pessoa. Na educação secular tradicional, temos as técnicas para a transmissão do conhecimento, enquanto que a preocupação da educação cristã não e stá apenas na informação precisa de conteúdos, mas também na formação do caráter e na transformação do que precisa ser redimido. Ao escolher doze pessoas para estarem com Ele - ―Então designou 8 doze para estarem com Ele e para enviá-los a pregar‖ - Jesus deixou-nos o ponto de partida, pois, enquanto a educação secular leva o aluno a SABER o que o educador sabe, a educação cristã procura levar as pessoas a SABEREM e SEREM o que o seu Mestre é. 8 Marcos 3:14
  • 10. 12 Nas muitas experiências da vida real do relacionamento interpessoal entre mestre e aluno, há um processo de aprendizagem mais profundo e compromissado , que leva o educando a ser como o Supremo mestre, Cristo. O apóstolo Paulo, ao escrever aos gálatas, fala, com precisão, quanto ao objetivo do ensino cristão: ―Meus filhos, por quem de novo 9. sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós‖ Para que isso se potencialize, é preciso haver transmissão de vida entre educador e educando, em que é necessário que o educador reparta o seu modo de viver, que deve ser semelhante ao de Cristo , para que o aluno, tendo-o como modelo concreto, alcance o concreto modelo de Cristo, em dou trina, atitudes, valores éticos, emocionais etc. Isso requer um modelo, um exemplo, um padrão, uma referência a seguir. Em uma das bibliografias sobre o ministério e a pessoa de Cristo, o autor João, ao escrever o quarto Evangelho, expôs, com clareza, as afirmações do próprio Mestre, sobre ele ser o modelo e exemplo perfeito a ser seguido. ―Ora, se eu, sendo o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei 10 o exemplo para que, como eu fiz, façais vós também‖ . Esse é o motivo pelo qual Cristo pode dizer aos seus alunos: ―Siga-me‖ 11. As atitudes, o conhecimento e os valores do Mestre hão de se encarnar na personalidade de seus alunos. Portanto, temos uma educação vivencial entre o Mestre e os educandos. Não tem como negar a importância de tendências ou técnicas adotadas para o ensino na Escola Bíblica, mas não são suficientes para o ensino na igreja, já que, na igreja, o processo educacional na educação cristã é mais laborioso e demorado, pois o que está em jogo é mais do que um conjunto de informações, mas transformações de vidas. Sendo assim, não existem soluções mágicas e em curto prazo para os dilemas da educação nas igrejas. Não é difícil programar uma estrutura de ensino, posto que a educação moderna tem muitos instrumentos para isso, o difícil é entender que a vontade da s pessoas não é programável, uma vez que a 9 Gálatas 4:19 10 João 13:14-15 11 Mateus 9:9
  • 11. 13 educação cristã tem como preocupação a estruturação da vontade e do caráter da pessoa à semelhança de Cristo. 2. SOBRE A EDUCAÇÃO CRISTÃ: objetivos, fundamentos e princípios educacionais e bíblicos numa perspectiva cristã, para a construção de uma escola bíblica eficiente . A educação cristã é um ingrediente essencial em toda a vivência eclesiástica, pois o conceito que a igreja tem quanto a sua natureza vai determinar o que realiza. Por isso, o ensino na Igreja visa não apenas oferecer conhecimentos literários, doutrinários e teológicos aos crentes, mas também instrumentalizá-los ao serviço e a uma vivência piedosa e ética compatível com os princípios cristãos delineados nas Sagradas Escrituras. Mas, acima de tudo, todo processo de ensino deve objetivar o desenvolvimento total do ser humano, prosseguindo para o alvo, Jesus Cristo. Ele é o model o ideal de personalidade. Dormas (1999, p.35), ao definir o significado da educação cristã, demonstra forte preocupação em preservar Cristo como o objetivo Maior, para se obter uma educação relevante para a igreja hodierna. A educação religiosa tem por objetivo a formação de uma consciência que orienta a conduta do cristão à luz da Palavra de Deus e desenvolver o seu caráter de modo a reproduzir nele o Caráter de Cristo na adoração, no comportamento ético em todos os aspectos de seu viver e na submissão ao propósito redutivo do amor de Deus 12. A educação cristã não deve ser instrumento de dominação ideológica ou mesmo da formação de uma mentalidade amorfa e sem identidade. É uma educação que deve levar o aluno a desenvolver uma leitura crítica de uma realidade através da construção do seu ser, sentir, fazer e conviver, à luz da razão de ser de todos nós, isto é, vivendo para a glória de Deus 13. 12 DORMAS. L. A nova EBD, a EBD de sempre. JUERP, 1999. 13 Isaías 43:7 e I Co. 10:31
  • 12. 14 Por isso a participação de cada um na construção do conh ecimento, a compreensão e a vivência a respeito do reino de Deus é requerida, a fim de que sejamos não meros instrumentos da realidade cotidiana, mas participantes de sua construção. Como a Igreja está inserida em uma sociedade e é influenciada por ela, a educação cristã, muitas vezes, passa a caminhar de acordo com os padrões educacionais que prevalecem nas escolas seculares. No Século XVII, época em que viveu Comênio, e nos séculos seguintes, o que prevalecia na educação eram as práticas escolares da Idade Média, sendo um ensino intelectualista, verbalista e dogmático, memorização e repetição mecânica dos ensinamentos do educador. Nessas escolas, não havia espaço para ideias próprias dos alunos, porquanto o ensino era separado da vida, mesmo porque ainda era grande o poder da religião católica na vida social. Tal ideia formou as bases da Pedagogia Tradicional, que ainda exerce forte influência no processo de ensino nas escolas seculares e é prática na educação cristã nas igrejas. Portanto, como a educação cristã visa à mudança do indivíduo em sua totalidade e não apenas transmitir conhecimento mecânico, precisamos rever as práticas pedagógicas adotadas em sala de aula. Nesse sentido, o ensino não deve estar desassociado da vida do aluno, porque, na perspectiva cristã, atinge outros níveis, posto que deve também formar o caráter do aluno. Isso denota que o nosso caráter precisa passar por processos de reengenharia total e precisamos ser reconstruídos para ser chamados de novas criaturas. ―E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura, as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fizeram novas‖14. Vale salientar que as nossas decisões são produtos de todo o processo elaborado internamente pela nossa estrutura mental, emocional e intuitiva, e diversas influências externas são responsáveis pela configuração dessas estruturas, tais como a cultura, o grupo em que vivemos e uma ideologia hegemônica. 14 II Co. 5:17
  • 13. 15 Esses conteúdos internos, que fazem parte das nossas decisões, precisam ser reconstruídos ou reformulados, conforme nos ensina o apóstolo Paulo, em sua carta aos Romanos, quando fala da renovação da mente. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que possais experimentar qual seja a boa, a agradável e perfeita vontade de Deus (12:02 - Bíblia de estudo Genebra, versão revista e atualizada). Assim, a educação cristã tem uma natureza formativa, isto é, uma reforma interna na personalidade do indivíduo, a ponto de refletir sobre a vontade de Deus, através de nossas decisões e escolhas diárias de nosso cotidiano, sejam pessoais, familiares, profissionais, sentimentais ou sociais. Entretanto, podemo s definir os verbos que expressam o processo educacional cristão como ser, sentir e pensar. Mas a formação proporcionada pela educação cristã também visa preparar operacionalmente o crente para o exercício de seus dons no desempenho de seu ministério na obra de Deus e se preocupa em transformar o aluno. Esse processo ocorre na demonstração vivencial, através dos atos concretos transformados, que são frutos de um caráter reconstruído. Enquanto a formação do caráter é interior, a força motriz, a transformação é o produto externo desse interior mudado. É a religião a prática da qual Tiago (1:21-22) fala em sua carta. ...Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolheu com mansidão a Palavra em vós plantada, a qual é poderosa para salvar as vossas almas. Tornai-vos pois praticantes da Palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Esse complexo processo de informação, formação e transformação não ocorre por acaso, automaticamente ou como num passe de mágica. É produto de muita dedicação. E a operacionalidade desse processo todo requer planejamento e estratégia séria e bem cuidadosa, implementação técnica, capacitação e treinamento especializado. É um processo que deve prever o futuro e prover os recursos necessários para informar e formar o aluno na busca de uma contínua transformação concreta de sua vida.
  • 14. 16 A educação cristã envolve ―gente‖ atendendo ―gente‖, é um processo demorado e paciente, mas que poderá não se realizar, se houver uma busca pelo ativismo, que apenas preencherá um calendário, e manter ocupados os participantes do processo educacional, comprometendo o verdadeiro objetivo da educação cristã. 2.1. Fundamentos teológicos para uma educação cristã relevante Teologia e educação são duas palavras que se casam, pois toda boa educação vem de Deus, e toda Teologia é educação. Há um grande interesse de Deus em despertar vidas, que se dediquem ao estudo sistemático de sua palavra e que sejam teólogos-educadores. Esse interesse divino é acentuado em várias passagens bíblicas, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. No Antigo Testamento, a educação cristã é vista nas Escrituras hebraicas. A principal palavra que significa ensinar ou educar é "Torah‖. É interessante observar que essa palavra também significa "lei. Deriva-se de um verbo que significa "apontar, mostrar e orientar". Um novo verbo, mais recente, significa "disciplinar, corrigir, admoestar". Outros termos atribuídos à educação, no Antigo Testamento, expressam ideias de discernimento, sabedoria, conhecimento, iluminação, visão e inspiração15. Quando falamos em educação, normalmente nos vem à memória a intelectualidade dos mestres. No entanto, constatamos que há uma grande diferença entre esse conceito e os ensinos do Antigo Testamento, pois cada vez que se ensina alguma coisa, destaca-se a prioridade da vida, que é o ponto de partida para toda forma de educação. O ensino do Antigo Testamento não é aplicado apenas para o desenvolvimento do intelecto, mas para comunicar e ensinar o indivíduo a viver de acordo com suas crenças e necessidades. ―Além da palavra "Torah", citada anteriormente, temos mais três palavras hebraicas que expressam a ideia de ensino no Antigo Testamento. São elas: “YADAH , com 15 Sobre maior conhecimento no campo da língua hebraica, ver. VINE W. E.; UNGER, Merril F.; WHITER, William Jr. Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo Testamento e do Novo Testamento. Trad. Luís Aron de Macedo. Rio de Janeiro. Editora CPAD, 2002.
  • 15. 17 significado semelhante a "vir a conhecer". Inclui a ideia de que a experiência ensina (Ver Jó, 32.7); YARAH, que significa "mostrar, dirigir, ensinar". Essa palavra tem uma importância prática bem definida (Sl 86.11;25.8; 119.102); e LAMAD, talvez a única palavra que parece enfocar o objeto da compreensão, porém expressa também, com muita nitidez, o desenvolvimento de técnicas de guerra (Dt 4.5,18;Ed 7.10;Jr 32.33;2 Sm 22.344; Sl 18.3,4)16‖. Portanto, o incentivo à educação teológica é uma constante no Antigo Testamento. Podemos ainda tomar como exemplo o Salmo 78.3-7, em que o povo de Deus promete que vai ensinar fielmente a cada geração vindoura "os feitos gloriosos do Senhor" (v. 4). Encontramos várias citações indicando que o próprio Deus é o verdadeiro educador, como por exemplo, em Is 30.20, onde seu povo é incitado a buscar instrução Nele (Deus) e em sua Palavra (Sl 78.1;119.27; Is 8.19,10;54.13; Jr 31.33-34). No entanto, põe-se ênfase no fato de que Deus utiliza os homens, por meio dos quais comunica sua mensagem (Dt 5.1-5). Repetidamente, diz-se que Deus ordenou aos homens e os inspirou para ensinar. Já o Novo Testamento reúne os acontecimentos do Antigo Testamento e gera novos acontecimentos objetivando a educação. Toda teologia do Novo Testamento é direcionada para a educação. Essa é a constante meta de Deus. Em um sentido bem real, a educação do Antigo Testamento preparou o caminho para o programa didático do Novo Testamento. Jesus é o destaque, o Mestre por excelência. Tanto através de exemplos quanto por mandamentos, Jesus enfatiza a importância do magistério em seu ministério. Ele próprio era fundamentalmente um Mestre, vindo de Deus (Jo 3.2). Durante sua missão terrena, era chamado de "Mestre" com mais frequência que qualquer outra designação. Nos quatro evangelhos, é mencionado como Mestre oitenta e nove vezes; como pregador, apenas doze vezes. Naturalmente, sua doutrina e pregação se fundiam, mas sua obra didática era fundamental em tudo o que fazia. A maior escola que já existiu consistia em ter Jesus como educador, e os doze apóstolos, como alunos. Ele também ensinava as multidões. Os seus principais métodos constituem o ideal em direção ao qual os educadores devem empenhar-se. 16 Sobre maior conhecimento no campo da língua hebraica, ver. VINE W. E.; UNGER, Merril F.; WHITER, William Jr. Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo Testamento e do Novo Testamento. Trad. Luís Aron de Macedo. Rio de Janeiro. Editora CPAD, 2002.
  • 16. 18 Os métodos utilizados pelo Mestre Jesus são explicitados na sua prática pedagógica na sua vivência com os discípulos e com a multidão que o seguia. Segundo Price (1980, p.74), o Mestre, por excelência, fez uso de objetos e coisas; da dramatização e das histórias e parábolas. Sobre o uso de objetos e coisas, Jesus ensinou mediante lições objetivas 17. Ele buscou fazer da verdade uma coisa concreta e viva. Esse método, naturalmente, deu resultado. Um exemplo disso podemos destacar quando Jesus tomou um menino e o pôs no meio dos discípulos, para ensinar qual atitude que devemos tomar para com o Reino de Deus (Mat. 18:1-4). Os discípulos pensavam que o Reino era algo com escalas e ordens hierárquicas, e, portanto, com promoções e distinções especiais. Assim, ambições e egoísmos ocupavam seus corações e já discutiam qual deles seria o maior. Daí Cristo perguntou: "Quem é, porventura, o maior no reino dos céus?" (v. 1). Ao que parece, sem qualquer outra palavra de explicação ou de discussão, chamou uma criança e a pôs no meio deles. Vendo eles a modéstia, o desinteresse e a humildade exemplificados na criança, Jesus lhes disse que deviam tomar a atitude da criança para poderem entrar no Reino. E acrescentou: "Quem, pois, se tornar humilde como este menino, esse será o maior no reino dos céus" (v. 4). Era a maior lição sobre a modéstia e contra o mal do orgulho que a humanidade recebia naquela hora. Já ao método da dramatização18, das muitas atividades do Mestre em que Ele usou esse método, podemos destacar o momento em que Jesus expulsou os mercadores do Templo (Mat. 21:12- 16). Ele notara que os judeus estavam abusando do privilégio de vender animais e aves para os sacrifícios àqueles que não os tinham e estavam fazendo aquilo mais para se locupletar (enriquecer) 17 Quando se fala em lições objetivas, pensamos logo no uso de coisas que simbolizam ou sugerem a verdade a ser ensinada. Isso inclui modelos, quadros, desenhos, mapas e outros materiais semelhantes. Um modelo da arca de Noé, ou do tabernáculo, ou do conjunto duma missão estrangeira é valiosa ajuda para aclarar e avivar a cena a ser discutida. Também o uso de bons quadros ou de desenhos no quadro-negro ajuda bastante a apresentação de cenas bíblicas ou missionárias, como de outras verdades. Note-se, porém, que objetos simbólicos, como um bocado de pão para representar que Cristo é o Pão da Vida, cu clarear um copo de água escura ou turva por meio de elementos químicos para mostrar como a regeneração limpa o coração do pecador, são métodos não muito recomendáveis porque as crianças podem tomar o figurado pelo real. 18 A dramatização traz consigo a ideia da reconstituição de uma cena. Ela é a reprodução de um acontecimento histórico ou a representação de uma atividade ou fato de nossos dias. Noutras palavras, é o esforço que se faz para representar, de maneira mais precisa, em um ambiente apropriado, em uma situação histórica ou a vida de nossos dias. A dramatização, portanto, é, primeiramente, uma atividade de imitação ou de reprodução. Contudo, o termo é empregado com significação mais larga, chegando a abranger tanto a apresentação de verdades como a reprodução de fatos. Assim, podemos concebê- la com a representação duma verdade ou lição, sem se levar em conta se o fato tem ou não base definida. As atividades dramáticas podem incluir incidentes bíblicos, feitos de missionários, lições de temperança e outros mais eventos a serem apresentados, bem como lições a serem ensinadas. Um elemento de dramatização pode entrar em qualquer lição.
  • 17. 19 do que para servir ao povo. Assim, tomou um chicote de cordéis e expulsou os mercadores, espalhando as aves e os animais, derrubando as moedas no chão, e dizendo: "Minha casa será chamada casa de oração; mas vós fizestes dela um covil de ladrões" (v. 13). Dessa forma, Jesus proclamou dramaticamente a santidade do Templo e do culto a Deus. "A purificação do templo não foi tanto por causa do próprio edifício, e, sim, mais para ensinar ao povo a grande lição da reverência." Por último, o método mais lembrado e mais usado por Jesus é o da historicidade 19 e das parábolas20. É o método que toma o primeiro lugar em seus ensinos. Jesus o usou tanto que julgamos ser isso o que mais o caracterizou como Mestre; e as histórias que ele contou são sempre mais lembradas que outros ensinos dele. Inquestionavelmente, Jesus foi o maior contador de histórias que o mundo já teve. Cerca de um quarto das palavras de Jesus, registradas por Marcos, e cerca de metade das registradas por Lucas têm a forma de parábolas. O vocábulo parábola aparece cinquenta vezes no Novo Testamento. Um exemplo de ter Ele iniciado uma lição com uma história ou parábola é aquele em que nos fala de quatro qualidades de terra e da resposta que a terra semeada deu ao lavrador (Mat. 13:1-9). O Mestre, posteriormente, esclareceu a lição baseada na parábola. A terra à beira da estrada representa o ouvinte preocupado ou desatento, do qual a verdade saltita como saraiva no telhado. A terra cheia de pedras representa a pessoa superficial e emotiva, que responde prontamente, mas sem convicções firmes, e que, por isso, abandona a verdade, quando esta o leva para caminhos difíceis. A terra de espinhos representa o indivíduo preocupado, que deixa que o serviço e as diversões o empolguem por completo, deixando-o sem frutos espirituais. A terra boa representa aqueles que ouvem a verdade, recebem-na de todo o coração e a praticam sempre. Ninguém, por certo, esquecerá essa história, nem o seu profundo significado. 19 O método de histórias é de grande valor no ensino. É coisa concreta, apela à imaginação, tem estilo fácil e livre, assaz eficiente e interessante. 20 O termo parábola significa, literalmente, projetado ao lado de alguma coisa. É uma. história ou ilustração tirada de algum caso conhecido ou comum da vida, para lançar luz sobre outro caso não muita conhecido.
  • 18. 20 Diante do explicitado, podemos afirmar que Jesus foi Mestre consumado no uso de lições objetivas, bem como no emprego do método de dramatizações, de histórias e de parábolas. Usando-as, a par de sua maravilhosa personalidade, conseguiu atrair as multidões para si, fazendo com que essas verdades fossem lembradas e repetidas através dos séculos. Bem faremos nós estudando os modos e os meios de empregar figuras, comparações e parábolas em nossas lições. Auxílios visuais, dramáticos e ilustrativos devem secundar o nosso ensino. Esses princípios de Educação religiosa continuam em todo o Novo Testamento. Há uma convocação do próprio Cristo na chamada "grande comissão" em Mt 28.19,20. Em Atos 2.42, vemos que a Igreja primitiva cumpria sua missão de ensinar. O ensino era tão profundo que, "em cada alma, havia temor." O Apóstolo Paulo, depois de sua experiência com Cristo, segue o mesmo método didático, gerando discípulos e incitando-os ao estudo e à educação. Escrevendo ao seu filho Timóteo, ele diz: "Persiste em ler, ensinar e exortar, até que eu vá" ( I Tm 4.13). Com essas palavras, o apóstolo mostra um caminho pedagógico para o jovem pastor no exercício da educação religiosa, através destas quatro palavras-chaves do verso citado: na primeira, "persiste" (do grego: Prósekhe), o tempo presente do verbo pede uma ação contínua, traduzido como "persiste, aplica-te"; a segunda, "ler" (do grego: Anagnósei ,"leitura", usada como verbo, implica uma sábia escolha de passagens a serem lidas; leitura audível, o poder de expor corretamente"; a terceira palavra, "exortar" (do grego: Paraklései, exortação, encorajamento, tem a mesma raiz de consolador), e a quarta palavra, "ensinar" (do grego: Didaskalia, significa ensino, doutrina)21. O Apóstolo Paulo, com essa instrução a Timóteo, criou um vocabulário para a responsabilidade educacional. Primeiramente, sinaliza o dever da aprendizagem através da leitura ou do estudo e, depois, a missão de educar, ensinando o que se aprendeu. Esse pensamento está em concordância com os princípios ensinados por Jesus, pois, primeiramente, ele chamou: "vinde a 21 Sobre maior conhecimento no campo da língua grega, ver. VINE W. E.; UNGER, Merril F.; WHITER, William Jr. Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo Testamento e do Novo Testamento. Trad. Luís Aron de Macedo. Rio de Janeiro. Editora CPAD, 2002.
  • 19. 21 mim..." ( Mt 11.28 a) ; "vinde após mim..." (Mt 4.19 a); "ficai, porém, na cidade de Jerusalém..." ( Lc 24.49 b), etc. Depois os envia conforme vemos em (Mc 16.l5 ): "Ide por todo mundo..."; e (Mt 28.19): "Ide e ensinai todas as nações..." A experiência da educação religiosa, na atualidade, ocorre num tipo especial de contexto, inicialmente, educativo, mas, basicamente, teológico. Esse contexto é a comunidade cristã na qualidade de Igreja organizada, uma koinonia ou irmandade, que exerce a sua finalidade em Jesus Cristo e no sacerdócio individual do crente, que goza de um relacionamento íntimo com o criador e redentor. No âmago da educação religiosa, existe uma mensagem, uma missão e um mandamento a comunicar. Essa comunicação funciona melhor quando proferida dentro da comunidade cristã com amor. É, por certo, educativa, mas fundamentada em fortes bases teológicas. A forte dimensão teológica da experiência da educação religiosa não pode ser menosprezada, pois é a dimensão que se encontra no âmago do processo de equipagem e amadurecimento. Quanto mais a comunidade de aprendizes puder se aproximar da verdadeira natureza da Igreja, mais eficiente se torna o seu ministério de equipagem e amadurecimento. A interpretação inicial do evangelho comunicado é a fé individual dos crentes, fundamentada nesse evangelho, com o privilégio e o poder de se encontrarem com o criador num nível de sacerdócio e serviço pessoal. Esse serviço se expressa em termos de atividades próprias da comunidade cristã. É realmente a vivência de uma teologia de fé, que se demonstra no evangelismo, nos ministérios sociais, nas missões, no serviço cristão, na educação e no culto. O ministério da educação na igreja procura implementar os ministérios no mundo e para ele. Nesse sentido teológico, o crente é afetado e se torna eficiente, por meio do envolvimento pessoal com Deus. Ele se torna o centro do processo de comunicação. O empenho em se comunicar emana de um desejo de fidelidade a um mandamento de desafio e a uma posição de responsabilidade. Centraliza-se no impulso básico do ímpeto educativo e no imperativo teológico de alcançar e ensinar. O cristão está no ápice do serviço quando sua vida demonstra a realização do imperativo de Cristo. Quando o testemunho, a educação e a equipagem se tornam os imperativos dinâmicos da igreja, o cristão começa a imaginar os resultados significativos de sua própria experiência rumo ao
  • 20. 22 discipulado cristão, bem como a responsabilidade de levar outras pessoas a se tornarem parte do processo redentor do evangelho. A pessoa se torna capacitada a trabalhar e a testemunhar com os significados e valores do evangelho como base para os relacionamentos totais. Em concordância com esse fato, conhecer a ação de Cristo como Mestre é fundamental para o educador cristão, já que Cristo é o exemplo de mestre perfeito. Para tal conhecimento, o próximo capítulo visa mergulhar o leitor na vida ministerial do Homem mais extraordinário que viveu entre nós, o Verbo de Deus - Cristo 2.2. Jesus, o exemplo de mestre perfeito para o exercício do magistério eclesiástico. Quando a educação se torna instrumento de análise, não há como fugir do passado. Grandes homens que surgiram na história da humanidade influenciaram a e ducação secular de sua época. Aristóteles (384-322 a. C.) criou a pedagogia da virtude, segundo a qual o propósito da vida humana é obter felicidade e ser útil à comunidade. A virtude seria a forma mais plena de excelência moral. Para Sócrates (469-399 a.C.), a educação tinha a responsabilidade de conduzir as pessoas, por meio do autoconhecimento, a sabedoria e a prática do bem, e tinha o diálogo como método relevante para a aprendizagem. Na história das ideias ou idealismo platônico, Platão (427-347 a. C.) entendia a educação como um caminho pelo qual é formado o homem moral e político. Já Martinho Lutero (1483-1546), precursor da Reforma Protestante, defendia o progresso da educação para todos, pois, segundo ele, quando a escola progride, tudo progride. Ao longo da história, muitos outros, como Tomás de Aquino, Santo Agostinho, Kant, Descartes, Galileu, Rousseu, Shakespeare, Hegel, Marx, Freud, Piaget, Vygotsky, Einstein, Pestalo zzi, Decroly, Dewey, Maria Montessori, Fernando Azevedo, Anísio Teixeira, Paulo Freire, entre outros, brilhavam em suas inteligências, o que influenciou e contribuiu com o processo de educação, mas nenhum deles, apesar de suas grandes descobertas terem beneficiado a educação, causando mudança na sociedade, conseguiram causar um impacto de transformação na vida das pessoas, como fez o Mestre dos mestres. Portanto, esse Mestre , que viveu há muitos séculos, não apenas surpreendeu em sua inteligência, mas teve uma personalidade fascinante. Ele
  • 21. 23 conquistou uma fama indescritível, porquanto destilava uma sabedoria que atraía multidões. Esse Homem é Jesus Cristo. Jesus Cristo foi o homem que nasceu em uma manjedoura , em vez de nascer em um berço de ouro; que andou em um jumento, em vez de andar em uma ostensiva carruagem real; foi conhecido como Aquele que andava com os pecadores, em vez de andar com os ―mestres‖ da Lei, com os ―sábios‖ da época; foi o Mestre que ensinava as classes desfavorecidas, em vez de ensinar a elite aristocrática. Jesus viu no ensino a gloriosa oportunidade de formar os ideais, as atitudes e a conduta do povo em geral. Ele não se distinguiu , primeiramente, como orador, como reformador nem como chefe, mas como mestre. Vemos perfeitamente que ele não pertenceu à classe dos escribas e rabinos que interpretavam minuciosamente a Lei. Ele ensinou. De forma alguma foi visto como "agitador da massa popular". Não comprometeu sua Causa com apelos em reuniões populares, com práticas ritualistas ou com manobras políticas. Ele confiou sua Causa aos prolongados e pacientes processos de ensino e de treinamento. Jesus lançou mão do método educativo, e não, do método de força política, ou de propaganda, ou do poder. A principal ocupação de Jesus foi o ensino. Algumas vezes, agiu como curador, outras vezes, operou milagres, pregou frequentemente, mas foi sempre o Mestre. Ele não se pôs a ensinar porque não tivesse outra coisa a fazer, mas, quando não estava ensinando, estava fazendo qualquer outra coisa. Sim, Ele fez do ensino o agente principal da redenção. A ênfase que Jesus deu ao ensino ressalta o fato de, em geral, ser Ele reconhecido como Mestre. "À luz dos Evangelhos, vemos que seus discípulos e contemporâneos o tornavam como mestre. ‖ Ele foi mesmo chamado Mestre, Educador ou Rabi. E tudo isso traz, em seu bojo, a mesma ideia geral expressa por Nicodemos, quando disse:: "Rabi, sabemos que és mestre vindo da parte de Deus" (João 3:2). Nos Evangelhos, Jesus é chamado mestre nada menos de quarenta e cinco vezes. Fala- se em Jesus ensinando, quarenta e cinco vezes; e onze apenas pregand o, e, assim mesmo, pregando e ensinando, como vemos em Mateus 4:23 — "ensinando em suas sinagogas e
  • 22. 24 pregando o evangelho do reino". Chamavam -no mestre não apenas os doze discípulos, mas também outros mais discípulos seus. Vale salientar que Jesus a si mesmo se chamava Mestre, dizendo: "Vós me chamais Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou" (João 13:13). Também dizia ser "a luz", vocábulo que traz a ideia de instrução. Nessa linha de pensamento, interessante é notar que João Batista sempre foi mais chamado pregador que mestre. Outra indicação dessa ênfase sobre o ensino é a terminologia empregada para descrever os seguidores e a mensagem de Jesus. Não são eles chamados súditos, servidores ou camaradas. ―A palavra discípulo, que significa aluno ou aprendiz, empregada 243 vezes, refere-se aos seguidores de Jesus, seus alunos queridos. A mensagem de Jesus diz-se ser ensino (39 vezes) e sabedoria (seis vezes), sem denotar a ideia de preleção ou sermão. A expressão Sermão do Monte não é usada pelos escritores do Novo Testamento. Mateus apenas diz — ―E ele se pôs a ensiná-los, dizendo..." (Mat. 5:2). Tal peça deve ser intitulada — O Ensino do Monte, e não, O Sermão do Monte‖ 22. Todos os caminhos que o Mestre percorria marcava a vidas das pessoas e atraía multidões. Todos ansiavam por ouvir seus ensinamentos, pois Ele ensinava com a vida, e não, com conteúdos desvinculados de sua prática e da realidade. Enquanto isso, os outros mestres ficavam estarrecidos com o impacto que os ensinamentos do Mestre operavam na sociedade e se sentiam ameaçados. Jesus era um pedagogo que transformava a hi stória em um espetáculo da vida e que, diferentemente da maioria dos mestres de seu tempo, que ensinavam as Escrituras desvinculada da vida das pessoas, com conhecimentos prontos, fechados e fragmentados, que ao invés de libertar vidas, tornava-as escravas, Ele ensinava com autoridade e com verdade, conforme relata Cury (2001, p. 134): ...Cristo era um mestre fascinante. Muitos corriam para ouvi -lo, para serem ensinados por Ele. Era diferente da grande maioria dos demais mestres, mesmo os da atualidade, que transmite o conhecimento sem prazer e desafio, transmite o conhecimento pronto, acabado e despersonalizado, ou seja sem comentar as dores, frustrações e aventuras que os pensado res viveram enquanto produziram: 22 Sobre esse assunto, ler: PRICE, J. M. A Pedagogia de Jesus: o Mestre por excelência .Trad. Ver. Waldemar W. Wey, 3ª edição. Rio de Janeiro – RJ. JUERP: 1980, p.10-11.
  • 23. 25 Mas, o que torna Cristo diferente dos outros mestres? O que Ele tinha, a ponto de atrair multidões? O que contribuiu para que Ele fosse aceito pela sociedade? Como seus discípulos, será que podemos ser iguais ao nosso Mestre? Como podemos ensinar na Escola Bíblica como Jesus ensinou? Eis as inquietações que não se calam e que, humildemente, iremos abordar, para que tenhamos uma compreensão plausível e transformadora na vida daqueles que são chamados para o ensino da palavra, ou seja, todos nós. Na época de Cristo, o povo de Israel vivia sob o domínio do Império Romano. Sobreviver era difícil. A fome e a miséria faziam parte daquele contexto. A produção de alimentos era pouca e, ainda assim, as pessoas tinham de pagar pesados impostos, pois havia coletores (publicanos) espalhados por todo o território de Israel. Diante dessa historicidade, se olharmos a miséria do povo de Israel, constataremos que Cristo não veio na melhor época para expor seus ensinamentos e um audacioso projeto para transformar o indivíduo, em sua totalidade. O povo vivia à margem da sociedade, a exclusão era uma realidade contundente na vida social, mas o Mestre não desanimou e teve um brilhante plano: escolher ajudadores, auxiliadores para efetuarem o seu plano. Ele teve uma estratégia, pois, diante da demanda, tinha consciência de que precisava formar pessoas para darem continuidade a sua missão, quando fosse o tempo de ―ausentar-se‖. Jesus, então, passou a selecionar os discípulos. Se fôssemos nós, indubitavelmente, escolheríamos os mais brilhantes, os mais inteligentes, os mais capacitados, os mais carismáticos, os mais persuasivos, os mais influentes, os que tivessem maior poder aquisitivo, os mais fortes ou os mais bonitos. Porém, o Mestre, mais uma vez, contrariou a ideologia da sociedade excludente em vigor e formou uma equipe totalmente desclassificada, o que caracteriza Sua postura de valorizar a inclusão, porquanto não tinha preconceito, conforme Cury (2001, p. 127;143;144) comenta: Cristo não tinha preconceito. Ele falava em qualquer ambiente com as pessoas. Não perdia uma oportunidade para conduzir o ser humano a se interiorizar. Por onde passava, atuava como Mestre e iniciava sua escola. [..] Estranhamente, Cristo não escolheu paras ser seus discípulos e, conseqüentemente, para revelar seu propósito e executar seu projeto um grupo de intelectuais da época, representados pelos escribas e fariseus. Esses tinham a grande vantagem de
  • 24. 26 possuírem uma cultura milenar e uma refinada capacidade de racioci nar. Porém pesava contra eles o orgulho, a auto -suficiência, o que impedia que se abrissem para outras possibilidade de pensar. [...] Cristo tomou uma atitude arriscada , corajosa e desafiadora. Ele teve uma escolha incomum para levar a cabo se complexo desejo. Escolheu um grupo de homens iletrados e sem grandes virtudes intelectuais para transformá-los em engenheiros da inteligência e torná -los propagadores de um plano que abalaria o mundo, atravessaria os séculos e conquistaria centenas de milhões de pessoas de todos os níveis culturais e econômicos. Para sermos bons educadores na Escola Bíblica, devemos assumir uma postura com caráter de inclusão, valorizando cada aluno, respeitando sua subjetividade, ou seja, suas limitações, suas particularidades, suas singularidades, e sermos altruístas como o nosso Mestre. Depois que o Mestre escolheu seus seguidores, passou a ensinar-lhes. Os discípulos vivenciaram um extenso treinamento de três anos (um mestrado teológico) com o maior Mestre da história da humanidade, Aquele que detém toda sabedoria. O diálogo era bastante utilizado por Cristo, mas isso não significava que Ele dava as respostas prontas, pelo contrário, o discurso visava despertar a curiosidade, a dúvida e a reflexão, fazendo com que seus alunos obtivessem autonomia no pensar e criticidade, instigando-lhes a inteligência. As parábolas tinham essa intencionalidade. É importante frisar que o diálogo não castra a autoridade do educador, mas é uma ferramenta educacional relevante, principal mente diante da sociedade na qual estamos inseridos, onde as relações familiares e interpessoais estão cada vez mais comprometidas e fragilizadas. Jesus entendia que essa ferramenta era fundamental e que o fato de utilizá-la não impedia nem ameaçava a sua autoridade de Mestre, pois a mesma era regada de afetividade, de amor, de compaixão. ―O diálogo é uma ferramenta educacional insubstituível. Deve haver autoridade entre a relação de educador e aluno, mas a verdadeira autoridade é conquistada com inteligência e amor‖ ( Ibid. 2003, p. 90). O silêncio era outra estratégia utilizada com essa configuração, que conduzia os alunos a encontrarem respostas as suas indagações, ou seja, quando o Mestre não lhes dava respo stas reflexivas, o silêncio Dele também tinha esse oficio pedagógico. Mas tanto o diálogo quanto o
  • 25. 27 silêncio do grande Pedagogo não eram algo banal, pelo contrário, era cheio de calor humano, de amor, de solidariedade, de altruísmo, de compaixão, de graça, de autoridade e de verdade. Cristo instigava a inteligência daqueles que convivia com ele. Ele os inspirava na formação de engenheiros do pensamento marcando a história de seus íntimos, mas também os gestos e os momentos de silêncio foram tão eloqüentes que modificaram a trajetória da vida deles. Ele andava pelas cidades, vilas e lugarejos e proclamava o reino dos céus e o seu projeto de transformação interior. Suas biografias indicam que falava de maneira arrebatadora. O seu falar despertava algo nas pessoas, uma sede interior. Embora fosse o carpinteiro de Nazaré e se vestisse de modo simples, seus ouvintes ficavam impressionados com a dimensão de sua eloqüência. Com o decorrer dos meses, Cristo não precisava procurar as pessoas para falar-lhes. O seu falar era tão cativante que ele passou a ser procurado pelas multidões (Ibid: 134). Diferentemente dos escribas e fariseus, Cristo, apesar de ser o grande Mestre e ter uma sabedoria inigualável, não demonstrava uma postura arrogante , prepotente ou orgulhosa. Ele não permitiu que os seus conhecimentos afasta ssem as pessoas de sua companhia, de sua presença, porquanto sua inteligência era uma ponte, era a mediação entre Ele e as pessoas, que motivava, que valorizava o ser humano, que impulsionava as pessoas a terem esp eranças, mesmo diante da realidade caótica vigente. Cristo não tolhia a criatividade de seus seguidores, não manipulava suas mentes nem controlava as suas vidas, como se fossem marionetes, subjugando -as, como se faz naquela brincadeira do ―mestre mandar‖, em que o mestre manda, e os súditos obedecem, e caso não sejam obedientes, serão penalizados. Jesus não despertava medo nas pessoas, não as oprimia, não alienava as suas mentes. Havia uma interação entre o docente e os discentes. ―Que vos parece?‖ Era uma das expressões preferidas de Jesus. Os quatro evangelhos registram mais de cem perguntas que Ele fez. Por que Jesus fazia tantas perguntas? Porque Ele sabia que uma boa pergunta prenderia a atenção e desafiaria o raciocínio. Para Cury, o mestre deve instigar a inteligência dos alunos, ao invés de bloqueá-la; o mestre deve estimular a arte de pensar, em vez de transmitir conhecimentos prontos e acabados que alienam; o mestre deve atrair seus alunos, para que eles tenham prazer de desfrutar de sua companhia, em vez de afastá -los; o mestre não deve ser lembrado pelos seus educandos apenas no passado, mas também no presente e no futuro.
  • 26. 28 Um bom mestre possui eloqüência, mas um excelente mestre possui mais do que isso; possui a capacidade de surpreender seus alunos, instigar -lhes a inteligência. O bom mestre transmite o conhecimento com dedicação, enquanto um excelente mestre estimula a arte de pensar. Um bom mestre procura os seus alunos porque quer educá-los, mas um excelente mestre lhes inspira tanto a inteligência que é procurado e apreciado por ele s. Um bom mestre é valorizado e lembrado durante o tempo de escola, enquanto um excelente mestre jamais é esquecido, marcando para sempre a história dos seus alunos (Ibid - 2001: 134). Jesus não queria que Seus seguidores fossem meros refletores das opini ões alheias. Desejava que tivessem pensamentos próprios. Os educadores devem induzir os alunos a pensar e a entender claramente a verdade por si mesmos. Não basta ao mestre explicar, ou ao aluno crer; cumpre suscitar o espírito de investigação, e o aluno ser atraído e enunciar a verdade em sua própria linguagem. Esse princípio está em harmonia com o que há de melhor nas atuais teorias sobre o ensino. Muitos alunos encontram dificuldades para ordenar seu pensamento, a menos que tenham a possibilidade de expressar oralmente sua confusão e declarar seus conceitos. As perguntas abrem caminho para a discussão e levam o estudante a participar. Elas o ajudam a pensar e a lidar com as grandes ideias. No tempo de Cristo, as escolas não tinham acesso à variedade de ma teriais pedagógicos de que dispomos atualmente, mas, nem por isso, o Mestre foi medíocre em exercer seu oficio. Ele aproveitou todas as oportunidades para ensinar as boas novas do Evangelho, e o método que mais utilizava, alem do discurso, da oratória, era o proximal, ou seja, a aproximidade com as pessoas, o relacionamento. Ele fazia questão de estar perto de seus alunos, de ouvi -los, de alimentá-los, de tocá-los, de ajudá-los a superar seus medos, frustrações e dificuldades. Não havia quadro branco, retroprojetor, cadeiras, data-show, computadores e livros. Mas havia o Mestre, sua presença graciosa, sua afetividade e generosidade pelos aluno. No entanto, atualmente, apesar de termos uma avalanche tecnológica, faltam-nos mestres que, realmente, tenham a sensibilidade de amar seus alunos a ponto de ouvi-los, de respeitar suas subjetividades, de valorizar seus conhecimentos, de ajudá -los a superar seus limites, de ensiná - los com a própria vida. Este trabalho não tem a pretensão de ser contra a tecnologia na
  • 27. 29 atualidade, nem desconsidera o devido valor dos vários materiais facilitadores de aprendizagem, mas postula que os mesmos não substituem a pessoa do educador, como facilitador e como ajudador, e, principalmente, como afetivo. Vidas precisam de vidas; pessoas precisam de pessoas; e conhecimento precisa ser compartilhado, mas, para que tal processo se efetive, precisamos de gente, e não apenas de materiais pedagógicos, que não substituem o educador. Os métodos educativos são importantes, mas o caráter e a atitude do mestre são vitais. Portanto, que relevância tem um educador eloquente, que transmite conhecimentos através dos mais avançados instrumentos tecnológicos, se não conhece seus alunos, não senta com eles no momento do lanche, não demonstra interesse com suas vidas? Convém enfatizar que, apesar de Cristo ter uma inteligência incomparável e de não ter acesso aos mais avançados instrumentos pedagógicos, as pessoas se sentiam atraídas por Ele, não apenas pelo seu lindo sermão expositivo, mas pelo amor demonstrado em seu olhar, em suas palavras, em suas atitudes, em suas ações, em sua vida. Cristo fazia e fez parte da vida daqueles que seguem seus ensinamentos, Ele é um educador pessoal, o Deus pessoal e presente, que desceu de sua glória para viver como homem, entre homens, fazendo questão de se relacionar com pecadores, ainda que estes não sejam tão sábios, tão estudiosos, tão inteligentes, tão ricos, tão obedientes. Porém, se há em nós o anseio de ensinar como o Mestre devemos imitá-lo, abrindo mão de nosso orgulho, despindo-nos da arrogância teológico-intelectual, passando a viver o que ensinamos, e não, ensinando o que não vivemos. Tendo e vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou com usurpação o s er igual a Deus, antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo , tornando -se em semelhança de homem; e reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz (Fl. 2:5-8) A prática pedagógica de Cristo fazia com que as pessoas se sentissem íntimas Dele, posto que era um aprendizado prazeroso, e todos ficavam atentos as suas palavras, não queriam perder nada; nem uma palavra, nem um gesto, nem um olhar seu, a ponto de subirem em árvores para avistá-lo de longe. Todos desejavam desfrutar de sua graciosa presença, confirmando sua
  • 28. 30 autoridade de Mestre por excelência, por entender que o educador não apenas procura os alunos, mas é procurado por eles, e isso era demonstrado em sua prática pedagógica. Contrariando a pedagogia de Jesus, em muitas Escolas Bíblicas Dominicais, os alunos, os educadores e o conhecimento que transmitem estão em mundos divergentes, há uma disparidade . Um não entra no mundo do outro. Os alunos não entram na história dos /as educadores/as, os/as educadores/as não entram no mundo dos alunos, e ambos não entram na história do conhecimento, ou seja, nas dificuldades, nos problemas, mas criam barreiras para um aprendizado teológico relevante na vida das pessoas. Porém, Jesus era Mestre em duas importantes áreas da educação: o assunto (a palavra) e o discípulo (as pessoas). Se existe a intencionalidade de seguirmos os métodos do Mestre por excelência, não temos que dominar apenas a matéria, mas também conhecer nosso aluno. O apóstolo João disse de Jesus: ―E não precisava de que alguém Lhe desse testemunho a respeito do homem, porque Ele mesmo sabia o que era a natureza humana‖ (João 2:25). Jesus era eficiente como educador porque Seu amor se expressava no olhar, nas palavras e em Seus atos. Ele conhecia em profundidade a natureza dos seus alunos, dos discípulos. Portanto, se quisermos ensinar como Jesus ensinou, devemos ter Seu amor , sua sensibilidade em nossos corações e em nossa prática pedagógica . 3. O EDUCADOR DE ESCOLA BÍBLICA COMO AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO: COMUNICAÇÃO, PLANEJAMENTO E CAPACITAÇÃO DOCENTE 3.1 O papel da comunicação do educador no processo de aprendizagem A história revela que não há neutralidade em educação, porque ela implica paradigmas que orientam a vida dos indivíduos, da sociedade, pois existe uma proposta de valores que a perpassa. A educação supõe processo de humanização e personalização, aquisição de meios para atuação no contexto social. Indubitavelmente, neste cenário, o educador cristão é imprescindível na potencialização dos conteúdos teológicos na constituição do sujeito, mas a ausência da articulação entre conteúdo teológico e vida de mestre, entre o saber e o ser, entre aluno e educador, é um caminho
  • 29. 31 que conduz o cristão a viver na superficialidade e trivialidade. Um dos fatores, demasiadamente usado por Cristo, mas utilizado inadequadamente por muitos educadores de Escola Bíblica, é a comunicação. Apesar de vivermos inseridos numa cultura grafocêntrica23, imagética e iconográfica que, constantemente, rege a comunicação nas relações sociais, muitos não sabem usá-la de modo relevante. Comunicar não implica falar e ouvir, mas se fazer entender pelo outro de modo que instigue uma reflexão sobre sua realidade cristã, ou seja, sua vida. Há educadores que, por falta de conhecimento ou sensibilidade docente, não percebem que são maus comunicadores. A impressão que temos é de que se preocupam com a medíocre exposição de sua matéria em detrimento da educação propriamente dita. O educador acha que sua função consiste em transmitir conhecimentos e que é obrigação do aluno ouvir, compreender e registrá-los em sua memória. Quando as ideias do educador estão desorganizadas, sua mensagem é confusa e insegura. Eles preferem o monólogo, isto é, a criticada ―salivação‖. Outros costumam ensinar partindo da seguinte premissa: ―Se os alunos mais inteligentes dos primeiros assentos entendem o que eu falo, todos os demais também entenderão‖. Ora, isso é simplesmente uma falácia! Em relação à linguagem, muitos são os que costumam utilizar conceitos ou termos que ainda não existem na experiência dos estudantes. Ao contrário desses, há os que assumem uma postura bem mais nociva: não se preocupam em enriquecer o seu vocabulário e o dos alunos. A maneira de expor a matéria é outro problema que dificulta a boa comunicação entre educadores/as e alunos. Na Escola Bíblica, muitos mestres colocam tantas ideias em cada exposição que somente algumas delas são compreendidas e retidas na mente dos membros. Falar rápido demais, articular mal as palavras, usar voz baixa e em tom monótono são comportamentos igualmente perniciosos. Se existem educadores que não utilizam meios visuais para expor conceitos ou relações que exigem apresentação gráfica, há também os que fazem uso recursos visuais de forma inadequada. Um exemplo disso é quando empregam o quadro-negro sem planejar, escrevendo e desenhando ora aqui, ora ali, com muita confusão e desordem. Aqui está um resumo dos principais problemas que 23 A cultura grafocêntrica é pautada na valorização da escrita.
  • 30. 32 atrapalham a comunicação entre docentes e discentes em qualquer nível do processo ensino- aprendizagem. É importante ressaltar que a eficiência da comunicação resulta, fundamentalmente, de clareza, precisão, simplicidade, criatividade e objetividade da mensagem. Outro fator necessário para uma boa comunicação em sala de aula é a arte de ouvir. O educador deve ouvir com interesse e atenção as colocações dos alunos na sala de aula. A audição inteligente é facilitada ainda mais quando atentamos para a fisionomia e para a gesticulação de quem fala. Um dos maiores problemas de comunicação, tanto a de massa quanto a interpessoal, é como o receptor capta uma mensagem. Raríssimas são as pessoas que procuram ouvir atentamente o que a outra está dizendo. Ouvir depende de concentração, é perceber através do sentido da audição. Escutar significa dirigir a atenção para ouvir. Enquanto uma pessoa normal fala, em média 120 a 150 palavras por minuto, nosso pensamento funciona três ou quatro vezes mais depressa. Consequentemente, surge um mau hábito na audição. Muitas pessoas estão de tal forma ansiosas em provar sua rapidez de apreensão que antecipam os pensamentos antes de ouvi-los dos lábios do interlocutor. Isso ocorre quando ouvimos a precipitada exclamação: “Já sei o que você vai dizer!” Ouvir, portanto, é muito raro. É necessário limpar a mente de todos os ruídos e interferências do próprio pensamento durante a fala alheia. Ouvir implica dirigir atenção irrestrita ao outro. Daí a dificuldade de as pessoas com raciocínio rápido efetivamente ouvirem. Sua inteligência em funcionamento e o seu hábito de pensar, avaliar, julgar e analisar tudo interferem como um ruído, na plena recepção daquilo que lhe está sendo falado. Às vezes, imaginamos ter tanta coisa ―interessante‖ para dizer, nossas ideias são tão originais e atrativas que é um castigo ouvir. Queremos falar, porque falando, aparecemos. Ouvindo, ficamos omissos. Só ouvir, acreditamos, dá aos outros uma impressão desfavorável de nossa inteligência. Por isso falamos, mesmo que nada tenha a dizer. Porém não é esse o conselho da Bíblia. É melhor ouvir que falar, ―...mas todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar...‖ (Tg 1.19). É através dos sentidos que a alma humana se comunica com o mundo. No ato de ouvir, percebemos e identificamos os sons pelo sentido da audição. Ouvindo atentamente, interpretamos e assimilamos o sentido do que percebemos. Não é de hoje a dificuldade que as pessoas têm de ouvir
  • 31. 33 atentamente o que os outros falam. Jesus discorreu sobre o tema quando explicava a seus discípulos a razão de falar-lhes por parábolas. Naquela ocasião, o Mestre usou a seguinte expressão: ―Quem tem ouvidos para ouvir, ouça...‖ (Mt 13.9). Segundo Champlim, (1966) um dos maiores comentaristas do Novo Testamento, essa expressão, inclusive usada por Jesus outras vezes, sob diferentes circunstâncias (Mt 11.15; Mc 4.9,23; Ap 2.7,11,17,29; e 3.6,13,22), era um ditado comum entre os judeus, empregado especialmente pelos rabinos. O adágio era usado para chamar a atenção sobre a importância do ensino apresentado, o sentido oculto do ensino e a total compreensão do que fica subentendido no ensino. Jesus queria dizer que seus ensinos deveriam ser ouvidos com atenção e diligência, e que por ausência disso, muitos não poderiam compreendê-lo. Naturalmente que os ouvidos foram feitos para ouvir. Jesus usou o pleonasmo para realçar seus verdadeiros propósitos. Não era suficiente apenas ouvir no sentido de identificar os sons das palavras, era necessário interpretar o sentido delas para praticá-las. Significa ter ouvidos com capacidade para ouvir e entender os mistérios de Deus. Jesus estava dizendo que, falando por parábolas, nem todos teriam capacidade de ouvir e compreender o pleno sentido de suas palavras. ―Ouvindo, não ouvem, nem compreendem‖ (Mt 13.13). Ouviram com os seus ouvidos os seus ensinamentos, mas permaneceram surdos para as suas implicações. Isso porque a eficiência do aprendizado, através da audição, depende da predisposição da pessoa. Ou seja, a atitude mental de quem ouve é imprescindível. Toda a argumentação anterior objetiva afirmar que a emissão, a transmissão e a recepção do conteúdo didático-teológico são componentes da rede de comunicação entre educadores e alunos. É necessário enfatizar que da excelente comunicação dependem não só a aprendizagem, mas também a admiração mútua, a cooperação e a criatividade em sala de aula. O educador, que também pretende ser bom comunicador, precisa desenvolver empatia, colocar-se no lugar do aluno e, com ele, procurar as melhores respostas para que, ao mesmo tempo em que aprende novos conteúdos, desenvolva sua habilidade de pensar, refletir e vivenciar o aprendido. Essa é a tese principal da educação cristã.
  • 32. 34 3.2. A relevância do planejamento educacional para a Escola Bíblica ―Planejar‖ significa fazer planos, projetar ou traçar. Alguns pastores ou líderes têm certa resistência em utilizar esse termo, por considerá-lo empresarial. Mas, atualmente, a expressão planejamento encontra-se em todos os setores da atividade humana e nos faz assumir uma atitude séria e curiosa diante dos problemas que possam surgir, pois, diante de um problema, é necessário que se reflita para decidir quais são as melhores alternativas de ação possíveis para alcançar determinados objetivos, posto que planejar não se limita a sistematizar conteúdos, é estudar, ―assumir uma atitude séria e curiosa diante de um problema‖ (FREIRE, 1979, p. 68-69). Portanto, planejar é uma necessidade em todos os campos da atividade humana, principalmente na educação, já que educar é uma atitude intencional, sistemática e deliberada. O fato de a educação religiosa ocorrer, quase sempre, na Igreja, muitos não valorizam o planejamento, como se essa prática fosse tolher a ação do Espírito Santo. Todavia, sistematizar o conteúdo que será ministrado na Escola Bíblica promoverá uma compreensão teológica mais apurada, quanto à vontade de Deus para e na vida dos cristãos, tornando-os mais maduros e capacitados para responder quanto à razão de sua fé. Isso denota que a ação do Espírito Santo não deixa de agir, seja na vida do cristão ou da Igreja, quando se utilizar o planejamento como uma ferramenta pedagógica. O educador cristão dever tem em mente que o planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, que deve articular a atividade em sala de aula, sem desconsiderar a ação do Espírito Santo na elaboração do planejamento na educação cristã, ou seja, a ação de planejar não se reduz ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo; é, antes, uma atividade consciente de previsão das ações docentes, fundamentadas tanto em opções político-pedagógicas (educação formal) quanto teológicas (educação religiosa), e tendo como referência permanente as situações didáticas concretas, ou seja, o contexto sócio-historico-cultural em que estão inseridos os alunos, os educadores e a instituição de ensino, neste caso, a igreja.
  • 33. 35 Quando se pretende elaborar um planejamento, é preciso responder às seguintes perguntas: O que pretendo alcançar? Em quanto tempo pretendo alcançar? Como posso alcançar isso que pretendo? O que fazer e como fazer? Quais os recursos necessários? O que e como analisar a situação a fim de verificar se o que pretendo foi alcançado? Portanto, se uma liderança não se preocupa em levantar esses questionamentos, o processo educativo na igreja passa a ser fragilizado, desorganizado. Na educação, o planejamento se restringe a três etapas: planejamento educacional, planejamento curricular e planejamento de ensino. No que se refere à educação cristã, o planejamento educacional consiste na tomada de decisões sobre que tipo de formação teológica (teologia reformada, teologia pentecostal, teologia da prosperidade etc) se pretende alcançar. Por meio do planejamento de currículo se formulam os objetivos educacionais24, a partir daqueles expressos nos guias curriculares estabelecidos pela instituição de ensino religioso, e, por ultimo, o planejamento de ensino, que é a especificação do planejamento de currículo e que consiste em traduzir, em termos mais concretos e operacionais, o que o educador fará na sala de aula, para conduzir os alunos a alcançarem os objetivos educacionais propostos. Um planejamento de ensino, segundo Piletti, deverá conter: Objetivos específicos (ou instrucionais) estabelecidos a partir dos objetivos educacionais; Conhecimentos a serem adquiridos pelos alunos no sentido determinado pelos objetivos; Procedimentos e recursos de ensino que estimulam as atividades de aprendizagem; Procedimentos de avaliação que possibilitem verificar, de alguma forma, até que ponto os objetivos foram alcançados. (2006, p. 62) As etapas do planejamento de ensino, em qualquer processo educativo, deve considerar: o conhecimento da realidade; elaboração do plano; execução do plano; avaliação e aperfeiçoamento do plano. Essas etapas podem ser visualizadas através do gráfico em anexo. Para poder planejar adequadamente a tarefa de ensino na Escola Bíblica e atender às necessidades do aluno, é preciso, primeiro, saber para quem vai se planejar. Por isso, conhecer o aluno e seu ambiente é a primeira etapa do processo de planejamento. É preciso saber quais as aspirações, frustrações, necessidades e possibilidades dos alunos. Agindo assim, estaremos fazendo uma sondagem, ou seja, buscando dados importantes não apenas para elaborar o planejamento, mas também para entender as relações que serão estabelecidas durante o processo educativo. 24 Objetivos Educacionais ou gerais são as metas e os valores mais amplos que a instituição de ensino pretende atingir. (2006, p. 65).
  • 34. 36 Os alunos da Escola Bíblica precisam ser conhecidos não apenas na Escola Bíblica, mas fora da instituição eclesiástica, para entender sua realidade diariamente, já que a maioria das escolas bíblicas ocorre um dia na semana. Todavia, quanto maior for o conhecimento da realidade do aluno, maior será a facilidade em contextualizar os conteúdos bíblicos à sua vida prática, já que o ensino bíblico objetiva alcançar a mudança na vida do indivíduo, em sua vivência prática, no seu contexto, seja, no lar, no trabalho, na escola, formando, desse modo, um discípulo. Assim, uma vez realizada tal sondagem, devem-se estudar cuidadosamente os dados coletados. A conclusão a que chegamos, após o estudo dos dados coletados, denomina-se diagnóstico. Sem a sondagem e o diagnóstico, corre-se o risco de propor o que é impossível alcançar ou o que não interessa ou, ainda, o que já foi alcançado. Portanto, esse procedimento é que definirá e delimitara os objetivos instrucionais25. A partir dos dados fornecidos pela sondagem e interpretados pelo diagnóstico, temos condições de estabelecer que é possível alcançar os objetivos 26, como fazer para alcançar o que julgamos possível e como avaliar os resultados. Por isso, passamos a elaborar o Plano através dos seguintes passos: ―determinação dos objetivos; seleção e organização dos conteúdos, seleção e organização dos procedimentos de ensino; seleção dos recursos; seleção de procedimentos de avaliação e estruturação do Plano de ensino‖ (ibid, p.64). Ao elaborar o Plano de Ensino, antecipamos, de forma organizada, todas as etapas do trabalho que será realizado na Escola Bíblica Dominical. Na execução do plano, que consiste no desenvolvimento das atividades previstas, sempre haverá o elemento não plenamente previsto. Às vezes, a reação dos alunos ou as circunstâncias geradas em sala de aula pelo conteúdo ministrado (predestinação X arminianismo; escatologia etc.) poderão exigir adaptações e alterações no planejamento, que é sujeito a mudanças, devido à dinâmica no processo ensino-aprendizagem. Isso é uma normalidade, pois uma das características de um bom planejamento deve ser sua flexibilidade. 25 Os objetivos instrucionais são proposições mais específicas referentes às mudanças comportamentais esperadas para um determinado grupo-classe. (2006, p.65) 26 Objetivos e descrição clara do que se pretende alcançar como resultado de nossa atividade. Os objetivos nascem da própria situação: da comunidade, da escola, da família, da disciplina do educador e, principalmente, do aluno. Os objetivos, portanto, são sempre do aluno e para o aluno. (2006, p.65)
  • 35. 37 Ao término da execução do que foi planejado, passamos a avaliar o próprio plano, visando ao replanejamento. Nessa etapa, a avaliação adquire um sentido diferente da avaliação do ensino- aprendizagem e um significado mais amplo. Isso porque, além de avaliar os resultados do processo de ensino e aprendizagem, procuramos avaliar a qualidade do nosso plano e de nossa prática de ensino, ou seja, o educador se autoavaliando, a sua eficiência como educador e a eficiência da Escola Bíblica na Igreja em que ensina. Ao avaliar o ensino na Escola Bíblica, o educador estará avaliando a totalidade do ensino em toda a Igreja, identificando sua eficácia, falácia e fragilidade, visando à melhoria no ensino e, consequentemente, a formação do caráter cristão em cada membro. Foi destacado anteriormente que, na Escola Bíblica, uma abordagem educacional eficiente é aquela que pode ser orientada por objetivos educacionais. Isso significa dizer que toda a Estrutura Educacional é desenhada à luz dos objetivos a serem alcançados. Antes de se elaborar qualquer currículo, conteúdo, estrutura de ensino, processo de avaliação, e demais procedimentos relacionados ao processo educacional, busca m-se traçar os objetivos que nortearão e governarão todos esses detalhes de modo a se esperar que tudo venha a convergir para o alcance desses objetivos. Neste caso, a Didática, disciplina técnica e que tem como objetivo a técnica de ensino, utiliza dois tipos de objetivos: o objetivo geral e os objetivos específicos. O objetivo geral abrange o aspecto geral para a formação da pessoa no processo educacional, a saber: depois de concluído, determina a etapa do processo, e o que esperamos que o educando tenha conquistado, em termos de SER, TER, CONVIVER, SENTIR E SABER, dependerá do tipo de conteúdo ministrado na Escola Bíblica. Já os objetivos específicos contemplam as necessidades específicas dos educandos, tendo em vista o âmbito em que vivem e atuam, as suas características e necessidades , considerando-se os detalhes de seu perfil específico. Esse tipo de objetivo educacional contextualiza a educação, uma vez que o âmbito de atuação do educando e seu perfil é considerado. Assim, o desenho da grade curricular e o desenvolvimento do conteúdo na
  • 36. 38 busca de estratégias didáticas devem estar em harmonia com o contexto em que ocorrerá o processo educativo. No caso da educação cristã, os objetivos gerais correspondem às aspirações que a Bíblia expressa a respeito da pessoa que se converte ao Evangelho, isto é, qual o perfil que Deus espera de uma pessoa cristã? Além de outros aspectos gerais que incluem o preparo da pessoa para agir como cristã na sociedade ou comunidade em que vive. Os objetivos específicos detalham a contextualização do próprio processo educacional. Assim, estudando a Bíblia, descobrimos que Deus deseja que todos os cristãos sejam mordomos de sua vid a. Esse é o objeto geral bíblico. Ao estuda r o perfil do educando, descobre-se como desenvolver o conteúdo e buscar estratégias didáticas ligadas a esse perfil. Anteriormente, tratamos dos objetivos educacionais. Ao orientar a educação por meio de objetivos, estaremos não apenas contextualizando-a, mas germinando uma série de mecanismos que viabilizarão a coesão e a não redundância de conteúdos e práticas educacionais. Ao planejar a educação e construir toda a sua estrutura, conseguiremos determinar com mais precisão cada etapa do processo educacional, que agora está ligado aos objetivos almejados e, na mesma direção, realizar a sua supervisão e avaliar os seus resultados. Essa deve visar à prática educativa do educador, do aluno e da Escola Bíblica em geral. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (1996, p. 61) , ―Os resultados da avaliação devem ser concebidos como indicadores para a prática educacional e nunca como um meio de estigmatizar os alunos‖. Andrade (1979, p.91) afirma que ―a inexistência de objetivos promoveria a instalação da instabilidade, do desnorteamento, da improvisão, enfim, da inexistência de administração educacional‖ . Desde o estudo das mais complexas variáveis do planejamento educacional, até o trabalho do educador em sala de aula, tudo deve girar em torno dos objetivos educacionais estabelecidos. Assim , a seleção dos conteúdos, dos procedimentos e dos recursos didáticos será governada ou orientada pelos objetivos.
  • 37. 39 O estabelecimento de objetivos educacionais é um procedimento que antevê e projeta os resultados esperados na vida dos alunos que participarem do processo educativo. Segundo Turra (1995, p. 65), esses objetivos servem como grande benefício para a aprendizagem. Deixa claro o desempenho planejado para que o aluno conquiste; guiam a seleção e a organização curricular e dos conteúdos; orientam a seleção e a organização dos procedimentos necessários em todo o processo educacional; orienta na seleção e busca dos recursos necessários; capacitam o educador a planejar as etapas que serão necessárias em todo o processo pelo qual o aluno deverá passar para conquistar o desempenho almejado; permite maior precisão na avaliação sobre o que se espera dele; possibilitará que a grade curricular e os conteúdos sejam coerentes, simétricos, não-redundantes; e possibilita um enfoque comum aos educadores . Depois do estabelecimento dos objetivos educacionais almejados, é que se poderá cuidar de todo o conjunto que envolve a educação, t ais como a estrutura dos cursos, grade curricular, conteúdos, recursos e estratégias didáticas mais comuns, sistemas de avaliação docente e discente, formação e capacitação do docente, ambiente físico e equipamento adequado, etc. Os procedimentos educacionais também precisam ser previstos e estabelecidos. Turra define os procedimentos como ―meios para que o aluno atinja os objetivos‖ (Ibid, p. 66). Os procedimentos deverão ser elaborados levando -se em consideração princípios pedagógicos (como o aluno apre nde), da psicologia educacional, da psicologia do desenvolvimento, da ciência da comunicação e de toda ciência ou ramo do conhecimento humano que viabilize a obtenção dos resultados compatíveis c om os objetivos esperados. Turra (Ibid, p. 63) acrescenta que a transformação dos objetivos em realidades concretas no trabalho educacional entre aluno e mestre deverá levar em consideração as seguintes variáveis: Maturidade: trata-se de detectar as capacidades e necessidades relacionadas com o que o aluno pode aprender; Aprendizagem atual dos alunos: onde se comprova o nível do aluno em relação aos objetivos que o educador pretende alcançar; Motivação: fenômeno da aprendizagem; Tempo disponível: tanto do aluno, com do sistema educacional, em relação à quantidade de objetivos; Recursos disponíveis: educadores capacitados, meios concretos a disposição do educador para a ministração de suas aulas; Espaço e ambiente físico. Uma vez estabelecidos os objetivos, criados a estrutura educacional necessária, o currículo, elaborados os conteúdos, enfim, iniciado o processo educacional na interação
  • 38. 40 aluno, mestre e conteúdo, gera-se a necessidade de se estabelecer um processo de avaliação, seja no discente, seja no docente. É certo que há toda uma fundamentação filosófico-pedagógica que norteia esse processo de avaliação. Lamentavelmente, no sistema educacional aplicado às igrejas, esse processo avaliativo das ações didático-pedagógicas do educador e do ensino-aprendizagem dos educandos praticamente não existe. O educador vai à sala de aula, ministra o conteúdo - quando utiliza um recurso didático, em geral, é o quadro branco - o aluno ouve passivamente, alguém dá o sinal, e a aula termina. No próximo domingo, todo esse processo se repete, no próximo mês, também, no próximo semestre, dá continuidade à mesma lógica, e assim por diante. Vale destacar que, sem um processo de avaliação, não será possível aferir se os objetivos educacionais almejados estão sendo conquistados nem saber se os alunos estão sendo formados e conquistando também esses objetivos. Também não será possível saber se o trabalho do educador está sendo adequado. Enfim, sem a avaliação, é como navegar num navio sem uma carta de navegação e sem considerar o rumo que se está tomando. É ministrar aula por ministrar. É ter uma Escola Bíblica apenas para se dizer que tem. É ter um programa educacional doméstico só por ter. Iniciado o processo de avaliação, cria-se outro processo chamado de feedback, ou realimentação, que nos fornece dados importantes para a reformulação de objetivos e a prática de ensino. Essa reformulação de objetivos e de práticas de ensino contempla a política da qualidade que todas as igrejas devem estabelecer e passa por uma dinâmica que sempre premia a qualidade, afinal, a obra de Deus merece isso. Portanto, pode -se ver mais claramente no desenho abaixo.
  • 39. 41 OBJETIVOS O que se espera? REFORMULAÇÃO CRITÉRIOS Objetivos e prática Normas e princípios estruturais AVALIAÇÃO TRABALHO DOCENTE E O que foi feito e o DISCENTE que falta? Na educação não religiosa, em geral, existem três fontes dos objetivos educacionais: primeiro, o aluno, considerando-se suas necessidades e seus interesses ―...e como todo ensino deve ser um processo intencional, sistemático e deliberado, é preciso conhecer as características de que aprende para conseguir o seu envolvimento‖ (1995:59); segundo, a sociedade, pois ―as complexidades da via atual refletem o processo de mutação em que a sociedade determina fins e objetivos que visem tipos de aptidões que a pessoa precisa desenvolver para melhor realizar-se‖ (Id, 1b.); e terceiro, os conteúdos, que informarão como irá contribuir a consecução da educação. Consultando essas três fontes, obteremos os objetivos educacionais provisórios, que depois serão filtrados por uma filosofia e psicologia da educação, para que se estabeleçam os objetivos pre cisos do ensino, uma vez que essas duas
  • 40. 42 ciências detêm dados sobre a aprendizagem e estabelecem a cosmovisão necessária aos educadores, norteando-os com pressupostos seguros e coerentes. Como em nosso modelo educacional partimos do conceito de que Deus é a fonte da verdade e que, através de sua Palavra, deseja restaurar e formar o ser humano, capacitando-o para toda boa obra (II Tm. 3:16,17), a fonte primeira da educação cristã passa a ser ele mesmo e sua palavra. Sem dúvida, isso passa a ser considerado a partir de uma educação cristã preocupada com a formação humana, em sua inteireza, a formação do indivíduo em sua totalidade, forjando a subjetividade humana, adotando como parâmetro o Jesus histórico. Portanto, um bom planejamento de ensino é aquele que contém as seguintes características: ser elaborado em função das necessidades e das realidades apresentadas pelos alunos; ser flexível, isto é, deve dar margem a possíveis alterações e reajustes sem quebrar sua unidade e continuidade. O plano pode ser alterado quando se fizer necessário; ser claro e preciso, isto é, os enunciados devem apresentar indicações bem exatas e sugestões bem concretas para o trabalho a ser realizado; ser elaborado em íntima correlação com os objetivos, tendo em vista as condições reais e imediatas de local, tempo e recursos disponíveis. O educador da Escola Bíblica deve entender que o planejamento é importante porque evita a rotina e a improvisação; contribui com a realização dos objetivos propostos; promove a eficiência do ensino bíblico; garante maior segurança na direção do ensino na Escola Bíblica e economia de tempo e energia, promovendo mais prazer para quem apreende e para quem ensina, o que torna o magistério eclesiástico mais qualitativo. 3.3. A importância da capacitação do educador da Escola Bíblica O ministério de mestre, daquele que educa, daquele que ensina, irá determinar o rumo daquele que aprende e, por isso, afirmamos que, na Escola Bíblica, o ensino é de grande relevância. O filósofo Espinosa afirmava que a melhor forma para se dominar o homem é mantê-lo na ignorância. Com isso, ele queria dizer: "É conveniente ao governo manter o seu povo sem instrução, porque um povo
  • 41. 43 ignorante é facilmente manipulado, dominado. "Se esse princípio é válido na política do terceiro mundo, ele não pode ser adotada na Igreja de Cristo. A Igreja Cristã não pode aceitar essa filosofia educacional. Cabe a ela dar prioridade à educação religiosa. O ensino da Palavra de Deus tem que ser relevante no meio do Seu povo. O Século XX foi marcado pela tecnologia: muita produção, muita rapidez no serviço. O homem moderno perdeu a visão, o ideal, a paixão, a esperança. Ele vive para gerar recursos de sobrevivência. Na educação secular, desapareceu o educador educacional, idealista, para dar lugar ao educador profissional, ativista. Infelizmente, esse perfil profissional adentrou as igrejas, e o educador da Escola Bíblica tornou-se um ativista em suas funções, uma pessoa sem tempo, sem ideal, sem esperança. Como minimizar esse mal que atingiu as nossas igrejas? Como trazer de volta aquele educador da Escola Bíblica preocupado com seu aluno global: físico e espírito, corpo e alma? Como trazer de volta o educador que visitava seu aluno doente, seu aluno faltoso, seu aluno aniversariante? Que tinha tempo suficiente para orar com ele e por ele? O texto áureo da educação cristã: "o que ensina esmere-se em fazê-lo", sugere duas verdades: primeiro, o educador dever ser vocacionado por Deus para o exercício do magistério; segundo, o ensino na Escola Bíblica deve ser relevante, e um ensino relevante tem três características: procede de Deus; é feito com esmero, ou seja, gasta-se tempo no ministério, aplicando-se na formação do caráter do educando; e, por ultimo, é aquele que gera vida. O educador da Escola Bíblica precisa estar comprometido com a edificação de seu aluno: vida nova, de caráter espiritual, para aqueles que estão mortos em seus delitos e pecados. Conforme Efésios, ―Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos pecados e delitos‖ (2:1). Vida plena e abundante para aqueles que já nasceram de novo. De acordo com João 10:10, ―o ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância‖. No entanto, o educador da Escola Bíblica deve estar preparado para o exercício de uma das mais nobres virtudes do ser humano em todo o tempo, que é o de ensinar. Em todo o mundo, milhões e milhões de dólares são gastos todos os anos com o ensino e com a formação de novos educadores. Na Igreja de Cristo, não devia ser diferente, contudo não vemos a mesma ênfase
  • 42. 44 que o mundo dá aos seus mestres, dentro de nossas igrejas. Para desempenhar bem seu papel, o educador da Escola Bíblica Dominical precisa estar preparado para ensinar, pronto para discipular e para exercer a liderança no grupo. O educador da Escola Bíblica deve exercer seu ministério com excelência. A palavra excelência significa qualidade do que é excelente, muito bom. A palavra de Deus nos adverte quanto ao fato de exercermos o ministério relaxadamente, pois ―Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente‖ (Jr 48:10). Serviço relaxado é o que é feito de qualquer maneira. O mundo atual se prima pela eficácia, pela capacitação, pela excelência. A Igreja de Cristo não pode ficar para trás. O ensino, na Escola Bíblica, não pode ser arcaico, desatualizado. A vocação não exclui a necessidade de se atualizar. Ensinar é uma das missões da igreja. Muitas igrejas se acham anêmicas espiritualmente porque não têm dado ênfase ao estudo da Palavra de Deus. Por falta de Profeta, o povo se corrompe. O crente que não conhece a Bíblia está propenso a deixar-se levar por qualquer vento de doutrina que passa. O apóstolo Paulo tinha grande preocupação em relação à questão do ensino. Em Romanos, ele chamou a atenção sobre isso, escrevendo: ―Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino‖(12:7). O ministério da educação cristã está associado ao ensino da Palavra de Deus no seio da igreja. Então, ela precisa ter obreiros devidamente preparados e treinados para o exercício desse ministério. Muitas igrejas não têm dado o devido apoio àqueles que vêm se dedicando à Educação Cristã, o que se configura como uma falta muito grande, que é estar omissa em relação às necessidades espirituais de seus membros. A Escola Bíblica tem como meta o ensino da Palavra de Deus. Todavia, ultimamente, temos constatado muito descaso nessa área por parte de algumas denominações. Preocupados com o esvaziamento da Escola Bíblica, muitos grupos têm conclamado congressos e simpósios para tratar do assunto, com vistas a buscar meios que promovam uma sensível melhora nessa área. Sabemos que os problemas na área da Escola Bíblica são muitos e envolvem muitas questões. A frequência à Escola Bíblica dominical tem caído muito nos últimos anos; a qualidade do ensino tem caído quase na mesma proporção. Nesse sentido, é preciso motivar as pessoas para que realmente sintam