SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
Baixar para ler offline
1VII ENCONTRO PAULISTA DE PESQUISA EM ENSINO DE QUÍMICA, 2013VII ENCONTRO PAULISTA DE PESQUISA EM ENSINO DE QUÍMICA, 2013
Quais são os aspectos críticos para elaboração de
bons mapas conceituais?
Camila Aparecida Tolentino Cicuto1
(PG), Rafael Leonardo Rocha2
(IC)
Aline Orvalho Pereira2
(IC) e Paulo Rogério Miranda Correia2
(PQ)*
1 Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP.
2 Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo (EACH/USP), São Paulo, SP. *prmc@usp.br
Palavras Chave: mapas conceituais, Ensino de Química e ligações químicas.
Resumo: Os mapas conceituais (MCs) são organizadores gráficos com grande potencial para promover
mudanças no processo de ensino-aprendizagem. Em particular no ensino de química, essas mudanças
são desejáveis já que muitos dos conceitos químicos são abstratos e parte dos fenômenos estudados ocorre
no nível microscópico. A presente proposta tem como objetivo discutir porque as proposições (Ps) e a
pergunta focal (PF) são aspectos críticos para elaboração de bons MCs. Ps são unidades fundamentais
dos MCs. Por esse motivo, as representações gráficas sem Ps não podem ser classificadas como MCs. A
PF é o parâmetro para a seleção dos conceitos e proposições. Ps e PF são dois elementos teórico-práticos
de referência para avaliar a qualidade dos MCs. Esses aspectos críticos devem ser considerados pelos
professores das diferentes áreas da Química em diferentes níveis da educação formal para o bom uso
da técnica de mapeamento conceitual.
INTRODUÇÃO
Novas estratégias de ensino são fundamentais para
alterar a dinâmica da sala de aula tradicional. O
mapa conceitual (MC) é uma ferramenta interes-
sante para promover mudanças porque ele permite
estimular a aprendizagem significativa através da
construção de significados entre os conhecimentos
prévios e as novas informações (NOVAK, 2010,
AUSUBEL, 2000). Em particular no Ensino de
Química, essas mudanças são muito desejáveis já
que muitos dos conceitos químicos são abstratos
e parte dos fenômenos estudados ocorre no nível
microscópico (GABEL, 1999).
Na literatura há numerosos trabalhos que eviden-
ciam os benefícios da utilização dos MCs em sala
de aula (IFENTHALER, 2010; HAY, KINCHIN e
LYGO-BAKER, 2008; YIN et al., 2005; TORRES
e MARRIOT, 2009; CICUTO e CORREIA, 2012;
CICUTO e CORREIA, 2013; CICUTO, MENDES
e CORREIA, 2013; CORREIA, DONNER JR. e
INFANTE-MALACHIAS, 2008; CORREIA, 2012).
No entanto, nossa experiência vem demonstrando
que professores de Ciências (Química, Física e Bio-
logia) raramente conseguem atingir os benefícios
descritos na literatura. Isso ocorre principalmente
pela compreensão superficial (ou ausência) sobre
a fundamentação teórico-prático para a adequada
implementação dessa ferramenta no cotidiano es-
colar (HILBERT e RENKL, 2008, CONRADTY e
BOGNER, 2010; AGUIAR, CICUTO e CORREIA,
2013; KINCHIN, 2001). Esses argumentos justifi-
cam o interesse e a necessidade de se compreender
quais são os aspectos críticos para a utilização dos
MCs, a fim de obter os benefícios da técnica de
mapeamento conceitual.
OBJETIVO
O objetivo da presente proposta é discutir porque
as proposições (Ps) e a pergunta focal (PF) são
aspectos críticos para elaboração de bons MCs.
Aspectos críticos para elaboração de bons mapas
conceituais
Proposição: unidade semântica dos mapas con-
ceituais
As proposições (Ps) são as unidades fundamentais
dos MCs (Figura 1). Elas são formadas por 2 con-
ceitos, 1 termo de ligação (TL) e 1 seta que indica
o sentido de leitura.
Figura 1. Analogia entre as unidades semânticas dos MCs e a
Química: conceitos (~átomos) e as Ps (~ moléculas).
2VII ENCONTRO PAULISTA DE PESQUISA EM ENSINO DE QUÍMICA, 2013
Segundo Novak e Cañas (2008), os conceitos
seriam como os átomos e as Ps seriam como as
moléculas. Os conceitos podem ser combinados
para inúmeras Ps, assim com os átomos formam
um número infinito de tipos de moléculas. Além
disso, as combinações entre os conceitos através de
um TL permitem verificar se as infinitas relações
estabelecidas nas Ps são válidas e significativas
(NOVAK e CAÑAS, 2008).
As Ps são o principal diferencial dos MCs, pois
permitem relacionar conceitos (regularidade per-
cebida em eventos ou objetos) com alto grau de pre-
cisão. Elas são unidades semânticas que carregam
uma mensagem. Por isso, o TL deve apresentar um
verbo (relações conceituais expressas sem verbos
não formam uma declaração assertiva). Mudanças
nos TLs podem mudar radicalmente o sentido das
mensagens das Ps. Os exemplos a seguir eviden-
ciam essas mudanças:
(a)
Inversão entre o conceito inicial e o conceito final:
1. moléculas – são formadas por -> átomos
2. átomos – são formados por -> moléculas
Uso da palavra “não”:
1. moléculas –são formadas por -> átomos
2. moléculas – não são formadas por -> átomos
A primeira P nos 2 casos (moléculas – são formadas
por -> átomos) é apropriada, contudo a inversão
entre o conceito inicial e o conceito final (átomos –
são formados por -> moléculas) e o uso da palavra
“não” (moléculas – não são formadas por -> átomos)
tornou essas Ps inapropriadas. Esses exemplos
destacam o alto grau de precisão das Ps nos MCs.
A Figura 2 evidencia o papel das Ps para exter-
nalizar claramente as ideias. Na Figura 2a um
organizador gráfico sem Ps e na Figura 2b um
MC (com Ps).
(b)
Figura 2. Exemplos de representações gráficas sobre ligações químicas para evidenciar o papel das Ps: organizador gráfico sem
Ps (Figura 2a); MC - presença de Ps (Figura 2b).
A Figura 2a não apresenta Ps, por isso não pode-
mos classificar esse organizador gráfico como MCs.
A ausência dos TLs revela que há apenas uma as-
sociação entre os conceitos, mas as relações entre
eles não são expressas pelo autor (ex.: [1] átomos
− configuração eletrônica estável; [2] configuração
eletrônica estável − camada de valência; [3] con-
figuração eletrônica estável − gases nobres). A re-
presentação da Figura 2a é semelhante aos mapas
mentais. Eles são criados de forma livre, no qual o
pensamento espontâneo é necessário para a criação
das associações entre as ideias. Assim, os mapas
mentais são essencialmente mapas de associação.
Neles não é possível ajustar a clareza e correção
conceitual das mensagens (DAVIES, 2011).
A Figura 2b apresenta Ps (unidade semântica dos
MCs). Nesse caso, as relações estabelecidas podem
ser claramente identificadas apenas com a leitu-
ra da rede proposicional (ex.: [1] átomos − visam
atingir -> configuração eletrônica estável; [2] con-
figuração eletrônica estável − é determinada pela
-> camada de valência; [3] configuração eletrônica
estável − é encontrada naturalmente nos -> gases
nobres). A inclusão de um TL faz com que os MCs
3VII ENCONTRO PAULISTA DE PESQUISA EM ENSINO DE QUÍMICA, 2013
sejam uma técnica atraente para comunicar o co-
nhecimento e as ideias de forma clara. A presença
de Ps é uma característica que deve ser considera-
da para seleção adequada do tipo de organizador
gráfico utilizado nas atividades desenvolvidas em
sala de aula.
(a)
Pergunta focal: parâmetro para seleção de
conceitos e termos de ligação
A pergunta focal (PF) é o parâmetro utilizado para
seleção dos conceitos e dos TLs mais relevantes
para elaboração das Ps (Figura 3). A PF evita a
elaboração de MCs gerais ou com elevado número
de conceitos.
(b)
Figura 3. Dois exemplos de MCs sobre ligações químicas com diferentes PFs: (a) Quais são os tipos de ligações químicas e (b) Por
que ocorrem as ligações químicas.
O MC da Figura 3a responde a PF “Quais são os
tipos de ligações químicas”, mas esse MC não res-
ponde a outra pergunta sobre ligações químicas:
“Por que ocorrem as ligações químicas” (Figura
3b). A apreciação conjunta das Figuras 3a e 3b
permite observar que apenas um conceito é man-
tido nos dois MCs: ligações químicas. A relevância
para seleção das Ps muda de acordo com a PF. O
exemplo abaixo retrata essa diferença na seleção
dos conceitos e dos TLs:
Quais são os tipos de ligações químicas?
1. ligações químicas − podem ser -> ligação iônica
2. ligações químicas − podem ser -> ligação cova-
lente
3. ligações químicas − podem ser -> ligação me-
tálica
Por que ocorrem as ligações químicas?
1. átomos − visam atingir -> configuração eletrô-
nica estável
2. configuração eletrônica estável − é determinada
pela -> camada de valência
3. configuração eletrônica estável − é encontrada
naturalmente nos ->gases nobres
Os conceitos e TLs selecionados para a 1ª PF (Quais
são os tipos de ligações químicas?) são pouco rele-
vante para responde a 2ª PF (Por que ocorrem as li-
gações químicas?) e o inverso também é verdadeiro.
Durante a elaboração dos MCs é frequente que os
mapeadores estabeleçam Ps com pouca relevância
para o tema. A PF é uma boa maneira conferir foco,
pois limita o contexto e o tamanho do MC.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O MC é uma ferramenta de organização e repre-
sentação do conhecimento que pode promover
mudanças na dinâmica da sala de aula. Porém, a
aparente facilidade da técnica de mapeamento con-
ceitual pode ser uma armadilha perigosa, visto que
é necessário entender os aspectos críticos que com-
põem bons MCs. A importância das Ps e da PF foi
discutida a partir da literatura pertinente à área de
mapeamento conceitual. Esses elementos críticos
estão alinhados com a epistemologia construtivista
proposta por Ausubel, que destaca os conceitos e
proposições como elementos constituintes do co-
nhecimento conceitual. Por consequência, Ps e PF
são dois elementos teórico-práticos de referência
para avaliar a qualidade do MC e a qualidade do
conhecimento declarativo representado através
das relações da rede proposicional. Ps e PF devem
ser considerados pelos professores das diferentes
4VII ENCONTRO PAULISTA DE PESQUISA EM ENSINO DE QUÍMICA, 2013
áreas da Química (ex.: Química Analítica, Bioquí-
mica, Química Orgânica, Química Inorgânica, etc)
em diferentes níveis da educação formal (ensino
fundamental, médio ou superior) para o bom uso
da técnica de mapeamento conceitual.
AGRADECIMENTOS
CAPES, CNPq e FAPESP.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR, J. G.; CICUTO, C. A. T.; CORREIA,
P.R.M. How can we prepare effective concept
maps? Training procedures and assessment
tools to evaluate mappers’ proficiency. Journal
of Science Education, no prelo, 2013.
AUSUBEL, D. P. The acquisition and retention
of knowledge: a cognitive view. Dordrechet:
Kluwer Academic Publishers, 2000.
CICUTO, C. A. T.; CORREIA, P. R. M. Análise de
Vizinhança: uma nova abordagem para avaliar a
rede proposicional de mapas conceituais. Revista
Brasileira de Ensino de Física, São Paulo, v. 34,
n. 1, p. 1401-1411, 2012.
CICUTO, C. A. T.; CORREIA, P. R. M. Mapeamen-
to conceitual e o uso de conceito obrigatório para
fazer avaliação diagnóstica dos conhecimentos
dos alunos. Journal of Science Education, SPE-
CIAL ISSUE, v. 14, p. 23-28, 2013.
CICUTO, C. A. T.; MENDES, B. C.; CORREIA, P.
R. M. Nova abordagem para verificar como os
alunos articulam diferentes materiais instru-
cionais utilizando mapas conceituais. Revista
Brasileira de Ensino de Física, no prelo, 2013.
CONRADTY, C.; BOGNER, F. X. Implementa-
tion of Concept Mapping to Novices: Reasons
for Errors, a Matter of Technique or Content?
Educational Studies, v. 36, n. 1, p. 47-58, 2010.
CORREIA, P. R. M. The use of concept maps for
knowledge management: from classrooms to
research labs. Analytical and Bioanalytical
Chemistry, v. 402, n. 6, p. 1979-1986, 2012.
CORREIA, P. R. M.; DONNER JR., J. W. A.; IN-
FANTE-MALACHIAS, M. E. Mapeamento con-
ceitual como estratégia para romper fronteiras
disciplinares: a isomeria nos sistemas biológicos.
Ciência e Educação, v.14, n.3, p.483-495, 2008.
DAVIES, M. Concept mapping, mind mapping and
argument mapping: what are the differences
and do they matter? Higher Education, v. 62,
n. 3, p. 279-301, 2011.
GABEL, D. Improving teaching and learning
through chemistry education research: A look
to the future. Journal of Chemical Education,
v.76, n. 4, p. 548- 554, 1999.
HAY, D; KINCHIN, I.; LYGO-BAKER, S. Making
learning visible: the role of concept mapping in
higher education. Studies in Higher Education,
v. 33, n. 3, p. 295-311, 2008.
HILBERT, T. S.; RENKL, A. Concept mapping
as a follow-up strategy to learning from texts:
what characterizes good and poor mappers?
Instructional Science, v. 36, n. 1, p. 53-73, 2008.
IFENTHALER, D. Relational, Structural, and
Semantic Analysis of Graphical Representations
and Concept Maps. Educational Technology,
Research, and Development, v. 58, n.1, p. 81-
97, 2010.
KINCHIN, I. M. If concept mapping is so helpful
to learning biology, why aren't we all doing it?
International Journal of Science Education, v.
23, n. 12, p. 1257-1269, 2001.
NOVAK, J.D. Learning, creating, and using kno-
wledge: concept maps as facilitative tools in
schools and corporations. New York: Routledge,
2010.
NOVAK, J. D.; CAÑAS, A. J. The theory under-
lying concept maps and how to construct and
use them: Technical report. Pensacola: IHMC
Florida Institute for Human and Machine Cog-
nition, 2008.
TORRES, P. L.; MARRIOTT, R. C. V. Handbook
of research on collaborative learning using
concept mapping. Hershey: Information Science
Reference, 2009.
YIN, Y.; VANIDES, J.; RUIZ PRIMO, M. A.; AYA-
LA, C. C.; SHAVELSON, R. J. Comparison of
two concept mapping techniques: Implications
for scoring, interpretation, and use. Journal
of Research in Science Teaching, v. 42, n. 2, p.
166-184, 2005.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Elaboracao de bons m cs

Ligação química abordagem clássica ou quântica
Ligação química abordagem clássica ou quânticaLigação química abordagem clássica ou quântica
Ligação química abordagem clássica ou quânticaManoel Barrionuevo
 
Texto Fundamentação Funções
Texto Fundamentação FunçõesTexto Fundamentação Funções
Texto Fundamentação Funçõesbtizatto1
 
Desenvolvimento do pensamento algebrico
Desenvolvimento do pensamento algebricoDesenvolvimento do pensamento algebrico
Desenvolvimento do pensamento algebricoCarlos Leão
 
Símbolos na Química - http://quimicaempratica.com/
Símbolos na Química - http://quimicaempratica.com/Símbolos na Química - http://quimicaempratica.com/
Símbolos na Química - http://quimicaempratica.com/Karoline dos Santos Tarnowski
 
Comunidades virtuais de_aprendizagem
Comunidades virtuais de_aprendizagemComunidades virtuais de_aprendizagem
Comunidades virtuais de_aprendizagemJoanirse
 
Algumas observações sobre a forma lógica wittgenstein
Algumas observações sobre a forma lógica   wittgensteinAlgumas observações sobre a forma lógica   wittgenstein
Algumas observações sobre a forma lógica wittgensteinOsandijr
 
Texto Fundamentacao Funcoes
Texto Fundamentacao FuncoesTexto Fundamentacao Funcoes
Texto Fundamentacao Funcoesbtizatto1
 
Inovacões tecnologicas e a complexidade do sistema economico
Inovacões tecnologicas e a complexidade do sistema economicoInovacões tecnologicas e a complexidade do sistema economico
Inovacões tecnologicas e a complexidade do sistema economicoFranklin Gomes
 
Inovacoes tecnologicas-e-a-complexidade-do-sistema-economico
Inovacoes tecnologicas-e-a-complexidade-do-sistema-economicoInovacoes tecnologicas-e-a-complexidade-do-sistema-economico
Inovacoes tecnologicas-e-a-complexidade-do-sistema-economicoatilliocosta
 

Semelhante a Elaboracao de bons m cs (17)

Ligação química abordagem clássica ou quântica
Ligação química abordagem clássica ou quânticaLigação química abordagem clássica ou quântica
Ligação química abordagem clássica ou quântica
 
Texto Fundamentação Funções
Texto Fundamentação FunçõesTexto Fundamentação Funções
Texto Fundamentação Funções
 
Desenvolvimento do pensamento algebrico
Desenvolvimento do pensamento algebricoDesenvolvimento do pensamento algebrico
Desenvolvimento do pensamento algebrico
 
Snef2007
Snef2007Snef2007
Snef2007
 
Equilíbrio e Ciclos
Equilíbrio e CiclosEquilíbrio e Ciclos
Equilíbrio e Ciclos
 
Cbc novo
 Cbc novo Cbc novo
Cbc novo
 
Química Farmacêutica
Química FarmacêuticaQuímica Farmacêutica
Química Farmacêutica
 
Símbolos na Química - http://quimicaempratica.com/
Símbolos na Química - http://quimicaempratica.com/Símbolos na Química - http://quimicaempratica.com/
Símbolos na Química - http://quimicaempratica.com/
 
Dificuldade de aprender l g
Dificuldade  de aprender l gDificuldade  de aprender l g
Dificuldade de aprender l g
 
Mapa conceitual
Mapa conceitualMapa conceitual
Mapa conceitual
 
Pcn Quimica
Pcn QuimicaPcn Quimica
Pcn Quimica
 
Comunidades virtuais de_aprendizagem
Comunidades virtuais de_aprendizagemComunidades virtuais de_aprendizagem
Comunidades virtuais de_aprendizagem
 
Algumas observações sobre a forma lógica wittgenstein
Algumas observações sobre a forma lógica   wittgensteinAlgumas observações sobre a forma lógica   wittgenstein
Algumas observações sobre a forma lógica wittgenstein
 
Texto Fundamentacao Funcoes
Texto Fundamentacao FuncoesTexto Fundamentacao Funcoes
Texto Fundamentacao Funcoes
 
Inovacões tecnologicas e a complexidade do sistema economico
Inovacões tecnologicas e a complexidade do sistema economicoInovacões tecnologicas e a complexidade do sistema economico
Inovacões tecnologicas e a complexidade do sistema economico
 
Inovacoes tecnologicas-e-a-complexidade-do-sistema-economico
Inovacoes tecnologicas-e-a-complexidade-do-sistema-economicoInovacoes tecnologicas-e-a-complexidade-do-sistema-economico
Inovacoes tecnologicas-e-a-complexidade-do-sistema-economico
 
Trabalho de didatica
Trabalho de didaticaTrabalho de didatica
Trabalho de didatica
 

Último

HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
v19n2s3a25.pdfgcbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbb
v19n2s3a25.pdfgcbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbv19n2s3a25.pdfgcbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbb
v19n2s3a25.pdfgcbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbyasminlarissa371
 
Free-Netflix-PowerPoint-Template-pptheme-1.pptx
Free-Netflix-PowerPoint-Template-pptheme-1.pptxFree-Netflix-PowerPoint-Template-pptheme-1.pptx
Free-Netflix-PowerPoint-Template-pptheme-1.pptxkarinasantiago54
 
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosBingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosAntnyoAllysson
 
Gametogênese, formação dos gametas masculino e feminino
Gametogênese, formação dos gametas masculino e femininoGametogênese, formação dos gametas masculino e feminino
Gametogênese, formação dos gametas masculino e femininoCelianeOliveira8
 
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdfPPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdfAnaGonalves804156
 
6°ano Uso de pontuação e acentuação.pptx
6°ano Uso de pontuação e acentuação.pptx6°ano Uso de pontuação e acentuação.pptx
6°ano Uso de pontuação e acentuação.pptxErivaldoLima15
 
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdfSlides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdfpaulafernandes540558
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxIsabellaGomes58
 
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕESPRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕESpatriciasofiacunha18
 
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdfO guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdfErasmo Portavoz
 
PLANEJAMENTO anual do 3ANO fundamental 1 MG.pdf
PLANEJAMENTO anual do  3ANO fundamental 1 MG.pdfPLANEJAMENTO anual do  3ANO fundamental 1 MG.pdf
PLANEJAMENTO anual do 3ANO fundamental 1 MG.pdfProfGleide
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveaulasgege
 
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecasMesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecasRicardo Diniz campos
 
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfDIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfIedaGoethe
 
Dança Contemporânea na arte da dança primeira parte
Dança Contemporânea na arte da dança primeira parteDança Contemporânea na arte da dança primeira parte
Dança Contemporânea na arte da dança primeira partecoletivoddois
 
organizaao-do-clube-de-lideres-ctd-aamar_compress.pdf
organizaao-do-clube-de-lideres-ctd-aamar_compress.pdforganizaao-do-clube-de-lideres-ctd-aamar_compress.pdf
organizaao-do-clube-de-lideres-ctd-aamar_compress.pdfCarlosRodrigues832670
 
Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdf
Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdfMapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdf
Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdfangelicass1
 
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISVitor Vieira Vasconcelos
 
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 

Último (20)

HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
v19n2s3a25.pdfgcbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbb
v19n2s3a25.pdfgcbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbv19n2s3a25.pdfgcbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbb
v19n2s3a25.pdfgcbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbb
 
Free-Netflix-PowerPoint-Template-pptheme-1.pptx
Free-Netflix-PowerPoint-Template-pptheme-1.pptxFree-Netflix-PowerPoint-Template-pptheme-1.pptx
Free-Netflix-PowerPoint-Template-pptheme-1.pptx
 
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosBingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
 
Gametogênese, formação dos gametas masculino e feminino
Gametogênese, formação dos gametas masculino e femininoGametogênese, formação dos gametas masculino e feminino
Gametogênese, formação dos gametas masculino e feminino
 
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdfPPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
 
6°ano Uso de pontuação e acentuação.pptx
6°ano Uso de pontuação e acentuação.pptx6°ano Uso de pontuação e acentuação.pptx
6°ano Uso de pontuação e acentuação.pptx
 
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdfSlides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
 
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕESPRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
 
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdfO guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
 
PLANEJAMENTO anual do 3ANO fundamental 1 MG.pdf
PLANEJAMENTO anual do  3ANO fundamental 1 MG.pdfPLANEJAMENTO anual do  3ANO fundamental 1 MG.pdf
PLANEJAMENTO anual do 3ANO fundamental 1 MG.pdf
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
 
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecasMesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
 
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfDIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
 
Dança Contemporânea na arte da dança primeira parte
Dança Contemporânea na arte da dança primeira parteDança Contemporânea na arte da dança primeira parte
Dança Contemporânea na arte da dança primeira parte
 
organizaao-do-clube-de-lideres-ctd-aamar_compress.pdf
organizaao-do-clube-de-lideres-ctd-aamar_compress.pdforganizaao-do-clube-de-lideres-ctd-aamar_compress.pdf
organizaao-do-clube-de-lideres-ctd-aamar_compress.pdf
 
Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdf
Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdfMapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdf
Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdf
 
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
 
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
 

Elaboracao de bons m cs

  • 1. 1VII ENCONTRO PAULISTA DE PESQUISA EM ENSINO DE QUÍMICA, 2013VII ENCONTRO PAULISTA DE PESQUISA EM ENSINO DE QUÍMICA, 2013 Quais são os aspectos críticos para elaboração de bons mapas conceituais? Camila Aparecida Tolentino Cicuto1 (PG), Rafael Leonardo Rocha2 (IC) Aline Orvalho Pereira2 (IC) e Paulo Rogério Miranda Correia2 (PQ)* 1 Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP. 2 Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo (EACH/USP), São Paulo, SP. *prmc@usp.br Palavras Chave: mapas conceituais, Ensino de Química e ligações químicas. Resumo: Os mapas conceituais (MCs) são organizadores gráficos com grande potencial para promover mudanças no processo de ensino-aprendizagem. Em particular no ensino de química, essas mudanças são desejáveis já que muitos dos conceitos químicos são abstratos e parte dos fenômenos estudados ocorre no nível microscópico. A presente proposta tem como objetivo discutir porque as proposições (Ps) e a pergunta focal (PF) são aspectos críticos para elaboração de bons MCs. Ps são unidades fundamentais dos MCs. Por esse motivo, as representações gráficas sem Ps não podem ser classificadas como MCs. A PF é o parâmetro para a seleção dos conceitos e proposições. Ps e PF são dois elementos teórico-práticos de referência para avaliar a qualidade dos MCs. Esses aspectos críticos devem ser considerados pelos professores das diferentes áreas da Química em diferentes níveis da educação formal para o bom uso da técnica de mapeamento conceitual. INTRODUÇÃO Novas estratégias de ensino são fundamentais para alterar a dinâmica da sala de aula tradicional. O mapa conceitual (MC) é uma ferramenta interes- sante para promover mudanças porque ele permite estimular a aprendizagem significativa através da construção de significados entre os conhecimentos prévios e as novas informações (NOVAK, 2010, AUSUBEL, 2000). Em particular no Ensino de Química, essas mudanças são muito desejáveis já que muitos dos conceitos químicos são abstratos e parte dos fenômenos estudados ocorre no nível microscópico (GABEL, 1999). Na literatura há numerosos trabalhos que eviden- ciam os benefícios da utilização dos MCs em sala de aula (IFENTHALER, 2010; HAY, KINCHIN e LYGO-BAKER, 2008; YIN et al., 2005; TORRES e MARRIOT, 2009; CICUTO e CORREIA, 2012; CICUTO e CORREIA, 2013; CICUTO, MENDES e CORREIA, 2013; CORREIA, DONNER JR. e INFANTE-MALACHIAS, 2008; CORREIA, 2012). No entanto, nossa experiência vem demonstrando que professores de Ciências (Química, Física e Bio- logia) raramente conseguem atingir os benefícios descritos na literatura. Isso ocorre principalmente pela compreensão superficial (ou ausência) sobre a fundamentação teórico-prático para a adequada implementação dessa ferramenta no cotidiano es- colar (HILBERT e RENKL, 2008, CONRADTY e BOGNER, 2010; AGUIAR, CICUTO e CORREIA, 2013; KINCHIN, 2001). Esses argumentos justifi- cam o interesse e a necessidade de se compreender quais são os aspectos críticos para a utilização dos MCs, a fim de obter os benefícios da técnica de mapeamento conceitual. OBJETIVO O objetivo da presente proposta é discutir porque as proposições (Ps) e a pergunta focal (PF) são aspectos críticos para elaboração de bons MCs. Aspectos críticos para elaboração de bons mapas conceituais Proposição: unidade semântica dos mapas con- ceituais As proposições (Ps) são as unidades fundamentais dos MCs (Figura 1). Elas são formadas por 2 con- ceitos, 1 termo de ligação (TL) e 1 seta que indica o sentido de leitura. Figura 1. Analogia entre as unidades semânticas dos MCs e a Química: conceitos (~átomos) e as Ps (~ moléculas).
  • 2. 2VII ENCONTRO PAULISTA DE PESQUISA EM ENSINO DE QUÍMICA, 2013 Segundo Novak e Cañas (2008), os conceitos seriam como os átomos e as Ps seriam como as moléculas. Os conceitos podem ser combinados para inúmeras Ps, assim com os átomos formam um número infinito de tipos de moléculas. Além disso, as combinações entre os conceitos através de um TL permitem verificar se as infinitas relações estabelecidas nas Ps são válidas e significativas (NOVAK e CAÑAS, 2008). As Ps são o principal diferencial dos MCs, pois permitem relacionar conceitos (regularidade per- cebida em eventos ou objetos) com alto grau de pre- cisão. Elas são unidades semânticas que carregam uma mensagem. Por isso, o TL deve apresentar um verbo (relações conceituais expressas sem verbos não formam uma declaração assertiva). Mudanças nos TLs podem mudar radicalmente o sentido das mensagens das Ps. Os exemplos a seguir eviden- ciam essas mudanças: (a) Inversão entre o conceito inicial e o conceito final: 1. moléculas – são formadas por -> átomos 2. átomos – são formados por -> moléculas Uso da palavra “não”: 1. moléculas –são formadas por -> átomos 2. moléculas – não são formadas por -> átomos A primeira P nos 2 casos (moléculas – são formadas por -> átomos) é apropriada, contudo a inversão entre o conceito inicial e o conceito final (átomos – são formados por -> moléculas) e o uso da palavra “não” (moléculas – não são formadas por -> átomos) tornou essas Ps inapropriadas. Esses exemplos destacam o alto grau de precisão das Ps nos MCs. A Figura 2 evidencia o papel das Ps para exter- nalizar claramente as ideias. Na Figura 2a um organizador gráfico sem Ps e na Figura 2b um MC (com Ps). (b) Figura 2. Exemplos de representações gráficas sobre ligações químicas para evidenciar o papel das Ps: organizador gráfico sem Ps (Figura 2a); MC - presença de Ps (Figura 2b). A Figura 2a não apresenta Ps, por isso não pode- mos classificar esse organizador gráfico como MCs. A ausência dos TLs revela que há apenas uma as- sociação entre os conceitos, mas as relações entre eles não são expressas pelo autor (ex.: [1] átomos − configuração eletrônica estável; [2] configuração eletrônica estável − camada de valência; [3] con- figuração eletrônica estável − gases nobres). A re- presentação da Figura 2a é semelhante aos mapas mentais. Eles são criados de forma livre, no qual o pensamento espontâneo é necessário para a criação das associações entre as ideias. Assim, os mapas mentais são essencialmente mapas de associação. Neles não é possível ajustar a clareza e correção conceitual das mensagens (DAVIES, 2011). A Figura 2b apresenta Ps (unidade semântica dos MCs). Nesse caso, as relações estabelecidas podem ser claramente identificadas apenas com a leitu- ra da rede proposicional (ex.: [1] átomos − visam atingir -> configuração eletrônica estável; [2] con- figuração eletrônica estável − é determinada pela -> camada de valência; [3] configuração eletrônica estável − é encontrada naturalmente nos -> gases nobres). A inclusão de um TL faz com que os MCs
  • 3. 3VII ENCONTRO PAULISTA DE PESQUISA EM ENSINO DE QUÍMICA, 2013 sejam uma técnica atraente para comunicar o co- nhecimento e as ideias de forma clara. A presença de Ps é uma característica que deve ser considera- da para seleção adequada do tipo de organizador gráfico utilizado nas atividades desenvolvidas em sala de aula. (a) Pergunta focal: parâmetro para seleção de conceitos e termos de ligação A pergunta focal (PF) é o parâmetro utilizado para seleção dos conceitos e dos TLs mais relevantes para elaboração das Ps (Figura 3). A PF evita a elaboração de MCs gerais ou com elevado número de conceitos. (b) Figura 3. Dois exemplos de MCs sobre ligações químicas com diferentes PFs: (a) Quais são os tipos de ligações químicas e (b) Por que ocorrem as ligações químicas. O MC da Figura 3a responde a PF “Quais são os tipos de ligações químicas”, mas esse MC não res- ponde a outra pergunta sobre ligações químicas: “Por que ocorrem as ligações químicas” (Figura 3b). A apreciação conjunta das Figuras 3a e 3b permite observar que apenas um conceito é man- tido nos dois MCs: ligações químicas. A relevância para seleção das Ps muda de acordo com a PF. O exemplo abaixo retrata essa diferença na seleção dos conceitos e dos TLs: Quais são os tipos de ligações químicas? 1. ligações químicas − podem ser -> ligação iônica 2. ligações químicas − podem ser -> ligação cova- lente 3. ligações químicas − podem ser -> ligação me- tálica Por que ocorrem as ligações químicas? 1. átomos − visam atingir -> configuração eletrô- nica estável 2. configuração eletrônica estável − é determinada pela -> camada de valência 3. configuração eletrônica estável − é encontrada naturalmente nos ->gases nobres Os conceitos e TLs selecionados para a 1ª PF (Quais são os tipos de ligações químicas?) são pouco rele- vante para responde a 2ª PF (Por que ocorrem as li- gações químicas?) e o inverso também é verdadeiro. Durante a elaboração dos MCs é frequente que os mapeadores estabeleçam Ps com pouca relevância para o tema. A PF é uma boa maneira conferir foco, pois limita o contexto e o tamanho do MC. CONSIDERAÇÕES FINAIS O MC é uma ferramenta de organização e repre- sentação do conhecimento que pode promover mudanças na dinâmica da sala de aula. Porém, a aparente facilidade da técnica de mapeamento con- ceitual pode ser uma armadilha perigosa, visto que é necessário entender os aspectos críticos que com- põem bons MCs. A importância das Ps e da PF foi discutida a partir da literatura pertinente à área de mapeamento conceitual. Esses elementos críticos estão alinhados com a epistemologia construtivista proposta por Ausubel, que destaca os conceitos e proposições como elementos constituintes do co- nhecimento conceitual. Por consequência, Ps e PF são dois elementos teórico-práticos de referência para avaliar a qualidade do MC e a qualidade do conhecimento declarativo representado através das relações da rede proposicional. Ps e PF devem ser considerados pelos professores das diferentes
  • 4. 4VII ENCONTRO PAULISTA DE PESQUISA EM ENSINO DE QUÍMICA, 2013 áreas da Química (ex.: Química Analítica, Bioquí- mica, Química Orgânica, Química Inorgânica, etc) em diferentes níveis da educação formal (ensino fundamental, médio ou superior) para o bom uso da técnica de mapeamento conceitual. AGRADECIMENTOS CAPES, CNPq e FAPESP. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, J. G.; CICUTO, C. A. T.; CORREIA, P.R.M. How can we prepare effective concept maps? Training procedures and assessment tools to evaluate mappers’ proficiency. Journal of Science Education, no prelo, 2013. AUSUBEL, D. P. The acquisition and retention of knowledge: a cognitive view. Dordrechet: Kluwer Academic Publishers, 2000. CICUTO, C. A. T.; CORREIA, P. R. M. Análise de Vizinhança: uma nova abordagem para avaliar a rede proposicional de mapas conceituais. Revista Brasileira de Ensino de Física, São Paulo, v. 34, n. 1, p. 1401-1411, 2012. CICUTO, C. A. T.; CORREIA, P. R. M. Mapeamen- to conceitual e o uso de conceito obrigatório para fazer avaliação diagnóstica dos conhecimentos dos alunos. Journal of Science Education, SPE- CIAL ISSUE, v. 14, p. 23-28, 2013. CICUTO, C. A. T.; MENDES, B. C.; CORREIA, P. R. M. Nova abordagem para verificar como os alunos articulam diferentes materiais instru- cionais utilizando mapas conceituais. Revista Brasileira de Ensino de Física, no prelo, 2013. CONRADTY, C.; BOGNER, F. X. Implementa- tion of Concept Mapping to Novices: Reasons for Errors, a Matter of Technique or Content? Educational Studies, v. 36, n. 1, p. 47-58, 2010. CORREIA, P. R. M. The use of concept maps for knowledge management: from classrooms to research labs. Analytical and Bioanalytical Chemistry, v. 402, n. 6, p. 1979-1986, 2012. CORREIA, P. R. M.; DONNER JR., J. W. A.; IN- FANTE-MALACHIAS, M. E. Mapeamento con- ceitual como estratégia para romper fronteiras disciplinares: a isomeria nos sistemas biológicos. Ciência e Educação, v.14, n.3, p.483-495, 2008. DAVIES, M. Concept mapping, mind mapping and argument mapping: what are the differences and do they matter? Higher Education, v. 62, n. 3, p. 279-301, 2011. GABEL, D. Improving teaching and learning through chemistry education research: A look to the future. Journal of Chemical Education, v.76, n. 4, p. 548- 554, 1999. HAY, D; KINCHIN, I.; LYGO-BAKER, S. Making learning visible: the role of concept mapping in higher education. Studies in Higher Education, v. 33, n. 3, p. 295-311, 2008. HILBERT, T. S.; RENKL, A. Concept mapping as a follow-up strategy to learning from texts: what characterizes good and poor mappers? Instructional Science, v. 36, n. 1, p. 53-73, 2008. IFENTHALER, D. Relational, Structural, and Semantic Analysis of Graphical Representations and Concept Maps. Educational Technology, Research, and Development, v. 58, n.1, p. 81- 97, 2010. KINCHIN, I. M. If concept mapping is so helpful to learning biology, why aren't we all doing it? International Journal of Science Education, v. 23, n. 12, p. 1257-1269, 2001. NOVAK, J.D. Learning, creating, and using kno- wledge: concept maps as facilitative tools in schools and corporations. New York: Routledge, 2010. NOVAK, J. D.; CAÑAS, A. J. The theory under- lying concept maps and how to construct and use them: Technical report. Pensacola: IHMC Florida Institute for Human and Machine Cog- nition, 2008. TORRES, P. L.; MARRIOTT, R. C. V. Handbook of research on collaborative learning using concept mapping. Hershey: Information Science Reference, 2009. YIN, Y.; VANIDES, J.; RUIZ PRIMO, M. A.; AYA- LA, C. C.; SHAVELSON, R. J. Comparison of two concept mapping techniques: Implications for scoring, interpretation, and use. Journal of Research in Science Teaching, v. 42, n. 2, p. 166-184, 2005.