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A CONTRIBUIÇÃO DA GESTALT-TERAPIA NA LIDERANÇA
ORGANIZACIONAL
Dione Nunes Franciscato ¹*
Andrea Simone Schaack Berger ²*
RESUMO
Este trabalho traz uma reflexão teórica acerca da liderança organizacional sobre o prisma da
Gestalt-Terapia. A liderança hoje é fator primordial para o desenvolvimento de equipes, um
conceito difundido desde os primórdios da sociedade, à partir disso busca-se analisar como a
Gestalt-terapia com suas influências filosóficas, fundamentos teóricos e o contato pode
contribuir para ampliação desta competência que se faz necessária nas equipes de trabalho.
Palavras – Chave: Gestalt. Liderança. Trabalho, Contato.
ABSTRACT
This paper presents a theoretical about organizational leadership on the prism of Gestalt
Therapy reflection. Leadership today is paramount to the development of teams, a concept
used since the dawn of society factor, starting it seeks to analyze how Gestalt therapy
influences their philosophical, theoretical and contact can contribute to expanding this
jurisdiction is needed in work teams.
Key - Words: Gestalt. Leadership. Work, Contact.
¹ *Psicólogo formado pelo Centro Universitário de Maringá – Unicesumar. Aluno do Curso de Pós – Graduação
em Gestalt–Terapia do Núcleo de Educação Continuada do Paraná – NECPAR.
² *Psicóloga, Gestalt-terapeuta, mestre em desenvolvimento organizacional pela Universidade de León, México,
Docente do Curso de Psicologia da UNIFIL e pós graduação em Gestalt-terapia NECPAR.
2
INTRODUÇÃO
Neste artigo pontuaremos duas vertentes do conhecimento que podem convergir, a Gestalt-
Terapia buscando uma compreensão de homem baseada no humanismo, existencialismo e
fenomenologia e a liderança nas organizações, através da qual se pode se busca atingir os
melhores resultados para organização e como o profissional pode atingir o sucesso que
perpassa pelo trabalho de sua equipe.
A Gestalt-Terapia como qualquer teoria do conhecimento psicológico em trabalhos clínicos,
visa que o cliente possa atingir seus objetivos e resolver suas questões de ordem emocional
por si mesmo, sendo que o psicólogo é um facilitador neste contexto. Assim também o líder
nas organizações busca em uma relação de troca fazer com que sua equipe possa alcançar os
melhores resultados através de suas competências, porém direcionados em um único objetivo.
Para que possamos alinhar essas duas partes, e perceber o quanto a Gestalt–Terapia pode
contribuir para a atividade do líder, trataremos de maneira singular cada tema e teceremos
uma linha de raciocínio, partindo da visão de homem e mundo da Gestalt-Terapia
relacionando-a com a liderança, que pode se beneficiar para compreender, entender e respeitar
o outro de maneira mais funcional e humana na sua particularidade enquanto ser presente
nesta parte que denominamos como trabalho.
3
1. A Gestalt-terapia
A Gestalt-terapia surge de várias contribuições, correntes filosóficas e terapêuticas de diversas
fontes. Alguns autores colocam que foi Fritz Perls que seria o fundador da abordagem, e
outros alegam ser o grupo dos sete, ou seja, Fritz Perls, Laura Perls, Paul Goodman, Isadore
Fron, Paul Weisz, Eliot Shapiro e Silvester Eastamam. Dentro deste contexto podemos
entender que todos foram importantes para o desenvolvimento da Gestalt-Terapia, todavia e
inevitável não destacar Perls.
Fritz Perls conviveu muito tempo com a Psicanálise de Freud, com o Holismo de Smuts e o
psicodrama de Moreno. Neste parâmetro o mesmo percebeu-se influenciado pela terapia
Centrada na Pessoa de Rogers, a análise transacional de Berne, a Dinâmica de Grupo de
Lewin, os grupos de encontros de Shunts e Bioenergética de Owen. Perls teve ajuda de alguns
teóricos na sua construção como a ajuda de Laura Perls e Goodman dentre vários outros.
Na base teórica da Gestalt–Terapia podemos encontrar o Existencialismo, o Humanismo e a
Fenomenologia, a Psicologia da Gestalt, a Teoria de Campo, o Holismo entre outras
influências.
A Psicologia da Gestalt, uma das influências da Gestalt-terapia, teve seu início no século XIX,
na Alemanha e Áustria, sendo Gestalt uma palavra alemã, tendo em seu significado a forma,
configuração, reunião das partes o que forma o todo.
A Gestalt–Terapia se fundamentou na filosofa de reflexão humanista, principalmente nas
potencialidades individuais que são compartilhadas com os outros. O humanismo busca com
principal valor o enfoque na relação no qual toda existência humana se realiza em um
contexto interpessoal, acreditando no potencial da pessoa ultrapassando sua existência, dessa
forma a Gestalt – Terapia se coloca ao lado da psicoterapia humanista, no momento que ela
promove a idéia de homem como centro, como valor positivo, capaz de se autogerir e regular-
se. Ginger e Ginger (1995) colocam que o humanismo “é uma forma de devolver ao homem
toda sua dignidade, seu direito ao respeito em todas as suas dimensões”. Nesta visão
complementamos “o todo” do pressuposto filosófico, atentando a visão existencial e
fenomenológica.
4
O existencialismo como base teórica para Gestalt-Terapia, busca responder um ponto de
interrogação que é a existência. Perls apud Ribeiro (1985, p.32) coloca que “a ‘existência’ que
aqui está aplicada é o homem que se torna o centro da atenção, encarado como ser concreto
nas suas circunstâncias, no seu viver, nas suas aspirações totais. Centrado nos problemas do
homem, o existencialismo penetra nos seus pensamentos concretos, nas suas angústias e
preocupações, nas suas emoções interiores, nas suas ânsias e satisfações”.
Neste contexto percebemos quanto o existencialismo na sua teoria trata de um ser particular,
concreto, com vontade e liberdade pessoais, consciente e responsável, sendo uma expressão
de uma experiência individual, singular: trata diretamente da existência humana. Kierkegaard
dizia que “a subjetividade é a verdade, a subjetividade é a realidade”. Isto significa a
necessidade de se tentar compreender o individuo a partir de sua singularidade, de seu
manifestar-se subjetivo. Conhecer é, portanto, fazer um apelo à existência, à subjetividade.
(RIBEIRO,1985 p.33)
Em Gestalt-Terapia a proposta é de ver o homem como um ser particularizado, singularizado
no seu modo de ser e agir, concebendo-se como único no universo e individualizando-se a
partir do encontro verdadeiro entre sua subjetividade e sua singularidade. Em todo este
contexto o encontro entre psicoterapeuta e cliente tem que ser um encontro existencial,
baseado na relação e não apenas num confronto mais ou menos criativo, e talvez espontâneo,
entre técnico e cliente, entre médico e paciente. Encontro existencial significa encontro real
entre duas pessoas, numa relação paritária, onde ambos estão sob uma luz: o fato de estar e de
ser no mundo, numa tentativa de compreender, de experenciar, de reavaliar, de fortalecer, de
singularizar o que significa de fato, existir. (RIBEIRO,1985 p.34)
Dentro dessas considerações compreendemos quanto a Gestalt-Terapia se fundamenta numa
visão especifica da existência. Ela é e faz um apelo constante à liberdade humana, à
individualidade, à responsabilidade pessoal e coerente. Ela vai além dos sentimentos de
massa, dos valores introjetados e não assumidos. Como o existencialista, também o gestaltista
é uma pessoa incomodada e que incomoda, porque ambos vivem e possuem mensagens
diretas, desinteressadas, descompromissadas. (RIBEIRO, 1985)
5
A fenomenologia em Gestalt-Terapia tem seu espaço como método para o processo clínico,
por sua vez Frazão e Fukumitsu (2013) definem em seu termo literal fenomenologia como
“estudo dos fenômenos”, isto é, daquilo que é dado à consciência. Neste contexto uma das
primeiras tarefas que a fenomenologia se propõe é justamente elucidar “o reino das
essências”, ou seja, para esta ciência não se pode conhecer jamais aquilo que sé da por si
mesmo, a coisa em sí, é preciso suspender todo e qualquer posicionamento ontológico e toda
“realidade empírica”. Assim, tudo que for aparente, óbvio e preconcebido é colocado em
questão segundo Husserl.
Ribeiro (1985) coloca que Fenomenologia é uma filosofia, é uma metodologia, implica em
uma específica visão do mundo. Fenômeno é uma palavra grega derivada de um verbo que
significa “manifestar-se, aparecer”. Podemos, portanto, definir etimologicamente fenômeno
como aquilo que aparece, como aquilo que é aparente na coisa ou a aparência da coisa.
Heidegger, estudando a relação existente entre palavras gregas cujo o significado português é
“manifestar-se” e “fenômeno”, relacionou-as a outras palavras gregas cuja a raiz significa
“luz”. “Assim o fenômeno é o que se revela ou se faz patente por si mesmo, revelar-se só é
possível ‘a uma luz’, de outro modo, não poderia ‘ver se’. O fenômeno é, pois , o que se
revela por si mesmo na luz”. Nesta premissa temos como dizia Husserl chegar às coisas
mesmas, sendo fenomenologia por ele “a ciência descritiva das essências da consciência e
seus atos”. (RIBEIRO, 1985)
A fenomenologia, portanto, busca captar a essência mesma das coisas e para isto ela busca
descrever a experiência do modo como ela acontece e se processa. Husserl diz que é preciso
colocar a realidade entre parênteses, suspendendo todo e qualquer juízo. Não afirmar, nem
negar, mas antes abandonar-se à compreensão é o modo de atingir a realidade, assim como ela
é. Ao realizarmos este movimento estamos chegando às coisas mesmas, assim como são,
como se apresentam, sem nenhum juízo a priori, superando a oposição entre essência e
aparência reduzindo fenomenologicamente. (RIBEIRO, 1985)
Neste sentido assim como o filósofo, o psicoterapeuta deve portar-se diante do fenômeno
numa situação de escuta do ser , desvelando-se ao mesmo tempo em que este também se
desvela, recusando-se a instalar-se na verdade ou no seu sistema de verdades e certezas para
6
compreender a realidade de fora de si próprio. Tal postura tem muito a ver com o vazio
fecundo, com o vazio criativo dos orientais e que tanto é recomendado por Perls que dizia:
“quando eu penso que sei, eu não sei nada, quando eu penso que não sei, aí começo a saber”.
Um das outras influências teóricas e a Psicologia da Gestalt que surge no início do século 20,
sendo seus principais expoentes Wertheimer, Köhler e Koftfka. Ao afirmar que percebemos
totalidades que são diferentes das somas das partes. Edgar Rubin (1886 – 1951),
fenomenólogo dinamarquês e ex-aluno de Husserl, foi o primeiro a afirmar que a percepção
visual se organiza em figura e fundo, ou seja, a nossa percepção se organiza pelo princípio de
figura/fundo: percebemos a totalidade e, dependendo das circunstâncias, algo se destaca,
torna-se mais proeminente, fica em primeiro plano – a figura-, enquanto o restante permanece
em segundo plano - o fundo, integrando os dois pontos e o que chamamos de Gestalt
configuração ou totalidade. (FRAZÃO E FUKUMITSU, 2013)
Outra das teorias que compõe a Gestalt-Terapia e teoria de campo de Kurt Lewin que foi base
para muitos estudos de Perls, ele se propõe a fundamentar nossa compreensão sobre o sentido
das ações de uma pessoa é algo que se coaduna à relação dela com seu meio. Segundo essa
teoria, “meio” ou “campo” referem-se a “quando” e “onde” algo pode produzir uma diferença
na percepção da pessoa. Além disso, a noção de tempo se apresenta como unidade situacional,
como foco no presente, que se articula com os dados a ele anteriores e aponta para
possibilidades futuras. Lewin critica assim a psicologia da época (1890-1947), influenciada
pelo paradigma aristotélico que impregna nossa cultura (não apenas a ciência), paradigma
esse baseado em um pensamento classificatório, estatístico-histórico e abstrato. De acordo
com Lewin, a psicologia até então não enxergava o ser humano de forma integrada. Neste
contexto Lewin coloca que campo e o “espaço vital psicológico” indicando a totalidade dos
fatos que determinam o comportamento do individuo num certo momento, sendo dotado de
duas regiões: a pessoa e o ambiente. (FRAZÃO E FUKUMITSU, 2013)
Percebemos que as bases teóricas da Gestalt-Terapia forma ela mesma, sendo uma junção de
varias partes como um lindo mosaico, essa é um pouco da compreensão da teoria do Holismo
(TICHA in Frazão e Fukumitsu, 2013). Um dos grandes estudiosos foi o próprio Perls no
tema do Holismo, algumas obras serviram de base como The Organism (1995) de Goldstein e
o livro de Jan Smuts Holism and evolution. Perls (2002) coloca que o Holismo, assim também
7
defendido por Smuts, é de certa forma “uma atitude que compreende o mundo não apenas em
átomos, mas em estruturas que têm significado diferentes, na soma de suas partes”.
Todas as teorias descritas configuram a Gestalt-Terapia, sendo importante sua explanação,
todavia ao trabalharmos a relação entre duas pessoas temos o termo “Contato” que segundo
D’ Acri, TICHA, e Orgler (2012) é um instrumento que nos transporta das partes para
totalidade, da quantidade para qualidade, do imanente para o transcendente, da matéria para o
imaterial. Este Contato possui fronteiras mais flexíveis, aonde vamos além do contato como,
olhar, prestar atenção, tocar, respeitar o outro como ele é, este pode transformar, curar isto é
um processo de se encontrar com o outro no outro.
Fazer Contato para Ribeiro (2006,p.91) tem a ver com relacionar-se, com encontrar-se
consigo mesmo e com o outro, sem nunca perder a perspectiva de que tudo ocorre no mundo.
Fazer contato é estar presente a si mesmo, é olhar para dentro e se reconhecer como sendo si
mesmo. A essência do contato, mais que estar em contato com o outro, é estar em contato
consigo mesmo. Estar em contato consigo mesmo ou com o outro ocorre em diferentes níveis:
do sentir, do pensar, do fazer, do falar. Estas, entre outras, são quatro formas de estar consigo
e com o outro, e os diversos níveis de contato relacionam-se com esses diferentes sistemas.
Neste contexto teórico podemos utilizar desta base para alinharmos com a competência da
liderança no mundo do trabalho, e como podemos utilizar dessa ferramenta para ser um líder
melhor para seus liderados para si mesmo enquanto pessoa.
8
2. Liderança
Diniz (2004) afirma que a liderança é a capacidade de inspirar, motivar e movimentar pessoas
a atingirem e superarem metas, ultrapassando seus limites, ou seja, tornar claro para sua
equipe, os objetivos que pode alcançar, de tal forma que compreenda e aceite sinceramente e
honestamente tais objetivos e a influência do líder.
Hunter (2005), por meio do seu personagem principal, que é um monge cheio de sabedoria,
caracteriza que liderar é conseguir que as coisas sejam feitas através das pessoas. Ao trabalhar
com pessoas e conseguir que as coisas se façam através delas, sempre haverá duas dinâmicas
em jogo: a tarefa e o relacionamento. Para esse autor, a liderança que vai perdurar, deve ser
baseada na influência e na autoridade. A autoridade sempre se estabelece ao servir aos outros
e sacrificar-se por eles. O líder presta um serviço que tem origem na identificação e na
satisfação das necessidades legítimas dos membros do grupo.
Segundo Oliveira et al (2004), ser líder significa desenvolver habilidades, competências e
talentos internos. Um líder precisa ter ou saber como conquistar oportunidades que aparecem
em sua vida, aproveitando-as e valorizando-as ao máximo quando essas aparecem.
Maximiniano (2004) acredita que a liderança não pode ser vista apenas como habilidade
pessoal que torna algumas pessoas mais aptas a influenciar outras. Muitas vezes o contrário
também ocorre, ou seja, um grupo necessita de um líder e escolhe alguém para desempenhar o
papel. Em outros casos, o líder parece ser uma figura temporariamente eficaz, cujo sucesso
depende apenas da existência de uma missão, complementada a missão, o líder torna-se
desnecessário e é dispensado pelo grupo. Para esse autor, a liderança participa, age, contribui
e trabalha junto com a equipe.
Para Chiavenato (1992, p. 147) a liderança é uma influência interpessoal exercida numa dada
situação e dirigida através do processo de comunicação humana para a consecução de um ou
mais objetivos específicos, o líder neste encontro promove mudanças, em conjunto com o os
preceitos da organização, porém pode este fazer de alguns estilos de liderança estilos básicos
de liderança como: a autocrática, a liberal e a democrática.
9
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Gerenciando Pessoas: o passo decisivo para a administração
participativa. São Paulo: Makron Books, 1992, p.12.
Para Warren Bennis (1996) “O processo de tornar-se um líder é muito parecido com o
de tornar-se um ser humano bem integrado”. Useen (1999) amplia o conceito de liderança,
dizendo que: “Liderar não significa apenas ter seguidores, mas saber quantos líderes se
conseguiu criar entre esses seguidores”. Neste contexto que se busca a liderança nas
organizações, em que compreendem melhor seus liderados, onde antes de serem profissionais
em suas áreas são pessoas em busca de sentido de vida para sua existência.
Autoritário
A ênfase é centrada no líder que líder fixa as
diretrizes, sem qualquer participação do grupo,
determina providências e as técnicas para
execução das tarefas.
Democrático
A ênfase é centrada no líder e nos
subordinados. As diretrizes são debatidas e
decididas pelo grupo, estimulado e assistido
pelo líder. O próprio grupo esboça as
providências e as técnicas para atingir o alvo.
Liberal
Ênfase nos subordinados. Há liberdade
completa para as decisões grupais ou
individuais, com participação mínima do líder.
10
3. A Gestalt-terapia e a liderança organizacional
Podemos perceber que o encontro de Líder e Liderado, Terapeuta e Cliente é de fato único
para ambos, ou seja, a função do terapeuta está em ajudar o cliente a perceber suas
experiências, a partir de um espelhar dos comportamentos, o exame dos modos como se
comporta, destaque dos pontos positivos, e exames de sentimentos. Não há verdades
absolutas, e não há uma causa única para as ações. É preciso valorizar o conhecimento que o
cliente tem de si, buscando o significado da sua experiência. Para o mundo trabalho o líder
tem que estar atendo ao universo de seu colaborador é assim como na Gestalt utilizar de tal
empatia para que consiga através de feedbacks assertivos conduzir sua equipe de modo
humano e responsável.
O método fenomenológico é um instrumento de trabalho que nos permite ver um objeto e
descrevê-lo como chega à consciência. Tal processo passa, primeiro, pelos sentidos, pois são
eles que nos permitem descrever a realidade, para só então o intelecto proceder a uma redução
que nos traz a essência do objeto observado. Assim estamos sempre diante de fenômenos
cujas características ou aparências nos colocam em contato com a essência das coisas. O
fenômeno, enquanto a coisa-em-si, é um simples e pura aparência e, enquanto um em-si-da-
coisa, é um objeto para minha consciência, que o qualifica e delimita em função da relação
que a realidade estabelece no encontro humano. A coisa-em-si nos revela a existência do
objeto observado, o em-si-da-coisa nos dá sua essência, como uma redução transcendental, no
sentido de que até a essência de qualquer ser é essência particularizada pela observação
daquele sujeito especifico. Não temos acesso à essência em estado puro, a não ser como um
ato de pura cognição, mas, neste caso, saímos do método e vamos para a filosofia. (RIBEIRO,
2006)
O líder ao compreender que seu liderado tem características únicas e formas diferentes de
fazer e se expressar no meio, poderá assim retirar desse mesmo o seu melhor potencial e
entender suas fraquezas e como ajudar ele a superar de maneira humana.
Um dos mecanismos que o líder pode utilizar para entender a essência da problemática de
seus liderados passa por respostas assertivas como: expressão direta de pensamentos e
sentimentos, escuta do outro, elaboração de questões abertas que visam conhecer as opiniões e
11
desejos do outro (“O que pensas sobre…”), frases curtas e diretas, expressões iniciadas por
eu, distinção entre fatos e opiniões (“A minha opinião …”) e sugestões e críticas construtivas
que se centram na ação do outro e não na culpa excessiva. (Back & Back, 2005; Hargie &
Dickson, 2004 - et al 2012).
Um das teorias que pode ajudar o líder a compreender sua equipe passa pela Teoria de Campo
de Kurt Lewin, ou seja, compreendendo o espaço vital psicológico dos seus liderados e da sua
equipe, muito dos comportamentos apresentados por eles terão um fundamento nessa relação
do meio e a pessoa. “Será que o meio no qual os liderados trabalham afetam sua forma de
ser?”, ou “uma pessoa pode alterar o comportamento dos demais?”. Muitas dessas respostas
podem ser administradas através da compreensão do campo e da essência de muitos aspectos
relacionados no entre de líder e liderados ou liderados e ambiente, ou liderados e liderados e
tantos outros fatores. O que define a boa gestão e ter a sensibilidade necessária para
compreender o outro em suas diversas figuras e fundos.
O líder que busca um contato humano com seu liderado acaba, gerando mudanças
significativas no contexto do trabalho. A Gestalt segundo Polster & Polster (2001) define o
contato como o meio para a pessoa mudar, e para mudar a experiência que tem do mundo. A
mudança é o resultado deste contato, na medida em que ocorrem assimilação do que é
nutritivo e a rejeição do que é nocivo. Na organização pode-se propor que liderar é um
exercício continuo do contato, a todo o momento o trabalho sofre e gera mudanças no
ambiente e nos trabalhadores, o líder que mantém um contato mais humano com seus
subordinados, alimenta na relação aspectos mais nutritivos para com a realização de tarefas,
metas e objetivos da equipe favorecendo um ambiente de desenvolvimento e cooperação.
A Gestalt-terapia faz do conceito de contato sua alta definição instrumental e essencial.
Trabalhar o contato nas e das pessoas no mundo é o caminho a fim de que a relação cliente -
terapeuta tem a visibilidade e se torna funcional e operacional. Mediante a observação
cuidadosa de como as pessoas fazem contato, poderá perceber quem elas são. O contato é,
portanto o existencial que nos leva a essência mesma da pessoa, na medida em que mostra
como as pessoas fazem suas escolhas e por meio delas revelam seus mais íntimos do seu ser,
do contato consigo mesmo que nascem todas as possibilidades de contatos com o mundo.
Quando bloqueamos o contato em nós mesmo, perdemos a dimensão do outro, que é quem
12
primeiro nos revela nossos lados ocultos. Expressamos o contato nas mais variadas formas:
através do que experimentamos, do como experenciamos, do para que existimos, e, numa
síntese desses momentos, podemos transcender por intermédio da sensação de uma totalidade
conseguida.(Ribeiro, 2006/2007)
No mundo do trabalho o líder está a todo o momento tocando nesta parte, ou seja, na relação
existencial continua com seus subordinados, desta forma é primordial conhecer a si mesmos,
para poder agir com o outro exercendo seu papel com responsabilidade sobre sua equipe e
para com a organização.
O contato conforme descrito por D’ Acri ,TICHA, e Orgler (orgs.2012) pode transformar,
curar, é um dar atenção necessária para compreender o outro na sua real necessidade. O líder
que olha no olho de seu liderado, que está presente no momento da tarefa, respeitando o outro
em suas limitações, colocando-se para ajudar, acolhendo em momentos difíceis, orientando de
maneira humana quando necessário e desenvolvendo autogestão em seus liderados, promove
não só contato saudável, como um ambiente favorável para trabalho extraindo o melhor de si
mesmo e da equipe.
O grande desafio do líder é saber liderar suas emoções e sentimentos, conhecer
profundamente quem ele é, no seu mais intimo “Eu” a Gestalt-Terapia esta a serviço da
humanidade e do humano, desta forma conhecer suas bases teóricas nos ajudará no mundo
trabalho, mas conhecer quem somos, nos transformará em homens melhores, pessoas mais
integradas e conscientes do nosso sentido de vida e existência no mundo.
13
4. Considerações finais
No mundo de hoje cada vez mais competitivo e tecnológico, temos percebido que as relações
humanas estão fragilizadas e superficiais, voltadas a um sentido capital. As organizações com
seus resultados e metas acabam por construir sujeitos alienados ao mundo do ter é não do ser,
a Gestalt vem na sua maneira de ver o homem e o mundo trazer luz a uma forma mais humana
nas relações como um todo.
O líder do futuro será aquele que conseguir enxergar que máquinas precisam apenas de peças
sendo a maneira mais lógica de funcionamento, porém para que tudo funcione neste mundo é
preciso do ser humano, este que é complexo na sua forma de existir e se fazer mundo,
entender de gente é o segredo do sucesso, saber quais são suas necessidades, e aonde eu posso
ajudar, farão com que os líderes do futuro possam ser pessoas melhores e profissionais
brilhantes.
A Gestalt-terapia com seus fundamentos teóricos e práticos é mais uma ferramenta para
ajudar não só os líderes do trabalho, mas a serem pessoas de existência, com sentido claro do
nosso dever neste mundo, pois nós só estamos de passagem, que possamos passar de maneira
saudável para eu e para o outro.
14
REFERÊNCIAS
Back, K., & Back, K. (2005). Assertiveness at work. A practical guide to handling awkward
situations. London: McGraw-Hill Publishing Company. Revista PSICOLOGIA, SAÚDE &
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<http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/pdf/psd/v13n2/v13n2a11.pdf >. Acesso em Maio de 2014.
BENNIS, Warren. A formação do líder. São Paulo: Atlas, 1996.
CHIAVENATO, I. Gerenciando pessoas: o passo decisivo para a administração participativa.
São Paulo: Makron Books, 1992.
D’ACRI, Gladys, TICHA, Patricia Lima e ORGLER, Sheila. Dicionário de Gestalt-Terapia:
“Gestaltês” / Gladys D’Acri, Patricia Lima, Sheila Orgler. – 2.ed.revista e ampliada – São
Paulo: Summus, 2012.
DINIZ, A. O novo líder. Revista Vencer. ;5 (57) : 50-7. 2004.
FRAZÃO, Lilian Meyer & FUKUMITSU, Karina Okajima. Gestalt-Terapia: fundamentos,
epistemológicos e influencias filosóficas/Lilian Meyer Frazão e Karina Okajima Fukumitsu
(organizadoras) – São Paulo: Summus, 2013 – (Coleção Gestalt-Terapia: fundamentos e
práticas)
GINGER, Serge; GINGER, Anne. . Gestalt: uma terapia do contato. 2. ed. São Paulo:
Summus, 1995.
HUNTER, James C. O monge e o executivo. 8ª ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2005.
HARGIE, O., & DICKSON, D. (2004). Skilled interpersonal communication. Research,
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MAXIMINIANO, AÇA. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução
digital. 4ª ed. São Paulo: Atlas; 2004.
15
OLIVEIRA, J.; VOSER,R; HERNANDEZ.,J. A comparação da preferência do estilo de
liderança do treinador ideal entre jogadores de futebol e futsal. Revista Digital,Buenos Aires,
Ano 10, nº76, 2004,disponível em <http://www.efdeportes.com/efd76/lider.htm>.Acesso em
08 de junho 2009.
POLSTER, E. & M. Gestalt-Terapia Integrada. São Paulo: Summus, 2001.
RIBEIRO, Jorge Ponciano. Gestalt-terapia: refazendo um caminho / Jorge Ponciano Ribeiro.
– São Paulo: Summus, 1985.
RIBEIRO, Jorge Ponciano. O ciclo do contato: temas básicos na abordagem gestáltica. 4. ed.
rev. São Paulo: Summus, 2007.
RIBEIRO, Jorge Ponciano. Vade-mécum de gestalt-terapia: conceitos básicos. São Paulo:
Summus, 2006.
USEEM, Michael. A hora de ser líder In Revista Você S.A, n. 10, p. 68/75, Abr. 1999.

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A CONTRIBUIÇÃO DA GESTALT NA LIDERANÇA ORGANIZACIONAL

  • 1. A CONTRIBUIÇÃO DA GESTALT-TERAPIA NA LIDERANÇA ORGANIZACIONAL Dione Nunes Franciscato ¹* Andrea Simone Schaack Berger ²* RESUMO Este trabalho traz uma reflexão teórica acerca da liderança organizacional sobre o prisma da Gestalt-Terapia. A liderança hoje é fator primordial para o desenvolvimento de equipes, um conceito difundido desde os primórdios da sociedade, à partir disso busca-se analisar como a Gestalt-terapia com suas influências filosóficas, fundamentos teóricos e o contato pode contribuir para ampliação desta competência que se faz necessária nas equipes de trabalho. Palavras – Chave: Gestalt. Liderança. Trabalho, Contato. ABSTRACT This paper presents a theoretical about organizational leadership on the prism of Gestalt Therapy reflection. Leadership today is paramount to the development of teams, a concept used since the dawn of society factor, starting it seeks to analyze how Gestalt therapy influences their philosophical, theoretical and contact can contribute to expanding this jurisdiction is needed in work teams. Key - Words: Gestalt. Leadership. Work, Contact. ¹ *Psicólogo formado pelo Centro Universitário de Maringá – Unicesumar. Aluno do Curso de Pós – Graduação em Gestalt–Terapia do Núcleo de Educação Continuada do Paraná – NECPAR. ² *Psicóloga, Gestalt-terapeuta, mestre em desenvolvimento organizacional pela Universidade de León, México, Docente do Curso de Psicologia da UNIFIL e pós graduação em Gestalt-terapia NECPAR.
  • 2. 2 INTRODUÇÃO Neste artigo pontuaremos duas vertentes do conhecimento que podem convergir, a Gestalt- Terapia buscando uma compreensão de homem baseada no humanismo, existencialismo e fenomenologia e a liderança nas organizações, através da qual se pode se busca atingir os melhores resultados para organização e como o profissional pode atingir o sucesso que perpassa pelo trabalho de sua equipe. A Gestalt-Terapia como qualquer teoria do conhecimento psicológico em trabalhos clínicos, visa que o cliente possa atingir seus objetivos e resolver suas questões de ordem emocional por si mesmo, sendo que o psicólogo é um facilitador neste contexto. Assim também o líder nas organizações busca em uma relação de troca fazer com que sua equipe possa alcançar os melhores resultados através de suas competências, porém direcionados em um único objetivo. Para que possamos alinhar essas duas partes, e perceber o quanto a Gestalt–Terapia pode contribuir para a atividade do líder, trataremos de maneira singular cada tema e teceremos uma linha de raciocínio, partindo da visão de homem e mundo da Gestalt-Terapia relacionando-a com a liderança, que pode se beneficiar para compreender, entender e respeitar o outro de maneira mais funcional e humana na sua particularidade enquanto ser presente nesta parte que denominamos como trabalho.
  • 3. 3 1. A Gestalt-terapia A Gestalt-terapia surge de várias contribuições, correntes filosóficas e terapêuticas de diversas fontes. Alguns autores colocam que foi Fritz Perls que seria o fundador da abordagem, e outros alegam ser o grupo dos sete, ou seja, Fritz Perls, Laura Perls, Paul Goodman, Isadore Fron, Paul Weisz, Eliot Shapiro e Silvester Eastamam. Dentro deste contexto podemos entender que todos foram importantes para o desenvolvimento da Gestalt-Terapia, todavia e inevitável não destacar Perls. Fritz Perls conviveu muito tempo com a Psicanálise de Freud, com o Holismo de Smuts e o psicodrama de Moreno. Neste parâmetro o mesmo percebeu-se influenciado pela terapia Centrada na Pessoa de Rogers, a análise transacional de Berne, a Dinâmica de Grupo de Lewin, os grupos de encontros de Shunts e Bioenergética de Owen. Perls teve ajuda de alguns teóricos na sua construção como a ajuda de Laura Perls e Goodman dentre vários outros. Na base teórica da Gestalt–Terapia podemos encontrar o Existencialismo, o Humanismo e a Fenomenologia, a Psicologia da Gestalt, a Teoria de Campo, o Holismo entre outras influências. A Psicologia da Gestalt, uma das influências da Gestalt-terapia, teve seu início no século XIX, na Alemanha e Áustria, sendo Gestalt uma palavra alemã, tendo em seu significado a forma, configuração, reunião das partes o que forma o todo. A Gestalt–Terapia se fundamentou na filosofa de reflexão humanista, principalmente nas potencialidades individuais que são compartilhadas com os outros. O humanismo busca com principal valor o enfoque na relação no qual toda existência humana se realiza em um contexto interpessoal, acreditando no potencial da pessoa ultrapassando sua existência, dessa forma a Gestalt – Terapia se coloca ao lado da psicoterapia humanista, no momento que ela promove a idéia de homem como centro, como valor positivo, capaz de se autogerir e regular- se. Ginger e Ginger (1995) colocam que o humanismo “é uma forma de devolver ao homem toda sua dignidade, seu direito ao respeito em todas as suas dimensões”. Nesta visão complementamos “o todo” do pressuposto filosófico, atentando a visão existencial e fenomenológica.
  • 4. 4 O existencialismo como base teórica para Gestalt-Terapia, busca responder um ponto de interrogação que é a existência. Perls apud Ribeiro (1985, p.32) coloca que “a ‘existência’ que aqui está aplicada é o homem que se torna o centro da atenção, encarado como ser concreto nas suas circunstâncias, no seu viver, nas suas aspirações totais. Centrado nos problemas do homem, o existencialismo penetra nos seus pensamentos concretos, nas suas angústias e preocupações, nas suas emoções interiores, nas suas ânsias e satisfações”. Neste contexto percebemos quanto o existencialismo na sua teoria trata de um ser particular, concreto, com vontade e liberdade pessoais, consciente e responsável, sendo uma expressão de uma experiência individual, singular: trata diretamente da existência humana. Kierkegaard dizia que “a subjetividade é a verdade, a subjetividade é a realidade”. Isto significa a necessidade de se tentar compreender o individuo a partir de sua singularidade, de seu manifestar-se subjetivo. Conhecer é, portanto, fazer um apelo à existência, à subjetividade. (RIBEIRO,1985 p.33) Em Gestalt-Terapia a proposta é de ver o homem como um ser particularizado, singularizado no seu modo de ser e agir, concebendo-se como único no universo e individualizando-se a partir do encontro verdadeiro entre sua subjetividade e sua singularidade. Em todo este contexto o encontro entre psicoterapeuta e cliente tem que ser um encontro existencial, baseado na relação e não apenas num confronto mais ou menos criativo, e talvez espontâneo, entre técnico e cliente, entre médico e paciente. Encontro existencial significa encontro real entre duas pessoas, numa relação paritária, onde ambos estão sob uma luz: o fato de estar e de ser no mundo, numa tentativa de compreender, de experenciar, de reavaliar, de fortalecer, de singularizar o que significa de fato, existir. (RIBEIRO,1985 p.34) Dentro dessas considerações compreendemos quanto a Gestalt-Terapia se fundamenta numa visão especifica da existência. Ela é e faz um apelo constante à liberdade humana, à individualidade, à responsabilidade pessoal e coerente. Ela vai além dos sentimentos de massa, dos valores introjetados e não assumidos. Como o existencialista, também o gestaltista é uma pessoa incomodada e que incomoda, porque ambos vivem e possuem mensagens diretas, desinteressadas, descompromissadas. (RIBEIRO, 1985)
  • 5. 5 A fenomenologia em Gestalt-Terapia tem seu espaço como método para o processo clínico, por sua vez Frazão e Fukumitsu (2013) definem em seu termo literal fenomenologia como “estudo dos fenômenos”, isto é, daquilo que é dado à consciência. Neste contexto uma das primeiras tarefas que a fenomenologia se propõe é justamente elucidar “o reino das essências”, ou seja, para esta ciência não se pode conhecer jamais aquilo que sé da por si mesmo, a coisa em sí, é preciso suspender todo e qualquer posicionamento ontológico e toda “realidade empírica”. Assim, tudo que for aparente, óbvio e preconcebido é colocado em questão segundo Husserl. Ribeiro (1985) coloca que Fenomenologia é uma filosofia, é uma metodologia, implica em uma específica visão do mundo. Fenômeno é uma palavra grega derivada de um verbo que significa “manifestar-se, aparecer”. Podemos, portanto, definir etimologicamente fenômeno como aquilo que aparece, como aquilo que é aparente na coisa ou a aparência da coisa. Heidegger, estudando a relação existente entre palavras gregas cujo o significado português é “manifestar-se” e “fenômeno”, relacionou-as a outras palavras gregas cuja a raiz significa “luz”. “Assim o fenômeno é o que se revela ou se faz patente por si mesmo, revelar-se só é possível ‘a uma luz’, de outro modo, não poderia ‘ver se’. O fenômeno é, pois , o que se revela por si mesmo na luz”. Nesta premissa temos como dizia Husserl chegar às coisas mesmas, sendo fenomenologia por ele “a ciência descritiva das essências da consciência e seus atos”. (RIBEIRO, 1985) A fenomenologia, portanto, busca captar a essência mesma das coisas e para isto ela busca descrever a experiência do modo como ela acontece e se processa. Husserl diz que é preciso colocar a realidade entre parênteses, suspendendo todo e qualquer juízo. Não afirmar, nem negar, mas antes abandonar-se à compreensão é o modo de atingir a realidade, assim como ela é. Ao realizarmos este movimento estamos chegando às coisas mesmas, assim como são, como se apresentam, sem nenhum juízo a priori, superando a oposição entre essência e aparência reduzindo fenomenologicamente. (RIBEIRO, 1985) Neste sentido assim como o filósofo, o psicoterapeuta deve portar-se diante do fenômeno numa situação de escuta do ser , desvelando-se ao mesmo tempo em que este também se desvela, recusando-se a instalar-se na verdade ou no seu sistema de verdades e certezas para
  • 6. 6 compreender a realidade de fora de si próprio. Tal postura tem muito a ver com o vazio fecundo, com o vazio criativo dos orientais e que tanto é recomendado por Perls que dizia: “quando eu penso que sei, eu não sei nada, quando eu penso que não sei, aí começo a saber”. Um das outras influências teóricas e a Psicologia da Gestalt que surge no início do século 20, sendo seus principais expoentes Wertheimer, Köhler e Koftfka. Ao afirmar que percebemos totalidades que são diferentes das somas das partes. Edgar Rubin (1886 – 1951), fenomenólogo dinamarquês e ex-aluno de Husserl, foi o primeiro a afirmar que a percepção visual se organiza em figura e fundo, ou seja, a nossa percepção se organiza pelo princípio de figura/fundo: percebemos a totalidade e, dependendo das circunstâncias, algo se destaca, torna-se mais proeminente, fica em primeiro plano – a figura-, enquanto o restante permanece em segundo plano - o fundo, integrando os dois pontos e o que chamamos de Gestalt configuração ou totalidade. (FRAZÃO E FUKUMITSU, 2013) Outra das teorias que compõe a Gestalt-Terapia e teoria de campo de Kurt Lewin que foi base para muitos estudos de Perls, ele se propõe a fundamentar nossa compreensão sobre o sentido das ações de uma pessoa é algo que se coaduna à relação dela com seu meio. Segundo essa teoria, “meio” ou “campo” referem-se a “quando” e “onde” algo pode produzir uma diferença na percepção da pessoa. Além disso, a noção de tempo se apresenta como unidade situacional, como foco no presente, que se articula com os dados a ele anteriores e aponta para possibilidades futuras. Lewin critica assim a psicologia da época (1890-1947), influenciada pelo paradigma aristotélico que impregna nossa cultura (não apenas a ciência), paradigma esse baseado em um pensamento classificatório, estatístico-histórico e abstrato. De acordo com Lewin, a psicologia até então não enxergava o ser humano de forma integrada. Neste contexto Lewin coloca que campo e o “espaço vital psicológico” indicando a totalidade dos fatos que determinam o comportamento do individuo num certo momento, sendo dotado de duas regiões: a pessoa e o ambiente. (FRAZÃO E FUKUMITSU, 2013) Percebemos que as bases teóricas da Gestalt-Terapia forma ela mesma, sendo uma junção de varias partes como um lindo mosaico, essa é um pouco da compreensão da teoria do Holismo (TICHA in Frazão e Fukumitsu, 2013). Um dos grandes estudiosos foi o próprio Perls no tema do Holismo, algumas obras serviram de base como The Organism (1995) de Goldstein e o livro de Jan Smuts Holism and evolution. Perls (2002) coloca que o Holismo, assim também
  • 7. 7 defendido por Smuts, é de certa forma “uma atitude que compreende o mundo não apenas em átomos, mas em estruturas que têm significado diferentes, na soma de suas partes”. Todas as teorias descritas configuram a Gestalt-Terapia, sendo importante sua explanação, todavia ao trabalharmos a relação entre duas pessoas temos o termo “Contato” que segundo D’ Acri, TICHA, e Orgler (2012) é um instrumento que nos transporta das partes para totalidade, da quantidade para qualidade, do imanente para o transcendente, da matéria para o imaterial. Este Contato possui fronteiras mais flexíveis, aonde vamos além do contato como, olhar, prestar atenção, tocar, respeitar o outro como ele é, este pode transformar, curar isto é um processo de se encontrar com o outro no outro. Fazer Contato para Ribeiro (2006,p.91) tem a ver com relacionar-se, com encontrar-se consigo mesmo e com o outro, sem nunca perder a perspectiva de que tudo ocorre no mundo. Fazer contato é estar presente a si mesmo, é olhar para dentro e se reconhecer como sendo si mesmo. A essência do contato, mais que estar em contato com o outro, é estar em contato consigo mesmo. Estar em contato consigo mesmo ou com o outro ocorre em diferentes níveis: do sentir, do pensar, do fazer, do falar. Estas, entre outras, são quatro formas de estar consigo e com o outro, e os diversos níveis de contato relacionam-se com esses diferentes sistemas. Neste contexto teórico podemos utilizar desta base para alinharmos com a competência da liderança no mundo do trabalho, e como podemos utilizar dessa ferramenta para ser um líder melhor para seus liderados para si mesmo enquanto pessoa.
  • 8. 8 2. Liderança Diniz (2004) afirma que a liderança é a capacidade de inspirar, motivar e movimentar pessoas a atingirem e superarem metas, ultrapassando seus limites, ou seja, tornar claro para sua equipe, os objetivos que pode alcançar, de tal forma que compreenda e aceite sinceramente e honestamente tais objetivos e a influência do líder. Hunter (2005), por meio do seu personagem principal, que é um monge cheio de sabedoria, caracteriza que liderar é conseguir que as coisas sejam feitas através das pessoas. Ao trabalhar com pessoas e conseguir que as coisas se façam através delas, sempre haverá duas dinâmicas em jogo: a tarefa e o relacionamento. Para esse autor, a liderança que vai perdurar, deve ser baseada na influência e na autoridade. A autoridade sempre se estabelece ao servir aos outros e sacrificar-se por eles. O líder presta um serviço que tem origem na identificação e na satisfação das necessidades legítimas dos membros do grupo. Segundo Oliveira et al (2004), ser líder significa desenvolver habilidades, competências e talentos internos. Um líder precisa ter ou saber como conquistar oportunidades que aparecem em sua vida, aproveitando-as e valorizando-as ao máximo quando essas aparecem. Maximiniano (2004) acredita que a liderança não pode ser vista apenas como habilidade pessoal que torna algumas pessoas mais aptas a influenciar outras. Muitas vezes o contrário também ocorre, ou seja, um grupo necessita de um líder e escolhe alguém para desempenhar o papel. Em outros casos, o líder parece ser uma figura temporariamente eficaz, cujo sucesso depende apenas da existência de uma missão, complementada a missão, o líder torna-se desnecessário e é dispensado pelo grupo. Para esse autor, a liderança participa, age, contribui e trabalha junto com a equipe. Para Chiavenato (1992, p. 147) a liderança é uma influência interpessoal exercida numa dada situação e dirigida através do processo de comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos, o líder neste encontro promove mudanças, em conjunto com o os preceitos da organização, porém pode este fazer de alguns estilos de liderança estilos básicos de liderança como: a autocrática, a liberal e a democrática.
  • 9. 9 Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Gerenciando Pessoas: o passo decisivo para a administração participativa. São Paulo: Makron Books, 1992, p.12. Para Warren Bennis (1996) “O processo de tornar-se um líder é muito parecido com o de tornar-se um ser humano bem integrado”. Useen (1999) amplia o conceito de liderança, dizendo que: “Liderar não significa apenas ter seguidores, mas saber quantos líderes se conseguiu criar entre esses seguidores”. Neste contexto que se busca a liderança nas organizações, em que compreendem melhor seus liderados, onde antes de serem profissionais em suas áreas são pessoas em busca de sentido de vida para sua existência. Autoritário A ênfase é centrada no líder que líder fixa as diretrizes, sem qualquer participação do grupo, determina providências e as técnicas para execução das tarefas. Democrático A ênfase é centrada no líder e nos subordinados. As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo, estimulado e assistido pelo líder. O próprio grupo esboça as providências e as técnicas para atingir o alvo. Liberal Ênfase nos subordinados. Há liberdade completa para as decisões grupais ou individuais, com participação mínima do líder.
  • 10. 10 3. A Gestalt-terapia e a liderança organizacional Podemos perceber que o encontro de Líder e Liderado, Terapeuta e Cliente é de fato único para ambos, ou seja, a função do terapeuta está em ajudar o cliente a perceber suas experiências, a partir de um espelhar dos comportamentos, o exame dos modos como se comporta, destaque dos pontos positivos, e exames de sentimentos. Não há verdades absolutas, e não há uma causa única para as ações. É preciso valorizar o conhecimento que o cliente tem de si, buscando o significado da sua experiência. Para o mundo trabalho o líder tem que estar atendo ao universo de seu colaborador é assim como na Gestalt utilizar de tal empatia para que consiga através de feedbacks assertivos conduzir sua equipe de modo humano e responsável. O método fenomenológico é um instrumento de trabalho que nos permite ver um objeto e descrevê-lo como chega à consciência. Tal processo passa, primeiro, pelos sentidos, pois são eles que nos permitem descrever a realidade, para só então o intelecto proceder a uma redução que nos traz a essência do objeto observado. Assim estamos sempre diante de fenômenos cujas características ou aparências nos colocam em contato com a essência das coisas. O fenômeno, enquanto a coisa-em-si, é um simples e pura aparência e, enquanto um em-si-da- coisa, é um objeto para minha consciência, que o qualifica e delimita em função da relação que a realidade estabelece no encontro humano. A coisa-em-si nos revela a existência do objeto observado, o em-si-da-coisa nos dá sua essência, como uma redução transcendental, no sentido de que até a essência de qualquer ser é essência particularizada pela observação daquele sujeito especifico. Não temos acesso à essência em estado puro, a não ser como um ato de pura cognição, mas, neste caso, saímos do método e vamos para a filosofia. (RIBEIRO, 2006) O líder ao compreender que seu liderado tem características únicas e formas diferentes de fazer e se expressar no meio, poderá assim retirar desse mesmo o seu melhor potencial e entender suas fraquezas e como ajudar ele a superar de maneira humana. Um dos mecanismos que o líder pode utilizar para entender a essência da problemática de seus liderados passa por respostas assertivas como: expressão direta de pensamentos e sentimentos, escuta do outro, elaboração de questões abertas que visam conhecer as opiniões e
  • 11. 11 desejos do outro (“O que pensas sobre…”), frases curtas e diretas, expressões iniciadas por eu, distinção entre fatos e opiniões (“A minha opinião …”) e sugestões e críticas construtivas que se centram na ação do outro e não na culpa excessiva. (Back & Back, 2005; Hargie & Dickson, 2004 - et al 2012). Um das teorias que pode ajudar o líder a compreender sua equipe passa pela Teoria de Campo de Kurt Lewin, ou seja, compreendendo o espaço vital psicológico dos seus liderados e da sua equipe, muito dos comportamentos apresentados por eles terão um fundamento nessa relação do meio e a pessoa. “Será que o meio no qual os liderados trabalham afetam sua forma de ser?”, ou “uma pessoa pode alterar o comportamento dos demais?”. Muitas dessas respostas podem ser administradas através da compreensão do campo e da essência de muitos aspectos relacionados no entre de líder e liderados ou liderados e ambiente, ou liderados e liderados e tantos outros fatores. O que define a boa gestão e ter a sensibilidade necessária para compreender o outro em suas diversas figuras e fundos. O líder que busca um contato humano com seu liderado acaba, gerando mudanças significativas no contexto do trabalho. A Gestalt segundo Polster & Polster (2001) define o contato como o meio para a pessoa mudar, e para mudar a experiência que tem do mundo. A mudança é o resultado deste contato, na medida em que ocorrem assimilação do que é nutritivo e a rejeição do que é nocivo. Na organização pode-se propor que liderar é um exercício continuo do contato, a todo o momento o trabalho sofre e gera mudanças no ambiente e nos trabalhadores, o líder que mantém um contato mais humano com seus subordinados, alimenta na relação aspectos mais nutritivos para com a realização de tarefas, metas e objetivos da equipe favorecendo um ambiente de desenvolvimento e cooperação. A Gestalt-terapia faz do conceito de contato sua alta definição instrumental e essencial. Trabalhar o contato nas e das pessoas no mundo é o caminho a fim de que a relação cliente - terapeuta tem a visibilidade e se torna funcional e operacional. Mediante a observação cuidadosa de como as pessoas fazem contato, poderá perceber quem elas são. O contato é, portanto o existencial que nos leva a essência mesma da pessoa, na medida em que mostra como as pessoas fazem suas escolhas e por meio delas revelam seus mais íntimos do seu ser, do contato consigo mesmo que nascem todas as possibilidades de contatos com o mundo. Quando bloqueamos o contato em nós mesmo, perdemos a dimensão do outro, que é quem
  • 12. 12 primeiro nos revela nossos lados ocultos. Expressamos o contato nas mais variadas formas: através do que experimentamos, do como experenciamos, do para que existimos, e, numa síntese desses momentos, podemos transcender por intermédio da sensação de uma totalidade conseguida.(Ribeiro, 2006/2007) No mundo do trabalho o líder está a todo o momento tocando nesta parte, ou seja, na relação existencial continua com seus subordinados, desta forma é primordial conhecer a si mesmos, para poder agir com o outro exercendo seu papel com responsabilidade sobre sua equipe e para com a organização. O contato conforme descrito por D’ Acri ,TICHA, e Orgler (orgs.2012) pode transformar, curar, é um dar atenção necessária para compreender o outro na sua real necessidade. O líder que olha no olho de seu liderado, que está presente no momento da tarefa, respeitando o outro em suas limitações, colocando-se para ajudar, acolhendo em momentos difíceis, orientando de maneira humana quando necessário e desenvolvendo autogestão em seus liderados, promove não só contato saudável, como um ambiente favorável para trabalho extraindo o melhor de si mesmo e da equipe. O grande desafio do líder é saber liderar suas emoções e sentimentos, conhecer profundamente quem ele é, no seu mais intimo “Eu” a Gestalt-Terapia esta a serviço da humanidade e do humano, desta forma conhecer suas bases teóricas nos ajudará no mundo trabalho, mas conhecer quem somos, nos transformará em homens melhores, pessoas mais integradas e conscientes do nosso sentido de vida e existência no mundo.
  • 13. 13 4. Considerações finais No mundo de hoje cada vez mais competitivo e tecnológico, temos percebido que as relações humanas estão fragilizadas e superficiais, voltadas a um sentido capital. As organizações com seus resultados e metas acabam por construir sujeitos alienados ao mundo do ter é não do ser, a Gestalt vem na sua maneira de ver o homem e o mundo trazer luz a uma forma mais humana nas relações como um todo. O líder do futuro será aquele que conseguir enxergar que máquinas precisam apenas de peças sendo a maneira mais lógica de funcionamento, porém para que tudo funcione neste mundo é preciso do ser humano, este que é complexo na sua forma de existir e se fazer mundo, entender de gente é o segredo do sucesso, saber quais são suas necessidades, e aonde eu posso ajudar, farão com que os líderes do futuro possam ser pessoas melhores e profissionais brilhantes. A Gestalt-terapia com seus fundamentos teóricos e práticos é mais uma ferramenta para ajudar não só os líderes do trabalho, mas a serem pessoas de existência, com sentido claro do nosso dever neste mundo, pois nós só estamos de passagem, que possamos passar de maneira saudável para eu e para o outro.
  • 14. 14 REFERÊNCIAS Back, K., & Back, K. (2005). Assertiveness at work. A practical guide to handling awkward situations. London: McGraw-Hill Publishing Company. Revista PSICOLOGIA, SAÚDE & DOENÇAS,2012,13(2),283–297.Disponível em <http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/pdf/psd/v13n2/v13n2a11.pdf >. Acesso em Maio de 2014. BENNIS, Warren. A formação do líder. São Paulo: Atlas, 1996. CHIAVENATO, I. Gerenciando pessoas: o passo decisivo para a administração participativa. São Paulo: Makron Books, 1992. D’ACRI, Gladys, TICHA, Patricia Lima e ORGLER, Sheila. Dicionário de Gestalt-Terapia: “Gestaltês” / Gladys D’Acri, Patricia Lima, Sheila Orgler. – 2.ed.revista e ampliada – São Paulo: Summus, 2012. DINIZ, A. O novo líder. Revista Vencer. ;5 (57) : 50-7. 2004. FRAZÃO, Lilian Meyer & FUKUMITSU, Karina Okajima. Gestalt-Terapia: fundamentos, epistemológicos e influencias filosóficas/Lilian Meyer Frazão e Karina Okajima Fukumitsu (organizadoras) – São Paulo: Summus, 2013 – (Coleção Gestalt-Terapia: fundamentos e práticas) GINGER, Serge; GINGER, Anne. . Gestalt: uma terapia do contato. 2. ed. São Paulo: Summus, 1995. HUNTER, James C. O monge e o executivo. 8ª ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2005. HARGIE, O., & DICKSON, D. (2004). Skilled interpersonal communication. Research, theory and practice. London: Routledge. PSICOLOGIA, SAÚDE & DOENÇAS,2012,13(2),283–297.Disponível em <http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/pdf/psd/v13n2/v13n2a11.pdf >. Acesso em Maio de 2014. MAXIMINIANO, AÇA. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 4ª ed. São Paulo: Atlas; 2004.
  • 15. 15 OLIVEIRA, J.; VOSER,R; HERNANDEZ.,J. A comparação da preferência do estilo de liderança do treinador ideal entre jogadores de futebol e futsal. Revista Digital,Buenos Aires, Ano 10, nº76, 2004,disponível em <http://www.efdeportes.com/efd76/lider.htm>.Acesso em 08 de junho 2009. POLSTER, E. & M. Gestalt-Terapia Integrada. São Paulo: Summus, 2001. RIBEIRO, Jorge Ponciano. Gestalt-terapia: refazendo um caminho / Jorge Ponciano Ribeiro. – São Paulo: Summus, 1985. RIBEIRO, Jorge Ponciano. O ciclo do contato: temas básicos na abordagem gestáltica. 4. ed. rev. São Paulo: Summus, 2007. RIBEIRO, Jorge Ponciano. Vade-mécum de gestalt-terapia: conceitos básicos. São Paulo: Summus, 2006. USEEM, Michael. A hora de ser líder In Revista Você S.A, n. 10, p. 68/75, Abr. 1999.