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IV Simpósio Nacional ABCiber
SORRIA
A questão da privacidade nas plataformas ciberculturais
de relacionamento e projeção subjetiva
Cíntia Dal Bello
Pontifícia Universidade Católica de
Universidade Nove de Julho (UNINOVE)
Resumo: Nas redes sociais digitais, a inscrição generalizada de indivíduos
ansiosos por expor sua intimidade, em um abandono espontâneo e voluntarioso de pudores e
segredos, leva a crer que a privac
para pensar a dinâmica cibercultural de circunscrição subjetiva e relacionamento com o
O discurso corrente, amparado por pesquisadores e profissionais de tecnologia, celebra a
evasão de privacidade como característica diferencial da
modelos de publicização de informações pessoais à revelia d
contexto em que visibilidade, vigilância, identidade e indexação tornam
urge recolocar a questão da privacidade
up to date e transpolítica do ideal utópico e teleológico de uma
Palavras-chave
Privacidade.
1
Artigo científico apresentado ao eixo temático “Redes sociais, comunidades virtuais e sociabilidade”, do IV
Simpósio Nacional da ABCiber.
2
Doutoranda em Comunicação e Semiótica do PEPGCOS
pesquisadora do curso de Comunicação Social
pesquisa versa sobre cibercultura e subjetividade,
orientada pelo Prof. Dr. Eugênio Trivinho.
(www.cintiadalbello.blogspot.com
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ
SORRIA, VOCÊ ESTÁ SENDO INDEXADO!
A questão da privacidade nas plataformas ciberculturais
de relacionamento e projeção subjetiva 1
Cíntia Dal Bello 2
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
Universidade Nove de Julho (UNINOVE)
Nas redes sociais digitais, a inscrição generalizada de indivíduos
ansiosos por expor sua intimidade, em um abandono espontâneo e voluntarioso de pudores e
segredos, leva a crer que a privacidade, em sua obsolescência, é um conceito inapropriado
a dinâmica cibercultural de circunscrição subjetiva e relacionamento com o
O discurso corrente, amparado por pesquisadores e profissionais de tecnologia, celebra a
dade como característica diferencial da Geração Y e dá margem a novos
modelos de publicização de informações pessoais à revelia de autorização prévia. Neste
contexto em que visibilidade, vigilância, identidade e indexação tornam
olocar a questão da privacidade como possibilidade de resistência individual à versão
do ideal utópico e teleológico de uma sociedade transparente
chave: Cibercultura; Redes sociais; Visibilidade;
Artigo científico apresentado ao eixo temático “Redes sociais, comunidades virtuais e sociabilidade”, do IV
Doutoranda em Comunicação e Semiótica do PEPGCOS-PUC-SP e bolsista CAPES; coordenadora, docente e
pesquisadora do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda da Universidade Nove de Julho. Sua
pesquisa versa sobre cibercultura e subjetividade, com interesse particular pelas emergentes redes sociais, e é
orientada pelo Prof. Dr. Eugênio Trivinho. E-mails: pubcintia@yahoo.com.br; cbello@uninove.br.
www.cintiadalbello.blogspot.com).
ECO/UFRJ
1
VOCÊ ESTÁ SENDO INDEXADO!
A questão da privacidade nas plataformas ciberculturais
Nas redes sociais digitais, a inscrição generalizada de indivíduos
ansiosos por expor sua intimidade, em um abandono espontâneo e voluntarioso de pudores e
idade, em sua obsolescência, é um conceito inapropriado
a dinâmica cibercultural de circunscrição subjetiva e relacionamento com o outro.
O discurso corrente, amparado por pesquisadores e profissionais de tecnologia, celebra a
e dá margem a novos
autorização prévia. Neste
contexto em que visibilidade, vigilância, identidade e indexação tornam-se indiscerníveis,
como possibilidade de resistência individual à versão
sociedade transparente.
Visibilidade; Indexação;
Artigo científico apresentado ao eixo temático “Redes sociais, comunidades virtuais e sociabilidade”, do IV
SP e bolsista CAPES; coordenadora, docente e
Publicidade e Propaganda da Universidade Nove de Julho. Sua
com interesse particular pelas emergentes redes sociais, e é
: pubcintia@yahoo.com.br; cbello@uninove.br.
IV Simpósio Nacional ABCiber
Introdução
Em tempos pós
(TRIVINHO, 2008), tornou
privado dissolveram-se. Inclusive, parece inapropriado falar em
quando se observa nas práticas
(em blogs, fotologs, redes sociais e metaversos
exposição e audiência – o que Sibilia (2008)
privacidade. Há mesmo quem afirme
acadêmicos e executivos de empresas como
pelo instituto Pew Internet &
nativos digitais da Geração Y
benefícios de uma “vida digital”
da privacidade, eles continuarão a negl
Figura 1
Apesar de soar assim tão obsoleta e não combinar nem um pouco com rótulos
to-date como Geração Y, a tal
dissolve mesmo quando o mais jovem
3 Veja-se “Geração Y não abandonará redes sociais” (9 jul. 2010)
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ
pós-modernos, na era da visibilidade mediática cibercultural
, tornou-se lugar comum afirmar que as fronteiras entre espaço público e
se. Inclusive, parece inapropriado falar em invas
nas práticas cotidianas de publicação e compartilhamento de informações
, redes sociais e metaversos) um movimento crescente em busca de
o que Sibilia (2008) chama, muito apropriadamente, de
Há mesmo quem afirme (71% dos 895 especialistas em Internet
acadêmicos e executivos de empresas como Microsoft, Google, Yahoo!
Pew Internet & American Life Project, nos Estados Unidos) que
Geração Y continuarão a compartilhar informações íntimas em troca dos
benefícios de uma “vida digital” – a menos que tenham uma “epifania coletiva sobre o valor
da privacidade, eles continuarão a negligenciá-la”. 3
1. O “tamanho” da política de privacidade do Facebook
(New York Times, 12 mai 2010).
Apesar de soar assim tão obsoleta e não combinar nem um pouco com rótulos
a tal “privacidade” permanece insolente, uma questão
dissolve mesmo quando o mais jovem bilionário do ramo das redes sociais
se “Geração Y não abandonará redes sociais” (9 jul. 2010).
ECO/UFRJ
2
visibilidade mediática cibercultural
se lugar comum afirmar que as fronteiras entre espaço público e
invasão de privacidade
e compartilhamento de informações
um movimento crescente em busca de
iadamente, de evasão de
Internet – pesquisadores,
Yahoo! e Linux – ouvidos
, nos Estados Unidos) que os jovens
a compartilhar informações íntimas em troca dos
a menos que tenham uma “epifania coletiva sobre o valor
Facebook
Apesar de soar assim tão obsoleta e não combinar nem um pouco com rótulos up-
, uma questão que não se
lionário do ramo das redes sociais – Mark
IV Simpósio Nacional ABCiber
Zuckerberg, cofundador do
O fato é que, sob alegação de oferecer um
o ônus de operar cerca de 5
política de privacidade, por outro lado,
(figura 1). No Brasil, o gigante
informações de acordo com seus círculos sociais, lançou
de conteúdo por Grupos
reviravolta em relação à propalada tendência de
Ao que parece, a
superada ou exaurida; antes, comparece reconfigurada nos deslocamentos
descentramentos característicos da época
acompanha, por sua vez, a crescente complexidade das plataformas ciberculturais de
relacionamento e projeção subjetiva,
pertinência do conceito
rastreamento, indexação, vigilância
de ser, estar e relacionar-se com o mundo.
Privacidade e individualidade: deslocamentos pós
Privacidade, individualidade
nas concepções políticas, ideológicas e teleológicas do projeto moderno
os quartos privados do mundo burguês
noções de individualidade e identidade
4 Veja-se: “Preocupações com privacidade no Facebook são exageradas, diz Zuckerberg” (14 set. 2010).
5 Conforme as reportagens “The price of Facebook Privacy?
Privacy: A Bewildering Tangle of Options
6
O Orkut, no Brasil, é 8,6 vezes maior que o
quando considerada a base mundial de membros (AGUIARI, 2010b).
7
A racionalidade dos imóveis burgueses, conforme Guerrand (1991, p. 332), no século XIX, “compreende
obrigatoriamente um espaço público de representação, um espaço privado para a intimidade familiar e espaços
de rejeição. Desde a entrada, a antecâmara, destinada à distribuição
ultrapassar sem convite”. A sala de jantar ou o salão de visitas, espaços de sociabilidade, constituíram o cenário
em que “a família oferece espetáculos aos seus convidados, instala a prataria e exibe um centro de
fabricado por um ouvires da moda”. O quarto conjugal, “templo da procriação e não da volúpia” (Ibid., p. 334),
concretizará a sacralização do ato sexual como íntimo e absolutamente privativo.
privacidade do quarto conjugal e, post
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ
do Facebook – decreta que esse tipo de preocupação é
, sob alegação de oferecer um controle preciso, a plataforma
cerca de 50 configurações de privacidade (com mais de 170 opções
, por outro lado, cresceu de 1.004 palavras para 5.830
o gigante Orkut 6
, sensível à necessidade do usuário de compartilhar
informações de acordo com seus círculos sociais, lançou um recurso que facilita a publicação
de Amigos cadastrados no perfil (AGUIARI, 2010 a)
ção à propalada tendência de tudo exibir e mostrar sem restrições
o que parece, a questão da privacidade nas redes sociais do
superada ou exaurida; antes, comparece reconfigurada nos deslocamentos
característicos da época. O conjunto de exemplos denota
acompanha, por sua vez, a crescente complexidade das plataformas ciberculturais de
relacionamento e projeção subjetiva, e aponta a necessidade premente
do conceito de “privacidade” em meio a tantos mecanismos de busca,
vigilância e visibilidade que dão lastro tecnológico
se com o mundo.
Privacidade e individualidade: deslocamentos pós-modernos
individualidade, identidade e sujeito são conceitos que
nas concepções políticas, ideológicas e teleológicas do projeto moderno
os quartos privados do mundo burguês 7
foram fundamentais para o desenvolvimento das
noções de individualidade e identidade – pois era no silêncio dessas fronteiras
Preocupações com privacidade no Facebook são exageradas, diz Zuckerberg” (14 set. 2010).
The price of Facebook Privacy? Start clicking” (BILTON,
Privacy: A Bewildering Tangle of Options – Graphic” (12 mai. 2010).
no Brasil, é 8,6 vezes maior que o Facebook em número de usuários, embora
quando considerada a base mundial de membros (AGUIARI, 2010b).
imóveis burgueses, conforme Guerrand (1991, p. 332), no século XIX, “compreende
obrigatoriamente um espaço público de representação, um espaço privado para a intimidade familiar e espaços
de rejeição. Desde a entrada, a antecâmara, destinada à distribuição, impõe-se como um filtro que não se pode
ultrapassar sem convite”. A sala de jantar ou o salão de visitas, espaços de sociabilidade, constituíram o cenário
em que “a família oferece espetáculos aos seus convidados, instala a prataria e exibe um centro de
fabricado por um ouvires da moda”. O quarto conjugal, “templo da procriação e não da volúpia” (Ibid., p. 334),
concretizará a sacralização do ato sexual como íntimo e absolutamente privativo.
privacidade do quarto conjugal e, posteriormente, do quarto próprio, constituía um luxo burguês.
ECO/UFRJ
3
esse tipo de preocupação é um exagero 4
.
controle preciso, a plataforma transfere ao usuário
com mais de 170 opções) 5
. Sua
cresceu de 1.004 palavras para 5.830 em cinco anos
sensível à necessidade do usuário de compartilhar
que facilita a publicação
(AGUIARI, 2010 a) – uma
sem restrições.
nas redes sociais do cyberspace não está
superada ou exaurida; antes, comparece reconfigurada nos deslocamentos, hibridações e
O conjunto de exemplos denota uma escalada que
acompanha, por sua vez, a crescente complexidade das plataformas ciberculturais de
premente de reflexão sobre a
em meio a tantos mecanismos de busca,
que dão lastro tecnológico a novas formas
modernos
são conceitos que se irmanam
nas concepções políticas, ideológicas e teleológicas do projeto moderno. Para Sibilia (2008),
foram fundamentais para o desenvolvimento das
dessas fronteiras físicas que os
Preocupações com privacidade no Facebook são exageradas, diz Zuckerberg” (14 set. 2010).
(BILTON, 2010) e “Facebook
embora seja 5,6 vezes menor
imóveis burgueses, conforme Guerrand (1991, p. 332), no século XIX, “compreende
obrigatoriamente um espaço público de representação, um espaço privado para a intimidade familiar e espaços
se como um filtro que não se pode
ultrapassar sem convite”. A sala de jantar ou o salão de visitas, espaços de sociabilidade, constituíram o cenário
em que “a família oferece espetáculos aos seus convidados, instala a prataria e exibe um centro de mesa
fabricado por um ouvires da moda”. O quarto conjugal, “templo da procriação e não da volúpia” (Ibid., p. 334),
concretizará a sacralização do ato sexual como íntimo e absolutamente privativo. Por razões óbvias, a
um luxo burguês.
IV Simpósio Nacional ABCiber
indivíduos podiam perscrutar seu íntimo
vazão, em diários pessoais, ao
seu “eu”. Tal prática, solitária, era compreendida como uma forma de se chegar ao
conhecimento daquilo que diferencia e torna autêntico o sujeito centrado
(cartesiano). Constituir-se como indivíduo
mínima parte da humanidade (BAUMAN, 2007, p. 30);
contínua temporalmente, em constante evolução
que permitiam a tomada de perspectiva sobre a
verdade sobre si. Esses diários particulares
não eram objetos “cadeados”, guardados no segredo
No século XX, f
generalizada da modernidade
um futuro melhor – afinal, essa
Holocausto e às bombas de Hiroshima e Nagasaki.
conformavam a atuação no presente com vistas à conquista do destino pulverizaram
face do horror: “A modernidade expôs
barbárie inaudível. O que se apresentava fiel à liberdade flertava com grilhões” (TRIVINHO,
2001, p. 47).
Ao indivíduo resultante
fraternidade – luta em que o direito à privacidade ganhou o
urgência do presente e uma pluralidade de incertezas, inclusive sobre “quem
melhor, sobre “quem devo ser?”
Por essa razão, não é possível mais falar em
agora, é outro: descentrado, encade
inexistente; o mesmo ocorre com
fragmentada). Por seu turno, as tecnologias do tempo real, ao facultar ubiqüidade
e manifestação cibermediática
a si mesmos na medida em que espalham
constructos subjetivos (divíduos)
“mônada”), mas subjetividades
ou pulverizadas. Tal dispersão otimiza,
cultural de um modelo específico de sujeito, o fractal, isto é, um
inúmeros fragmentos vivamente aleatórios
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ
indivíduos podiam perscrutar seu íntimo (para aquém das fronteiras da pele, do corpo)
ais, aos pensamentos constitutivos de sua essência, seu
Tal prática, solitária, era compreendida como uma forma de se chegar ao
conhecimento daquilo que diferencia e torna autêntico o sujeito centrado
se como indivíduo tratava de perceber-se como
mínima parte da humanidade (BAUMAN, 2007, p. 30); ter uma identidade coerente,
contínua temporalmente, em constante evolução – razão de ser dos registros diários
m a tomada de perspectiva sobre a história da própria existência
Esses diários particulares invariavelmente tinham circulação restrita, quando
“cadeados”, guardados no segredo de baús ou gavetas.
No século XX, foram diversos os abalos sísmicos que implodiram a confiança
generalizada da modernidade na racionalidade científica e tecnológica
afinal, essa mesma “racionalidade” conduziu
locausto e às bombas de Hiroshima e Nagasaki. Todas as certezas teleológicas que
conformavam a atuação no presente com vistas à conquista do destino pulverizaram
: “A modernidade expôs-se, no fundo, como uma estranha melodia, um canto d
barbárie inaudível. O que se apresentava fiel à liberdade flertava com grilhões” (TRIVINHO,
resultante da luta coletiva pelo direito à l
luta em que o direito à privacidade ganhou o contorno moderno
urgência do presente e uma pluralidade de incertezas, inclusive sobre “quem
melhor, sobre “quem devo ser?”.
Por essa razão, não é possível mais falar em sujeito sem considerar que este,
agora, é outro: descentrado, encadeado no discurso, atravessado pelos contextos, diluído,
inexistente; o mesmo ocorre com identidade (plural, contraditória, temporária, múltipla,
fragmentada). Por seu turno, as tecnologias do tempo real, ao facultar ubiqüidade
ermediática, fazem surgir (in)divíduos: aqueles que não são mais redutíveis
a si mesmos na medida em que espalham-se e colocam-se (in) nos diversos fragmentos
(divíduos) que esparjem pelas redes. De fato, não são
subjetividades flutuantes ou rarefeitas, quando não completamente liquefeitas
Tal dispersão otimiza, segundo Trivinho (2007, p. 392), “
cultural de um modelo específico de sujeito, o fractal, isto é, um pluridi
inúmeros fragmentos vivamente aleatórios”.
ECO/UFRJ
4
ém das fronteiras da pele, do corpo) e dar
e sua essência, seu núcleo interior,
Tal prática, solitária, era compreendida como uma forma de se chegar ao
conhecimento daquilo que diferencia e torna autêntico o sujeito centrado e pensante
se como único e indivisível, a
ter uma identidade coerente, linear e
razão de ser dos registros diários, íntimos,
própria existência, uma busca da
circulação restrita, quando
gavetas.
oram diversos os abalos sísmicos que implodiram a confiança
racionalidade científica e tecnológica como determinante de
conduziu a humanidade ao
Todas as certezas teleológicas que
conformavam a atuação no presente com vistas à conquista do destino pulverizaram-se em
se, no fundo, como uma estranha melodia, um canto de
barbárie inaudível. O que se apresentava fiel à liberdade flertava com grilhões” (TRIVINHO,
iberdade, igualdade e
moderno –, sobraram a
urgência do presente e uma pluralidade de incertezas, inclusive sobre “quem sou eu” ou,
sem considerar que este,
ado no discurso, atravessado pelos contextos, diluído,
(plural, contraditória, temporária, múltipla,
fragmentada). Por seu turno, as tecnologias do tempo real, ao facultar ubiqüidade na projeção
aqueles que não são mais redutíveis
nos diversos fragmentos ou
De fato, não são sujeitos (como
flutuantes ou rarefeitas, quando não completamente liquefeitas
segundo Trivinho (2007, p. 392), “a consolidação
pluridivíduo, formado de
IV Simpósio Nacional ABCiber
Não seria diferente com o conceito de
intrinsecamente vinculada à
instância, e o quarto de dor
com aqueles que são de domínio público, o que pensar sobre todo o conjunto de dispositivos
tecnológicos que confere acesso público ao ambiente privado?
e escutas telefônicas estejam associadas à
próprios (in)divíduos em seus quartos são indicativos de um movimento de evasão das
paredes protetoras (e “sem graça”
envolve envio de imagens próprias em nudez parcial ou total
“ficantes”) por meio das mais diversas plataformas ciberculturais (inclusive de base móvel)
tem ganhado cada vez mais adeptos entre jovens brasileiros menores de idade
A espetacularização da
não apenas muros e paredes (contornos fronteiriços concretos entre público e privado) foram
transpostos, mas também baús, gavetas e cadeados que guardavam os pequenos e grandes
segredos do cotidiano. Embora o
alguma relação com o encadeamento do discurso
diários de papel, que perspectiva histórica da própria vida é possível desenvolver na
visibilidade histérica e “ensurdecedora
inexorável (não com o presente
Privacidade, identid
De acordo com a proposição de Jameson
representa, necessariamente,
recrudescimento de tendências que já estavam
e apropriado retomar as discussões de
8
Veja-se “Adolescentes aderem ao '
9
Para Jameson (1994, p. 38-39), a investigação sobre o pós
“o inverso também seja verdadeiro, embora os dois nunca tenham sido pensados como constituindo opostos
simétricos. Uma alternância ainda mais rápida entre eles poderá, pelo menos, evitar que se cristalizem a postura
celebratória ou o anacronismo d
temática: “A pós-modernidade é a incrementação, a exponenciação, a radicação de todos os processos modernos.
Trata-se de uma modernidade por excesso, uma ‘hipermodernidade’ de fat
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ
Não seria diferente com o conceito de privacidade. Se a privacidade
intrinsecamente vinculada à existência de espaços privados (como a residência, em primeira
o quarto de dormir, ainda mais privativo), identificáveis por efeito de
com aqueles que são de domínio público, o que pensar sobre todo o conjunto de dispositivos
tecnológicos que confere acesso público ao ambiente privado? Embora c
estejam associadas à invasão de privacidade, web cams
em seus quartos são indicativos de um movimento de evasão das
e “sem graça”) do espaço privado. O sexting, por exemplo, cuja prát
envolve envio de imagens próprias em nudez parcial ou total (para namorados ou possíveis
por meio das mais diversas plataformas ciberculturais (inclusive de base móvel)
tem ganhado cada vez mais adeptos entre jovens brasileiros menores de idade
A espetacularização da intimidade nos diários online (SIBILIA, 2008) sinaliza que
muros e paredes (contornos fronteiriços concretos entre público e privado) foram
anspostos, mas também baús, gavetas e cadeados que guardavam os pequenos e grandes
Embora o sistema de arquivamento de posts do
relação com o encadeamento do discurso na passagem do tempo
que perspectiva histórica da própria vida é possível desenvolver na
ensurdecedora” do Twitter, microblogging comprometido de forma
não com o presente, mas) com o instantâneo?
Privacidade, identidade, vigilância e controle: o indivíduo moderno
De acordo com a proposição de Jameson (1994), a pós
, necessariamente, uma ruptura total com a modernidade, correspondendo,
recrudescimento de tendências que já estavam presentes 9
. Nesse sentido,
e apropriado retomar as discussões de Foucault sobre visibilidade e
Adolescentes aderem ao 'sexting' e postam fotos sensuais na internet” (TOMAZ, 2010).
39), a investigação sobre o pós-moderno pode ser reveladora do moderno e,
“o inverso também seja verdadeiro, embora os dois nunca tenham sido pensados como constituindo opostos
simétricos. Uma alternância ainda mais rápida entre eles poderá, pelo menos, evitar que se cristalizem a postura
celebratória ou o anacronismo do fulminante gesto moralista”. Trivinho (2001, p.50
modernidade é a incrementação, a exponenciação, a radicação de todos os processos modernos.
se de uma modernidade por excesso, uma ‘hipermodernidade’ de fato”.
ECO/UFRJ
5
. Se a privacidade estava
a residência, em primeira
identificáveis por efeito de contraste
com aqueles que são de domínio público, o que pensar sobre todo o conjunto de dispositivos
Embora câmeras de vigilância
web cams instaladas pelos
em seus quartos são indicativos de um movimento de evasão das
, por exemplo, cuja prática
(para namorados ou possíveis
por meio das mais diversas plataformas ciberculturais (inclusive de base móvel),
tem ganhado cada vez mais adeptos entre jovens brasileiros menores de idade 8
.
(SIBILIA, 2008) sinaliza que
muros e paredes (contornos fronteiriços concretos entre público e privado) foram
anspostos, mas também baús, gavetas e cadeados que guardavam os pequenos e grandes
dos blogs ainda guarde
tempo inerente aos antigos
que perspectiva histórica da própria vida é possível desenvolver na
comprometido de forma
ade, vigilância e controle: o indivíduo moderno
a pós-modernidade não
correspondendo, antes, ao
Nesse sentido, talvez seja possível
sobre visibilidade e vigilância –
' e postam fotos sensuais na internet” (TOMAZ, 2010).
moderno pode ser reveladora do moderno e, talvez,
“o inverso também seja verdadeiro, embora os dois nunca tenham sido pensados como constituindo opostos
simétricos. Uma alternância ainda mais rápida entre eles poderá, pelo menos, evitar que se cristalizem a postura
Trivinho (2001, p.50-51) também tratará dessa
modernidade é a incrementação, a exponenciação, a radicação de todos os processos modernos.
IV Simpósio Nacional ABCiber
principalmente quando Mark Zuckerberg
“mais aberto e conectado”.
A instituição d
tempo, individualizante, é uma estratégia moderna de resolução do “problema da acumulação
dos homens” (FOUCAULT,
nos centros urbanos no século XVIII. A arquitetura do
hospitais, prisões, escolas e fábricas,
ser “administrados” por poucos
plena época das Luzes, está em consonância com a ideia de que a opinião pública
instância de visibilidade total
p. 215-216) constituiriam fatores impeditivos de que qualquer um fizes
punição.
Este reino da ‘opinião’, invocado com tanta freqüência nesta época, é um tipo de
funcionamento em que o poder poderá se exercer pelo simples fato de que as coisas
serão sabidas e de que as pessoas serão vistas por um tipo de o
coletivo e anônimo. Um poder cuja instância principal fosse a opinião não poderia
tolerar regiões de escuridão. Se o projeto de Bentham despertou interesse, foi porque
ele fornecia a fórmula, aplicável a muitos domínios diferentes, de um ‘po
exercendo
217).
Sob a vigília
capacidade de querer fazer o mal
obscuridade ou invisibilidade
pelo corpo social e a instituição
espaços privados, neste período (de 1789 a 1794, principalmente),
e dados à conspiração inte
ascensão do movimento romântico, em que o indivíduo fecha
privada iria sofrer a mais violenta agressão já vista
21). É assim que a Revolução Francesa
ruptura: inicialmente, desconfia de
modelo de comportamento
privada e assegura ao indivíduo a inviolabilidade de seu corpo
O emergir da individualidade assinalou um progressivo enfraquecimento, a
desintegração ou destruição da densa r
força a totalidade das atividades da vida. Assinalou também que a comunidade
estava perdendo o poder
membros.
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ
principalmente quando Mark Zuckerberg diz que a missão do Facebook
A instituição da visibilidade como instância de vigilância global e, ao mesmo
tempo, individualizante, é uma estratégia moderna de resolução do “problema da acumulação
dos homens” (FOUCAULT, 1979, p. 214) associado ao perturbador crescimento demográfico
século XVIII. A arquitetura do Panopticon, de Bentham, aplicável a
hospitais, prisões, escolas e fábricas, visa à restauração da disciplina quando
poucos. A adoção do projeto pelos revolucionários franceses, em
plena época das Luzes, está em consonância com a ideia de que a opinião pública
instância de visibilidade total, é preventiva: o “olhar dos outros, o discurso dos outros”
constituiriam fatores impeditivos de que qualquer um fizes
Este reino da ‘opinião’, invocado com tanta freqüência nesta época, é um tipo de
funcionamento em que o poder poderá se exercer pelo simples fato de que as coisas
serão sabidas e de que as pessoas serão vistas por um tipo de o
coletivo e anônimo. Um poder cuja instância principal fosse a opinião não poderia
tolerar regiões de escuridão. Se o projeto de Bentham despertou interesse, foi porque
ele fornecia a fórmula, aplicável a muitos domínios diferentes, de um ‘po
exercendo-se por transparências’, de uma dominação por ‘iluminação’. (
217).
Sob a vigília constantemente dos olhares alheios, o indivíduo perderia su
fazer o mal. Para os reformadores do século XVIII
obscuridade ou invisibilidade – zonas opacas que não permitam o exercício da opinião pública
corpo social e a instituição de uma sociedade transparente – devem ser repudiadas
, neste período (de 1789 a 1794, principalmente), são co
s à conspiração interesseira, contrários aos ideais da nação.
ascensão do movimento romântico, em que o indivíduo fecha-se sobre si e sua família, “a vida
privada iria sofrer a mais violenta agressão já vista na história ocidental” (HUNT, 1991, p.
É assim que a Revolução Francesa, segundo Perrot (1991, p. 17),
desconfia de todo e qualquer interesse privado, tornando a vida pública
a ser seguido; depois, sob as pressões do público, de
assegura ao indivíduo a inviolabilidade de seu corpo e de sua residência
O emergir da individualidade assinalou um progressivo enfraquecimento, a
desintegração ou destruição da densa rede de vínculos sociais que amarrava com
força a totalidade das atividades da vida. Assinalou também que a comunidade
estava perdendo o poder – e/ou interesse – de regular normativamente a vida de seus
membros. (BAUMAN, 2007, p. 31).
ECO/UFRJ
6
Facebook é tornar o mundo
a visibilidade como instância de vigilância global e, ao mesmo
tempo, individualizante, é uma estratégia moderna de resolução do “problema da acumulação
p. 214) associado ao perturbador crescimento demográfico
, de Bentham, aplicável a
restauração da disciplina quando muitos precisam
A adoção do projeto pelos revolucionários franceses, em
plena época das Luzes, está em consonância com a ideia de que a opinião pública, como
preventiva: o “olhar dos outros, o discurso dos outros” (Ibid.,
constituiriam fatores impeditivos de que qualquer um fizesse algo passível de
Este reino da ‘opinião’, invocado com tanta freqüência nesta época, é um tipo de
funcionamento em que o poder poderá se exercer pelo simples fato de que as coisas
serão sabidas e de que as pessoas serão vistas por um tipo de olhar imediato,
coletivo e anônimo. Um poder cuja instância principal fosse a opinião não poderia
tolerar regiões de escuridão. Se o projeto de Bentham despertou interesse, foi porque
ele fornecia a fórmula, aplicável a muitos domínios diferentes, de um ‘poder
se por transparências’, de uma dominação por ‘iluminação’. (Ibid., p.
o indivíduo perderia sua
s reformadores do século XVIII, qualquer zona de
que não permitam o exercício da opinião pública
devem ser repudiadas. Os
são considerados facciosos
nação. Antes, portanto, da
se sobre si e sua família, “a vida
na história ocidental” (HUNT, 1991, p.
1991, p. 17), opera contraditória
, tornando a vida pública
sob as pressões do público, delineia a esfera
de sua residência.
O emergir da individualidade assinalou um progressivo enfraquecimento, a
ede de vínculos sociais que amarrava com
força a totalidade das atividades da vida. Assinalou também que a comunidade
de regular normativamente a vida de seus
IV Simpósio Nacional ABCiber
Com o condicionamento
e políticos que comandam os
século XIX. A instauração do poder do olhar pelo dispositivo de vigilância de Benthan não
ocorreu sem sofrer efetiva resistência
mediante o crescimento da
visual de seus agentes para reconhecimento interpessoal
identificação mais refinados, desde o porte de papéis de identificação
domésticos, militares, prostitutas, crianças abandonadas e viajantes (1854); emprego de
fotografia (1876), identificação antropométrica (1882) e registro de marcas corpor
digitais (início do século XX) no sistema prisional e, a partir de 1912, aos nômades,
comerciantes e industriais itinerantes
A nova ameaça que tais procedimentos fazem pesar sobre o segredo da vida privada
começa a inquie
fantástico desejo de decifrar a personalidade que se oculta e de intrometer
intimidade dos outros; muda preocupação que em
atiça a tentação da carta anônima,
de-século, explica a emergência da personagem do detetive em busca de pistas.
(Ibid.
O sentido de invasão de
que pululam os símbolos do eu,
inventaria uma série de práticas
corporal com a popularização dos espelhos, a posse da imagem própria com a difusão de
retratos e fotografias, a marcação dos objetos pessoais
objetos de distinção (prêmios, diplomas, quadros de honra ao mérito
prática do diário íntimo, a montagem do álbum, a leitura silenciosa, a coleção de objetos
antigos e a manutenção do museu familiar
pulsões. O indivíduo comparece ensimesmado, i
ser único, levam ao aparecimento de novos sofrimentos íntimos
fracassar no imperioso esforço de delimitar
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ
om o condicionamento sistemático da opinião pública aos interesses econômicos
e políticos que comandam os media, o caráter utópico desta política ficou evidente desde o
instauração do poder do olhar pelo dispositivo de vigilância de Benthan não
efetiva resistência (FOUCAULT, 1979), além de revelar
o crescimento da multidão: o modelo panóptico de controle, dependente da
de seus agentes para reconhecimento interpessoal, cedeu lugar a mecanismos de
dentificação mais refinados, desde o porte de papéis de identificação
domésticos, militares, prostitutas, crianças abandonadas e viajantes (1854); emprego de
fotografia (1876), identificação antropométrica (1882) e registro de marcas corpor
digitais (início do século XX) no sistema prisional e, a partir de 1912, aos nômades,
comerciantes e industriais itinerantes (CORBIN, 1991, p. 429-435).
A nova ameaça que tais procedimentos fazem pesar sobre o segredo da vida privada
começa a inquietar. [...] o temor da violação do eu e seu segredo engendra o
fantástico desejo de decifrar a personalidade que se oculta e de intrometer
intimidade dos outros; muda preocupação que embasa o esnobismo do incógnito,
atiça a tentação da carta anônima, contribui para o prestígio do
século, explica a emergência da personagem do detetive em busca de pistas.
Ibid., p. 435-436).
invasão de privacidade emerge como algo indesejável na medida em
que pululam os símbolos do eu, reforçadores do sentimento de individualidade
inventaria uma série de práticas novas para a época: a contemplação diária da
com a popularização dos espelhos, a posse da imagem própria com a difusão de
s, a marcação dos objetos pessoais com monogramas
objetos de distinção (prêmios, diplomas, quadros de honra ao mérito
, a montagem do álbum, a leitura silenciosa, a coleção de objetos
manutenção do museu familiar, a vigilância sobre o corpo e
. O indivíduo comparece ensimesmado, introspectivo. As pressões de
único, levam ao aparecimento de novos sofrimentos íntimos: o indivíduo moderno teme
esforço de delimitar sua singularidade.
ECO/UFRJ
7
sistemático da opinião pública aos interesses econômicos
o caráter utópico desta política ficou evidente desde o
instauração do poder do olhar pelo dispositivo de vigilância de Benthan não
, além de revelar-se ineficiente
modelo panóptico de controle, dependente da memória
cedeu lugar a mecanismos de
dentificação mais refinados, desde o porte de papéis de identificação para operários,
domésticos, militares, prostitutas, crianças abandonadas e viajantes (1854); emprego de
fotografia (1876), identificação antropométrica (1882) e registro de marcas corporais e
digitais (início do século XX) no sistema prisional e, a partir de 1912, aos nômades,
A nova ameaça que tais procedimentos fazem pesar sobre o segredo da vida privada
tar. [...] o temor da violação do eu e seu segredo engendra o
fantástico desejo de decifrar a personalidade que se oculta e de intrometer-se na
basa o esnobismo do incógnito,
contribui para o prestígio do voyeurismo do fim-
século, explica a emergência da personagem do detetive em busca de pistas.
emerge como algo indesejável na medida em
individualidade. Corbin (1991)
: a contemplação diária da silhueta
com a popularização dos espelhos, a posse da imagem própria com a difusão de
com monogramas, o uso social de
objetos de distinção (prêmios, diplomas, quadros de honra ao mérito, condecorações), a
, a montagem do álbum, a leitura silenciosa, a coleção de objetos
, a vigilância sobre o corpo e a disciplina de suas
ntrospectivo. As pressões de ser alguém, de
: o indivíduo moderno teme
IV Simpósio Nacional ABCiber
A espetacularização da vida pessoal
valores e evasão de privacidade
No século XX,
normas da vida privada familiar e da vida pública, profissional. Sua emergência é possível,
segundo Prost (1992), graças à
construção de residências e conjuntos habitacionais funcionais contribu
das relações de vizinhança e
gradual entre a privacidade da casa e a total impessoalidade da esfera pública do trabalho
agora burocratizado. A socialização dos filhos,
sexualidade e procriação
reabilitado, pode ser olhado sem pudor e é cuidado para ser exibido;
categórico à integridade física
De fato, o corpo se tornou o lugar da identidade pessoal. Sentir vergonha do próprio
corpo seria sentir vergonha de si mesmo. [...] Mais do que as identidades sociais,
máscaras ou personagens adotadas, mais até mesmo do que as idéias e
frágeis e manipuladas, o corpo é a própria realidade da pessoa. Portanto, já não
existe vida privada que não suponha o corpo. (
A conquista do lazer, o tempo das férias e o espaço dos clubes, bem como os
jogos, levam à suspensão
relacionamento e convívio. A ascensão da moda, do humor e da inconsistência das mensagens
publicitárias, o abrandamento dos formalismos e a desmistificação dos registros e referências
da vida pública levam ao apagamento
embora os códigos sociais,
Em contrapartida, os meios de comunicação de massa
comportamentos cotidianos, uniformizam gostos, ideias e opiniões, colonizam o imaginário
pessoal e engendram mercados para produtos em série enquanto “cada qual julga que está se
personalizando mais” (Ibid.
delineadora da cultura mediática, pode, assim, ser ilustrado:
Não se trata, porém, de uma maquinação, e sim do próprio funcionamento de nossa
sociedade. Não são decisões de alguns agentes maquiavélicos que teriam decidido
impor suas ideologias. Nem as pessoas
publicitários alimentam tais intenções. Aliás, eles formam uma nebulosa de
contornos fluidos, onde ninguém detém um verdadeiro poder. Dentro desse grupo,
cada qual simplesmente executa sua tarefa. Mas a rede das comunicaçõe
mesmo sem um acordo prévio, todos se interessam pelos mesmos assuntos nos
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ
A espetacularização da vida pessoal: dissolução de fronteiras
de privacidade
No século XX, o sentido de vida pessoal, ainda mais privada, ree
da vida privada familiar e da vida pública, profissional. Sua emergência é possível,
, graças à ampliação das moradias e seus espaços de conforto. A
construção de residências e conjuntos habitacionais funcionais contribui
das relações de vizinhança e a decadência dos espaços de convívio responsáveis pela
gradual entre a privacidade da casa e a total impessoalidade da esfera pública do trabalho
A socialização dos filhos, a liberalização da mulher
abrandam os imperativos da instituição familiar.
reabilitado, pode ser olhado sem pudor e é cuidado para ser exibido;
categórico à integridade física e a recusa à velhice generaliza-se.
De fato, o corpo se tornou o lugar da identidade pessoal. Sentir vergonha do próprio
corpo seria sentir vergonha de si mesmo. [...] Mais do que as identidades sociais,
máscaras ou personagens adotadas, mais até mesmo do que as idéias e
frágeis e manipuladas, o corpo é a própria realidade da pessoa. Portanto, já não
existe vida privada que não suponha o corpo. (Ibid., p. 105).
A conquista do lazer, o tempo das férias e o espaço dos clubes, bem como os
de normas e hierarquias, instituindo outras regras e critérios de
relacionamento e convívio. A ascensão da moda, do humor e da inconsistência das mensagens
publicitárias, o abrandamento dos formalismos e a desmistificação dos registros e referências
levam ao apagamento das diferenças de posição e à diluição dos papéis
mais discretos e complexos, não deixem de ser
Em contrapartida, os meios de comunicação de massa e a publicidade
os cotidianos, uniformizam gostos, ideias e opiniões, colonizam o imaginário
pessoal e engendram mercados para produtos em série enquanto “cada qual julga que está se
Ibid., p. 148). O caráter transpolítico da revolução em curso,
neadora da cultura mediática, pode, assim, ser ilustrado:
Não se trata, porém, de uma maquinação, e sim do próprio funcionamento de nossa
sociedade. Não são decisões de alguns agentes maquiavélicos que teriam decidido
impor suas ideologias. Nem as pessoas dos meios de comunicação nem os
publicitários alimentam tais intenções. Aliás, eles formam uma nebulosa de
contornos fluidos, onde ninguém detém um verdadeiro poder. Dentro desse grupo,
cada qual simplesmente executa sua tarefa. Mas a rede das comunicaçõe
mesmo sem um acordo prévio, todos se interessam pelos mesmos assuntos nos
ECO/UFRJ
8
dissolução de fronteiras, inversão de
, ainda mais privada, reescalona as
da vida privada familiar e da vida pública, profissional. Sua emergência é possível,
e seus espaços de conforto. A
i para a desvalorização
responsáveis pela transição
gradual entre a privacidade da casa e a total impessoalidade da esfera pública do trabalho,
ão da mulher e a dissociação entre
os imperativos da instituição familiar. O corpo,
reabilitado, pode ser olhado sem pudor e é cuidado para ser exibido; exige-se respeito
De fato, o corpo se tornou o lugar da identidade pessoal. Sentir vergonha do próprio
corpo seria sentir vergonha de si mesmo. [...] Mais do que as identidades sociais,
máscaras ou personagens adotadas, mais até mesmo do que as idéias e convicções,
frágeis e manipuladas, o corpo é a própria realidade da pessoa. Portanto, já não
, p. 105).
A conquista do lazer, o tempo das férias e o espaço dos clubes, bem como os
de normas e hierarquias, instituindo outras regras e critérios de
relacionamento e convívio. A ascensão da moda, do humor e da inconsistência das mensagens
publicitárias, o abrandamento dos formalismos e a desmistificação dos registros e referências
e à diluição dos papéis,
não deixem de ser efetivos.
e a publicidade modelam os
os cotidianos, uniformizam gostos, ideias e opiniões, colonizam o imaginário
pessoal e engendram mercados para produtos em série enquanto “cada qual julga que está se
, p. 148). O caráter transpolítico da revolução em curso,
Não se trata, porém, de uma maquinação, e sim do próprio funcionamento de nossa
sociedade. Não são decisões de alguns agentes maquiavélicos que teriam decidido
dos meios de comunicação nem os
publicitários alimentam tais intenções. Aliás, eles formam uma nebulosa de
contornos fluidos, onde ninguém detém um verdadeiro poder. Dentro desse grupo,
cada qual simplesmente executa sua tarefa. Mas a rede das comunicações é tal que,
mesmo sem um acordo prévio, todos se interessam pelos mesmos assuntos nos
IV Simpósio Nacional ABCiber
mesmos momentos, para desenvolver as mesmas opiniões. [...] E, para não cansar, é
preciso personalizar. Entre a mídia e o público, a comunicação substitui a
informação.
Na cultura mediática, a notoriedade pública torna
dimensão do espetacular avança para a vida privada de políticos, artistas e campeões.
desvanecimento das fronteiras entre público e privado e a contaminação
ambos produzirão uma crescente desvalorização da
individualidade move-se do interior para o exterior: abandona o reduto íntimo (da mente, do
corpo, do quarto, da residência) para alcançar as superfícies (da pele
espacialidade pública dos media
Como ápice dessa inversão de valores, a
ciberculturais de relacionamento deve
das subjetividades nos rincões glocais de visibilidade mediática
âmbito das redes sociais digitais, a privacidade é
realização de um mundo mais aberto
suprimi-la em diversas ações inventariada
da Time (figura 2).
10
Dentre elas, as iniciativas Facebook Beacon
Facebook Like Button, em 2010. Além disso, Fletcher (2010) chama a atenção para os seguintes fatos: (a) no
passado, o padrão de exibição das informaç
arcasse com o ônus de configurar suas restrições de privacidade; (b) em dezembro de 2009, não
passaram a visualizar informações de seus membros, incluindo lista de
tenham reconfigurado suas opções de privacidade, “ainda é quase impossível
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ
mesmos momentos, para desenvolver as mesmas opiniões. [...] E, para não cansar, é
preciso personalizar. Entre a mídia e o público, a comunicação substitui a
informação. (Ibid., p. 148-149).
Na cultura mediática, a notoriedade pública torna-se medida de sucesso
dimensão do espetacular avança para a vida privada de políticos, artistas e campeões.
desvanecimento das fronteiras entre público e privado e a contaminação
uma crescente desvalorização da privacidade
se do interior para o exterior: abandona o reduto íntimo (da mente, do
corpo, do quarto, da residência) para alcançar as superfícies (da pele
media).
Figura 2. Capa da Time (20 mai. 2010).
Como ápice dessa inversão de valores, a “popularização” das plataformas
ciberculturais de relacionamento deve-se principalmente à facilidade de publicação e projeção
das subjetividades nos rincões glocais de visibilidade mediática (DAL BELLO, 2009)
âmbito das redes sociais digitais, a privacidade é considerada um obstácu
mundo mais aberto, razão pela qual o Facebook sentiu
la em diversas ações inventariadas 10
por Fletcher (2010) na reportagem que foi capa
Facebook Beacon, em 2007, Facebook Connect, em 2008 e
, em 2010. Além disso, Fletcher (2010) chama a atenção para os seguintes fatos: (a) no
passado, o padrão de exibição das informações foi alterado para a exposição máxima, exigindo que o usuário
arcasse com o ônus de configurar suas restrições de privacidade; (b) em dezembro de 2009, não
passaram a visualizar informações de seus membros, incluindo lista de amigos e interesse
tenham reconfigurado suas opções de privacidade, “ainda é quase impossível burlar a forma como os dados
ECO/UFRJ
9
mesmos momentos, para desenvolver as mesmas opiniões. [...] E, para não cansar, é
preciso personalizar. Entre a mídia e o público, a comunicação substitui a
se medida de sucesso e a
dimensão do espetacular avança para a vida privada de políticos, artistas e campeões. O
desvanecimento das fronteiras entre público e privado e a contaminação dos códigos de
– a celebração da
se do interior para o exterior: abandona o reduto íntimo (da mente, do
corpo, do quarto, da residência) para alcançar as superfícies (da pele, da imagem, da
“popularização” das plataformas
à facilidade de publicação e projeção
(DAL BELLO, 2009). No
um obstáculo concreto à
sentiu-se no direito de
na reportagem que foi capa
, em 2008 e Open Graph, com o
, em 2010. Além disso, Fletcher (2010) chama a atenção para os seguintes fatos: (a) no
ões foi alterado para a exposição máxima, exigindo que o usuário
arcasse com o ônus de configurar suas restrições de privacidade; (b) em dezembro de 2009, não-usuários
e interesses; e, embora muitos
burlar a forma como os dados
IV Simpósio Nacional ABCiber
A privacidade,
monitorado, direito de não ser registrado e direito de não ser reconhecido
p. 116) – comparece como
exercício da cidadania jaz
testemunha o entranhamento da lógica da indústria cultural
sentido, pode-se afirmar que a “cibercultura, mesmo fincada em personalização tão peculiar
do uso das interfaces tecnológicas, não trouxe, a rigor, nada de novo, ao ter, quando muito,
apenas requentado a tradição” (TRIVINHO, 2010, p. 11).
discursos mediáticos, é apresentada como
prol de uma sociedade mais aberta
normalidade do cotidiano e
perspectiva ingênua de que este discurso
mentalidade de época, há que se contrapor o fato de que a
quando valorizada como diferencial
Visibilidade, vigilância, identidade e
Se, do ponto de vista da arquitetura, o modelo de visibilidade centralizadora e
omnividente do Panopticon
a frase “cada camarada torna
para “amigo” ou “seguidor”, denominações comuns nas redes sociais digitais para designar
aqueles que configuram a audiência particular de um usuário.
a paridade entre visibilidade e vigilância, mas a predisposição pessoa
crescente naturalização. A
rastreamento, controle e indexação a que está sujeita quando
dos jogos de sociabilidade calcados na lógica do
sensação de segurança no bunker
podem ser usados em outros lugares
(c) em 5 de maio de 2010, a Electronic Privacy Information Center
Commission contra o Facebook, relatando as mudanças freqüentes em sua política de privacidade e a “tendência
de projetar controles de privacidade que, se não enganosos, nã
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ
, compreendida como um conjunto de direitos
de não ser registrado e direito de não ser reconhecido
comparece como detestável opacidade que relega o indivíduo
jaz inscrito no paradigma sociocultural da visibilidade mediática e
testemunha o entranhamento da lógica da indústria cultural no imaginário social
se afirmar que a “cibercultura, mesmo fincada em personalização tão peculiar
terfaces tecnológicas, não trouxe, a rigor, nada de novo, ao ter, quando muito,
apenas requentado a tradição” (TRIVINHO, 2010, p. 11). Eis por que a privacidade
é apresentada como algo em vias de superação (ou
sociedade mais aberta, em que seja possível celebrar a vista
do cotidiano e a banalidade massificante do “eu sou eu”
perspectiva ingênua de que este discurso apenas reflete um comportamento ou uma
mentalidade de época, há que se contrapor o fato de que a evasão de privacidade
diferencial da novíssima Geração Y.
vigilância, identidade e indexação: privacidade como resistência?
Se, do ponto de vista da arquitetura, o modelo de visibilidade centralizadora e
Panopticon não seja aplicável à nuvem difusa de informações do
a frase “cada camarada torna-se um vigia” nunca foi tão atual, bastando
para “amigo” ou “seguidor”, denominações comuns nas redes sociais digitais para designar
aqueles que configuram a audiência particular de um usuário. O que muda, em essência, não é
a paridade entre visibilidade e vigilância, mas a predisposição pessoal à exibição pública e sua
crescente naturalização. A Geração Y não parece se incomodar com as possibilidades de
rastreamento, controle e indexação a que está sujeita quando se inscreve nas redes; a sedução
dos jogos de sociabilidade calcados na lógica do “apareser” (DAL BELLO, 2009), somada à
bunker infotecnológico (TRIVINHO, 2007) e à superficialidade dos
podem ser usados em outros lugares”, considerando-se a variedade de aplicativos e sites
Electronic Privacy Information Center apresentou uma queixa à
, relatando as mudanças freqüentes em sua política de privacidade e a “tendência
de projetar controles de privacidade que, se não enganosos, não são intuitivos”.
ECO/UFRJ
10
de direitos – “direito de não ser
de não ser registrado e direito de não ser reconhecido” (VIANNA, 2007,
indivíduo ao anonimato. O
inscrito no paradigma sociocultural da visibilidade mediática e
no imaginário social. Nesse
se afirmar que a “cibercultura, mesmo fincada em personalização tão peculiar
terfaces tecnológicas, não trouxe, a rigor, nada de novo, ao ter, quando muito,
Eis por que a privacidade, nos
algo em vias de superação (ou a ser superado) em
a vista de larga audiência a
“eu sou eu”. Para além da
reflete um comportamento ou uma
evasão de privacidade é estimulada
: privacidade como resistência?
Se, do ponto de vista da arquitetura, o modelo de visibilidade centralizadora e
não seja aplicável à nuvem difusa de informações do cyberspace,
bastando adaptar “camarada”
para “amigo” ou “seguidor”, denominações comuns nas redes sociais digitais para designar
O que muda, em essência, não é
l à exibição pública e sua
com as possibilidades de
inscreve nas redes; a sedução
“apareser” (DAL BELLO, 2009), somada à
infotecnológico (TRIVINHO, 2007) e à superficialidade dos
sites parceiros da plataforma;
apresentou uma queixa à Federal Trade
, relatando as mudanças freqüentes em sua política de privacidade e a “tendência
IV Simpósio Nacional ABCiber
relacionamentos, facilmente desconectáveis (BAUMAN, 2004), sitiam possíveis temores no
“universo paralelo” do cyberspace
coletivo deve sofrer inevitável
conexão contínua, geolocalização
digitais e físicos. Mas a tro
o pouco de privacidade que lhes resta
tornar ainda mais totalitários e precisos
É exatamente neste ponto que reside o valor mercadológico de uma rede social:
ela congrega indivíduos que a utilizam
de relacionamento; classifica
deslocamentos coletivos ou individuais de interesse
para entregar-lhe mensagens (
essas considerações não pareçam abstratas ou teóricas, basta acresc
gerado lucro desde novembro de 2009
Facebook em 2010 será de um bilhão de dólares
configuram entre os sites mais acessados do mundo, tais plataformas consoli
modelo de negócio baseado em visibilidade, vigilância, identidade e indexação.
decorrência, é óbvio que suas políticas de privacidade tornam
modo a assegurar a exploração comercial dos recursos subjetivo
las da responsabilidade por eventuais problemas que os indivíduos tenham ao se tornarem
cada vez mais abertos e conectados
Nesse sentido, cabe um rápido comentário: o
oportunamente e na contramão das p
suas múltiplas políticas de privacidade. O lançamento do
versão do Orkut, sinaliza sua preocupação em não desmerecer a confiança de seus usuários.
Ao subsidiar e promover rec
que os usuários sintam-se seguros para
trata-se de reabilitar a privacidade para poder explorar melhor as preciosas informações que
só trafegam em sua esfera.
Embora os proponentes de uma
suficiente para montarem seus perfis no
reinvindicado, em nome dos interesses públicos, acesso irrestrito às informações ali
depositadas. Afinal, o potencial deste dinâmico banco de dados não passou despercebido às
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ
relacionamentos, facilmente desconectáveis (BAUMAN, 2004), sitiam possíveis temores no
cyberspace. O senso comum expresso por esta figura do imagin
sofrer inevitável transformação com o avanço das tecnologias móveis de
geolocalização no território e sobreposição (ou hibridação
Mas a troca de uma metáfora (falaciosa) por outra (?)
o pouco de privacidade que lhes resta, já que os mecanismos de indexação
ários e precisos.
É exatamente neste ponto que reside o valor mercadológico de uma rede social:
que a utilizam como base de apresentação, comunicação
; classifica-os em grupos de perfis combinando variáveis diversas
deslocamentos coletivos ou individuais de interesse; indexa, a qualquer tempo,
lhe mensagens (em geral publicitárias) particularmente significativas. Para que
essas considerações não pareçam abstratas ou teóricas, basta acrescentar que
gerado lucro desde novembro de 2009 (AGUIARI, 2010 a) e que a receita estimada do
em 2010 será de um bilhão de dólares (FLETCHER, 2010)
mais acessados do mundo, tais plataformas consoli
modelo de negócio baseado em visibilidade, vigilância, identidade e indexação.
decorrência, é óbvio que suas políticas de privacidade tornam-se cada vez mais complexas, de
modo a assegurar a exploração comercial dos recursos subjetivo-informacionais e resguardá
las da responsabilidade por eventuais problemas que os indivíduos tenham ao se tornarem
conectados.
Nesse sentido, cabe um rápido comentário: o Google tem anunciado, muito
oportunamente e na contramão das práticas do Facebook, um processo de simplificação de
suas múltiplas políticas de privacidade. O lançamento do Grupo de Amigos
, sinaliza sua preocupação em não desmerecer a confiança de seus usuários.
Ao subsidiar e promover recursos mais simples de controle de privacidade, o
se seguros para compartilhar mais. A inversão da lógica é estupenda:
se de reabilitar a privacidade para poder explorar melhor as preciosas informações que
Embora os proponentes de uma sociedade transparente
suficiente para montarem seus perfis no Facebook, é possível inferir que teriam
reinvindicado, em nome dos interesses públicos, acesso irrestrito às informações ali
depositadas. Afinal, o potencial deste dinâmico banco de dados não passou despercebido às
ECO/UFRJ
11
relacionamentos, facilmente desconectáveis (BAUMAN, 2004), sitiam possíveis temores no
so comum expresso por esta figura do imaginário
transformação com o avanço das tecnologias móveis de
hibridação) entre ambientes
ca de uma metáfora (falaciosa) por outra (?) custará aos indivíduos
indexação estão em vias de se
É exatamente neste ponto que reside o valor mercadológico de uma rede social:
, comunicação e ambiente
variáveis diversas; rastreia
, a qualquer tempo, qualquer um
significativas. Para que
entar que o Orkut tem
a receita estimada do
(FLETCHER, 2010). Ao passo que
mais acessados do mundo, tais plataformas consolidam um rentável
modelo de negócio baseado em visibilidade, vigilância, identidade e indexação. Em
se cada vez mais complexas, de
formacionais e resguardá-
las da responsabilidade por eventuais problemas que os indivíduos tenham ao se tornarem
tem anunciado, muito
, um processo de simplificação de
Grupo de Amigos, para a nova
, sinaliza sua preocupação em não desmerecer a confiança de seus usuários.
ursos mais simples de controle de privacidade, o Google espera
. A inversão da lógica é estupenda:
se de reabilitar a privacidade para poder explorar melhor as preciosas informações que
sociedade transparente não tenham vivido o
, é possível inferir que teriam
reinvindicado, em nome dos interesses públicos, acesso irrestrito às informações ali
depositadas. Afinal, o potencial deste dinâmico banco de dados não passou despercebido às
IV Simpósio Nacional ABCiber
autoridades de segurança dos Estados Unidos
formas de controlar as mensagens que os usuários trocam pela web”.
terrorismo, a grande obscuridade do século XXI,
equilibrar a segurança naciona
Novas tecnologias, velhas tensões
privacidade como novíssimo rincão de resistência e afirmação dos direitos individuais ao
invés de qualificá-la de obsoleta, declará
apenas a sociedade civil organizada tem se mobilizado;
tem adotado, por si mesmos
despeito do discurso corrente
compreendem que ainda há
parte 11
de como utilizam o instrumental das redes. S
a) sonegação parcial ou adulteração de informações
b) dissimulação da identidade oficial por meio da adoção de
c) uso superficial de múltiplas plataformas e perfis;
d) restrição do número de
e) classificação
conteúdos publicados
f) aplicação de “cadeados” aos conteúdos publicados (o que limita sua
visibilidade à rede
g) seleção de imagens para publicação que não revelem a localização geográfica
da residência, da escola e de locais de trabalho;
h) uso de canais de comunicação mais apropriados para tratar de assuntos
privados.
Para concluir, um breve relato:
Google Street View 12
, perguntei a um jovem (
“assustado” com tamanha exposição
11
Há inúmeros recursos de rastreamento e indexação difíceis (se não impossíveis) de serem burlados pelo
usuário comum. Além disso, ainda que o indivíduo faça uso de identidade falsa ou do anonimato para
comunicar-se pelas redes, algo de
publicitárias customizadas.
12
Considerações preliminares sobre esta tecnologia estão disponíveis em “
portão” (DAL BELLO, 2010a).
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ
autoridades de segurança dos Estados Unidos, que têm estudado a proposição de “
formas de controlar as mensagens que os usuários trocam pela web”.
, a grande obscuridade do século XXI, exige que se contemple
equilibrar a segurança nacional e a privacidade dos usuários” (AGUIARI, 2010c).
Novas tecnologias, velhas tensões: talvez seja o momento de reabilit
privacidade como novíssimo rincão de resistência e afirmação dos direitos individuais ao
la de obsoleta, declará-la morta e entregá-la aos cães.
apenas a sociedade civil organizada tem se mobilizado; são inúmeros os casos de usuários que
mesmos, um padrão de uso moderado nas plataformas ciberculturais
despeito do discurso corrente de dissolução de fronteiras entre público e privado
ainda há algo de absolutamente particular cuja preservação depende
de como utilizam o instrumental das redes. Suas estratégias, entre outras,
sonegação parcial ou adulteração de informações pessoais
dissimulação da identidade oficial por meio da adoção de
ficial de múltiplas plataformas e perfis;
restrição do número de amigos;
classificação dos amigos em grupos para personalizar a disponibilidade dos
publicados;
aplicação de “cadeados” aos conteúdos publicados (o que limita sua
visibilidade à rede de amigos autorizados);
seleção de imagens para publicação que não revelem a localização geográfica
da residência, da escola e de locais de trabalho;
uso de canais de comunicação mais apropriados para tratar de assuntos
Para concluir, um breve relato: em 1 de outubro, por ocasião do lançamento do
, perguntei a um jovem (aqui nomeado Jr., 19 anos) se ele não ficava
“assustado” com tamanha exposição. Afinal, lá estava a sua rua, a sua casa, o seu portão. Ele
Há inúmeros recursos de rastreamento e indexação difíceis (se não impossíveis) de serem burlados pelo
usuário comum. Além disso, ainda que o indivíduo faça uso de identidade falsa ou do anonimato para
se pelas redes, algo de sua subjetividade ficará latente – o que permitirá a entrega de mensagens
Considerações preliminares sobre esta tecnologia estão disponíveis em “Google Street View
ECO/UFRJ
12
m estudado a proposição de “novas leis e
formas de controlar as mensagens que os usuários trocam pela web”. A campanha contra o
exige que se contemple “a necessidade de
(AGUIARI, 2010c).
talvez seja o momento de reabilitar a
privacidade como novíssimo rincão de resistência e afirmação dos direitos individuais ao
la aos cães. Nesse sentido, não
os casos de usuários que
um padrão de uso moderado nas plataformas ciberculturais. A
de dissolução de fronteiras entre público e privado,
ja preservação depende em
, entre outras, incluem:
pessoais;
dissimulação da identidade oficial por meio da adoção de fake profile;
personalizar a disponibilidade dos
aplicação de “cadeados” aos conteúdos publicados (o que limita sua
seleção de imagens para publicação que não revelem a localização geográfica
uso de canais de comunicação mais apropriados para tratar de assuntos
m 1 de outubro, por ocasião do lançamento do
Jr., 19 anos) se ele não ficava
. Afinal, lá estava a sua rua, a sua casa, o seu portão. Ele
Há inúmeros recursos de rastreamento e indexação difíceis (se não impossíveis) de serem burlados pelo
usuário comum. Além disso, ainda que o indivíduo faça uso de identidade falsa ou do anonimato para
o que permitirá a entrega de mensagens
Google Street View: na soleira do seu
IV Simpósio Nacional ABCiber
respondeu que não, afinal,
preocupada com essa tal privacidade
marcava um diferencial entre nós: seu descaso pela problemática estava
o orgulho por pertencer a uma nova geração.
Não faço nada de errado. Por isso, e
A partir daí, narrou três casos particulares
primeiro, foi vitimado pela própria namorada; no segundo, localizou uma pessoa pelo
em menos de trinta minutos partindo do cruzamento de informações mínimas; e no terceiro,
descobriu que o link para os perfis falsos utilizados no
com a namorada fora publicizado pelo
como essas situações alteraram seu comportamento em relação ao uso das redes,
mais cuidadoso. No terceiro caso, por exemplo,
imediatamente todo o conte
e desnecessário, pois neles já não h
Ao término da entrevista, J
prática cotidiana recente destoa
privacidade muito mais do que supunha
às tecnologias de indexação
meus amigos e minha namorada
blog!”.
Referências
AGUIARI, Vinícius. Orkut
Disponível em: http://portalexame.abril.com.br/tecnologia/noticias/orkut
grupos-amigos-590531.html
AGUIARI, Vinícius. Orkut
Exame. Disponível em:
maior-facebook-brasil-590857.html.
AGUIARI, Vinícius. Governo Obama quer grampear redes sociais. 27 set. 2010.
Exame. Disponível em: http://info.abril.com.br/noticias/internet/governo
grampear-redes-sociais-27092010
13
O relato pode ser lido na íntegra em “A
V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ
respondeu que não, afinal, “minha geração cresceu com a Internet. A gente
preocupada com essa tal privacidade. Pra gente, isso é normal”. Ficou patente que o termo
encial entre nós: seu descaso pela problemática estava
o orgulho por pertencer a uma nova geração. “Não sou funcionário público, nem terrorista.
Não faço nada de errado. Por isso, eu não ligo. Pelo menos até certo ponto
narrou três casos particulares 13
de invasão de privacidade
primeiro, foi vitimado pela própria namorada; no segundo, localizou uma pessoa pelo
em menos de trinta minutos partindo do cruzamento de informações mínimas; e no terceiro,
para os perfis falsos utilizados no Formspring para trocar confidências
com a namorada fora publicizado pelo Facebook sem sua permissão).
como essas situações alteraram seu comportamento em relação ao uso das redes,
No terceiro caso, por exemplo, ao ver sua intimidade exposta,
imediatamente todo o conteúdo e bloqueou a visibilidade dos perfis – o que parece incoerente
neles já não havia mais nada.
Ao término da entrevista, Jr. ficou bastante surpreso ao perceber o quanto sua
recente destoa de sua crença (mais “antiga”): ele zelava pela “tal”
privacidade muito mais do que supunha, embora ainda guarde certa ingenuidade em relação
às tecnologias de indexação – “Se você quiser, pode divulgar meu nome verdadeiro.
meus amigos e minha namorada não têm interesse em cibercultura, nunca achariam o seu
Orkut ganha recurso Grupos de Amigos. 24 ago. 2010.
http://portalexame.abril.com.br/tecnologia/noticias/orkut
590531.html. Acesso em 19 set. 2010 (a).
Orkut é oito vezes maior que Facebook no Brasil. 2
. Disponível em: http://portalexame.abril.com.br/tecnologia/noticias/orkut
590857.html. Acesso em 27 set. 2010 (b).
AGUIARI, Vinícius. Governo Obama quer grampear redes sociais. 27 set. 2010.
. Disponível em: http://info.abril.com.br/noticias/internet/governo
27092010-37.shl. Acesso em 29 set. 2010 (c).
ser lido na íntegra em “A Geração Y não liga para privacidade?” (DAL BELLO, 2010b).
ECO/UFRJ
13
. A gente não está muito
”. Ficou patente que o termo
encial entre nós: seu descaso pela problemática estava em consonância com
Não sou funcionário público, nem terrorista.
elo menos até certo ponto”.
invasão de privacidade (no
primeiro, foi vitimado pela própria namorada; no segundo, localizou uma pessoa pelo Orkut
em menos de trinta minutos partindo do cruzamento de informações mínimas; e no terceiro,
para trocar confidências
sem sua permissão). Também falou sobre
como essas situações alteraram seu comportamento em relação ao uso das redes, tornando-o
ao ver sua intimidade exposta, deletou
o que parece incoerente
r. ficou bastante surpreso ao perceber o quanto sua
ele zelava pela “tal”
certa ingenuidade em relação
ê quiser, pode divulgar meu nome verdadeiro. Imagina,
êm interesse em cibercultura, nunca achariam o seu
ganha recurso Grupos de Amigos. 24 ago. 2010. Portal Exame.
http://portalexame.abril.com.br/tecnologia/noticias/orkut-ganha-recurso-
no Brasil. 25 ago. 2010. Portal
http://portalexame.abril.com.br/tecnologia/noticias/orkut-8-vezes-
AGUIARI, Vinícius. Governo Obama quer grampear redes sociais. 27 set. 2010. Portal
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não liga para privacidade?” (DAL BELLO, 2010b).
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O mal-estar da teoria: a condição da crítica na sociedade tecnológica
atual. Rio de Janeiro: Quartet, 2001.
A dromocracia cibercultural: lógica da vida humana na civilização mediática
avançada. São Paulo: Paulus, 2007.
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histórica do fenômeno glocal na civilização mediática avançada. In:
Encontro Nacional da COMPÓS, 17., 2008, São Paulo. Disponível em:
www.compos.org.br/data/biblioteca_287.pdf. Acesso em: 25 jun. 2008.
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histórica de um substrato cultural regressivo da sociabilidade em tempo
real na civilização mediática avançada. In: XIX Encontro Nacional da COMPÓS
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Transparência pública, opacidade privada. Rio de Janeiro: Revan, 2007.
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15
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e postam fotos sensuais na internet. 2 mai.
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condição da crítica na sociedade tecnológica
: lógica da vida humana na civilização mediática
política na cibercultura: condição atual da
histórica do fenômeno glocal na civilização mediática avançada. In: XVII
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Sorria, você está sendo indexado! A questão da privacidade nas plataformas ciberculturais

  • 1. IV Simpósio Nacional ABCiber SORRIA A questão da privacidade nas plataformas ciberculturais de relacionamento e projeção subjetiva Cíntia Dal Bello Pontifícia Universidade Católica de Universidade Nove de Julho (UNINOVE) Resumo: Nas redes sociais digitais, a inscrição generalizada de indivíduos ansiosos por expor sua intimidade, em um abandono espontâneo e voluntarioso de pudores e segredos, leva a crer que a privac para pensar a dinâmica cibercultural de circunscrição subjetiva e relacionamento com o O discurso corrente, amparado por pesquisadores e profissionais de tecnologia, celebra a evasão de privacidade como característica diferencial da modelos de publicização de informações pessoais à revelia d contexto em que visibilidade, vigilância, identidade e indexação tornam urge recolocar a questão da privacidade up to date e transpolítica do ideal utópico e teleológico de uma Palavras-chave Privacidade. 1 Artigo científico apresentado ao eixo temático “Redes sociais, comunidades virtuais e sociabilidade”, do IV Simpósio Nacional da ABCiber. 2 Doutoranda em Comunicação e Semiótica do PEPGCOS pesquisadora do curso de Comunicação Social pesquisa versa sobre cibercultura e subjetividade, orientada pelo Prof. Dr. Eugênio Trivinho. (www.cintiadalbello.blogspot.com V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ SORRIA, VOCÊ ESTÁ SENDO INDEXADO! A questão da privacidade nas plataformas ciberculturais de relacionamento e projeção subjetiva 1 Cíntia Dal Bello 2 Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Universidade Nove de Julho (UNINOVE) Nas redes sociais digitais, a inscrição generalizada de indivíduos ansiosos por expor sua intimidade, em um abandono espontâneo e voluntarioso de pudores e segredos, leva a crer que a privacidade, em sua obsolescência, é um conceito inapropriado a dinâmica cibercultural de circunscrição subjetiva e relacionamento com o O discurso corrente, amparado por pesquisadores e profissionais de tecnologia, celebra a dade como característica diferencial da Geração Y e dá margem a novos modelos de publicização de informações pessoais à revelia de autorização prévia. Neste contexto em que visibilidade, vigilância, identidade e indexação tornam olocar a questão da privacidade como possibilidade de resistência individual à versão do ideal utópico e teleológico de uma sociedade transparente chave: Cibercultura; Redes sociais; Visibilidade; Artigo científico apresentado ao eixo temático “Redes sociais, comunidades virtuais e sociabilidade”, do IV Doutoranda em Comunicação e Semiótica do PEPGCOS-PUC-SP e bolsista CAPES; coordenadora, docente e pesquisadora do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda da Universidade Nove de Julho. Sua pesquisa versa sobre cibercultura e subjetividade, com interesse particular pelas emergentes redes sociais, e é orientada pelo Prof. Dr. Eugênio Trivinho. E-mails: pubcintia@yahoo.com.br; cbello@uninove.br. www.cintiadalbello.blogspot.com). ECO/UFRJ 1 VOCÊ ESTÁ SENDO INDEXADO! A questão da privacidade nas plataformas ciberculturais Nas redes sociais digitais, a inscrição generalizada de indivíduos ansiosos por expor sua intimidade, em um abandono espontâneo e voluntarioso de pudores e idade, em sua obsolescência, é um conceito inapropriado a dinâmica cibercultural de circunscrição subjetiva e relacionamento com o outro. O discurso corrente, amparado por pesquisadores e profissionais de tecnologia, celebra a e dá margem a novos autorização prévia. Neste contexto em que visibilidade, vigilância, identidade e indexação tornam-se indiscerníveis, como possibilidade de resistência individual à versão sociedade transparente. Visibilidade; Indexação; Artigo científico apresentado ao eixo temático “Redes sociais, comunidades virtuais e sociabilidade”, do IV SP e bolsista CAPES; coordenadora, docente e Publicidade e Propaganda da Universidade Nove de Julho. Sua com interesse particular pelas emergentes redes sociais, e é : pubcintia@yahoo.com.br; cbello@uninove.br.
  • 2. IV Simpósio Nacional ABCiber Introdução Em tempos pós (TRIVINHO, 2008), tornou privado dissolveram-se. Inclusive, parece inapropriado falar em quando se observa nas práticas (em blogs, fotologs, redes sociais e metaversos exposição e audiência – o que Sibilia (2008) privacidade. Há mesmo quem afirme acadêmicos e executivos de empresas como pelo instituto Pew Internet & nativos digitais da Geração Y benefícios de uma “vida digital” da privacidade, eles continuarão a negl Figura 1 Apesar de soar assim tão obsoleta e não combinar nem um pouco com rótulos to-date como Geração Y, a tal dissolve mesmo quando o mais jovem 3 Veja-se “Geração Y não abandonará redes sociais” (9 jul. 2010) V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ pós-modernos, na era da visibilidade mediática cibercultural , tornou-se lugar comum afirmar que as fronteiras entre espaço público e se. Inclusive, parece inapropriado falar em invas nas práticas cotidianas de publicação e compartilhamento de informações , redes sociais e metaversos) um movimento crescente em busca de o que Sibilia (2008) chama, muito apropriadamente, de Há mesmo quem afirme (71% dos 895 especialistas em Internet acadêmicos e executivos de empresas como Microsoft, Google, Yahoo! Pew Internet & American Life Project, nos Estados Unidos) que Geração Y continuarão a compartilhar informações íntimas em troca dos benefícios de uma “vida digital” – a menos que tenham uma “epifania coletiva sobre o valor da privacidade, eles continuarão a negligenciá-la”. 3 1. O “tamanho” da política de privacidade do Facebook (New York Times, 12 mai 2010). Apesar de soar assim tão obsoleta e não combinar nem um pouco com rótulos a tal “privacidade” permanece insolente, uma questão dissolve mesmo quando o mais jovem bilionário do ramo das redes sociais se “Geração Y não abandonará redes sociais” (9 jul. 2010). ECO/UFRJ 2 visibilidade mediática cibercultural se lugar comum afirmar que as fronteiras entre espaço público e invasão de privacidade e compartilhamento de informações um movimento crescente em busca de iadamente, de evasão de Internet – pesquisadores, Yahoo! e Linux – ouvidos , nos Estados Unidos) que os jovens a compartilhar informações íntimas em troca dos a menos que tenham uma “epifania coletiva sobre o valor Facebook Apesar de soar assim tão obsoleta e não combinar nem um pouco com rótulos up- , uma questão que não se lionário do ramo das redes sociais – Mark
  • 3. IV Simpósio Nacional ABCiber Zuckerberg, cofundador do O fato é que, sob alegação de oferecer um o ônus de operar cerca de 5 política de privacidade, por outro lado, (figura 1). No Brasil, o gigante informações de acordo com seus círculos sociais, lançou de conteúdo por Grupos reviravolta em relação à propalada tendência de Ao que parece, a superada ou exaurida; antes, comparece reconfigurada nos deslocamentos descentramentos característicos da época acompanha, por sua vez, a crescente complexidade das plataformas ciberculturais de relacionamento e projeção subjetiva, pertinência do conceito rastreamento, indexação, vigilância de ser, estar e relacionar-se com o mundo. Privacidade e individualidade: deslocamentos pós Privacidade, individualidade nas concepções políticas, ideológicas e teleológicas do projeto moderno os quartos privados do mundo burguês noções de individualidade e identidade 4 Veja-se: “Preocupações com privacidade no Facebook são exageradas, diz Zuckerberg” (14 set. 2010). 5 Conforme as reportagens “The price of Facebook Privacy? Privacy: A Bewildering Tangle of Options 6 O Orkut, no Brasil, é 8,6 vezes maior que o quando considerada a base mundial de membros (AGUIARI, 2010b). 7 A racionalidade dos imóveis burgueses, conforme Guerrand (1991, p. 332), no século XIX, “compreende obrigatoriamente um espaço público de representação, um espaço privado para a intimidade familiar e espaços de rejeição. Desde a entrada, a antecâmara, destinada à distribuição ultrapassar sem convite”. A sala de jantar ou o salão de visitas, espaços de sociabilidade, constituíram o cenário em que “a família oferece espetáculos aos seus convidados, instala a prataria e exibe um centro de fabricado por um ouvires da moda”. O quarto conjugal, “templo da procriação e não da volúpia” (Ibid., p. 334), concretizará a sacralização do ato sexual como íntimo e absolutamente privativo. privacidade do quarto conjugal e, post V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ do Facebook – decreta que esse tipo de preocupação é , sob alegação de oferecer um controle preciso, a plataforma cerca de 50 configurações de privacidade (com mais de 170 opções , por outro lado, cresceu de 1.004 palavras para 5.830 o gigante Orkut 6 , sensível à necessidade do usuário de compartilhar informações de acordo com seus círculos sociais, lançou um recurso que facilita a publicação de Amigos cadastrados no perfil (AGUIARI, 2010 a) ção à propalada tendência de tudo exibir e mostrar sem restrições o que parece, a questão da privacidade nas redes sociais do superada ou exaurida; antes, comparece reconfigurada nos deslocamentos característicos da época. O conjunto de exemplos denota acompanha, por sua vez, a crescente complexidade das plataformas ciberculturais de relacionamento e projeção subjetiva, e aponta a necessidade premente do conceito de “privacidade” em meio a tantos mecanismos de busca, vigilância e visibilidade que dão lastro tecnológico se com o mundo. Privacidade e individualidade: deslocamentos pós-modernos individualidade, identidade e sujeito são conceitos que nas concepções políticas, ideológicas e teleológicas do projeto moderno os quartos privados do mundo burguês 7 foram fundamentais para o desenvolvimento das noções de individualidade e identidade – pois era no silêncio dessas fronteiras Preocupações com privacidade no Facebook são exageradas, diz Zuckerberg” (14 set. 2010). The price of Facebook Privacy? Start clicking” (BILTON, Privacy: A Bewildering Tangle of Options – Graphic” (12 mai. 2010). no Brasil, é 8,6 vezes maior que o Facebook em número de usuários, embora quando considerada a base mundial de membros (AGUIARI, 2010b). imóveis burgueses, conforme Guerrand (1991, p. 332), no século XIX, “compreende obrigatoriamente um espaço público de representação, um espaço privado para a intimidade familiar e espaços de rejeição. Desde a entrada, a antecâmara, destinada à distribuição, impõe-se como um filtro que não se pode ultrapassar sem convite”. A sala de jantar ou o salão de visitas, espaços de sociabilidade, constituíram o cenário em que “a família oferece espetáculos aos seus convidados, instala a prataria e exibe um centro de fabricado por um ouvires da moda”. O quarto conjugal, “templo da procriação e não da volúpia” (Ibid., p. 334), concretizará a sacralização do ato sexual como íntimo e absolutamente privativo. privacidade do quarto conjugal e, posteriormente, do quarto próprio, constituía um luxo burguês. ECO/UFRJ 3 esse tipo de preocupação é um exagero 4 . controle preciso, a plataforma transfere ao usuário com mais de 170 opções) 5 . Sua cresceu de 1.004 palavras para 5.830 em cinco anos sensível à necessidade do usuário de compartilhar que facilita a publicação (AGUIARI, 2010 a) – uma sem restrições. nas redes sociais do cyberspace não está superada ou exaurida; antes, comparece reconfigurada nos deslocamentos, hibridações e O conjunto de exemplos denota uma escalada que acompanha, por sua vez, a crescente complexidade das plataformas ciberculturais de premente de reflexão sobre a em meio a tantos mecanismos de busca, que dão lastro tecnológico a novas formas modernos são conceitos que se irmanam nas concepções políticas, ideológicas e teleológicas do projeto moderno. Para Sibilia (2008), foram fundamentais para o desenvolvimento das dessas fronteiras físicas que os Preocupações com privacidade no Facebook são exageradas, diz Zuckerberg” (14 set. 2010). (BILTON, 2010) e “Facebook embora seja 5,6 vezes menor imóveis burgueses, conforme Guerrand (1991, p. 332), no século XIX, “compreende obrigatoriamente um espaço público de representação, um espaço privado para a intimidade familiar e espaços se como um filtro que não se pode ultrapassar sem convite”. A sala de jantar ou o salão de visitas, espaços de sociabilidade, constituíram o cenário em que “a família oferece espetáculos aos seus convidados, instala a prataria e exibe um centro de mesa fabricado por um ouvires da moda”. O quarto conjugal, “templo da procriação e não da volúpia” (Ibid., p. 334), concretizará a sacralização do ato sexual como íntimo e absolutamente privativo. Por razões óbvias, a um luxo burguês.
  • 4. IV Simpósio Nacional ABCiber indivíduos podiam perscrutar seu íntimo vazão, em diários pessoais, ao seu “eu”. Tal prática, solitária, era compreendida como uma forma de se chegar ao conhecimento daquilo que diferencia e torna autêntico o sujeito centrado (cartesiano). Constituir-se como indivíduo mínima parte da humanidade (BAUMAN, 2007, p. 30); contínua temporalmente, em constante evolução que permitiam a tomada de perspectiva sobre a verdade sobre si. Esses diários particulares não eram objetos “cadeados”, guardados no segredo No século XX, f generalizada da modernidade um futuro melhor – afinal, essa Holocausto e às bombas de Hiroshima e Nagasaki. conformavam a atuação no presente com vistas à conquista do destino pulverizaram face do horror: “A modernidade expôs barbárie inaudível. O que se apresentava fiel à liberdade flertava com grilhões” (TRIVINHO, 2001, p. 47). Ao indivíduo resultante fraternidade – luta em que o direito à privacidade ganhou o urgência do presente e uma pluralidade de incertezas, inclusive sobre “quem melhor, sobre “quem devo ser?” Por essa razão, não é possível mais falar em agora, é outro: descentrado, encade inexistente; o mesmo ocorre com fragmentada). Por seu turno, as tecnologias do tempo real, ao facultar ubiqüidade e manifestação cibermediática a si mesmos na medida em que espalham constructos subjetivos (divíduos) “mônada”), mas subjetividades ou pulverizadas. Tal dispersão otimiza, cultural de um modelo específico de sujeito, o fractal, isto é, um inúmeros fragmentos vivamente aleatórios V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ indivíduos podiam perscrutar seu íntimo (para aquém das fronteiras da pele, do corpo) ais, aos pensamentos constitutivos de sua essência, seu Tal prática, solitária, era compreendida como uma forma de se chegar ao conhecimento daquilo que diferencia e torna autêntico o sujeito centrado se como indivíduo tratava de perceber-se como mínima parte da humanidade (BAUMAN, 2007, p. 30); ter uma identidade coerente, contínua temporalmente, em constante evolução – razão de ser dos registros diários m a tomada de perspectiva sobre a história da própria existência Esses diários particulares invariavelmente tinham circulação restrita, quando “cadeados”, guardados no segredo de baús ou gavetas. No século XX, foram diversos os abalos sísmicos que implodiram a confiança generalizada da modernidade na racionalidade científica e tecnológica afinal, essa mesma “racionalidade” conduziu locausto e às bombas de Hiroshima e Nagasaki. Todas as certezas teleológicas que conformavam a atuação no presente com vistas à conquista do destino pulverizaram : “A modernidade expôs-se, no fundo, como uma estranha melodia, um canto d barbárie inaudível. O que se apresentava fiel à liberdade flertava com grilhões” (TRIVINHO, resultante da luta coletiva pelo direito à l luta em que o direito à privacidade ganhou o contorno moderno urgência do presente e uma pluralidade de incertezas, inclusive sobre “quem melhor, sobre “quem devo ser?”. Por essa razão, não é possível mais falar em sujeito sem considerar que este, agora, é outro: descentrado, encadeado no discurso, atravessado pelos contextos, diluído, inexistente; o mesmo ocorre com identidade (plural, contraditória, temporária, múltipla, fragmentada). Por seu turno, as tecnologias do tempo real, ao facultar ubiqüidade ermediática, fazem surgir (in)divíduos: aqueles que não são mais redutíveis a si mesmos na medida em que espalham-se e colocam-se (in) nos diversos fragmentos (divíduos) que esparjem pelas redes. De fato, não são subjetividades flutuantes ou rarefeitas, quando não completamente liquefeitas Tal dispersão otimiza, segundo Trivinho (2007, p. 392), “ cultural de um modelo específico de sujeito, o fractal, isto é, um pluridi inúmeros fragmentos vivamente aleatórios”. ECO/UFRJ 4 ém das fronteiras da pele, do corpo) e dar e sua essência, seu núcleo interior, Tal prática, solitária, era compreendida como uma forma de se chegar ao conhecimento daquilo que diferencia e torna autêntico o sujeito centrado e pensante se como único e indivisível, a ter uma identidade coerente, linear e razão de ser dos registros diários, íntimos, própria existência, uma busca da circulação restrita, quando gavetas. oram diversos os abalos sísmicos que implodiram a confiança racionalidade científica e tecnológica como determinante de conduziu a humanidade ao Todas as certezas teleológicas que conformavam a atuação no presente com vistas à conquista do destino pulverizaram-se em se, no fundo, como uma estranha melodia, um canto de barbárie inaudível. O que se apresentava fiel à liberdade flertava com grilhões” (TRIVINHO, iberdade, igualdade e moderno –, sobraram a urgência do presente e uma pluralidade de incertezas, inclusive sobre “quem sou eu” ou, sem considerar que este, ado no discurso, atravessado pelos contextos, diluído, (plural, contraditória, temporária, múltipla, fragmentada). Por seu turno, as tecnologias do tempo real, ao facultar ubiqüidade na projeção aqueles que não são mais redutíveis nos diversos fragmentos ou De fato, não são sujeitos (como flutuantes ou rarefeitas, quando não completamente liquefeitas segundo Trivinho (2007, p. 392), “a consolidação pluridivíduo, formado de
  • 5. IV Simpósio Nacional ABCiber Não seria diferente com o conceito de intrinsecamente vinculada à instância, e o quarto de dor com aqueles que são de domínio público, o que pensar sobre todo o conjunto de dispositivos tecnológicos que confere acesso público ao ambiente privado? e escutas telefônicas estejam associadas à próprios (in)divíduos em seus quartos são indicativos de um movimento de evasão das paredes protetoras (e “sem graça” envolve envio de imagens próprias em nudez parcial ou total “ficantes”) por meio das mais diversas plataformas ciberculturais (inclusive de base móvel) tem ganhado cada vez mais adeptos entre jovens brasileiros menores de idade A espetacularização da não apenas muros e paredes (contornos fronteiriços concretos entre público e privado) foram transpostos, mas também baús, gavetas e cadeados que guardavam os pequenos e grandes segredos do cotidiano. Embora o alguma relação com o encadeamento do discurso diários de papel, que perspectiva histórica da própria vida é possível desenvolver na visibilidade histérica e “ensurdecedora inexorável (não com o presente Privacidade, identid De acordo com a proposição de Jameson representa, necessariamente, recrudescimento de tendências que já estavam e apropriado retomar as discussões de 8 Veja-se “Adolescentes aderem ao ' 9 Para Jameson (1994, p. 38-39), a investigação sobre o pós “o inverso também seja verdadeiro, embora os dois nunca tenham sido pensados como constituindo opostos simétricos. Uma alternância ainda mais rápida entre eles poderá, pelo menos, evitar que se cristalizem a postura celebratória ou o anacronismo d temática: “A pós-modernidade é a incrementação, a exponenciação, a radicação de todos os processos modernos. Trata-se de uma modernidade por excesso, uma ‘hipermodernidade’ de fat V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ Não seria diferente com o conceito de privacidade. Se a privacidade intrinsecamente vinculada à existência de espaços privados (como a residência, em primeira o quarto de dormir, ainda mais privativo), identificáveis por efeito de com aqueles que são de domínio público, o que pensar sobre todo o conjunto de dispositivos tecnológicos que confere acesso público ao ambiente privado? Embora c estejam associadas à invasão de privacidade, web cams em seus quartos são indicativos de um movimento de evasão das e “sem graça”) do espaço privado. O sexting, por exemplo, cuja prát envolve envio de imagens próprias em nudez parcial ou total (para namorados ou possíveis por meio das mais diversas plataformas ciberculturais (inclusive de base móvel) tem ganhado cada vez mais adeptos entre jovens brasileiros menores de idade A espetacularização da intimidade nos diários online (SIBILIA, 2008) sinaliza que muros e paredes (contornos fronteiriços concretos entre público e privado) foram anspostos, mas também baús, gavetas e cadeados que guardavam os pequenos e grandes Embora o sistema de arquivamento de posts do relação com o encadeamento do discurso na passagem do tempo que perspectiva histórica da própria vida é possível desenvolver na ensurdecedora” do Twitter, microblogging comprometido de forma não com o presente, mas) com o instantâneo? Privacidade, identidade, vigilância e controle: o indivíduo moderno De acordo com a proposição de Jameson (1994), a pós , necessariamente, uma ruptura total com a modernidade, correspondendo, recrudescimento de tendências que já estavam presentes 9 . Nesse sentido, e apropriado retomar as discussões de Foucault sobre visibilidade e Adolescentes aderem ao 'sexting' e postam fotos sensuais na internet” (TOMAZ, 2010). 39), a investigação sobre o pós-moderno pode ser reveladora do moderno e, “o inverso também seja verdadeiro, embora os dois nunca tenham sido pensados como constituindo opostos simétricos. Uma alternância ainda mais rápida entre eles poderá, pelo menos, evitar que se cristalizem a postura celebratória ou o anacronismo do fulminante gesto moralista”. Trivinho (2001, p.50 modernidade é a incrementação, a exponenciação, a radicação de todos os processos modernos. se de uma modernidade por excesso, uma ‘hipermodernidade’ de fato”. ECO/UFRJ 5 . Se a privacidade estava a residência, em primeira identificáveis por efeito de contraste com aqueles que são de domínio público, o que pensar sobre todo o conjunto de dispositivos Embora câmeras de vigilância web cams instaladas pelos em seus quartos são indicativos de um movimento de evasão das , por exemplo, cuja prática (para namorados ou possíveis por meio das mais diversas plataformas ciberculturais (inclusive de base móvel), tem ganhado cada vez mais adeptos entre jovens brasileiros menores de idade 8 . (SIBILIA, 2008) sinaliza que muros e paredes (contornos fronteiriços concretos entre público e privado) foram anspostos, mas também baús, gavetas e cadeados que guardavam os pequenos e grandes dos blogs ainda guarde tempo inerente aos antigos que perspectiva histórica da própria vida é possível desenvolver na comprometido de forma ade, vigilância e controle: o indivíduo moderno a pós-modernidade não correspondendo, antes, ao Nesse sentido, talvez seja possível sobre visibilidade e vigilância – ' e postam fotos sensuais na internet” (TOMAZ, 2010). moderno pode ser reveladora do moderno e, talvez, “o inverso também seja verdadeiro, embora os dois nunca tenham sido pensados como constituindo opostos simétricos. Uma alternância ainda mais rápida entre eles poderá, pelo menos, evitar que se cristalizem a postura Trivinho (2001, p.50-51) também tratará dessa modernidade é a incrementação, a exponenciação, a radicação de todos os processos modernos.
  • 6. IV Simpósio Nacional ABCiber principalmente quando Mark Zuckerberg “mais aberto e conectado”. A instituição d tempo, individualizante, é uma estratégia moderna de resolução do “problema da acumulação dos homens” (FOUCAULT, nos centros urbanos no século XVIII. A arquitetura do hospitais, prisões, escolas e fábricas, ser “administrados” por poucos plena época das Luzes, está em consonância com a ideia de que a opinião pública instância de visibilidade total p. 215-216) constituiriam fatores impeditivos de que qualquer um fizes punição. Este reino da ‘opinião’, invocado com tanta freqüência nesta época, é um tipo de funcionamento em que o poder poderá se exercer pelo simples fato de que as coisas serão sabidas e de que as pessoas serão vistas por um tipo de o coletivo e anônimo. Um poder cuja instância principal fosse a opinião não poderia tolerar regiões de escuridão. Se o projeto de Bentham despertou interesse, foi porque ele fornecia a fórmula, aplicável a muitos domínios diferentes, de um ‘po exercendo 217). Sob a vigília capacidade de querer fazer o mal obscuridade ou invisibilidade pelo corpo social e a instituição espaços privados, neste período (de 1789 a 1794, principalmente), e dados à conspiração inte ascensão do movimento romântico, em que o indivíduo fecha privada iria sofrer a mais violenta agressão já vista 21). É assim que a Revolução Francesa ruptura: inicialmente, desconfia de modelo de comportamento privada e assegura ao indivíduo a inviolabilidade de seu corpo O emergir da individualidade assinalou um progressivo enfraquecimento, a desintegração ou destruição da densa r força a totalidade das atividades da vida. Assinalou também que a comunidade estava perdendo o poder membros. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ principalmente quando Mark Zuckerberg diz que a missão do Facebook A instituição da visibilidade como instância de vigilância global e, ao mesmo tempo, individualizante, é uma estratégia moderna de resolução do “problema da acumulação dos homens” (FOUCAULT, 1979, p. 214) associado ao perturbador crescimento demográfico século XVIII. A arquitetura do Panopticon, de Bentham, aplicável a hospitais, prisões, escolas e fábricas, visa à restauração da disciplina quando poucos. A adoção do projeto pelos revolucionários franceses, em plena época das Luzes, está em consonância com a ideia de que a opinião pública instância de visibilidade total, é preventiva: o “olhar dos outros, o discurso dos outros” constituiriam fatores impeditivos de que qualquer um fizes Este reino da ‘opinião’, invocado com tanta freqüência nesta época, é um tipo de funcionamento em que o poder poderá se exercer pelo simples fato de que as coisas serão sabidas e de que as pessoas serão vistas por um tipo de o coletivo e anônimo. Um poder cuja instância principal fosse a opinião não poderia tolerar regiões de escuridão. Se o projeto de Bentham despertou interesse, foi porque ele fornecia a fórmula, aplicável a muitos domínios diferentes, de um ‘po exercendo-se por transparências’, de uma dominação por ‘iluminação’. ( 217). Sob a vigília constantemente dos olhares alheios, o indivíduo perderia su fazer o mal. Para os reformadores do século XVIII obscuridade ou invisibilidade – zonas opacas que não permitam o exercício da opinião pública corpo social e a instituição de uma sociedade transparente – devem ser repudiadas , neste período (de 1789 a 1794, principalmente), são co s à conspiração interesseira, contrários aos ideais da nação. ascensão do movimento romântico, em que o indivíduo fecha-se sobre si e sua família, “a vida privada iria sofrer a mais violenta agressão já vista na história ocidental” (HUNT, 1991, p. É assim que a Revolução Francesa, segundo Perrot (1991, p. 17), desconfia de todo e qualquer interesse privado, tornando a vida pública a ser seguido; depois, sob as pressões do público, de assegura ao indivíduo a inviolabilidade de seu corpo e de sua residência O emergir da individualidade assinalou um progressivo enfraquecimento, a desintegração ou destruição da densa rede de vínculos sociais que amarrava com força a totalidade das atividades da vida. Assinalou também que a comunidade estava perdendo o poder – e/ou interesse – de regular normativamente a vida de seus membros. (BAUMAN, 2007, p. 31). ECO/UFRJ 6 Facebook é tornar o mundo a visibilidade como instância de vigilância global e, ao mesmo tempo, individualizante, é uma estratégia moderna de resolução do “problema da acumulação p. 214) associado ao perturbador crescimento demográfico , de Bentham, aplicável a restauração da disciplina quando muitos precisam A adoção do projeto pelos revolucionários franceses, em plena época das Luzes, está em consonância com a ideia de que a opinião pública, como preventiva: o “olhar dos outros, o discurso dos outros” (Ibid., constituiriam fatores impeditivos de que qualquer um fizesse algo passível de Este reino da ‘opinião’, invocado com tanta freqüência nesta época, é um tipo de funcionamento em que o poder poderá se exercer pelo simples fato de que as coisas serão sabidas e de que as pessoas serão vistas por um tipo de olhar imediato, coletivo e anônimo. Um poder cuja instância principal fosse a opinião não poderia tolerar regiões de escuridão. Se o projeto de Bentham despertou interesse, foi porque ele fornecia a fórmula, aplicável a muitos domínios diferentes, de um ‘poder se por transparências’, de uma dominação por ‘iluminação’. (Ibid., p. o indivíduo perderia sua s reformadores do século XVIII, qualquer zona de que não permitam o exercício da opinião pública devem ser repudiadas. Os são considerados facciosos nação. Antes, portanto, da se sobre si e sua família, “a vida na história ocidental” (HUNT, 1991, p. 1991, p. 17), opera contraditória , tornando a vida pública sob as pressões do público, delineia a esfera de sua residência. O emergir da individualidade assinalou um progressivo enfraquecimento, a ede de vínculos sociais que amarrava com força a totalidade das atividades da vida. Assinalou também que a comunidade de regular normativamente a vida de seus
  • 7. IV Simpósio Nacional ABCiber Com o condicionamento e políticos que comandam os século XIX. A instauração do poder do olhar pelo dispositivo de vigilância de Benthan não ocorreu sem sofrer efetiva resistência mediante o crescimento da visual de seus agentes para reconhecimento interpessoal identificação mais refinados, desde o porte de papéis de identificação domésticos, militares, prostitutas, crianças abandonadas e viajantes (1854); emprego de fotografia (1876), identificação antropométrica (1882) e registro de marcas corpor digitais (início do século XX) no sistema prisional e, a partir de 1912, aos nômades, comerciantes e industriais itinerantes A nova ameaça que tais procedimentos fazem pesar sobre o segredo da vida privada começa a inquie fantástico desejo de decifrar a personalidade que se oculta e de intrometer intimidade dos outros; muda preocupação que em atiça a tentação da carta anônima, de-século, explica a emergência da personagem do detetive em busca de pistas. (Ibid. O sentido de invasão de que pululam os símbolos do eu, inventaria uma série de práticas corporal com a popularização dos espelhos, a posse da imagem própria com a difusão de retratos e fotografias, a marcação dos objetos pessoais objetos de distinção (prêmios, diplomas, quadros de honra ao mérito prática do diário íntimo, a montagem do álbum, a leitura silenciosa, a coleção de objetos antigos e a manutenção do museu familiar pulsões. O indivíduo comparece ensimesmado, i ser único, levam ao aparecimento de novos sofrimentos íntimos fracassar no imperioso esforço de delimitar V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ om o condicionamento sistemático da opinião pública aos interesses econômicos e políticos que comandam os media, o caráter utópico desta política ficou evidente desde o instauração do poder do olhar pelo dispositivo de vigilância de Benthan não efetiva resistência (FOUCAULT, 1979), além de revelar o crescimento da multidão: o modelo panóptico de controle, dependente da de seus agentes para reconhecimento interpessoal, cedeu lugar a mecanismos de dentificação mais refinados, desde o porte de papéis de identificação domésticos, militares, prostitutas, crianças abandonadas e viajantes (1854); emprego de fotografia (1876), identificação antropométrica (1882) e registro de marcas corpor digitais (início do século XX) no sistema prisional e, a partir de 1912, aos nômades, comerciantes e industriais itinerantes (CORBIN, 1991, p. 429-435). A nova ameaça que tais procedimentos fazem pesar sobre o segredo da vida privada começa a inquietar. [...] o temor da violação do eu e seu segredo engendra o fantástico desejo de decifrar a personalidade que se oculta e de intrometer intimidade dos outros; muda preocupação que embasa o esnobismo do incógnito, atiça a tentação da carta anônima, contribui para o prestígio do século, explica a emergência da personagem do detetive em busca de pistas. Ibid., p. 435-436). invasão de privacidade emerge como algo indesejável na medida em que pululam os símbolos do eu, reforçadores do sentimento de individualidade inventaria uma série de práticas novas para a época: a contemplação diária da com a popularização dos espelhos, a posse da imagem própria com a difusão de s, a marcação dos objetos pessoais com monogramas objetos de distinção (prêmios, diplomas, quadros de honra ao mérito , a montagem do álbum, a leitura silenciosa, a coleção de objetos manutenção do museu familiar, a vigilância sobre o corpo e . O indivíduo comparece ensimesmado, introspectivo. As pressões de único, levam ao aparecimento de novos sofrimentos íntimos: o indivíduo moderno teme esforço de delimitar sua singularidade. ECO/UFRJ 7 sistemático da opinião pública aos interesses econômicos o caráter utópico desta política ficou evidente desde o instauração do poder do olhar pelo dispositivo de vigilância de Benthan não , além de revelar-se ineficiente modelo panóptico de controle, dependente da memória cedeu lugar a mecanismos de dentificação mais refinados, desde o porte de papéis de identificação para operários, domésticos, militares, prostitutas, crianças abandonadas e viajantes (1854); emprego de fotografia (1876), identificação antropométrica (1882) e registro de marcas corporais e digitais (início do século XX) no sistema prisional e, a partir de 1912, aos nômades, A nova ameaça que tais procedimentos fazem pesar sobre o segredo da vida privada tar. [...] o temor da violação do eu e seu segredo engendra o fantástico desejo de decifrar a personalidade que se oculta e de intrometer-se na basa o esnobismo do incógnito, contribui para o prestígio do voyeurismo do fim- século, explica a emergência da personagem do detetive em busca de pistas. emerge como algo indesejável na medida em individualidade. Corbin (1991) : a contemplação diária da silhueta com a popularização dos espelhos, a posse da imagem própria com a difusão de com monogramas, o uso social de objetos de distinção (prêmios, diplomas, quadros de honra ao mérito, condecorações), a , a montagem do álbum, a leitura silenciosa, a coleção de objetos , a vigilância sobre o corpo e a disciplina de suas ntrospectivo. As pressões de ser alguém, de : o indivíduo moderno teme
  • 8. IV Simpósio Nacional ABCiber A espetacularização da vida pessoal valores e evasão de privacidade No século XX, normas da vida privada familiar e da vida pública, profissional. Sua emergência é possível, segundo Prost (1992), graças à construção de residências e conjuntos habitacionais funcionais contribu das relações de vizinhança e gradual entre a privacidade da casa e a total impessoalidade da esfera pública do trabalho agora burocratizado. A socialização dos filhos, sexualidade e procriação reabilitado, pode ser olhado sem pudor e é cuidado para ser exibido; categórico à integridade física De fato, o corpo se tornou o lugar da identidade pessoal. Sentir vergonha do próprio corpo seria sentir vergonha de si mesmo. [...] Mais do que as identidades sociais, máscaras ou personagens adotadas, mais até mesmo do que as idéias e frágeis e manipuladas, o corpo é a própria realidade da pessoa. Portanto, já não existe vida privada que não suponha o corpo. ( A conquista do lazer, o tempo das férias e o espaço dos clubes, bem como os jogos, levam à suspensão relacionamento e convívio. A ascensão da moda, do humor e da inconsistência das mensagens publicitárias, o abrandamento dos formalismos e a desmistificação dos registros e referências da vida pública levam ao apagamento embora os códigos sociais, Em contrapartida, os meios de comunicação de massa comportamentos cotidianos, uniformizam gostos, ideias e opiniões, colonizam o imaginário pessoal e engendram mercados para produtos em série enquanto “cada qual julga que está se personalizando mais” (Ibid. delineadora da cultura mediática, pode, assim, ser ilustrado: Não se trata, porém, de uma maquinação, e sim do próprio funcionamento de nossa sociedade. Não são decisões de alguns agentes maquiavélicos que teriam decidido impor suas ideologias. Nem as pessoas publicitários alimentam tais intenções. Aliás, eles formam uma nebulosa de contornos fluidos, onde ninguém detém um verdadeiro poder. Dentro desse grupo, cada qual simplesmente executa sua tarefa. Mas a rede das comunicaçõe mesmo sem um acordo prévio, todos se interessam pelos mesmos assuntos nos V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ A espetacularização da vida pessoal: dissolução de fronteiras de privacidade No século XX, o sentido de vida pessoal, ainda mais privada, ree da vida privada familiar e da vida pública, profissional. Sua emergência é possível, , graças à ampliação das moradias e seus espaços de conforto. A construção de residências e conjuntos habitacionais funcionais contribui das relações de vizinhança e a decadência dos espaços de convívio responsáveis pela gradual entre a privacidade da casa e a total impessoalidade da esfera pública do trabalho A socialização dos filhos, a liberalização da mulher abrandam os imperativos da instituição familiar. reabilitado, pode ser olhado sem pudor e é cuidado para ser exibido; categórico à integridade física e a recusa à velhice generaliza-se. De fato, o corpo se tornou o lugar da identidade pessoal. Sentir vergonha do próprio corpo seria sentir vergonha de si mesmo. [...] Mais do que as identidades sociais, máscaras ou personagens adotadas, mais até mesmo do que as idéias e frágeis e manipuladas, o corpo é a própria realidade da pessoa. Portanto, já não existe vida privada que não suponha o corpo. (Ibid., p. 105). A conquista do lazer, o tempo das férias e o espaço dos clubes, bem como os de normas e hierarquias, instituindo outras regras e critérios de relacionamento e convívio. A ascensão da moda, do humor e da inconsistência das mensagens publicitárias, o abrandamento dos formalismos e a desmistificação dos registros e referências levam ao apagamento das diferenças de posição e à diluição dos papéis mais discretos e complexos, não deixem de ser Em contrapartida, os meios de comunicação de massa e a publicidade os cotidianos, uniformizam gostos, ideias e opiniões, colonizam o imaginário pessoal e engendram mercados para produtos em série enquanto “cada qual julga que está se Ibid., p. 148). O caráter transpolítico da revolução em curso, neadora da cultura mediática, pode, assim, ser ilustrado: Não se trata, porém, de uma maquinação, e sim do próprio funcionamento de nossa sociedade. Não são decisões de alguns agentes maquiavélicos que teriam decidido impor suas ideologias. Nem as pessoas dos meios de comunicação nem os publicitários alimentam tais intenções. Aliás, eles formam uma nebulosa de contornos fluidos, onde ninguém detém um verdadeiro poder. Dentro desse grupo, cada qual simplesmente executa sua tarefa. Mas a rede das comunicaçõe mesmo sem um acordo prévio, todos se interessam pelos mesmos assuntos nos ECO/UFRJ 8 dissolução de fronteiras, inversão de , ainda mais privada, reescalona as da vida privada familiar e da vida pública, profissional. Sua emergência é possível, e seus espaços de conforto. A i para a desvalorização responsáveis pela transição gradual entre a privacidade da casa e a total impessoalidade da esfera pública do trabalho, ão da mulher e a dissociação entre os imperativos da instituição familiar. O corpo, reabilitado, pode ser olhado sem pudor e é cuidado para ser exibido; exige-se respeito De fato, o corpo se tornou o lugar da identidade pessoal. Sentir vergonha do próprio corpo seria sentir vergonha de si mesmo. [...] Mais do que as identidades sociais, máscaras ou personagens adotadas, mais até mesmo do que as idéias e convicções, frágeis e manipuladas, o corpo é a própria realidade da pessoa. Portanto, já não , p. 105). A conquista do lazer, o tempo das férias e o espaço dos clubes, bem como os de normas e hierarquias, instituindo outras regras e critérios de relacionamento e convívio. A ascensão da moda, do humor e da inconsistência das mensagens publicitárias, o abrandamento dos formalismos e a desmistificação dos registros e referências e à diluição dos papéis, não deixem de ser efetivos. e a publicidade modelam os os cotidianos, uniformizam gostos, ideias e opiniões, colonizam o imaginário pessoal e engendram mercados para produtos em série enquanto “cada qual julga que está se , p. 148). O caráter transpolítico da revolução em curso, Não se trata, porém, de uma maquinação, e sim do próprio funcionamento de nossa sociedade. Não são decisões de alguns agentes maquiavélicos que teriam decidido dos meios de comunicação nem os publicitários alimentam tais intenções. Aliás, eles formam uma nebulosa de contornos fluidos, onde ninguém detém um verdadeiro poder. Dentro desse grupo, cada qual simplesmente executa sua tarefa. Mas a rede das comunicações é tal que, mesmo sem um acordo prévio, todos se interessam pelos mesmos assuntos nos
  • 9. IV Simpósio Nacional ABCiber mesmos momentos, para desenvolver as mesmas opiniões. [...] E, para não cansar, é preciso personalizar. Entre a mídia e o público, a comunicação substitui a informação. Na cultura mediática, a notoriedade pública torna dimensão do espetacular avança para a vida privada de políticos, artistas e campeões. desvanecimento das fronteiras entre público e privado e a contaminação ambos produzirão uma crescente desvalorização da individualidade move-se do interior para o exterior: abandona o reduto íntimo (da mente, do corpo, do quarto, da residência) para alcançar as superfícies (da pele espacialidade pública dos media Como ápice dessa inversão de valores, a ciberculturais de relacionamento deve das subjetividades nos rincões glocais de visibilidade mediática âmbito das redes sociais digitais, a privacidade é realização de um mundo mais aberto suprimi-la em diversas ações inventariada da Time (figura 2). 10 Dentre elas, as iniciativas Facebook Beacon Facebook Like Button, em 2010. Além disso, Fletcher (2010) chama a atenção para os seguintes fatos: (a) no passado, o padrão de exibição das informaç arcasse com o ônus de configurar suas restrições de privacidade; (b) em dezembro de 2009, não passaram a visualizar informações de seus membros, incluindo lista de tenham reconfigurado suas opções de privacidade, “ainda é quase impossível V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ mesmos momentos, para desenvolver as mesmas opiniões. [...] E, para não cansar, é preciso personalizar. Entre a mídia e o público, a comunicação substitui a informação. (Ibid., p. 148-149). Na cultura mediática, a notoriedade pública torna-se medida de sucesso dimensão do espetacular avança para a vida privada de políticos, artistas e campeões. desvanecimento das fronteiras entre público e privado e a contaminação uma crescente desvalorização da privacidade se do interior para o exterior: abandona o reduto íntimo (da mente, do corpo, do quarto, da residência) para alcançar as superfícies (da pele media). Figura 2. Capa da Time (20 mai. 2010). Como ápice dessa inversão de valores, a “popularização” das plataformas ciberculturais de relacionamento deve-se principalmente à facilidade de publicação e projeção das subjetividades nos rincões glocais de visibilidade mediática (DAL BELLO, 2009) âmbito das redes sociais digitais, a privacidade é considerada um obstácu mundo mais aberto, razão pela qual o Facebook sentiu la em diversas ações inventariadas 10 por Fletcher (2010) na reportagem que foi capa Facebook Beacon, em 2007, Facebook Connect, em 2008 e , em 2010. Além disso, Fletcher (2010) chama a atenção para os seguintes fatos: (a) no passado, o padrão de exibição das informações foi alterado para a exposição máxima, exigindo que o usuário arcasse com o ônus de configurar suas restrições de privacidade; (b) em dezembro de 2009, não passaram a visualizar informações de seus membros, incluindo lista de amigos e interesse tenham reconfigurado suas opções de privacidade, “ainda é quase impossível burlar a forma como os dados ECO/UFRJ 9 mesmos momentos, para desenvolver as mesmas opiniões. [...] E, para não cansar, é preciso personalizar. Entre a mídia e o público, a comunicação substitui a se medida de sucesso e a dimensão do espetacular avança para a vida privada de políticos, artistas e campeões. O desvanecimento das fronteiras entre público e privado e a contaminação dos códigos de – a celebração da se do interior para o exterior: abandona o reduto íntimo (da mente, do corpo, do quarto, da residência) para alcançar as superfícies (da pele, da imagem, da “popularização” das plataformas à facilidade de publicação e projeção (DAL BELLO, 2009). No um obstáculo concreto à sentiu-se no direito de na reportagem que foi capa , em 2008 e Open Graph, com o , em 2010. Além disso, Fletcher (2010) chama a atenção para os seguintes fatos: (a) no ões foi alterado para a exposição máxima, exigindo que o usuário arcasse com o ônus de configurar suas restrições de privacidade; (b) em dezembro de 2009, não-usuários e interesses; e, embora muitos burlar a forma como os dados
  • 10. IV Simpósio Nacional ABCiber A privacidade, monitorado, direito de não ser registrado e direito de não ser reconhecido p. 116) – comparece como exercício da cidadania jaz testemunha o entranhamento da lógica da indústria cultural sentido, pode-se afirmar que a “cibercultura, mesmo fincada em personalização tão peculiar do uso das interfaces tecnológicas, não trouxe, a rigor, nada de novo, ao ter, quando muito, apenas requentado a tradição” (TRIVINHO, 2010, p. 11). discursos mediáticos, é apresentada como prol de uma sociedade mais aberta normalidade do cotidiano e perspectiva ingênua de que este discurso mentalidade de época, há que se contrapor o fato de que a quando valorizada como diferencial Visibilidade, vigilância, identidade e Se, do ponto de vista da arquitetura, o modelo de visibilidade centralizadora e omnividente do Panopticon a frase “cada camarada torna para “amigo” ou “seguidor”, denominações comuns nas redes sociais digitais para designar aqueles que configuram a audiência particular de um usuário. a paridade entre visibilidade e vigilância, mas a predisposição pessoa crescente naturalização. A rastreamento, controle e indexação a que está sujeita quando dos jogos de sociabilidade calcados na lógica do sensação de segurança no bunker podem ser usados em outros lugares (c) em 5 de maio de 2010, a Electronic Privacy Information Center Commission contra o Facebook, relatando as mudanças freqüentes em sua política de privacidade e a “tendência de projetar controles de privacidade que, se não enganosos, nã V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ , compreendida como um conjunto de direitos de não ser registrado e direito de não ser reconhecido comparece como detestável opacidade que relega o indivíduo jaz inscrito no paradigma sociocultural da visibilidade mediática e testemunha o entranhamento da lógica da indústria cultural no imaginário social se afirmar que a “cibercultura, mesmo fincada em personalização tão peculiar terfaces tecnológicas, não trouxe, a rigor, nada de novo, ao ter, quando muito, apenas requentado a tradição” (TRIVINHO, 2010, p. 11). Eis por que a privacidade é apresentada como algo em vias de superação (ou sociedade mais aberta, em que seja possível celebrar a vista do cotidiano e a banalidade massificante do “eu sou eu” perspectiva ingênua de que este discurso apenas reflete um comportamento ou uma mentalidade de época, há que se contrapor o fato de que a evasão de privacidade diferencial da novíssima Geração Y. vigilância, identidade e indexação: privacidade como resistência? Se, do ponto de vista da arquitetura, o modelo de visibilidade centralizadora e Panopticon não seja aplicável à nuvem difusa de informações do a frase “cada camarada torna-se um vigia” nunca foi tão atual, bastando para “amigo” ou “seguidor”, denominações comuns nas redes sociais digitais para designar aqueles que configuram a audiência particular de um usuário. O que muda, em essência, não é a paridade entre visibilidade e vigilância, mas a predisposição pessoal à exibição pública e sua crescente naturalização. A Geração Y não parece se incomodar com as possibilidades de rastreamento, controle e indexação a que está sujeita quando se inscreve nas redes; a sedução dos jogos de sociabilidade calcados na lógica do “apareser” (DAL BELLO, 2009), somada à bunker infotecnológico (TRIVINHO, 2007) e à superficialidade dos podem ser usados em outros lugares”, considerando-se a variedade de aplicativos e sites Electronic Privacy Information Center apresentou uma queixa à , relatando as mudanças freqüentes em sua política de privacidade e a “tendência de projetar controles de privacidade que, se não enganosos, não são intuitivos”. ECO/UFRJ 10 de direitos – “direito de não ser de não ser registrado e direito de não ser reconhecido” (VIANNA, 2007, indivíduo ao anonimato. O inscrito no paradigma sociocultural da visibilidade mediática e no imaginário social. Nesse se afirmar que a “cibercultura, mesmo fincada em personalização tão peculiar terfaces tecnológicas, não trouxe, a rigor, nada de novo, ao ter, quando muito, Eis por que a privacidade, nos algo em vias de superação (ou a ser superado) em a vista de larga audiência a “eu sou eu”. Para além da reflete um comportamento ou uma evasão de privacidade é estimulada : privacidade como resistência? Se, do ponto de vista da arquitetura, o modelo de visibilidade centralizadora e não seja aplicável à nuvem difusa de informações do cyberspace, bastando adaptar “camarada” para “amigo” ou “seguidor”, denominações comuns nas redes sociais digitais para designar O que muda, em essência, não é l à exibição pública e sua com as possibilidades de inscreve nas redes; a sedução “apareser” (DAL BELLO, 2009), somada à infotecnológico (TRIVINHO, 2007) e à superficialidade dos sites parceiros da plataforma; apresentou uma queixa à Federal Trade , relatando as mudanças freqüentes em sua política de privacidade e a “tendência
  • 11. IV Simpósio Nacional ABCiber relacionamentos, facilmente desconectáveis (BAUMAN, 2004), sitiam possíveis temores no “universo paralelo” do cyberspace coletivo deve sofrer inevitável conexão contínua, geolocalização digitais e físicos. Mas a tro o pouco de privacidade que lhes resta tornar ainda mais totalitários e precisos É exatamente neste ponto que reside o valor mercadológico de uma rede social: ela congrega indivíduos que a utilizam de relacionamento; classifica deslocamentos coletivos ou individuais de interesse para entregar-lhe mensagens ( essas considerações não pareçam abstratas ou teóricas, basta acresc gerado lucro desde novembro de 2009 Facebook em 2010 será de um bilhão de dólares configuram entre os sites mais acessados do mundo, tais plataformas consoli modelo de negócio baseado em visibilidade, vigilância, identidade e indexação. decorrência, é óbvio que suas políticas de privacidade tornam modo a assegurar a exploração comercial dos recursos subjetivo las da responsabilidade por eventuais problemas que os indivíduos tenham ao se tornarem cada vez mais abertos e conectados Nesse sentido, cabe um rápido comentário: o oportunamente e na contramão das p suas múltiplas políticas de privacidade. O lançamento do versão do Orkut, sinaliza sua preocupação em não desmerecer a confiança de seus usuários. Ao subsidiar e promover rec que os usuários sintam-se seguros para trata-se de reabilitar a privacidade para poder explorar melhor as preciosas informações que só trafegam em sua esfera. Embora os proponentes de uma suficiente para montarem seus perfis no reinvindicado, em nome dos interesses públicos, acesso irrestrito às informações ali depositadas. Afinal, o potencial deste dinâmico banco de dados não passou despercebido às V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ relacionamentos, facilmente desconectáveis (BAUMAN, 2004), sitiam possíveis temores no cyberspace. O senso comum expresso por esta figura do imagin sofrer inevitável transformação com o avanço das tecnologias móveis de geolocalização no território e sobreposição (ou hibridação Mas a troca de uma metáfora (falaciosa) por outra (?) o pouco de privacidade que lhes resta, já que os mecanismos de indexação ários e precisos. É exatamente neste ponto que reside o valor mercadológico de uma rede social: que a utilizam como base de apresentação, comunicação ; classifica-os em grupos de perfis combinando variáveis diversas deslocamentos coletivos ou individuais de interesse; indexa, a qualquer tempo, lhe mensagens (em geral publicitárias) particularmente significativas. Para que essas considerações não pareçam abstratas ou teóricas, basta acrescentar que gerado lucro desde novembro de 2009 (AGUIARI, 2010 a) e que a receita estimada do em 2010 será de um bilhão de dólares (FLETCHER, 2010) mais acessados do mundo, tais plataformas consoli modelo de negócio baseado em visibilidade, vigilância, identidade e indexação. decorrência, é óbvio que suas políticas de privacidade tornam-se cada vez mais complexas, de modo a assegurar a exploração comercial dos recursos subjetivo-informacionais e resguardá las da responsabilidade por eventuais problemas que os indivíduos tenham ao se tornarem conectados. Nesse sentido, cabe um rápido comentário: o Google tem anunciado, muito oportunamente e na contramão das práticas do Facebook, um processo de simplificação de suas múltiplas políticas de privacidade. O lançamento do Grupo de Amigos , sinaliza sua preocupação em não desmerecer a confiança de seus usuários. Ao subsidiar e promover recursos mais simples de controle de privacidade, o se seguros para compartilhar mais. A inversão da lógica é estupenda: se de reabilitar a privacidade para poder explorar melhor as preciosas informações que Embora os proponentes de uma sociedade transparente suficiente para montarem seus perfis no Facebook, é possível inferir que teriam reinvindicado, em nome dos interesses públicos, acesso irrestrito às informações ali depositadas. Afinal, o potencial deste dinâmico banco de dados não passou despercebido às ECO/UFRJ 11 relacionamentos, facilmente desconectáveis (BAUMAN, 2004), sitiam possíveis temores no so comum expresso por esta figura do imaginário transformação com o avanço das tecnologias móveis de hibridação) entre ambientes ca de uma metáfora (falaciosa) por outra (?) custará aos indivíduos indexação estão em vias de se É exatamente neste ponto que reside o valor mercadológico de uma rede social: , comunicação e ambiente variáveis diversas; rastreia , a qualquer tempo, qualquer um significativas. Para que entar que o Orkut tem a receita estimada do (FLETCHER, 2010). Ao passo que mais acessados do mundo, tais plataformas consolidam um rentável modelo de negócio baseado em visibilidade, vigilância, identidade e indexação. Em se cada vez mais complexas, de formacionais e resguardá- las da responsabilidade por eventuais problemas que os indivíduos tenham ao se tornarem tem anunciado, muito , um processo de simplificação de Grupo de Amigos, para a nova , sinaliza sua preocupação em não desmerecer a confiança de seus usuários. ursos mais simples de controle de privacidade, o Google espera . A inversão da lógica é estupenda: se de reabilitar a privacidade para poder explorar melhor as preciosas informações que sociedade transparente não tenham vivido o , é possível inferir que teriam reinvindicado, em nome dos interesses públicos, acesso irrestrito às informações ali depositadas. Afinal, o potencial deste dinâmico banco de dados não passou despercebido às
  • 12. IV Simpósio Nacional ABCiber autoridades de segurança dos Estados Unidos formas de controlar as mensagens que os usuários trocam pela web”. terrorismo, a grande obscuridade do século XXI, equilibrar a segurança naciona Novas tecnologias, velhas tensões privacidade como novíssimo rincão de resistência e afirmação dos direitos individuais ao invés de qualificá-la de obsoleta, declará apenas a sociedade civil organizada tem se mobilizado; tem adotado, por si mesmos despeito do discurso corrente compreendem que ainda há parte 11 de como utilizam o instrumental das redes. S a) sonegação parcial ou adulteração de informações b) dissimulação da identidade oficial por meio da adoção de c) uso superficial de múltiplas plataformas e perfis; d) restrição do número de e) classificação conteúdos publicados f) aplicação de “cadeados” aos conteúdos publicados (o que limita sua visibilidade à rede g) seleção de imagens para publicação que não revelem a localização geográfica da residência, da escola e de locais de trabalho; h) uso de canais de comunicação mais apropriados para tratar de assuntos privados. Para concluir, um breve relato: Google Street View 12 , perguntei a um jovem ( “assustado” com tamanha exposição 11 Há inúmeros recursos de rastreamento e indexação difíceis (se não impossíveis) de serem burlados pelo usuário comum. Além disso, ainda que o indivíduo faça uso de identidade falsa ou do anonimato para comunicar-se pelas redes, algo de publicitárias customizadas. 12 Considerações preliminares sobre esta tecnologia estão disponíveis em “ portão” (DAL BELLO, 2010a). V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ autoridades de segurança dos Estados Unidos, que têm estudado a proposição de “ formas de controlar as mensagens que os usuários trocam pela web”. , a grande obscuridade do século XXI, exige que se contemple equilibrar a segurança nacional e a privacidade dos usuários” (AGUIARI, 2010c). Novas tecnologias, velhas tensões: talvez seja o momento de reabilit privacidade como novíssimo rincão de resistência e afirmação dos direitos individuais ao la de obsoleta, declará-la morta e entregá-la aos cães. apenas a sociedade civil organizada tem se mobilizado; são inúmeros os casos de usuários que mesmos, um padrão de uso moderado nas plataformas ciberculturais despeito do discurso corrente de dissolução de fronteiras entre público e privado ainda há algo de absolutamente particular cuja preservação depende de como utilizam o instrumental das redes. Suas estratégias, entre outras, sonegação parcial ou adulteração de informações pessoais dissimulação da identidade oficial por meio da adoção de ficial de múltiplas plataformas e perfis; restrição do número de amigos; classificação dos amigos em grupos para personalizar a disponibilidade dos publicados; aplicação de “cadeados” aos conteúdos publicados (o que limita sua visibilidade à rede de amigos autorizados); seleção de imagens para publicação que não revelem a localização geográfica da residência, da escola e de locais de trabalho; uso de canais de comunicação mais apropriados para tratar de assuntos Para concluir, um breve relato: em 1 de outubro, por ocasião do lançamento do , perguntei a um jovem (aqui nomeado Jr., 19 anos) se ele não ficava “assustado” com tamanha exposição. Afinal, lá estava a sua rua, a sua casa, o seu portão. Ele Há inúmeros recursos de rastreamento e indexação difíceis (se não impossíveis) de serem burlados pelo usuário comum. Além disso, ainda que o indivíduo faça uso de identidade falsa ou do anonimato para se pelas redes, algo de sua subjetividade ficará latente – o que permitirá a entrega de mensagens Considerações preliminares sobre esta tecnologia estão disponíveis em “Google Street View ECO/UFRJ 12 m estudado a proposição de “novas leis e formas de controlar as mensagens que os usuários trocam pela web”. A campanha contra o exige que se contemple “a necessidade de (AGUIARI, 2010c). talvez seja o momento de reabilitar a privacidade como novíssimo rincão de resistência e afirmação dos direitos individuais ao la aos cães. Nesse sentido, não os casos de usuários que um padrão de uso moderado nas plataformas ciberculturais. A de dissolução de fronteiras entre público e privado, ja preservação depende em , entre outras, incluem: pessoais; dissimulação da identidade oficial por meio da adoção de fake profile; personalizar a disponibilidade dos aplicação de “cadeados” aos conteúdos publicados (o que limita sua seleção de imagens para publicação que não revelem a localização geográfica uso de canais de comunicação mais apropriados para tratar de assuntos m 1 de outubro, por ocasião do lançamento do Jr., 19 anos) se ele não ficava . Afinal, lá estava a sua rua, a sua casa, o seu portão. Ele Há inúmeros recursos de rastreamento e indexação difíceis (se não impossíveis) de serem burlados pelo usuário comum. Além disso, ainda que o indivíduo faça uso de identidade falsa ou do anonimato para o que permitirá a entrega de mensagens Google Street View: na soleira do seu
  • 13. IV Simpósio Nacional ABCiber respondeu que não, afinal, preocupada com essa tal privacidade marcava um diferencial entre nós: seu descaso pela problemática estava o orgulho por pertencer a uma nova geração. Não faço nada de errado. Por isso, e A partir daí, narrou três casos particulares primeiro, foi vitimado pela própria namorada; no segundo, localizou uma pessoa pelo em menos de trinta minutos partindo do cruzamento de informações mínimas; e no terceiro, descobriu que o link para os perfis falsos utilizados no com a namorada fora publicizado pelo como essas situações alteraram seu comportamento em relação ao uso das redes, mais cuidadoso. No terceiro caso, por exemplo, imediatamente todo o conte e desnecessário, pois neles já não h Ao término da entrevista, J prática cotidiana recente destoa privacidade muito mais do que supunha às tecnologias de indexação meus amigos e minha namorada blog!”. Referências AGUIARI, Vinícius. Orkut Disponível em: http://portalexame.abril.com.br/tecnologia/noticias/orkut grupos-amigos-590531.html AGUIARI, Vinícius. Orkut Exame. Disponível em: maior-facebook-brasil-590857.html. AGUIARI, Vinícius. Governo Obama quer grampear redes sociais. 27 set. 2010. Exame. Disponível em: http://info.abril.com.br/noticias/internet/governo grampear-redes-sociais-27092010 13 O relato pode ser lido na íntegra em “A V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ respondeu que não, afinal, “minha geração cresceu com a Internet. A gente preocupada com essa tal privacidade. Pra gente, isso é normal”. Ficou patente que o termo encial entre nós: seu descaso pela problemática estava o orgulho por pertencer a uma nova geração. “Não sou funcionário público, nem terrorista. Não faço nada de errado. Por isso, eu não ligo. Pelo menos até certo ponto narrou três casos particulares 13 de invasão de privacidade primeiro, foi vitimado pela própria namorada; no segundo, localizou uma pessoa pelo em menos de trinta minutos partindo do cruzamento de informações mínimas; e no terceiro, para os perfis falsos utilizados no Formspring para trocar confidências com a namorada fora publicizado pelo Facebook sem sua permissão). como essas situações alteraram seu comportamento em relação ao uso das redes, No terceiro caso, por exemplo, ao ver sua intimidade exposta, imediatamente todo o conteúdo e bloqueou a visibilidade dos perfis – o que parece incoerente neles já não havia mais nada. Ao término da entrevista, Jr. ficou bastante surpreso ao perceber o quanto sua recente destoa de sua crença (mais “antiga”): ele zelava pela “tal” privacidade muito mais do que supunha, embora ainda guarde certa ingenuidade em relação às tecnologias de indexação – “Se você quiser, pode divulgar meu nome verdadeiro. meus amigos e minha namorada não têm interesse em cibercultura, nunca achariam o seu Orkut ganha recurso Grupos de Amigos. 24 ago. 2010. http://portalexame.abril.com.br/tecnologia/noticias/orkut 590531.html. Acesso em 19 set. 2010 (a). Orkut é oito vezes maior que Facebook no Brasil. 2 . Disponível em: http://portalexame.abril.com.br/tecnologia/noticias/orkut 590857.html. Acesso em 27 set. 2010 (b). AGUIARI, Vinícius. Governo Obama quer grampear redes sociais. 27 set. 2010. . Disponível em: http://info.abril.com.br/noticias/internet/governo 27092010-37.shl. Acesso em 29 set. 2010 (c). ser lido na íntegra em “A Geração Y não liga para privacidade?” (DAL BELLO, 2010b). ECO/UFRJ 13 . A gente não está muito ”. Ficou patente que o termo encial entre nós: seu descaso pela problemática estava em consonância com Não sou funcionário público, nem terrorista. elo menos até certo ponto”. invasão de privacidade (no primeiro, foi vitimado pela própria namorada; no segundo, localizou uma pessoa pelo Orkut em menos de trinta minutos partindo do cruzamento de informações mínimas; e no terceiro, para trocar confidências sem sua permissão). Também falou sobre como essas situações alteraram seu comportamento em relação ao uso das redes, tornando-o ao ver sua intimidade exposta, deletou o que parece incoerente r. ficou bastante surpreso ao perceber o quanto sua ele zelava pela “tal” certa ingenuidade em relação ê quiser, pode divulgar meu nome verdadeiro. Imagina, êm interesse em cibercultura, nunca achariam o seu ganha recurso Grupos de Amigos. 24 ago. 2010. Portal Exame. http://portalexame.abril.com.br/tecnologia/noticias/orkut-ganha-recurso- no Brasil. 25 ago. 2010. Portal http://portalexame.abril.com.br/tecnologia/noticias/orkut-8-vezes- AGUIARI, Vinícius. Governo Obama quer grampear redes sociais. 27 set. 2010. Portal . Disponível em: http://info.abril.com.br/noticias/internet/governo-obama-quer- não liga para privacidade?” (DAL BELLO, 2010b).
  • 14. IV Simpósio Nacional ABCiber BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido Janeiro: Jorge Zahar, 2004. ________. Vida líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007. BILTON, Nick. The price of Facebook Privacy? Start clicking. Time. Disponível em: 13basics.html. Acesso em 18 set. 2010. CORBIN, Allain. Bastidores 4: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. São Pa DAL BELLO, Cíntia. Cibercultura e subjetividade plataformas virtuais de hiperespetacularização do eu, 2009. 130 p. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Semiótica) Disponível em: http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=9410. ________. Google Street View http://cintiadalbello.blogspot.com/2 em: 4 out. 2010 (a). ________. A Geração Y não liga para privacidade? http://cintiadalbello.blogspot.com/2010/10/geracao em: 4 out. 2010 (b). FACEBOOK Privacy: A Bewildering Tangle of Options York Time. Disponível em: facebook-privacy.html?ref=personaltech FLETCHER, Dan. How Facebook is redefining privacy http://www.time.com/time/business/article/0,8599,1990582 2010. FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder GERAÇÃO Y não abandonará redes sociais. 9 jul. 2010. http://veja.abril.com.br/noticia/vida Acesso em: 19 set. 2010. GUERRAND, Roger-Henri. Espaços privados. da vida privada, 4: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. HUNT, Lynn. Revolução Francesa e vida privada. História da vida privada, 4 Companhia das Letras, 1991. V Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ Amor líquido: sobre a fragilidade das relações humanas. Rio de 2004. . Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007. The price of Facebook Privacy? Start clicking. 12 mai. 2010. Disponível em: http://www.nytimes.com/2010/05/13/technology/personaltech/ Acesso em 18 set. 2010. Bastidores. In: PERROT, Michelle et al. (org.). História da vida privada, : da Revolução Francesa à Primeira Guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 1991 Cibercultura e subjetividade: uma investigação sobre a identidade em plataformas virtuais de hiperespetacularização do eu, 2009. 130 p. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Semiótica) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=9410. Google Street View: na soleira do seu portão. (1 out. 2010). Disponível em: http://cintiadalbello.blogspot.com/2010/10/google-street-view-na-soleira não liga para privacidade? (4 out. 2010). Disponível em: http://cintiadalbello.blogspot.com/2010/10/geracao-y-nao-liga-para-privacidade.html FACEBOOK Privacy: A Bewildering Tangle of Options – Graphic. 12 mai. 2010. vel em: http://www.nytimes.com/interactive/2010/05/12/business/ privacy.html?ref=personaltech. Acesso em 18 set. 2010. How Facebook is redefining privacy. Time. 20 mai. 2010. Disponível em: http://www.time.com/time/business/article/0,8599,1990582-1,00.html. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979. GERAÇÃO Y não abandonará redes sociais. 9 jul. 2010. Veja, Vida Digital. Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/geracao-y-nao-abandonara-as Henri. Espaços privados. In: PERROT, Michelle et al. (org.). : da Revolução Francesa à Primeira Guerra. São Paulo: Companhia das HUNT, Lynn. Revolução Francesa e vida privada. In: PERROT, Michelle et al. História da vida privada, 4: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. ECO/UFRJ 14 : sobre a fragilidade das relações humanas. Rio de 12 mai. 2010. The New York http://www.nytimes.com/2010/05/13/technology/personaltech/ História da vida privada, ulo: Companhia das Letras, 1991. : uma investigação sobre a identidade em plataformas virtuais de hiperespetacularização do eu, 2009. 130 p. Dissertação (Mestrado em ersidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=9410. na soleira do seu portão. (1 out. 2010). Disponível em: soleira-do-seu.html. Acesso (4 out. 2010). Disponível em: privacidade.html. Acesso . 12 mai. 2010. The New http://www.nytimes.com/interactive/2010/05/12/business/ . 20 mai. 2010. Disponível em: Acesso em: 17 set. . Rio de Janeiro: Graal, 1979. , Vida Digital. Disponível em: as-redes-sociais. In: PERROT, Michelle et al. (org.). História : da Revolução Francesa à Primeira Guerra. São Paulo: Companhia das In: PERROT, Michelle et al. (org.). : da Revolução Francesa à Primeira Guerra. São Paulo:
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