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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE
      DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
             ENGENHARIA DE TELECOMUNICAÇÕES




                FIBRA ÓPTICA




                   Allison Bastos
                   César Henrique de Oliveira Pereira
                   Eduardo Assis Rocha
                   Jacqueline dos Santos Marques Freitas
                   João Paulo Alves dos Santos
                   Luiz Carlos Campos




Monografia da Disciplina Princípios de Telecomunicações
do Programa de Engenharia de Telecomunicações, orientada
         Pelo Prof. M. Sc. Paulo Tibúrcio Pereira



                         UNIBH
                    Belo Horizonte
                         2004
ÍNDICE
                                                      Pagina
1.0    Introdução                                         5


2.0    História                                           6
      2.1 História da Fibra Óptica Mundial                6
      2.2 História da Fibra Óptica no Brasil             11


3.0    Regulamentação                                    13
      3.1 Normas Técnicas                                13
      3.1.1 Normas para Cabeamento Estruturados          13
      Fibra Óptica


4.0    Introdução sobre ondas                            14
      4.1 Reflexão e Refração                            14
      4.2 Lei de Snell                                   16
      4.3 Estrutura da fibra óptica                      22
      4.4 Tipos de fibra Óptica                          24
      4.4.1 Fibras Multimodo (MMF Multimode Fiber)       24
      4.4.1.1 Multimodo de Índice Degrau                 25
      4.4.1.2 Multimodo de Índice Gradual                26
      4.4.2 Fibras Monomodo (SMF Single Mode Fiber)      27
      4.2 Reflexão Interna Total                         28


5.0   Fabricação da Fibra Óptica                         31
      5.1.1 - Fabricação de uma preforma de vidro        32
      5.1.1.1 PVCD (Plasma Chemical Vapour               33
      Deposition)
      5.1.1.2 OVD (Outside Vapour Deposition)            34
      5.1.1.3 VAD (Vapour Axial Deposition)              35
      5.1.2 Puxamento de uma preforma em uma torre       36
      de puxamento




                                                           1
5.1.3 Testes das fibras puxadas        38


6.0   Emendas Ópticas                        39
      6.1 Processo de Emenda                 40
      6.1.1 Limpeza                          40
      6.1.2 Decapagem                        40
      6.1.3 Clivagem                         40
      6.2 Atenuações em Emendas Ópticas      41
      6.2.1 Fatores Intrínsecos              41
      6.2.2 Fatores Extrínsecos              42
      6.2.3 Fatores Refletores               42
      6.3 Tipos de Emendas Ópticas           42
      6.3.1 Emenda por Fusão                 43
      6.4 Emenda Óptica Mecânica             44
      6.5 Emenda Óptica por Conectorização   45
      6.6 Perdas por Atenuações              46
      6.6.1 Emendas Ópticas                  46
      6.6.2 Conectores                       47


7.0   Atenuação                              47
      7.1 Absorção                           48
      7.1.1 Absorção material                48
      7.1.2 Absorção do íon OH¯              49
      7.1.3 Absorção Mecânica                49
      7.2 Espalhamento                       51
      7.3 Propriedades das Fibras Óticas     52
      7.3.1 Imunidade a Interferências       52
      7.3.2 Ausência de diafonia             52
      7.3.3 Isolação elétrica                53
      7.4 Dispersão                          53
      7.4.1 Dispersão Modal                  53
      7.4.2 Disperção Cromática              54




                                              2
7.4.2.1 Disperção Material                       54
      7.4.2.2 Disperção de guia de onda                55


8.0   As Vantagens da utilização de Fibras Ópticas     55
      8.1 Banda passante potencialmente enorme         56
      8.2 Perda de transmissão muito baixa             57
      8.3 Imunidade a interferências e ao ruído        58
      8.4 Isolação elétrica                            59
      8.5 Pequeno tamanho e peso                       59
      8.6 Segurança da informação e do sistema         60
      8.7 Custos potencialmente baixos                 61
      8.8 Alta resistência a agentes químicos e        61
      variações de temperatura


9.0   Desvantagens                                     62
      9.1 Fragilidade das fibras ópticas sem           62
      encapsulamentos
      9.2 Dificuldade de conexão das fibras ópticas    62
      9.3 Acopladores tipo T com perdas muito altas    62
      9.4 Impossibilidade de alimentação remota de     62
      repetidores
      9.5 Falta de padronização dos componentes        63
      ópticos


10.   Aplicações da Fibra Óptica                       63
      10.1 Fibras Ópticas na Instrumentação            63
      10.1.1 Sensores                                  63
      10.1.2 Emprego de Fibras Ópticas na construção   64
      de sensores:
      10.1.3 Exemplos de sensores construídos com      64
      Fibras Ópticas:
      10.2 Sistemas de Comunicações                    65




                                                        3
10.3 Rede Telefônica                             65
     10.4 Rede Digital de Serviços Integrados         66
     (RDSI)
     10.5 Cabos Submarinos                            66
     10.6 Uso de Fibras Ópticas na Medicina:          67
     10.7 Laser de Fibra                              67
     10.8 Uso de Fibras Ópticas em Telecomunicações   68
     10.9 Comunicações                                69
     10.10 Redes Locais de Computadores               70
     10.11 Televisão por Cabo (CATV)                  72
     10.12 Sistemas de Energia e Transporte           73
     10.13 Aplicações da Fibra Óptica para fins       73
     Militares
     10.14 Aplicações Específicas                     74


11.0 Atualidades                                      75
     11.1 Mercado Brasileiro                          75
     11.2 Aplicações futuras                          76


12.0 Conclusão                                        79


13.0 Referências Bibliográficas                       80




                                                       4
1.0 Introdução


Quando     ouvimos         falar      sobre      comunicação             óptica,       logo
associamos o assunto ao uso de fibra óptica. A comunicação
utilizando fibra óptica é realizada através do envio de um
sinal de luz codificado, dentro do domínio de freqüência do
infravermelho,           1012   a    1014   Hertz,       a       fibra    óptica       é   um
filamento de vidro transparente e com alto grau de pureza.


É    tão   fino    quanto       um   fio    de    cabelo,          podendo       carregar
milhares de informações digitais a longas distâncias sem
perdas significativas. Ao redor do filamento existem outras
substâncias de menor índice de refração, que fazem com que
os raios sejam refletidos internamente, minimizando assim
as    perdas      de     transmissão.       Os   sistemas           de    comunicações
baseados em fibra ópticos utilizam lasers ou dispositivos
emissores de luz (LEDS). Esses últimos são preferidos por
serem mais eficientes em termos de potência, e devido a sua
menor largura espectral, que reduz os efeitos de dispersão
na    fibra.      Além    disso,      as    fibras       ópticas         são    imunes      a
interferências           eletromagnéticas            e       a     ruídos        por       não
irradiarem luz para fora do cabo.


Sempre que falamos ao telefone, assistimos à TV a cabo,
navegamos      na        Internet      ou     realizamos            uma        endoscopia
digestiva         utilizamos         tecnologia          associada          às     fibras
ópticas.


As vantagens da utilização da fibra ópticas são:
Imunidade a interferências, grande capacidade transmissão,
ausência de ruídos, isolação elétrico, pequeno tamanho e
peso, sigilo de comunicação.




                                                                                             5
Ao longo desse trabalho será possível se conhecer um pouco
mais    sobre       essa   tecnologia,       de   uma   maneira      pratica     e
objetiva, além de entender porque as fibras ópticas vêm
pouco    a    pouco    substituindo      a    utilização      dos    cabos     nas
telecomunicações.




2.0 História


2.1 História da Fibra Óptica Mundial


Os primeiros experimentos utilizando fibra óptica ocorreram
em     1930    na     Alemanha,    mas       as    pesquisas        sobre    suas
propriedades e características se iniciaram por volta de
1950. Hoje, as fibras ópticas são largamente utilizadas e
representam uma revolução na transmissão de informações.
Hoje em dia, as fibras ópticas utilizadas em sistemas podem
operar com taxas de transmissão que chegam até 620 Mbps.
Apenas       para    dar   uma   idéia       de   grandeza,    esta     taxa     é
aproximadamente dez mil vezes a taxa dos modems comumente
utilizados pela maioria dos usuários da Internet.




              Figura 1 – Filamentos de Fibra óptica [1]



                                                                                 6
Figura 2 – Linha do Tempo [1]


•   Século VI a.C: Os esquilos informaram aos Argos da
    queda de Tróia por meio de uma cadeia de sinais de
    fogo.
•   Século    II   a.C:     Polibio    propôs     um     sistema     de
    transmissão do alfabeto grego por meio de sinais de
    fogo (dois dígitos e cinco níveis (52=25 códigos).
•   100 a.C: Vidros de qualidade óptica somente apareceram
    após o surgimento dos famosos cristais venezianos, na
    época da Renascença. Os princípios da fibra óptica são
    conhecidos desde a Antigüidade e foram utilizados em
    prismas e fontes iluminadas.
•   200 D.C: Heron da Alexandria estudou a reflexão.
•   1621:    Willebrod    Snell   descobriu     que    quando   a   luz
    atravessa dois meios, sua direção muda (refração).
•   1678: Christian Huygens modela a luz como onda.
•   1791: Claude Chappe inventou o Semaphore, sistema de
    comunicação    visual   de    longas   distâncias     através    de



                                                                      7
braços       mecânicos,       instalados       no     alto     de         torres
    (velocidade de 1 bit por segundo)
•   1800:    O    Sr.     William     Herschel         descobriu         a     parte
    infravermelha do espectro.
•   1801:    Ritter        descobre     a        parte     ultravioleta           do
    espectro.
•   1830: Telégrafo com código Morse (digital) chegava a
    alcançar mil km, o equivalente a velocidade de 10 bits
    por segundo, com os repetidores.
•   1864:    O    físico    teórico     escocês,         James     C.        Maxwell
    (1831-1879), criou o termo campo eletromagnético após
    a publicação da sua teoria eletromagnética da luz.
•   1866:        Primeira      transmissão             transatlântica             de
    telégrafo.
•   1870: John Tyndal (1820-1893) mostrou a Royal Society
    que a luz se curva para acompanhar um esguicho d’água,
    ou seja, pode ser guiada pela água.
•   1876: Invenção do telefone analógico por Graham Bell
•   1880:    O     engenheiro       William       Wheeler,        recebeu        uma
    patente pela idéia de “conduzir” intensas fontes de
    luz   para     salas    distantes       de    um     prédio.    O        escocês
    naturalizado americano, Alexander Graham BELL (1847-
    1922),       inventou     o     Photophone,           um     sistema         que
    reproduzia vozes pela conversão de luz solar em sinais
    elétricos (telefone óptico).
•   1926: John L. Baird patenteia uma TV a cores primitiva
    que utilizava bastões de vidro para transportar luz.
•   1930:    Lamb       realizou       primeiros          experimentos            de
    transmissão      de     luz     através       de     fibras     de        vidro,
    Alemanha.
•   1940:    O    primeiro    cabo     coaxial         transporta        até     300
    ligações telefônicas ou um canal de TV.


                                                                                   8
•   1950:    Brian    O´BRIEN      do        American       Optical      Company      e
    Narinder Singh Kanpany , físico indiano do Imperial
    College     of    Science        and          Technology        de        Londres,
    desenvolveram fibras transmissoras de imagens, hoje
    conhecidas por Fiberscopes.
•   1956: O físico indiano Narinder Singh Kanpany inventa
    a fibra óptica: desenvolveram a idéia de uma capa de
    vidro sobre um bastão fino de vidro para evitar a
    “fuga” da luz pela superfície.
•   1958:    Arthur       Schwalow       e   Charles        Townes    inventam        o
    laser.
•   1960: Theodore Maiman, do Hughes Labs (EUA), construiu
    o primeiro laser a cristal de rubi.
•   1961:    Javan    e    colaboradores           construíram           o    primeiro
    laser a gás HeNe, para a região do infravermelho (1150
    nm). Em 1962 surge o laser HeNe para 632,8 nm.
•   1962: Foi inventado o primeiro fotodetector PIN de
    silício de alta velocidade (EUA).
•   1966:     Charles        Kao     e       A.      Hockham        do        Standard
    Communication Laboratory (UK), publicaram um artigo
    propondo    fibras       ópticas          como    meio     de     transmissão
    adequado se as perdas fossem reduzidas de 1000 para 20
    dB/km.
    Início     da    corrida       mundial           pela    fibra           de   menor
    atenuação !!!
•   1968: Primeiro diodo laser com dupla heteroestrutura,
    DHS, (EUA).
•   1970: Kapron e Keck quebram a barreira dos 20 dB/km
    produzindo uma fibra multimodo com 17 dB/km em 632,8
    nm (Corning Glass Works, USA).
•   1972:     Novamente,       Corning            Glass     lança        uma      fibra
    multimodo com 4 dB/km.


                                                                                      9
•   1973:    Um     link    telefônico       de     fibras     ópticas   foi
    instalado no EUA.
•   1976: O Bell Laboratories instalou um link telefônico
    em de 1 km em Atlanta e provou ser possível o uso da
    fibra         para      telefonia,            misturando        técnicas
    convencionais de transmissão. O primeiro link de TV a
    cabo    com    fibras    ópticas    foi       instalado    em   Hastings
    (UK). A empresa Rank Optics em Leeds (UK) fabrica
    fibras de 110 nm para iluminação e decoração.
•   1978: Começa, em vários pontos do mundo, a fabricação
    de fibras ópticas com perdas menores do que 1,5 dB/km,
    para as mais diversas aplicações.
•   1979: MYA e colaboradores, Japão, anunciam a primeira
    fibra monomodo (SMF) com 0,20 dB/km em 1550 nm.
•   1981: Ainslie e colegas (UK) demonstram a SMF com
    dispersão nula em 1550 nm.
•   1983: Introduzida a fibra monomodo com dispersão nula
    em 1310 nm – G652.
•   1985:    Introduzida         a   fibra    monomodo        de    dispersão
    deslocada (DS) – G653.
•   1988:    Operação       do   primeiro     cabo    submarino,      TAT-8,
    entre EUA, França e Inglaterra.
•   1989: Introdução comercial dos amplificadores ópticos
    dopados com érbio.
•   1994: Introduzida a fibra de dispersão nula (NZD) em
    1500 nm – G655.
•   2001: A fibra óptica movimenta cerca de 30 bilhões de
    dólares a cada ano.
•   2004: As pesquisas avançam em direção à caracterização
    e fabricação de fibras fotônicas.




                                                                           10
2.2 História da Fibra Óptica no Brasil


Unicamp foi à primeira instituição brasileira a pesquisar
as fibras ópticas. O Grupo de Fibras Ópticas do Instituto
de     Física     Gleb     Wataghin       foi   formado           em     1975    para
desenvolver o processo de fabricação de fibras e formar
recursos humanos nesta área.




      Figura 3 – Pesquisadores no Laboratório de Comunicações Ópticas [1]




Dos laboratórios do IFGW saíram às primeiras fibras ópticas
fabricadas no país e foram desenvolvidas várias técnicas de
caracterização           das    fibras.     Este          desenvolvimento         foi
transferido, juntamente com as pessoas treinadas, para o
CPQD      –     Centro     de     Pesquisas       e       Desenvolvimento          em
Telecomunicações           (empresa       pertencente         à        holding    das
Empresas de Telecomunicações – a Telebrás) onde continuou-
se com a construção de uma planta piloto para fabricação,
bem     como    otimização       do   processo.       O    CPQD    transferiu       a
tecnologia       para     as    empresas    ABC-Xtal,        Bracel,       Avibrás,
Pirelli e Sid, que hoje produzem a maior parte das fibras



                                                                                   11
utilizadas no Brasil. Acopladores por fusão a fibra, que
servem        para    juntar     os    núcleos      duas       ou    mais     fibras,
desenvolvidos nos laboratórios do grupo foram repassados ao
CPQD, juntamente com os recursos humanos. Esta tecnologia
foi transferida para as empresas AGC-Optosystems e AsGa.
Essas    empresas          exportam    produzem     os       acopladores      para    o
mercado nacional e para exportação.


As     pesquisas          do   grupo      foram     cada       vez     mais       sendo
desenvolvidas             em   assuntos     de    fronteira,          avaliando       e
explorando tecnologias emergentes, e realizando atividades
de pesquisa que fossem temas de teses de doutoramento.
Desenvolveu-se, assim, os primeiros amplificadores a fibra
dopada com Érbio no país, processos originais de fabricação
de vidros especiais, técnicas de óptica não linear e de
lasers de pulsos ultra-curtos para o estudo de fenômenos
ultra-rápidos.


Dadas as atividades desenvolvidas nos últimos anos, o grupo
passou a ser chamado de Grupo de Fenômenos Ultra-Rápidos e
Comunicações Ópticas. Este grupo é pioneiro no Brasil na
área     de    fenômenos        ultra-rápidos       e     conta      hoje     com    um
laboratório          de    femtossegundos         que    é     um    dos    melhores
equipados no mundo.


É grande a experiência do grupo na fabricação de vidros
ópticos;        desenvolvimento           de      processos          originais       de
fabricação de vidros cerâmicos e de vidros dopados com
quantum        dots        semicondutores.        Esses        vidros       que     são
promissores para aplicações em chaves fotônicas. O grupo
lidera também a área de dispositivos de óptica integrada em
vidros. [1]




                                                                                     12
3.0 Regulamentação


3.1 Normas Técnicas
O que é uma norma?


Uma      norma     é    um     grau       ou   nível       de    exigência,         é    uma
excelência, um objetivo para promover interoperabilidade e
confiabilidade           em    sistemas        estruturados.           As    normas      para
cabeamento estruturado definem um sistema geral para redes
de telecomunicações, criando um ambiente heterogêneo.
Essas      normas       nasceram         com   a    necessidade         de    padronizar
soluções para sistemas de cabeamento de telecomunicações
que      pudesse       abrigar      equipamentos       de       vários      fabricantes.
Existem       organizações               responsáveis           pela     elaboração         e
coordenação de padrões usados pela indústria, governo e
outros setores.
Vamos      citar       apenas       os    órgãos     que    interferem         na       Fibra
óptica.
    •    ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
    •    ANSI – American National Standards Institute
    •    EIA – Electronic Industries Alliance
    •    TIA – Telecommunications Industry Association




3.1.1 Normas para Cabeamento Estruturado Fibra Óptica


ANSI/EIA/TIA TSB72 – Guia para gerenciamento centralizado
de dispositivos de fibra óptica
A       intenção       deste     boletim        e    especificar            conjunto       de
diretrizes para administrar sistemas de fibra ópticas no
ambiente      da       sala    de    equipamentos          utilizando        sistema       de
racks e armários de telecomunicações.



                                                                                           13
Data: Publicado 1992, parte 568ª, desde outubro de 1995.


ANSI/EIA/TIA 526-14 – Especificações técnicas para medidas
ópticas multimodo
Este documento especifica procedimentos usados para medir
um link de fibra óptica multimodo, incluindo terminações,
componentes        passivos,      fontes    de     luz,     calibração      e
interpretação de resultados.
Data: Publicado 1998.


ANSI/EIA/TIA 526-7 – Especificações técnicas para medidas
ópticas monomodo
Tem    a   mesma   função    do   documento     anterior,    só   que    para
fibras monomodo.
Data: Atualmente em votação na EIA/TIA.


ANSI/EIA/TIA 568 – Componentes para Cabeamento de fibra
óptica


Esta       norma   especifica     os    requerimentos       mínimos      para
componentes de fibra óptica, tais como cabos, conectores,
hardware de conexão, patch cords e equipamento de teste de
campo.        Cabos    50/125µm        multimodo    e      monomodo       são
reconhecidos. [5]




4.0 Introdução sobre ondas


4.1 Reflexão e Refração


Em    1952,    o   físico   Narinder    Singh    Kapany,    com   base    nos
estudos efetuados pelo físico inglês John Tyndall de que a
luz poderia descrever uma trajetória curva dentro de um


                                                                           14
material   (no       experimento      de   Tyndall          esse    material    era
água), pode concluir suas experiências que o levaram à
invenção da fibra óptica. A fibra óptica é um excelente
meio de transmissão utilizado em sistemas que exigem alta
largura    de     banda,       tais   como:       o    sistema       telefônico,
videoconferência, redes locais (LANs), etc. Há basicamente
duas vantagens das fibras ópticas em relação aos cabos
metálicos:       A     fibra     óptica       é       totalmente        imune      a
interferências       eletromagnéticas,        o       que    significa    que      os
dados não serão corrompidos durante a transmissão. Outra
vantagem é que a fibra óptica não conduz corrente elétrica,
logo não haverá problemas com eletricidade, como problemas
de diferença de potencial elétrico ou problemas com raios.
O princípio fundamental que rege o funcionamento das fibras
ópticas é o fenômeno físico denominado reflexão total da
luz. Para que haja a reflexão total a luz deve sair de um
meio mais para um meio menos refringente, e o ângulo de
incidência deve ser igual ou maior do que o ângulo limite
(também chamado ângulo de Brewster). [4]




               Figura 4 – Exemplo de fibra óptica [4]


Para ter uma idéia dos dois fenômenos imagine uma pessoa à
beira de um lago de águas calmas e límpidas. Se ela olhar
próximo    a    seus   pés     possivelmente          verá     os    peixes    e    a



                                                                                   15
vegetação em baixo da água. Se, ao contrário, observar a
outra borda do lago verá refletido na água as imagens de
árvores ou outros objetos lá localizados. Porque a água e o
ar possuem índices de refração diferentes, o ângulo que um
observador olha a água influencia a imagem vista. [1]




4.2 Lei de Snell


A Figura 8 mostra um feixe de luz interceptado por uma
superfície    plana   de     vidro.   Parte    da    luz     incidente   é
refletida pela superfície, isto é, se propaga, em feixe,
para   fora   da   superfície,    como   se   tivesse      se   originado
naquela superfície. A outra parte é refratada, isto é, se
propaga como um feixe através da superfície para dentro do
vidro. A menos que o feixe incidente seja perpendicular ao
vidro, a luz sempre muda a direção de sua trajetória quando
atravessa uma superfície, por isso, dizemos que o feixe
incidente é “desviado” na superfície.


Com    base   na   figura,    vamos   definir       algumas     grandezas
utilizadas    e    iremos    representar      os    feixes      incidente,
refletido e refratado como raios, que são linhas retas
traçadas perpendicularmente às frentes de onda, que indicam
a direção do movimento dessas ondas. O ângulo de incidência
Ø1 o ângulo de reflexão Ø1’ e o ângulo de refração Ø2 ,
também estão sendo mostrados. Observe que cada um desses
ângulos é medido entre a normal à superfície e o raio
correspondente. O plano que contém o raio incidente e a
normal à superfície é chamado de plano de incidência. Na
Figura, o plano de incidência é o plano da página.




                                                                         16
Observamos experimentalmente que a reflexão e a refração
obedecem às seguintes leis:




 Figura 5 – Reflexão e a refração de um feixe de luz [10]



  •   LEI DA REFLEXÃO: O raio refletido está contido no
      plano de incidência, e Ø1’ = Ø2’      (Reflexão)


  •   LEI DA REFRAÇÃO: O raio refratado está contido no
      plano de incidência, e n1 os Ø1= n2 os Ø2 (Refração)




n1 é uma constante adimensional chamada índice de refração
do meio l, e n2 é o índice de refração do meio 2.


A Equação da reflexão é chamada de Lei de Snell. O índice
de refração de uma substância é igual a c/v, onde c é a
velocidade da luz no espaço livre (vácuo), e v é a sua
velocidade na substância considerada, conforme será visto
mais adiante. A Tabela dá o índice de refração do vácuo e
de algumas substâncias comuns. No vácuo, por definição, n é


                                                             17
exatamente igual a 1 ; no ar, n é muito próximo de 1,0 (uma
aproximação que faremos com freqüência). Não existe índice
de refração menor que 1.


O índice de refração da luz, em qualquer meio, exceto o
vácuo, depende do comprimento de onda da luz. A Figura
mostra essa dependência para o quartzo fundido. Uma vez
definido n, a luz de diferentes comprimentos de onda tem
velocidades diferentes num certo meio. Além disso, ondas
luminosas de comprimentos de onda diferentes são refratadas
com ângulos diferentes ao atravessarem uma superfície.


Assim, quando um feixe de luz, consistindo em componentes
com diferentes comprimentos de onda, incide numa superfície
de separação de dois meios, os componentes do feixe são
separados   por       refração      e    se       propagam    em     direções
diferentes. Esse efeito é chamado de dispersão cromática,
onde “dispersão” significa a separação dos comprimentos de
onda, ou cores, e “cromática” significa a associação da cor
ao seu comprimento de onda. Na Figura, não há dispersão
cromática, porque o feixe é monocromático (de uma única cor
ou comprimento de onda).


O índice de refração em um meio é, geralmente, maior para
um comprimento de onda menor (luz azul), do que para um
comprimento de onda maior (luz vermelha). Isso significa
que,   quando    a   luz   branca       se    refrata,     através    de   uma
superfície, o componente azul sofre um desvio maior do que
o   componente       vermelho,   com         as    cores     intermediárias
apresentando desvios que variam entre esses dois.




                                                                            18
Figura 6 – Índice de refração do quartzo fundido [10]



O   índice   de    refração     do   quartzo   fundido,   em   função    do
comprimento de onda. A luz, com um comprimento de onda,
pequeno, que corresponde a um índice de refração mais alto,
tem um desvio mais acentuado, ao penetrar no quartzo, que a
luz com um maior comprimento de onda. [3]




       Figura 7 – Índice de refração de alguns meios [10]



A Figura mostra um raio de luz branca, no ar, incidindo em
uma     superfície       de    vidro;    são    mostrados      apenas    os
componentes       azul   e    vermelho   da    luz   refratada.   Como    o
componente azul sofre uma refração maior do que o vermelho,
o ângulo de refração Ø2b, do componente azul, é menor do
que o ângulo de refração Ø2b’ do componente vermelho. A
Figura mostra um raio de luz branca passando pelo vidro e


                                                                         19
incidindo na superfície de separação vidro-ar. O componente
azul é, novamente, mais refratado que o vermelho, mas agora
Ø2b     > Ø2r.


Para aumentar a separação das cores, podemos usar um prisma
sólido de vidro, com seção triangular transversal, como na
Figura. A dispersão na primeira superfície é aumentada pela
dispersão na segunda superfície.




        Figura 8 – Dispersão cromática da luz branca [10]



O     arco-íris   é   o   exemplo      mais    simpático   de       dispersão
cromática. Quando a luz branca do Sol é interceptada por
uma gota de chuva, parte da luz se refrata para o interior
da gota, se reflete na superfície interna e, a seguir, se
refrata    para   fora    da   gota.    Como    no   prisma,    a    primeira
refração separa a luz do Sol em seus componentes coloridos,
e a segunda refração aumenta a separação.



                                                                           20
Quando   seus   olhos   interceptam   as   cores   separadas   pelas
gotas de chuva, o vermelho vem das gotas ligeiramente mais
inclinadas que aquelas de onde vem a cor azul, e as cores
intermediárias vêm das gotas com ângulos intermediários. As
gotas que separam as cores subtendem um ângulo de cerca de
42°, a partir de um ponto diretamente oposto ao Sol. Se a
chuva é forte e brilhantemente iluminada, você vê um arco
colorido, com o vermelho em cima e o azul embaixo.


Seu arco-íris é pessoal, porque um outro observador verá a
luz proveniente de outras gotas.




         Figura 9 – Um prisma separando a luz branca [10]




                                                                  21
Figura 10 – Um arco-íris e a separação das cores [10]




4.3 Estrutura da fibra óptica


As fibras ópticas são constituídas basicamente de materiais
dielétricos    (isolantes)     que,   como    já    dissemos,    permitem
total    imunidade   a    interferências       eletromagnética;         uma
região     cilíndrica     composta     de     uma     região     central,
denominada    núcleo,    por   onde   passa   a     luz;   e   uma   região
periférica denominada casca que envolve o núcleo.


A fibra óptica é composta por um núcleo envolto por uma
casca, ambos de vidro sólido com altos índices de pureza,


                                                                         22
porém com índices de refração diferentes. O índice de
refração do núcleo (n1) é sempre maior que o índice de
refração da casca (n2). Se o ângulo de incidência da luz em
uma das extremidades da fibra for menor que um dado ângulo,
chamado de ângulo crítico ocorrerá à reflexão total da luz
no interior da fibra. [3]


Veremos agora a estrutura do cabo de fibra óptica.




         Figura 11 – Estrutura da fibra óptica [3]




    Figura 12 – Estrutura em corte da fibra óptica [1]




                                                         23
•   Núcleo:       O    núcleo   é   um    fino    filamento    de       vidro   ou
         plástico, medido em micra (1 ηm = 0,000001m), por onde
         passa a luz. Quanto maior o diâmetro do núcleo mais
         luz ele pode conduzir.
     •   Casca: Camada que reveste o núcleo. Por possuir índice
         de refração menor que o núcleo ela impede que a luz
         seja refratada, permitindo assim que a luz chegue ao
         dispositivo receptor.
     •   Capa: Camada de plástico que envolve o núcleo e a
         casca,       protegendo-os           contra    choques     mecânicos         e
         excesso de curvatura.
     •   Fibras de resistência mecânica: São fibras que ajudam
         a   proteger         o    núcleo      contra    impactos        e    tensões
         excessivas durante a instalação. Geralmente são feitas
         de um material chamado kevlar, o mesmo utilizado em
         coletes a prova de bala.
     •   Revestimento externo: É uma capa que recobre o cabo de
         fibra óptica. [3]




4.4 Tipos de fibra Óptica


Existem duas categorias de fibras ópticas: Multimodais e
Monomodais. Essas categorias definem a forma como a luz se
propaga no interior do núcleo.




4.4.1 Fibras Multimodo (MMF Multimode Fiber)


As       fibras       multimodo      (MMF      MultiMode    Fiber)        foram      as
primeiras         a        serem   comercializadas.        Porque        possuem      o
diâmetro do núcleo maior do que as fibras monomodais, de



                                                                                     24
modo que a luz tenha vários modos de propagação, ou seja, a
luz   percorre      o   interior     da    fibra    óptica    por    diversos
caminhos. E também porque os conectores e transmissores
ópticos utilizados com elas são mais baratos. [1]


As setas verde, azul e vermelha representam os três modos
possíveis de propagação (neste exemplo), sendo que as setas
verde e azul estão representando a propagação por reflexão.
As dimensões são 62,5 ηm para o núcleo e 125 ηm para a
casca. Dependendo da variação de índice de refração entre o
núcleo   e     a    casca,      as   fibras       multimodais    podem    ser
classificadas em: Índice Gradual e Índice Degrau.




         Figura 13 – Propagação da luz multimodal [3]




4.4.1.1 Multimodo de Índice Degrau


Possuem um núcleo composto por um material homogêneo de
índice de refração constante e sempre superior ao da casca.
As fibras de índice degrau possuem mais simplicidade em sua
fabricação e, por isto, possuem características inferiores
aos   outros       tipos   de   fibras     a     banda    passante   é   muito
estreita, o que restringe a capacidade de transmissão da
fibra.   As    perdas      sofridas       pelo    sinal    transmitido    são
bastante altas quando comparadas com as fibras monomodo, o
que restringe suas aplicações com relação à distância e à
capacidade de transmissão. [1]



                                                                            25
Figura 14 – Fibra Óptica Multimodo ID [1]




4.4.1.2 Multimodo de Índice Gradual


Possuem    um   núcleo    composto     com       índices   de      refração
variáveis. Esta variação permite a redução do alargamento
do impulso luminoso. São fibras mais utilizadas que as de
índice    degrau.   Sua   fabricação    é        mais   complexa     porque
somente conseguimos o índice de refração gradual dopando
com doses diferentes o núcleo da fibra, o que faz com que o
índice de refração diminua gradualmente do centro do núcleo
até a casca. Mas, na prática, esse índice faz com que os
raios de luz percorram caminhos diferentes, com velocidades
diferentes, e chegue à outra extremidade da fibra ao mesmo
tempo     praticamente,    aumentando        a     banda   passante      e,
conseqüentemente,    a    capacidade    de       transmissão    da    fibra
óptica. [1]
São fibras que com tecnologia de fabricação mais complexa e
possuem    característica    principais          uma    menor   atenuação
1dBm/km, maior capacidade de transmissão de dados (largura



                                                                         26
de Banda de 1Ghz), isso em relação as fibras de multimodo
de índice Degrau.




                  Figura 15 – Fibra Multimodo IG




4.4.2 Fibras Monomodo (SMF Single Mode Fiber)


  As fibras monomodais são adequadas para aplicações que
  envolvam grandes distâncias, embora requeiram conectores
  de    maior    precisão   e    dispositivos         de   alto    custo.         Nas
  fibras    monomodais,      a    luz   possui        apenas      um       modo   de
  propagação, ou seja, a luz percorre interior do núcleo
  por apenas um caminho. As dimensões do núcleo variam
  entre 8 ηm a 10 ηm, e a casca em torno de 125 ηm. As
  fibras monomodais também se diferenciam pela variação do
  índice    de    refração       do   núcleo     em    relação         à    casca;
  classificam-se      em     Índice     Degrau        Standard,        Dispersão
  Deslocada      (Dispersion      Shifed)   ou    Non-Zero        Dispersion.
  [3]




        Figura 16 – Propagação da luz em monomodal [3]


                                                                                   27
As características destas fibras são muito superiores às
multimodos, banda passante mais larga, o que aumenta a
capacidade de transmissão. Apresenta perdas mais baixas,
aumentando, com isto, a distância entre as transmissões sem
o   uso   de   repetidores   de   sinal.       Os   enlaces       com   fibras
monomodo,      geralmente,     ultrapassam          50       km   entre      os
repetidores.


As fibras monomodo do tipo dispersão deslocada (dispersion
shifted) têm concepção mais moderna que as anteriores e
apresentam     características     com        muitas     vantagens,        como
baixíssimas     perdas   e   largura     de    banda     bastante       larga.
Entretanto, apresentam desvantagem quanto à fabricação, que
exige técnicas avançadas e de difícil manuseio (instalação,
emendas), com custo muito superior quando comparadas om as
fibras do tipo multimodo. [1]




4.2 Reflexão Interna Total


A   Figura      mostra   raios    provenientes           de       uma    fonte
puntiformes, no vidro, incidindo sobre a interface vidro-
ar. Para o raio a, perpendicular à interface, parte da luz
se reflete, e parte passa através da superfície, sem mudar
a direção.


Os raios de b até e, que têm, progressivamente, maiores
ângulos de incidência na interface, também sofrem reflexão
e   refração    na   interface.    À     medida        que    o   ângulo    de
incidência aumenta, o ângulo de refração também aumenta,
sendo de 90° para o raio e, o que significa que o raio
refratado é tangente à interface. Nessa situação, o ângulo
de incidência é chamado de ângulo crítico Øc. Para ângulos


                                                                             28
de incidência maiores do que Øc, como os dos raios f, e, g,
não há raio refratado, e toda a luz é refletida, efeito
conhecido como reflexão interna total.




     Figura 17 – A reflexão interna total da luz [10]


Para calcular Øc, usamos a Equação:
Associamos   arbitrariamente      o   subscrito    1   ao   vidro   e   o
subscrito 2 ao ar, substituímos Ø1, por Øc e Ø2 por 90°,
obtendo n1 os Øc = n2 os 90º encontrando, então Øc= os-1
n2/n1 (ângulo crítico)


Como o seno de um ângulo não pode ser maior do que 1, n2
não pode ser maior do que n1, na equação. Isso nos diz que
a reflexão interna total não pode ocorrer quando a luz
incidente está num meio que tem o menor índice de refração.


Se a fonte S, na Figura, estivesse no ar, todos os raios
incidentes na superfície ar-vidro (incluindo f e g) seriam
refletidos   e    refratados.     A   reflexão    interna   total   tem
encontrado várias aplicações na tecnologia da medicina. Por
exemplo, um médico pode pesquisar uma úlcera no estômago de
um paciente pela simples introdução de dois feixes finos de
fibras   óticas    através   da   garganta   do    paciente.    A   luz
introduzida pela extremidade de um dos feixes sofre várias
reflexões internas nas fibras, de forma que, mesmo com o


                                                                        29
feixe sendo submetido a várias curvas, a luz alcança a
outra extremidade, iluminando o estômago do paciente. Parte
da luz é, então, refletida no interior do estômago e retoma
pelo outro feixe, de forma análoga, sendo detectada, e
convertida em imagem num monitor de vídeo, oferecendo ao
médico uma visão interior do órgão. [10]


A luz propaga-se longitudinalmente até a outra extremidade
graças às reflexões totais que sofre na interface entre o
vidro central (núcleo) e o vidro periférico (casca). [1]




             Figura 18 – Reflexão Interna [1]




Isso ocorre porque uma fibra óptica transmite luz de uma
extremidade para a outra, com pequena perda pelas laterais
da fibra; porque a maior parte da luz sofre uma seqüência
de reflexões internas totais ao longo dessas laterais. [3]




                                                           30
Figura 19 – Fibra Óptica [10]




5.0 Fabricação da Fibra Óptica


Para aperfeiçoar a características, mecânicas, geométricas
e ópticas de uma fibra óptica sua fabricação se efetua,
habitualmente, em processos de varias etapas. Além do mais,
esta forma de fabricação permite uma produção em grandes
quantidades, rápida e rentável, atualmente são premissas
fundamentais para as telecomunicações ópticas.


Os materiais básicos usados na fabricação de fibras ópticas
são sílicas puras ou dopada, vidro composto e plástico. As
fibras óptica fabricadas de sílica pura ou dopada são as
que apresentam as melhores características de transmissão e
são as usadas em sistemas de telecomunicações. Todos os
processos de fabricação são complexos e caros. A fibra
óptica fabricadas de vidro composto e plástico não tem boas
características de transmissão (possuem alta atenuação e
baixa faixa de banda passante) e são empregadas em sistemas
de   telecomunicações       de    baixa   capacidade    e   pequenas
distâncias   e   sistemas    de    iluminação.   Os    processos   de
fabricação dessas fibras são simples e baratos se comparada
com as fibras de sílica pura ou dopada.



                                                                   31
Figura 20 – Fabricação da Preforma [7]




5.1.1 – Fabricação de uma preforma de vidro


Existem vários métodos para a fabricação de uma pré-forma
para   fibras      ópticas.          Descreveremos     aqui       o        Método   de
Deposição de Vapores Químicos. Na figura abaixo mostramos
um   esquema    onde      o     oxigênio    é     bombeado       juntamente         com
soluções químicas de Silício e Germânio, entre outras. A
mistura    correta        dos        componentes     químicos          é    que     vai
caracterizar       a    pré-forma       produzida    (índice          de    refração,
coeficiente de expansão etc).[1]


Um tubo especial de sílica ou quartzo (que será a casca da
fibra) é preenchido com a mistura de substâncias químicas
(que   será    o       núcleo    da     fibra).     Para   este        processo      é
utilizada uma espécie de torno que gira constantemente sob
o calor de uma chama. Quando a mistura de substâncias é
aquecida, o Germânio e o Silício reagem com o oxigênio
formando   o    Dióxido         de    Silício     (SiO2)     e    o    Dióxido       de
Germânio (GeO2), que se fundem dentro do tubo formando o


                                                                                     32
vidro do núcleo. A fabricação da pré-forma é totalmente
automatizada e leva horas para ser completada. [7]


Depois     que   a   pré-forma      esfria    passa   por   testes    de
qualidade, garantindo a pureza dos vidros fabricados. [1]




         Figura 21 – Fabricação da Preforma de Vidro [1]



Existem 4 tipos de processos de fabricação deste tipo de
fibra e a diferença entre eles está na etapa de fabricação
da preforma (bastão que contém todas as características da
fibra     óptica,    mas   possui    dimensões    macroscópicas).      A
segunda etapa de fabricação da fibra, o puxamento, é comum
a todos os processos.




5.1.1.1 PVCD (Plasma Chemical Vapour Deposition)


A   diferença    básica    deste    método,    ilustrado    abaixo,   em
relação ao MCVD é que ao invés de usar um maçarico de


                                                                      33
oxigênio    e    hidrogênio,   usa-se     um    plasma   não   isotérmico
formado por uma cavidade ressonante de microondas para a
estimulação dos gases no interior do tubo de sílica.


Neste processo, não é necessária a rotação do tubo em torno
de seu eixo, pois a deposição uniforme é obtida devido à
simetria circular da cavidade ressoante. A temperatura para
deposição é em torno de 1100oC. As propriedades das fibras
fabricadas por este método são idênticas ao MCVD. [7]




                     Figura 22 – Método PVCD [7]




5.1.1.2 OVD (Outside Vapour Deposition)


Este processo baseia-se no crescimento da preforma a partir
de uma semente, que é feita de cerâmica ou grafite, também
chamada de mandril. Este mandril é colocado num torno e
permanece       girando   durante    o   processo   de   deposição      que
ocorre sobre o mandril.


Os   reagentes     são    lançados   pelo      próprio   maçarico   e    os
cristais de vidro são depositados no mandril através de
camadas sucessivas. Nesse processo ocorre a deposição do
núcleo e também da casa, e obtém-se preforma de diâmetro


                                                                         34
relativamente grande, o que proporcionam fibras de grande
comprimento (40 km ou mais). Após essas etapas teremos uma
preforma porosa (opaca) e com o mandril em seu centro.


Para a retirada do mandril coloca-se a preforma num forno
aquecido a 1500oC que provoca a dilatação dos materiais.
Através da diferença de coeficiente de dilatação térmica
consegue-se soltar o mandril da preforma e a sua retirada.
O próprio forno faz também o colapsamento da preforma para
torná-la cristalina e maciça.


Esse processo serve para a fabricação de fibras do tipo
multimodo e monomodo de boa qualidade de transmissão.




                Figura 23 – Método OVD [7]




5.1.1.3 VAD (Vapour Axial Deposition)


Neste processo, a casca e o núcleo são depositados mas no
sentido do eixo da fibra (sentido axial). Neste processo
utilizam-se dois queimadores que criam a distribuição de
temperatura desejada e também injetam os gases (reagentes).



                                                         35
Obtém-se assim uma preforma porosa que é cristalizada num
forno elétrico à temperatura de 1500oC. Este processo obtém
preforma   com   grande   diâmetro   e   grande   comprimento,
tornando-o extremamente produtivo.




                 Figura 24 – Método VAD [7]




5.1.2 Puxamento de uma preforma em uma torre de puxamento


Depois do teste da pré-forma, ela é colocada em uma torre
de puxamento conforme a imagem abaixo:




                                                            36
Figura 25 – Torre de puxamento [1]




Coloca-se    a    pré-forma       em     um   forno     de   grafite       (com
temperaturas de 1.900 a 2.200 Celsius). O vidro da pré-
forma derrete e cai por ação da gravidade. Conforme cai,
forma um fio que é direcionado, pelo operador da torre, a
um micrômetro a laser e para recipientes onde receberá
camadas     de    sílica       protetora.      Um    sistema     de    tração
vagarosamente       puxa   a    fibra    da   pré-forma.       Como   todo    o
processo é controlado por computador, o micrômetro a laser
controla permanentemente o diâmetro da fibra fazendo com
que   o   sistema    de    tração      puxe   mais    lentamente      ou   mais
rapidamente a fibra da pré-forma. Geralmente as fibras são




                                                                             37
puxadas a velocidades entre 10 e 20 m/s. O produto final,
ou seja, a fibra óptica é enrolada em carretéis. [1]


DOUBLE CRUCIBLE (Duplo Cadinho)


Este processo é semelhante ao anterior, mas os vidros vêm
na forma de bastão, os quais são introduzidos no forno do
puxamento,    que    contém   dois      cadinhos.   Neste   processo,     a
geometria dos vidros alimentadores não é tão importante
como no processo anterior. Neste processo consegue-se a
variação do índice de refração através da migração de íons
alcalinos que mesclam a concentração dos vidros interno e
externo. [7]


Fabricação de fibras de plástico


A fabricação de fibras de plástico é feita por extração. As
fibras ópticas obtidas com este método têm características
ópticas    bem      inferiores     às     de   sílica,      mas     possuem
resistências mecânicas (esforços mecânicos) bem maiores que
as fibras de sílica. Têm grandes aplicações em iluminação e
transmissão de informações a curtas distâncias e situações
que oferecem grandes esforços mecânicos às fibras. [7]




5.1.3 Testes das fibras puxadas


    Os testes mais comuns que os fabricantes de fibras
realizam     são:    tensão      mecânica,     índice    de       refração,
geometria, atenuação (perdas), largura de banda, dispersão
cromática, temperatura de operação, perdas dependentes da




                                                                         38
temperatura de operação, habilidade de condução de luz sob
a água.
Depois que os carretéis de fibras passam pelos testes de
qualidade e são aprovados eles serão vendidos a empresas
que fabricam cabos. [1]




6.0 Emendas Ópticas


Uma     emenda    óptica        consiste      na    junção       de     2    ou     mais
seguimentos           de     fibras,     podendo           ser   permanente           ou
temporária.       Servem       para    prolongar        um    cabo     óptico,       uma
mudança de tipo de cabo, para conexão de um equipamento
ativo ou efetuarmos manobras em um sistema de cabeamento
estruturado.
Como    características          básicas,      as      emendas    apresentam          as
seguintes características:


-   Baixa      Atenuação:      típica    de   0,2      à     0,02dB    por    emenda;
- Alta Estabilidade Mecânica: cerca de 4 kgf de tração;
- Aplicações em Campo: requer poucos equipamentos para sua
feitura.


Existem três tipos de emendas ópticas:
-   Emenda      por    Fusão:     as   fibras       são      fundidas       entre    si;
-     Emenda     Mecânica:       as     fibras      são       unidas    por       meios
mecânicos;
-     Emenda    por        Conectorização:       são       aplicados        conectores
ópticos, nas fibras envolvidas na emenda.
As emendas ópticas sejam por fusão ou mecânicas, apresentam
uma atenuação muito menor que um conector óptico. [8]




                                                                                      39
6.1 Processo de Emenda


Quando efetuamos um dos 3 tipos de emendas mencionados,
devemos obedecer etapas distintas do processo de emenda,
estas    etapas       são    necessárias    para     que   possamos   ter    o
desempenho     desejado.       O   processo     de   emenda   consiste     nas
seguintes operações:




6.1.1 Limpeza


Os passos envolvidos nesta etapa são:
    1. Remoção da capa do cabo;
    2. Remoção do tubo LOOSE;
    3. Remoção    do    gel    com    o   uso   de   álcool   isopropílico,
        utilizando-se algodão, lenços de papel ou gaze.



6.1.2 Decapagem


Esta operação consiste em:
    1. Remoção do revestimento externo de acrilato da fibra;
    2. Limpeza da fibra com álcool isopropílico;
    3. Repetir o processo até que todo o revestimento externo
        da fibra seja removido.


6.1.3 Clivagem


A   clivagem     de    uma    fibra   óptica     consiste     no   corte   das
extremidades das fibras em um ângulo de 90º, ou seja, cada
ponta da fibra deve ter sua face paralela. Esta necessidade
do ângulo ser de 90º deve-se ao fato de quando fizermos sua
emenda, ambas as faces deverão estar paralelas para uma


                                                                            40
perfeita emenda. É nesta etapa que devemos ter o máximo de
cuidado com o manuseio da fibra, é desta etapa que sairá a
fibra pronta para a emenda.


As clivagens de uma fibra ópticas são feitas usando um
equipamento que faz um risco na fibra, analogamente ao
corte de um vidro pelo vidraceiro.
  1. As operações envolvidas são:
  2. Clivagem da fibra;
  3. Limpeza das extremidades com álcool isopropílico. [8]




6.2 Atenuações em Emendas Ópticas


Como já mencionado em conectores ópticos, existem 2 tipos
de fatores que influenciam o processo de emenda, que são:
  •   Fatores Intrínsecos
  •   Fatores Extrínsecos
  •   Fatores Reflexivos




6.2.1 Fatores Intrínsecos


São os fatores que envolvem a fabricação da fibra óptica,
são os seguintes:
  •   Variação do diâmetro do núcleo;
  •   Diferença de perfil;
  •   Elipticidade ou Excentricidade do núcleo ou casca.
É especialmente crítica a variação do diâmetro do núcleo
para as fibras Monomodo.




                                                            41
6.2.2 Fatores Extrínsecos


São os fatores que decorrem do processo de emenda, são os
seguintes:


  •   Precisão no alinhamento da fibra;
  •   Qualidade das terminações da fibra;
  •   Espaçamento entre as extremidades;
  •   Contaminação ambiental.




6.2.3 Fatores Refletores


São os fatores que advém das próprias emendas, estas podem
gerar em seu interior, reflexos de luz que irão atenuar os
sinais transmitidos, ocasionando perda de potência.


Com os equipamentos empregados no processo de emenda, e a
constante melhoria na qualidade da fabricação da fibra,
este tipo de atenuação é inferior a 50 db. [8]




6.3 Tipos de Emendas Ópticas


  •   Emenda por Fusão: as fibras são fundidas entre si
  •   Emenda   Mecânica:   as   fibras   são   unidas   por   meios
      mecânicos
  •   Emenda por Conectorização: são aplicados conectores
      ópticos, nas fibras envolvidas na emenda.




                                                                 42
6.3.1 Emenda por Fusão


É o processo pelo qual, 2 seguimentos de fibra são fundidos
entre si, através de uma descarga elétrica produzida pelo
equipamento.


As etapas envolvidas são:


  1. Limpeza
  2. Decapagem
  3. Clivagem
  4. Inserção    do      protetor    de     emenda,     “Tubete   Termo
     Contrátil”;
  5. Colocação     das   fibras     no    dispositivo    V   Groove   da
     máquina de fusão;
  6. Aproximação das fibras até cerca de 1µm;
  7. Fusão através de arco voltaico;
  8. Colocação do protetor e aquecimento.




Figura 25 – Máquina de Emenda por Fusão – Furukawa [8]




                                                                      43
Figura 26 – Esquemática do dispositivo de fusão das
                                  fibras [8]


6.4 Emenda Óptica Mecânica


É   o   processo   pelo   quais    dois   seguimentos    de     fibra   são
unidos usando-se um Conector Óptico Mecânico. Neste tipo de
emenda os processos de limpeza, decapagem e clivagem são
iguais ao processo por fusão.


As etapas envolvidas são:


    1. Limpeza
    2. Decapagem
    3. Clivagem
    4. Inserção    de     cada    extremidade   da      fibra     em    uma
        extremidade do conector
    5. Verificação da correta posição das fibras
    6. Fechamento do conector




                                                                         44
6.5 Emenda Óptica por Conectorização


Neste tipo de emenda, as fibras ópticas não são unidas e
sim posicionadas muito perto, isto é conseguido através do
uso de um outro tipo de conector chamado de Adaptador,
mencionado na parte de conectores. Este tipo de emenda é
executado   de   forma   rápida,   desde   que   os   conectores   já
estejam instalados nos cordões ópticos.


Ele é também muito usado em acessórios ópticos chamados de
Distribuidores Ópticos, onde fazem a interface entre um
cabo vindo de uma sala de equipamentos e os equipamentos
ativos instalados no andar, no Armário de Telecomunicações.




    Figura 27 – Conector Mecânico FIBRLOCK II fechado [8]




                                                                   45
Figura 28 – Modelo de emenda usando conector, adaptador.
                               [8]



6.6    Perdas por Atenuações


6.6.1 Emendas Ópticas


Independente do tipo de método de emenda empregado, seja
fusão ou mecânica, sua atenuação máxima é de 0,3dB, de
acordo com a EIA /TIA 455 – 59, para medias feitas em
campo.




      Processo de          Multimodo        Monomodo
       Mecânico            0,15 à 0,30      0,15 à 0,30
         Fusão             0,15 à 0,30      0,15 à 0,30

  Figura 28 – Tabela Comparativo de Processo de Emenda [2]




                                                        46
6.6.2     Conectores

Quando trabalhamos com conectores ópticos, devemos ter em
conta     que   por   mais   cuidadosos    que   sejamos   quando   da
manipulação do conector, este sempre apresentará algum tipo
de atenuação. As atenuações presentes em um conector podem
ser divididas em:
  1. Fatores Intrínsecos: aqueles que estão associados a
        fibra óptica utilizada;
  2. Fatores      Extrínsecos:     são     aqueles    associados     à
        conectorização.




           Figura 29 – Diversos tipos de Conectores [6]




7.0 Atenuação

Constitui-se na propriedade mais importante dos meios de
transmissão      em    geral,   sendo    particularmente    relevante
quando se trata de meios materiais, como no caso das fibras
ópticas. A atenuação pode ser definida como a perda de
potência do sinal com a distância, ou seja, se a atenuação
for muito grande, o sinal chegará muito fraco ao receptor


                                                                    47
(ou    repetidor),       que   não   conseguirá    captar     a    informação
transmitida.


As    fibras    óticas    apresentam      perdas   muito     baixas.    Deste
modo, é possível implantar sistemas de transmissão de longa
distância com espaçamento muito grande entre repetidores, o
que reduz a complexidade o custo do sistema.


Os    mecanismos      que      provocam    atenuação        são:    absorção,
espalhamento, deformações mecânicas.




7.1 Absorção


Os tipos básicos de absorção são:


7.1.1 Absorção material


A absorção material é o mecanismo de atenuação que exprime
a dissipação de parte da energia transmitida numa fibra
óptica em forma de calor. Neste tipo de absorção temos
fatores extrínsecos e intrínsecos à própria fibra. Como
fatores intrínsecos, temos a absorção do ultravioleta, a
qual cresce exponencialmente no sentido do ultravioleta, e
a absorção do infravermelho, provocada pela sua vibração e
rotação dos átomos em torno da sua posição de equilíbrio, a
qual cresce exponencialmente no sentido do infravermelho.
Como fatores extrínsecos, temos a absorção devido aos                     rea
metálicos porventura presentes na fibra (Mn, Ni, Cr, U, Co,
 r e Cu) os quais, devido ao seu tamanho, provocam picos de
absorção       em   determinados     comprimentos      de    onda    exigindo
grande purificação dos materiais que compõem a estrutura da
fibra óptica.


                                                                           48
7.1.2 Absorção do íon OH¯




A    absorção     do      OH¯    (hidroxila)      provoca    atenuação
fundamentalmente no comprimento de onda de 2700 nm e em
sobre tons (harmônicos) em torno de 950 nm, 1240 nm e 1380
nm na faixa de baixa atenuação da fibra.


Esse íon é comumente chamado de água e é incorporado ao
núcleo durante o processo de produção. É muito difícil de
ser eliminado.




7.1.3 Absorção Mecânica



As    deformações      são      chamadas     de    microcurvatura    e
macrocurvatura, as quais ocorrem ao longo da fibra devido à
aplicação de esforços sobre a mesma durante a confecção e
instalação do cabo.


A macrocurvatura são perdas pontuais (localizadas) de luz
por irradiação, ou seja, os modos de alta ordem (ângulo de
incidência      próximo    ao   ângulo     crítico)   não   apresentam
condições de reflexão interna total devido a curvaturas de
raio finito da fibra óptica.[10]




                                                                    49
Figura 30 – Reflexão Interna [6]



As microcurvatura aparecem quando a fibra é submetida a
pressão transversal de maneira a comprimi-la contra uma
superfície levemente rugosa. Essas microcurvatura extraem
parte da energia luminosa do núcleo devido aos modos de
alta ordem tornar-se não guiados.




             Figura 31 – Reflexão Interna [6]


A atenuação típica de uma fibra de sílica sobrepondo-se
todos os efeitos está mostrada na figura abaixo: [10]




                                                        50
Figura 32 – Atenuação Fibra óptica [6]


Existem três comprimentos de onda tipicamente utilizados
para transmissão em fibras ópticas:
  •   850 nm com atenuação típica de 3 dB/km
  •   1300 nm com atenuação típica de 0,8 dB/km
  •   1550 nm com atenuação típica de 0,2 dB/km




7.2 Espalhamento


É o mecanismo de atenuação que exprime o desvio de parte da
energia luminosa guiada pelos vários modos de propagação em
várias   direções.     Existem   vários     tipos   de   espalhamento
(Rayleigh,    Mie,    Raman   estimulado,    Brillouin    estimulado)
sendo o mais importante e significativo o espalhamento de
Rayleigh. Esse espalhamento é devido à não homogeneidade
microscópica     de     flutuações    térmicas,      flutuações    de
composição, variação de pressões, pequenas bolhas, variação
no perfil de índice de refração, etc. [10]



                                                                   51
Esse espalhamento está sempre presente na fibra óptica e
determina o limite mínimo de atenuação nas fibras de sílica
na região de baixa atenuação. A atenuação neste tipo de
                              1
espalhamento é proporcional a λ .
                               4




7.3 Propriedades das Fibras Óticas


7.3.1 Imunidade a Interferências


Por   serem     compostas        de    material    dielétrico,        as   fibras
óticas    não     sofrem    interferências         eletromagnéticas.           Isso
permite     uma    boa     utilização       dela,        mesmo   em    ambientes
eletricamente ruidosos.
As fibras óticas podem ser agrupadas em cabos óticos sem
interferirem umas nas outras, devido a não existência de
irradiação externa de luz, resultando num ruído de diafonia
(crosstalk) desprezível. Por não necessitarem de blindagem
metálica,       podem      ser        instaladas    junto        a    linhas    de
transmissão de energia elétrica. [10]




7.3.2 Ausência de diafonia


As fibras adjacentes em um cabo ótico não interferem umas
nas   outras      por    não      irradiarem       luz     externamente.       Não
ocorrendo o mesmo nos cabos metálicos, que quando perdem
parte de seu isolamento, ocorre uma irradiação entre pares
metálicos adjacentes, ocasionando o fenômeno crosstalk.




                                                                                 52
7.3.3 Isolação elétrica


O material dielétrico que compõe a fibra proporciona um
isolamento               elétrico       entre      os    transceptores           ou    estações
interligadas.                 Ao   contrário         dos      suportes       metálicos,         as
fibras             óticas       não     têm     problemas           de    aterramento          com
interfaces dos transceptores. Além disso, quando um cabo de
fibra          é    danificado          por     descarga           elétrica,     não        existe
faísca. Isso é importante em áreas de gases voláteis (áreas
petroquímicas, minas de carvão, etc.) onde o risco de fogo
e explosão é constante. A não existência de choque elétrico
permite a reparação em campo, mesmo com os equipamentos
ligados. [9]




7.4 Dispersão


É        uma       característica             de     transmissão           que    exprime        o
alargamento               dos      pulsos      transmitidos.              Este   alargamento
determina            a    largura       de    banda      da       fibra   óptica,      dada     em
MHz/km, e está relacionada com a capacidade de transmissão
de       informação             das     fibras.         Os    mecanismos         básicos        de
dispersão são
     •    Modal
     •    Cromática



7.4.1 Dispersão Modal

Este       tipo          de   dispersão         só      existe       em    fibras      do     tipo
multimodo            (degrau        e   gradual)        e     é    provocada     basicamente
pelos vários caminhos possíveis de propagação (modos) que a
luz pode ter no núcleo. Numa fibra degrau, todos os modos


                                                                                                53
viajam com a mesma velocidade, pois o índice de refração é
constante em todo o núcleo. Logo, os modos de alta ordem
(que percorrem caminho mais longo) demorarão mais tempo
para sair da fibra do que os modos de baixa ordem. Neste
tipo de fibra, a diferença entre os tempos de chegada é
dado por    = ∆t1, onde;


  •   t1 é o tempo de propagação do modo de menor ordem
  •   ∆ é a diferença percentual de índices de refração
      entre o núcleo e a casca dada por ∆ =(n1-n2)/n1
A dispersão modal inexiste em fibras monomodo pois apenas
um modo será guiado.


7.4.2 Disperção Cromática

Esse tipo de dispersão depende do comprimento de onda e
divide-se em dois tipos
  •   Dispersão material
  •   Dispersão de guia de onda


7.4.2.1 Disperção Material

Como o índice de refração depende do comprimento de onda e
como as fontes luminosas existentes não são ideais, ou
seja, possuem certa largura espectral finita (∆λ), temos
que cada comprimento de onda enxerga um valor diferente de
índice     de   refração     num   determinado   ponto,   logo   cada
comprimento      de   onda    viaja   no   núcleo   com   velocidade
diferente, provocando uma diferença de tempo de percurso,
causando a dispersão do impulso luminoso.




                                                                   54
A dispersão provocada pela dispersão material é dada por
      ∆λ dn
D=
       c dλ , onde.

  •    ∆λ é a largura espectral da fonte luminosa
  •    c é a velocidade da luz no vácuo
  •    n é o índice de refração do núcleo



7.4.2.2 Disperção de guia de onda

Esse    tipo     de   dispersão     é    provocado        por   variações     nas
dimensões do núcleo e variações no perfil de índice de
refração    ao    longo    da    fibra   óptica       e   depende    também   do
comprimento de onda da luz. Essa dispersão só é percebida
em fibras monomodo que tem dispersão material reduzida (∆λ
pequeno    em    torno    de    1300    nm)   e   é   da    ordem    de   alguns
os/(nm.km).[2]




  As Vantagens da utilização de Fibras Ópticas

As características especiais das fibras ópticas implicam
consideráveis vantagens em relação aos suportes físicos de
transmissão convencionais, tais como o par metálico e o
cabo coaxial. Mesmo considerando-se o suporte de rádio –
freqüência em microondas, à transmissão por fibras ópticas
oferece        condições        bastante      vantajosas.           As    poucas
desvantagens no uso de fibras ópticas podem, em geral, ser
consideradas transitórias, pois resultam principalmente da
relativa imaturidade da tecnologia associada.
As principais características das fibras ópticas, estacando
suas vantagens como meio de transmissão, são os seguintes:




                                                                               55
8.1 Banda passante potencialmente enorme


A transmissão em fibras ópticas é realizada em freqüências
ópticas portadoras na faixa espectral de 1014 a 1015 Hz
(100     a    1000   THz).    Isto   significa     uma    capacidade   de
transmissão potencial, no mínimo, 10.000 vezes superior,
por exemplo, à capacidade dos atuais sistemas de microondas
que operam com uma banda passante útil de 700 MHz. Além de
suportar um aumento significativo de número de canais de
voz e /ou de vídeo num mesmo circuito telefônico, essa
enorme banda passante permite novas aplicações. Atualmente,
já estão disponíveis fibras ópticas comerciais com produtos
banda passante versus distância superiores a 200 GHz.Km.


Isso     contrasta       significativamente        com     os   suportes
convencionais onde, por exemplo, um cabo coaxial apresenta
uma banda passante útil máxima em torno de 400 MHz. A
Figura 2.1 compara as características de atenuação (plana)
versus freqüência de uma fibra óptica típica com relação a
vários        suportes   de    transmissão       usados    em   sistemas
telefônicos.




             Figura 33 – Atenuação versus freqüência [10]

8.2 Perda de transmissão muito baixa

                                                                       56
As    fibras     ópticas      apresentam       atualmente      perdas       de
transmissão extremamente baixas, desde atenuações típicas
da ordem de 3 a 5 dB/Km na região em torno de 0,85mm até
perdas inferiores a 0,2 dB/Km para operação na região de
1,55 mm.


Pesquisas com novos materiais, em comprimentos de ondas
superiores, prometem fibras ópticas com atenuações ainda
menores, da ordem de centésimos e, até mesmo, milésimos de
decibéis por quilômetro.


Desse   modo,    com   fibras      ópticas,     é   possível      implantar
sistemas    de    transmissão        de   longa     distância        com    um
espaçamento muito grande entre repetidores, o que reduz
significativamente       a    complexidade     e    custos   do    sistema.
Enquanto,       por    exemplo,      um      sistema    de     microondas
convencional exige repetidores a distâncias de ordem de 50
quilômetros, sistemas com fibras ópticas permitem alcançar,
atualmente, e distâncias sem repetidores superiores a 200
quilômetros.


Com   relação    aos   suportes      físicos    metálicos,      na    Tabela
abaixo é feita uma comparação de perdas de transmissão por
fibras ópticas de 1ª geração (820nm).


Observe nessa tabela que, ao contrário dos sistemas com
suportes    metálicos,       os   sistemas   com    fibras   ópticas       têm
perdas constantes para as três perdas constantes para as
três taxas de transmissão.




                                                                            57
Perdas na Freqüência equivalente a metade da taxa de transmissão
Meio de Transmissão
                           (dB/km)
                           1,544 Mbps               6,312Mbps                   44,736Mbps
Par trançado 26 AWG        24                       48                          128
Par trançado 19 AWG        10,8                     21                          56
Cabo coaxial 0,95mm        2,1                      4,5                         11
Fibra óptica               3,5                      3,5                         3,5




     Figura 34 – Tabela Comparação de números necessários de
     repetidores para cabeamento metálico versus cabeamento
                                      óptico. [10]



8.3 Imunidade a interferências e ao ruído

As     fibras    ópticas,            por     serem        compostas        de      material
dielétrico,        ao       contrário         dos    suportes         de        transmissão
metálicos, não sofrem interferências eletromagnéticas. Isto
permite      uma        operação           satisfatória         dos        sistemas          de
transmissão        por            fibras     ópticas        mesmo      em         ambientes
eletricamente              ruidosos.         Interferências            causadas          por
descargas elétricas atmosféricas, pela ignição de motores,
pelo chaveamento de relés e por diversas outras fontes de
ruído elétrico esbarram na blindagem natural provida pelas
fibras     ópticas.          Por      outro     lado,       existe         um    excelente
confinamento          do     sinal      luminoso          propagado        pelas      fibras
ópticas.


Desse modo, não irradiando externamente, as fibras ópticas
agrupadas em cabos ópticos não interferem opticamente umas
nas    outras,     resultando           num    nível       de   ruído       de     diafonia
(crosstalk) desprezível. Os cabos de fibras ópticas, por


                                                                                             58
não   necessitarem             de     blindagem       metálica,           podem           ser
instalados convenientes, por exemplo, junto as linhas de
transmissão       de       energia    elétrica.       A    imunidade        e    pulsos
eletromagnéticos (EMP) é outra característica importante
das fibras ópticas.


8.4 Isolação elétrica

O material dielétrico (vidro ou plástico) que compõe a
fibra óptica oferece uma excelente isolação elétrica entre
os transceptores ou estações interligadas. Ao contrario dos
suportes metálicos, as fibras ópticas não tem problemas com
aterramento       e    interfaces       dos    transceptores.         Além       disso,
quando um cabo de fibra óptica é danificado não existem
faíscas     de      curto-circuito.           Esta    qualidade           das    fibras
ópticas    é     particularmente         interessante         para    sistemas             de
comunicação           em     áreas      com      gases       voláteis            (usinas
petroquímicas, minas de carvão etc.), onde o risco de fogo
ou explosão é muito grande. A possibilidade de choques
elétricos      em      cabos    com     fibras       ópticas       permite       a        sua
reparação no campo, mesmo com equipamentos de extremidades
ligados. [9]



8.5 Pequeno tamanho e peso


As fibras ópticas têm dimensões comparáveis com as de um
fio   de         cabelo        humano.        Mesmo        considerando-se                 os
encapsulamentos de proteção, o diâmetro e o peso dos cabos
ópticos são bastante inferiores aos dos equivalentes cabos
metálicos.       Por       exemplo,     um     cabo       óptico     de     6,3mm          de
diâmetro,      com     uma     única     fibra       de    diâmetro        125       um     e
encapsulamentos             plástico,         substitui,       em         termos           de



                                                                                           59
capacidade, um cabo de 7,6cm de diâmetro com 900 pares
metálicos. Quanto ao peso, um cabo metálico de cobre de 94
quilos pode ser substituído por apenas 3,6 quilos de fibra
óptica.


A enorme redução dos tamanhos dos cabos, providas pelas
fibras ópticas, permite aliviar o problema de espaço e de
congestionamento de dutos nos subsolos das grandes cidades
e em grandes edifícios comerciais. O efeito combinado do
tamanho e peso reduzidos faz das fibras ópticas o meio de
transmissão ideal em aviões, navios, satélites etc. Além
disso,    os    cabos    ópticos          oferecem   vantagens     quanto   ao
armazenamento, transporte, manuseio e instalação em relação
aos   cabos         metálicos        de    resistência    e       durabilidade
equivalentes.



8.6 Segurança da informação e do sistema

As fibras ópticas não irradiam significativamente a luz
propagada, implicando um alto grau de segurança para a
informação transportada. Qualquer tentativa de captação de
mensagens      ao    longo    de     uma    fibra    óptica   e    facilmente
detectada, pois exige o desvio de uma porção considerável
de potencia luminosa transmitida. Esta qualidade das fibras
ópticas é importante em sistemas de comunicações exigentes
quanto à privacidade, tais como nas aplicações militares,
bancárias etc. Uma outra característica especial das fibras
ópticas, de particular interesse das aplicações militares,
é que, ao contrário dos cabos metálicos, as fibras não são
localizáveis        através     de    equipamentos    medidores      de   fluxo
eletromagnético ou detectores de metal.
8.7 Custos potencialmente baixos



                                                                             60
O vidro com que as fibras ópticas são fabricadas é feito
principalmente a partir do quartzo, um material que, ao
contrário do cobre, é abundante na crosta terrestre. Embora
a    obtenção     de     vidro       ultra          puro     envolva      um   processo
sofisticado, ainda relativamente caro, a produção de fibras
ópticas em larga escala tende gradualmente a superar esse
inconveniente. Com relação aos cabos coaxiais, as fibras
ópticas já são atualmente competitivas, especialmente em
sistemas de transmissão a longa distância, onde a maior
capacidade      de     transmissão          e       o    maior     espaçamento    entre
repetidores     permitidos           repercutem            significativamente        nos
custos de sistemas.


Em    distâncias        curtas        e/ou           sistemas       multipontos,      os
componentes ópticos e os transceptores ópticos ainda podem
impactar     desfavoravelmente                  o       custo    dos     sistemas.    No
entanto,   a    tendência        é    de        reversão         desta   situação    num
futuro não muito distante, em razão do crescente avanço
tecnológico       e,         principalmente,               da      proliferação       das
aplicações locais.



8.8 Alta resistência a agentes químicos e variações de
temperatura


As fibras ópticas, por serem compostas basicamente de vidro
ou    plástico,        têm    uma     boa           tolerância      a    temperaturas,
favorecendo     sua      utilização         em          diversas    aplicações.      Além
disso, as fibras ópticas são menos vulneráveis à ação de
líquidos e gases corrosivos, contribuindo assim para uma
maior confiabilidade e vida útil dos sistemas. [10]
9.0 Desvantagens




                                                                                       61
O    uso    de    fibras   ópticas,     na   prática     tem   as    seguintes
implicações que podem ser consideradas como desvantagem em
relação aos suportes de transmissão convencional:




9.1 Fragilidade das fibras ópticas sem encapsulamentos


O manuseio de uma fibra óptica “nua” é bem mais delicado
que no caso dos suportes metálicos.




9.2 Dificuldade de conexão das fibras ópticas

As     pequenas       dimensões       das     fibras      ópticas         exigem
procedimentos e dispositivos de alta precisão na realização
das conexões e junções.



9.3 Acopladores tipo T com perdas muito altas


É muito difícil se obter acopladores de derivação tipo T
para       fibras   ópticas     com   baixo      nível   de    perdas.     Isso
repercute desfavoravelmente, por exemplo, na utilização de
fibras ópticas em sistema multiponto.



9.4 Impossibilidade de alimentação remota de repetidores


Os     sistemas      com   fibras       ópticas    requerem      alimentação
elétrica         independente    para     cada    repetidor,        não    sendo
possível a alimentação remota através do próprio meio de
transmissão.
9.5 Falta de padronização dos componentes ópticos




                                                                              62
A relativa imaturidade e o continuo avanço tecnológico não
tem     facilitado    o    estabelecimento           de     padrões      para    os
componentes de sistemas de transmissão por fibras ópticas.
[10]




10.0 Aplicações da Fibra Óptica

10.1 Fibras Ópticas na Instrumentação

10.1.1 Sensores

Um sensor é um dispositivo que atua como um transdutor:
“traduz” o sinal causado pela propriedade física do meio em
estudo (como pressão ou temperatura) em um tipo de sinal
cujas    características      têm    informações            sobre   o    fenômeno
ocorrido.


A sensitividade dos sensores a fibra, ou seja, o distúrbio
menos    intenso     que   pode     ser    medido         pode    depender      de:
Variações      infinitesimais             em        algum        parâmetro        de
caracterização da fibra usada, quando a fibra é o próprio
elemento sensor;


Mudanças nas propriedades da luz usada, quando a Fibra é o
canal através do qual a luz vai e volta do local sob teste.
Os sensores a Fibras Ópticas são compactos e apresentam
sensitividades        comparáveis         ou    superiores          ao    similar
convencional.        São   usadas     tanto         Fibras       monomodo       como
multimodo. Existem muitos sensores comerciais feitos com
Fibras    Ópticas,     para   medição          de    temperatura,        pressão,
rotação, sinais acústicos, corrente, fluxo, etc.


10.1.2 Emprego de Fibras Ópticas na construção de sensores:




                                                                                  63
Sensores interferométricos utilizando Fibras monomodo. São
usados dois “braços” de Fibras com comprimentos iguais aos
quais é acoplada luz. Um dos braços atua como referência e
o outro vai ser submetido a algum distúrbio do ambiente. A
luz de saída das duas Fibras é recombinada, formando um
padrão de interferência. À medida que o braço sensor sofre
as influências do distúrbio, as franjas de interferência se
deslocam a uma razão que é proporcional à intensidade do
distúrbio cuja magnitude se deseja medir;


Se a intensidade de luz acoplada a uma fibra quase monomodo
é medida em certo instante de tempo após o qual se submete
a   fibra    a        micro-curvaturas        (geradas       por     variações       de
pressão     de    ondas     acústicas,        por   exemplo)        espera-se       uma
diminuição        na    intensidade      de    saída      porque      os    modos    de
ordens mais altas encontrarão os seus corte, devido às
variações        na    diferença    de     índices      de       refração    entre    o
núcleo e a casca induzidos pelas micro-curvaturas.




10.1.3 Exemplos de sensores construídos com Fibras Ópticas:

Micro   pontas         de   prova   para      medição     de      temperatura:       as
pontas de prova são equipadas com transdutores nas pontas,
os quais possuem um cristal cuja luminescência varia com a
temperatura (-50 a +200oC);


Sensores     de        pressão   construídos        com      o    emprego    de     uma
membrana móvel numa das extremidades da Fibra. A Fibra é
encapsulada em um cateter e a membrana se movimenta de
acordo com a pressão (0 a 300 mm de Hg);




                                                                                     64
Sensores químicos construído com o emprego de uma membrana
permeável numa das extremidades da Fibra. A membrana contém
um indicador reversível que responde a um estímulo químico
mudando sua absorção ou luminescência.




10.2 Sistemas de Comunicações

As redes públicas de telecomunicações provêm uma variedade
de aplicações para os sistemas de transmissão por fibras
ópticas. As aplicações vão desde a pura substituição de
cabos metálicos em sistemas de longa distância interligando
centrais     telefônicas        (urbanas     e     interurbanas)          até    a
implantação de novos serviços de comunicações, por exemplo,
para as Redes Digitais de Serviços Integrados (RDSI). A
utilização     de      fibras     ópticas        em    cabos        submarinos
intercontinentais          constitui       outro      exemplo,           bastante
difundido,    de     aplicação    em   sistemas       de    comunicações        de
longa distância.




10.3 Rede Telefônica

Uma das aplicações pioneiras das fibras ópticas em sistemas
de   comunicação       corresponde      aos        sistemas     troncos         de
telefonia, interligando centrais de tráfego interurbano. Os
sistemas troncos exigem sistemas de transmissão (em geral,
digitais) de grande capacidade, envolvendo distâncias que
vão, tipicamente, desde algumas dezenas até centenas de
quilômetros     e,    eventualmente,        em     países     com    dimensões
continentais,        até   milhares    de     quilômetros.          As     fibras
ópticas, com suas qualidades de grande banda passante e
baixa atenuação, atendem perfeitamente a esses requisitos.



                                                                                65
A alta capacidade de transmissão e o alcance máximo sem
repetidores, permitidos pelos sistemas de transmissão por
fibras ópticas minimizam os custos por circuito telefônico,
oferecendo vantagens econômicas significativas.


10.4 Rede Digital de Serviços Integrados (RDSI)

A    rede   local     de    assinantes,       isto     é,   a   rede    física
interligando        assinantes     à     central       telefônica       local,
constitui    uma      importante   aplicação         potencial    de    fibras
ópticas na rede telefônica. Embora as fibras ópticas não
sejam ainda totalmente competitivas com os pares metálicos,
a partir da introdução de novos serviços de comunicações
(videofone,     televisão,       dados    etc.),       através    das    Redes
Digitais de Serviços Integrados (RDSI), o uso de fibras
ópticas na rede de assinantes tende a ser imperativo.




10.5 Cabos Submarinos

Os   sistemas    de    transmissão      por    cabos    submarinos,      parte
integrante da rede internacional de telecomunicações, é uma
outra classe de sistemas onde as fibras ópticas cumprem
atualmente um papel de fundamental importância. Os cabos
submarinos      convencionais,         embora    façam      uso   de     cabos
coaxiais de alta qualidade e grande diâmetro para minimizar
a atenuação, estão limitados a uns espaçamentos máximos
entre repetidores da ordem de 5 a 10 km.


As fibras ópticas, por outro lado, considerando-se apenas
os   sistemas    de    3ª   geração    (1,3µm),      permitem     atualmente
espaçamentos entre repetidores em torno de 60 km. Com a
implantação dos sistemas de transmissão por fibras ópticas
de 4ª geração (1,55µm), alcances sem repetidores superiores


                                                                            66
a 100 km serão perfeitamente realizáveis. Além disso, as
fibras ópticas oferecem facilidades operacionais (dimensão
e peso menores) e uma maior capacidade de transmissão,
contribuindo significativamente para atender à crescente
demanda por circuito internacionais de voz e dados, a um
custo mais baixo ainda que os enlaces via satélite.




10.6 Uso de Fibras Ópticas na Medicina:


     •    Confecção de endoscópios com feixes de Fibras Ópticas
          para iluminação;
     •    Uso   de   Fibras     como    ponta   de    bisturi   óptico     para
          cirurgias a laser, como:
     •    Cirurgias de descolamento de retina;
     •    Desobstrução de vias aéreas (cirurgias na faringe ou
          traquéia);
     •    Desobstrução     de    vias    venosas     (“limpeza”    de    canais
          arteriais, evitando pontes de safena);
     •    Uso odontológico: aplicação de sedantes.



10.7 Laser de Fibra


Emprega-se uma Fibra a base de sílica dopada em seu núcleo
com algum elemento terra-rara, como o érbio ou o neodímio.
A presença destes elementos em algumas partes por milhão é
o bastante para que, após o bombeio, a Fibra floresça com
picos intensos em vários comprimentos de onda de extremo
interesse como, por exemplo, a 1,55mm (comprimentos de onda
onde as Fibras de sílica “normais” podem apresentar mínimos
em       atenuação     e   dispersão     materiais).     A   Fibra      dopada,
adequadamente          bombeada,        pode    ser     usada     como     meio


                                                                             67
amplificador (o sinal a ser amplificado coincide com algum
pico de fluorescência) ou como um laser, se inserida entre
dois espelhos convenientemente selecionados. [9]




10.8 Uso de Fibras Ópticas em Telecomunicações


A Fibra monomodo é a opção preferida para comunicação a
longa    distância.       Ela   permite     que    a   informação     seja
transmitida a altas taxas sobre distâncias de dezenas de
quilômetros sem um repetidor. Sua capacidade de transmissão
superior é possível devido a seu pequeno núcleo – entre 5 e
10 mm de diâmetro. Isto limita a luz transmitida a somente
um modo principal, o que minimiza a distorção dos pulsos de
luz,    aumentando    a    distância   em    que   o   sinal   pode    ser
transmitido.


Praticamente todas as aplicações de telefonia e CATV (TV a
cabo) utilizam a Fibra monomodo em função das maiores taxas
de transmissão e menores atenuações do sinal. Redes de
dados que requeiram taxas de transmissão de gigabits também
precisam utilizar a Fibra monomodo.


A Fibra multimodo é usada em sistemas de comunicação como
LANS (Local Área Networks) e WANs (Wide Área Network) em
campi universitários, hospitais e empresas. O diâmetro de
seu núcleo é largo em comparação ao comprimento de onda da
luz transmitida. Por isso, a Fibra multimodo propaga mais
que um modo de luz. Com seu relativamente grande núcleo, a
Fibra multimodo é mais fácil de conectar e unir; é a Fibra
escolhida para aplicações de curta distância consistindo de
numerosas conexões.




                                                                        68
Fibras multimodo de índice gradual também são preferidas
quando   o    bom        acoplamento          com      a    fonte       de    luz    é    mais
importante do que a atenuação do sinal na Fibra, ou ainda
quando   há   preocupação             com     radiação,        uma       vez       que   estas
Fibras podem ser construídas com núcleo de pura sílica que
não é grandemente afetado pela radiação. [11]




10.9 Comunicações


Uma das aplicações militares pioneira no uso da tecnologia
de   fibras    ópticas          consiste          na    simples         substituição        de
suportes      de        transmissão           metálicos         nos           sistemas      de
comunicação        de     voz     e     dados          de    baixa       velocidade         em
instalações        militares.         Além        de   um    melhor          desempenho     em
termos de alcance, banda passante e imunidade ao ruído, as
fibras     ópticas            oferecem        a     esses      sistemas            vantagens
exclusivas.        Por    exemplo,        a       informação      transportada            pela
fibra óptica é dificilmente violada ao longo do sistema de
transmissão,        em        razão      da       característica              de    isolação
eletromagnética           e     pelas     facilidades          de       localização         de
derivações de potência óptica ao longo do cabo, garantindo
assim um alto grau de privacidade na transmissão de dados
“sensíveis” o meio de transmissão pode percorrer sem riscos
lugares de armazenamento de combustíveis ou explosivos; o
reduzido volume e peso dos cabos ópticos provêm importantes
facilidades        operacionais          no       transporte        e    instalação        dos
sistemas.


Esta última qualidade das fibras ópticas é particularmente
vantajosa em sistemas táticos de comando e comunicações,
permanentes ou móveis, interligando armamentos sofisticados
e unidades militares dispersam. As conexões remotas entre


                                                                                            69
um radar e a estação de processamento de sinais podem, por
exemplo,      ser    mais      longas      garantindo        maior        segurança       ao
pessoal de operação. [9]


A aplicação de fibras ópticas em sistemas de comunicações
militares a longa distância, além das motivações básicas
das     aplicações       civis      (maior        alcance         e   capacidade          de
transmissão),            busca       usufruir           as        suas       qualidades
operacionais e de segurança. Por exemplo, nos EUA um enlace
óptico 147 km suporta o sistema primário de comunicações
para controle e testes de mísseis MX e na Coréia do Sul foi
construída uma rede de comunicações táticas com 667km de
cabos ópticos.


Em    nível    local,       uma     das    grandes       aplicações          de   fibras
ópticas       em    sistemas        militares       de       comunicações           é     na
realização de barramentos de dados em navios e aviões. Além
da melhor desempenho, este tipo de aplicação das fibras
ópticas      tem    na   redução      de       volume    e    peso     uma    das       suas
principais motivações. Um avião bombardeiro, por exemplo,
pode ter seu peso reduzido de 1 tonelada se na sua cabeação
interna forem utilizadas apenas fibras ópticas. Nos EUA
está    sendo       desenvolvido          um    helicóptero,          o     HLX   (light
helicopter, experimental), onde os sistemas de controle de
vôo,    de    armamentos        e   de    dados     internos          são    totalmente
baseados na tecnologia de fibras ópticas.
10.10 Redes Locais de Computadores


As     comunicações       entre      computadores            são      suportadas         por
sistemas       de    comunicação           de     dados       que      costumam          ser
classificados, segundo as distâncias envolvidas, em redes
de    computadores        de    longa      distância         ou    redes     locais       de
computadores.


                                                                                          70
As redes de computadores a longa distância utilizam-se dos
meios    de   transmissão             comum      à    rede        telefônica.      Embora
geralmente usem técnicas distintas (comutação de pacotes,
modem etc.) essas redes a longa distância são implantadas
ou integradas nos mesmos suportes físicos de transmissão da
rede telefônica. Assim sendo, o uso de fibras ópticas em
sistemas      de        comunicação         de       dados       a      longa   distância
acompanha a evolução da aplicação de fibras ópticas na rede
telefônica (cabos troncos, cabos submarinos, RDSI etc.)


As   redes         locais        de        computadores,              utilizadas       para
interconectar              recursos               computacionais                 diversos
(computadores, periféricos, banco de dados etc.) numa área
privada e geograficamente limitada (prédio, usina, fábrica,
campus     etc.),         caracterizam-se              pela           especificidade      e
variedade de alternativas tecnológicas quanto ao sistema de
transmissão        voltada        principalmente                 para     aplicações     em
automação em escritórios e em automação industrial, como
requisitos         exigentes           em        termos          de      confiabilidade,
capacidade         de    uma     excelente           alternativa           de   meio     de
transmissão.            Embora        os     custos          e        alguns    problemas
tecnológicos        ainda        inibam       sua      competitividade           com     os
suportes convencionais, as fibras ópticas, em determinadas
aplicações, apresentam-se como a melhor e às vezes única
alternativa de meio de transmissão para as redes locais de
computadores.




10.11 Televisão por Cabo (CATV)


A transmissão de sinais de vídeo através de fibras ópticas
é uma outra classe de aplicações bastante difundida. As


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Fibra Óptica: História e Aplicações

  • 1. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA ENGENHARIA DE TELECOMUNICAÇÕES FIBRA ÓPTICA Allison Bastos César Henrique de Oliveira Pereira Eduardo Assis Rocha Jacqueline dos Santos Marques Freitas João Paulo Alves dos Santos Luiz Carlos Campos Monografia da Disciplina Princípios de Telecomunicações do Programa de Engenharia de Telecomunicações, orientada Pelo Prof. M. Sc. Paulo Tibúrcio Pereira UNIBH Belo Horizonte 2004
  • 2. ÍNDICE Pagina 1.0 Introdução 5 2.0 História 6 2.1 História da Fibra Óptica Mundial 6 2.2 História da Fibra Óptica no Brasil 11 3.0 Regulamentação 13 3.1 Normas Técnicas 13 3.1.1 Normas para Cabeamento Estruturados 13 Fibra Óptica 4.0 Introdução sobre ondas 14 4.1 Reflexão e Refração 14 4.2 Lei de Snell 16 4.3 Estrutura da fibra óptica 22 4.4 Tipos de fibra Óptica 24 4.4.1 Fibras Multimodo (MMF Multimode Fiber) 24 4.4.1.1 Multimodo de Índice Degrau 25 4.4.1.2 Multimodo de Índice Gradual 26 4.4.2 Fibras Monomodo (SMF Single Mode Fiber) 27 4.2 Reflexão Interna Total 28 5.0 Fabricação da Fibra Óptica 31 5.1.1 - Fabricação de uma preforma de vidro 32 5.1.1.1 PVCD (Plasma Chemical Vapour 33 Deposition) 5.1.1.2 OVD (Outside Vapour Deposition) 34 5.1.1.3 VAD (Vapour Axial Deposition) 35 5.1.2 Puxamento de uma preforma em uma torre 36 de puxamento 1
  • 3. 5.1.3 Testes das fibras puxadas 38 6.0 Emendas Ópticas 39 6.1 Processo de Emenda 40 6.1.1 Limpeza 40 6.1.2 Decapagem 40 6.1.3 Clivagem 40 6.2 Atenuações em Emendas Ópticas 41 6.2.1 Fatores Intrínsecos 41 6.2.2 Fatores Extrínsecos 42 6.2.3 Fatores Refletores 42 6.3 Tipos de Emendas Ópticas 42 6.3.1 Emenda por Fusão 43 6.4 Emenda Óptica Mecânica 44 6.5 Emenda Óptica por Conectorização 45 6.6 Perdas por Atenuações 46 6.6.1 Emendas Ópticas 46 6.6.2 Conectores 47 7.0 Atenuação 47 7.1 Absorção 48 7.1.1 Absorção material 48 7.1.2 Absorção do íon OH¯ 49 7.1.3 Absorção Mecânica 49 7.2 Espalhamento 51 7.3 Propriedades das Fibras Óticas 52 7.3.1 Imunidade a Interferências 52 7.3.2 Ausência de diafonia 52 7.3.3 Isolação elétrica 53 7.4 Dispersão 53 7.4.1 Dispersão Modal 53 7.4.2 Disperção Cromática 54 2
  • 4. 7.4.2.1 Disperção Material 54 7.4.2.2 Disperção de guia de onda 55 8.0 As Vantagens da utilização de Fibras Ópticas 55 8.1 Banda passante potencialmente enorme 56 8.2 Perda de transmissão muito baixa 57 8.3 Imunidade a interferências e ao ruído 58 8.4 Isolação elétrica 59 8.5 Pequeno tamanho e peso 59 8.6 Segurança da informação e do sistema 60 8.7 Custos potencialmente baixos 61 8.8 Alta resistência a agentes químicos e 61 variações de temperatura 9.0 Desvantagens 62 9.1 Fragilidade das fibras ópticas sem 62 encapsulamentos 9.2 Dificuldade de conexão das fibras ópticas 62 9.3 Acopladores tipo T com perdas muito altas 62 9.4 Impossibilidade de alimentação remota de 62 repetidores 9.5 Falta de padronização dos componentes 63 ópticos 10. Aplicações da Fibra Óptica 63 10.1 Fibras Ópticas na Instrumentação 63 10.1.1 Sensores 63 10.1.2 Emprego de Fibras Ópticas na construção 64 de sensores: 10.1.3 Exemplos de sensores construídos com 64 Fibras Ópticas: 10.2 Sistemas de Comunicações 65 3
  • 5. 10.3 Rede Telefônica 65 10.4 Rede Digital de Serviços Integrados 66 (RDSI) 10.5 Cabos Submarinos 66 10.6 Uso de Fibras Ópticas na Medicina: 67 10.7 Laser de Fibra 67 10.8 Uso de Fibras Ópticas em Telecomunicações 68 10.9 Comunicações 69 10.10 Redes Locais de Computadores 70 10.11 Televisão por Cabo (CATV) 72 10.12 Sistemas de Energia e Transporte 73 10.13 Aplicações da Fibra Óptica para fins 73 Militares 10.14 Aplicações Específicas 74 11.0 Atualidades 75 11.1 Mercado Brasileiro 75 11.2 Aplicações futuras 76 12.0 Conclusão 79 13.0 Referências Bibliográficas 80 4
  • 6. 1.0 Introdução Quando ouvimos falar sobre comunicação óptica, logo associamos o assunto ao uso de fibra óptica. A comunicação utilizando fibra óptica é realizada através do envio de um sinal de luz codificado, dentro do domínio de freqüência do infravermelho, 1012 a 1014 Hertz, a fibra óptica é um filamento de vidro transparente e com alto grau de pureza. É tão fino quanto um fio de cabelo, podendo carregar milhares de informações digitais a longas distâncias sem perdas significativas. Ao redor do filamento existem outras substâncias de menor índice de refração, que fazem com que os raios sejam refletidos internamente, minimizando assim as perdas de transmissão. Os sistemas de comunicações baseados em fibra ópticos utilizam lasers ou dispositivos emissores de luz (LEDS). Esses últimos são preferidos por serem mais eficientes em termos de potência, e devido a sua menor largura espectral, que reduz os efeitos de dispersão na fibra. Além disso, as fibras ópticas são imunes a interferências eletromagnéticas e a ruídos por não irradiarem luz para fora do cabo. Sempre que falamos ao telefone, assistimos à TV a cabo, navegamos na Internet ou realizamos uma endoscopia digestiva utilizamos tecnologia associada às fibras ópticas. As vantagens da utilização da fibra ópticas são: Imunidade a interferências, grande capacidade transmissão, ausência de ruídos, isolação elétrico, pequeno tamanho e peso, sigilo de comunicação. 5
  • 7. Ao longo desse trabalho será possível se conhecer um pouco mais sobre essa tecnologia, de uma maneira pratica e objetiva, além de entender porque as fibras ópticas vêm pouco a pouco substituindo a utilização dos cabos nas telecomunicações. 2.0 História 2.1 História da Fibra Óptica Mundial Os primeiros experimentos utilizando fibra óptica ocorreram em 1930 na Alemanha, mas as pesquisas sobre suas propriedades e características se iniciaram por volta de 1950. Hoje, as fibras ópticas são largamente utilizadas e representam uma revolução na transmissão de informações. Hoje em dia, as fibras ópticas utilizadas em sistemas podem operar com taxas de transmissão que chegam até 620 Mbps. Apenas para dar uma idéia de grandeza, esta taxa é aproximadamente dez mil vezes a taxa dos modems comumente utilizados pela maioria dos usuários da Internet. Figura 1 – Filamentos de Fibra óptica [1] 6
  • 8. Figura 2 – Linha do Tempo [1] • Século VI a.C: Os esquilos informaram aos Argos da queda de Tróia por meio de uma cadeia de sinais de fogo. • Século II a.C: Polibio propôs um sistema de transmissão do alfabeto grego por meio de sinais de fogo (dois dígitos e cinco níveis (52=25 códigos). • 100 a.C: Vidros de qualidade óptica somente apareceram após o surgimento dos famosos cristais venezianos, na época da Renascença. Os princípios da fibra óptica são conhecidos desde a Antigüidade e foram utilizados em prismas e fontes iluminadas. • 200 D.C: Heron da Alexandria estudou a reflexão. • 1621: Willebrod Snell descobriu que quando a luz atravessa dois meios, sua direção muda (refração). • 1678: Christian Huygens modela a luz como onda. • 1791: Claude Chappe inventou o Semaphore, sistema de comunicação visual de longas distâncias através de 7
  • 9. braços mecânicos, instalados no alto de torres (velocidade de 1 bit por segundo) • 1800: O Sr. William Herschel descobriu a parte infravermelha do espectro. • 1801: Ritter descobre a parte ultravioleta do espectro. • 1830: Telégrafo com código Morse (digital) chegava a alcançar mil km, o equivalente a velocidade de 10 bits por segundo, com os repetidores. • 1864: O físico teórico escocês, James C. Maxwell (1831-1879), criou o termo campo eletromagnético após a publicação da sua teoria eletromagnética da luz. • 1866: Primeira transmissão transatlântica de telégrafo. • 1870: John Tyndal (1820-1893) mostrou a Royal Society que a luz se curva para acompanhar um esguicho d’água, ou seja, pode ser guiada pela água. • 1876: Invenção do telefone analógico por Graham Bell • 1880: O engenheiro William Wheeler, recebeu uma patente pela idéia de “conduzir” intensas fontes de luz para salas distantes de um prédio. O escocês naturalizado americano, Alexander Graham BELL (1847- 1922), inventou o Photophone, um sistema que reproduzia vozes pela conversão de luz solar em sinais elétricos (telefone óptico). • 1926: John L. Baird patenteia uma TV a cores primitiva que utilizava bastões de vidro para transportar luz. • 1930: Lamb realizou primeiros experimentos de transmissão de luz através de fibras de vidro, Alemanha. • 1940: O primeiro cabo coaxial transporta até 300 ligações telefônicas ou um canal de TV. 8
  • 10. 1950: Brian O´BRIEN do American Optical Company e Narinder Singh Kanpany , físico indiano do Imperial College of Science and Technology de Londres, desenvolveram fibras transmissoras de imagens, hoje conhecidas por Fiberscopes. • 1956: O físico indiano Narinder Singh Kanpany inventa a fibra óptica: desenvolveram a idéia de uma capa de vidro sobre um bastão fino de vidro para evitar a “fuga” da luz pela superfície. • 1958: Arthur Schwalow e Charles Townes inventam o laser. • 1960: Theodore Maiman, do Hughes Labs (EUA), construiu o primeiro laser a cristal de rubi. • 1961: Javan e colaboradores construíram o primeiro laser a gás HeNe, para a região do infravermelho (1150 nm). Em 1962 surge o laser HeNe para 632,8 nm. • 1962: Foi inventado o primeiro fotodetector PIN de silício de alta velocidade (EUA). • 1966: Charles Kao e A. Hockham do Standard Communication Laboratory (UK), publicaram um artigo propondo fibras ópticas como meio de transmissão adequado se as perdas fossem reduzidas de 1000 para 20 dB/km. Início da corrida mundial pela fibra de menor atenuação !!! • 1968: Primeiro diodo laser com dupla heteroestrutura, DHS, (EUA). • 1970: Kapron e Keck quebram a barreira dos 20 dB/km produzindo uma fibra multimodo com 17 dB/km em 632,8 nm (Corning Glass Works, USA). • 1972: Novamente, Corning Glass lança uma fibra multimodo com 4 dB/km. 9
  • 11. 1973: Um link telefônico de fibras ópticas foi instalado no EUA. • 1976: O Bell Laboratories instalou um link telefônico em de 1 km em Atlanta e provou ser possível o uso da fibra para telefonia, misturando técnicas convencionais de transmissão. O primeiro link de TV a cabo com fibras ópticas foi instalado em Hastings (UK). A empresa Rank Optics em Leeds (UK) fabrica fibras de 110 nm para iluminação e decoração. • 1978: Começa, em vários pontos do mundo, a fabricação de fibras ópticas com perdas menores do que 1,5 dB/km, para as mais diversas aplicações. • 1979: MYA e colaboradores, Japão, anunciam a primeira fibra monomodo (SMF) com 0,20 dB/km em 1550 nm. • 1981: Ainslie e colegas (UK) demonstram a SMF com dispersão nula em 1550 nm. • 1983: Introduzida a fibra monomodo com dispersão nula em 1310 nm – G652. • 1985: Introduzida a fibra monomodo de dispersão deslocada (DS) – G653. • 1988: Operação do primeiro cabo submarino, TAT-8, entre EUA, França e Inglaterra. • 1989: Introdução comercial dos amplificadores ópticos dopados com érbio. • 1994: Introduzida a fibra de dispersão nula (NZD) em 1500 nm – G655. • 2001: A fibra óptica movimenta cerca de 30 bilhões de dólares a cada ano. • 2004: As pesquisas avançam em direção à caracterização e fabricação de fibras fotônicas. 10
  • 12. 2.2 História da Fibra Óptica no Brasil Unicamp foi à primeira instituição brasileira a pesquisar as fibras ópticas. O Grupo de Fibras Ópticas do Instituto de Física Gleb Wataghin foi formado em 1975 para desenvolver o processo de fabricação de fibras e formar recursos humanos nesta área. Figura 3 – Pesquisadores no Laboratório de Comunicações Ópticas [1] Dos laboratórios do IFGW saíram às primeiras fibras ópticas fabricadas no país e foram desenvolvidas várias técnicas de caracterização das fibras. Este desenvolvimento foi transferido, juntamente com as pessoas treinadas, para o CPQD – Centro de Pesquisas e Desenvolvimento em Telecomunicações (empresa pertencente à holding das Empresas de Telecomunicações – a Telebrás) onde continuou- se com a construção de uma planta piloto para fabricação, bem como otimização do processo. O CPQD transferiu a tecnologia para as empresas ABC-Xtal, Bracel, Avibrás, Pirelli e Sid, que hoje produzem a maior parte das fibras 11
  • 13. utilizadas no Brasil. Acopladores por fusão a fibra, que servem para juntar os núcleos duas ou mais fibras, desenvolvidos nos laboratórios do grupo foram repassados ao CPQD, juntamente com os recursos humanos. Esta tecnologia foi transferida para as empresas AGC-Optosystems e AsGa. Essas empresas exportam produzem os acopladores para o mercado nacional e para exportação. As pesquisas do grupo foram cada vez mais sendo desenvolvidas em assuntos de fronteira, avaliando e explorando tecnologias emergentes, e realizando atividades de pesquisa que fossem temas de teses de doutoramento. Desenvolveu-se, assim, os primeiros amplificadores a fibra dopada com Érbio no país, processos originais de fabricação de vidros especiais, técnicas de óptica não linear e de lasers de pulsos ultra-curtos para o estudo de fenômenos ultra-rápidos. Dadas as atividades desenvolvidas nos últimos anos, o grupo passou a ser chamado de Grupo de Fenômenos Ultra-Rápidos e Comunicações Ópticas. Este grupo é pioneiro no Brasil na área de fenômenos ultra-rápidos e conta hoje com um laboratório de femtossegundos que é um dos melhores equipados no mundo. É grande a experiência do grupo na fabricação de vidros ópticos; desenvolvimento de processos originais de fabricação de vidros cerâmicos e de vidros dopados com quantum dots semicondutores. Esses vidros que são promissores para aplicações em chaves fotônicas. O grupo lidera também a área de dispositivos de óptica integrada em vidros. [1] 12
  • 14. 3.0 Regulamentação 3.1 Normas Técnicas O que é uma norma? Uma norma é um grau ou nível de exigência, é uma excelência, um objetivo para promover interoperabilidade e confiabilidade em sistemas estruturados. As normas para cabeamento estruturado definem um sistema geral para redes de telecomunicações, criando um ambiente heterogêneo. Essas normas nasceram com a necessidade de padronizar soluções para sistemas de cabeamento de telecomunicações que pudesse abrigar equipamentos de vários fabricantes. Existem organizações responsáveis pela elaboração e coordenação de padrões usados pela indústria, governo e outros setores. Vamos citar apenas os órgãos que interferem na Fibra óptica. • ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas • ANSI – American National Standards Institute • EIA – Electronic Industries Alliance • TIA – Telecommunications Industry Association 3.1.1 Normas para Cabeamento Estruturado Fibra Óptica ANSI/EIA/TIA TSB72 – Guia para gerenciamento centralizado de dispositivos de fibra óptica A intenção deste boletim e especificar conjunto de diretrizes para administrar sistemas de fibra ópticas no ambiente da sala de equipamentos utilizando sistema de racks e armários de telecomunicações. 13
  • 15. Data: Publicado 1992, parte 568ª, desde outubro de 1995. ANSI/EIA/TIA 526-14 – Especificações técnicas para medidas ópticas multimodo Este documento especifica procedimentos usados para medir um link de fibra óptica multimodo, incluindo terminações, componentes passivos, fontes de luz, calibração e interpretação de resultados. Data: Publicado 1998. ANSI/EIA/TIA 526-7 – Especificações técnicas para medidas ópticas monomodo Tem a mesma função do documento anterior, só que para fibras monomodo. Data: Atualmente em votação na EIA/TIA. ANSI/EIA/TIA 568 – Componentes para Cabeamento de fibra óptica Esta norma especifica os requerimentos mínimos para componentes de fibra óptica, tais como cabos, conectores, hardware de conexão, patch cords e equipamento de teste de campo. Cabos 50/125µm multimodo e monomodo são reconhecidos. [5] 4.0 Introdução sobre ondas 4.1 Reflexão e Refração Em 1952, o físico Narinder Singh Kapany, com base nos estudos efetuados pelo físico inglês John Tyndall de que a luz poderia descrever uma trajetória curva dentro de um 14
  • 16. material (no experimento de Tyndall esse material era água), pode concluir suas experiências que o levaram à invenção da fibra óptica. A fibra óptica é um excelente meio de transmissão utilizado em sistemas que exigem alta largura de banda, tais como: o sistema telefônico, videoconferência, redes locais (LANs), etc. Há basicamente duas vantagens das fibras ópticas em relação aos cabos metálicos: A fibra óptica é totalmente imune a interferências eletromagnéticas, o que significa que os dados não serão corrompidos durante a transmissão. Outra vantagem é que a fibra óptica não conduz corrente elétrica, logo não haverá problemas com eletricidade, como problemas de diferença de potencial elétrico ou problemas com raios. O princípio fundamental que rege o funcionamento das fibras ópticas é o fenômeno físico denominado reflexão total da luz. Para que haja a reflexão total a luz deve sair de um meio mais para um meio menos refringente, e o ângulo de incidência deve ser igual ou maior do que o ângulo limite (também chamado ângulo de Brewster). [4] Figura 4 – Exemplo de fibra óptica [4] Para ter uma idéia dos dois fenômenos imagine uma pessoa à beira de um lago de águas calmas e límpidas. Se ela olhar próximo a seus pés possivelmente verá os peixes e a 15
  • 17. vegetação em baixo da água. Se, ao contrário, observar a outra borda do lago verá refletido na água as imagens de árvores ou outros objetos lá localizados. Porque a água e o ar possuem índices de refração diferentes, o ângulo que um observador olha a água influencia a imagem vista. [1] 4.2 Lei de Snell A Figura 8 mostra um feixe de luz interceptado por uma superfície plana de vidro. Parte da luz incidente é refletida pela superfície, isto é, se propaga, em feixe, para fora da superfície, como se tivesse se originado naquela superfície. A outra parte é refratada, isto é, se propaga como um feixe através da superfície para dentro do vidro. A menos que o feixe incidente seja perpendicular ao vidro, a luz sempre muda a direção de sua trajetória quando atravessa uma superfície, por isso, dizemos que o feixe incidente é “desviado” na superfície. Com base na figura, vamos definir algumas grandezas utilizadas e iremos representar os feixes incidente, refletido e refratado como raios, que são linhas retas traçadas perpendicularmente às frentes de onda, que indicam a direção do movimento dessas ondas. O ângulo de incidência Ø1 o ângulo de reflexão Ø1’ e o ângulo de refração Ø2 , também estão sendo mostrados. Observe que cada um desses ângulos é medido entre a normal à superfície e o raio correspondente. O plano que contém o raio incidente e a normal à superfície é chamado de plano de incidência. Na Figura, o plano de incidência é o plano da página. 16
  • 18. Observamos experimentalmente que a reflexão e a refração obedecem às seguintes leis: Figura 5 – Reflexão e a refração de um feixe de luz [10] • LEI DA REFLEXÃO: O raio refletido está contido no plano de incidência, e Ø1’ = Ø2’ (Reflexão) • LEI DA REFRAÇÃO: O raio refratado está contido no plano de incidência, e n1 os Ø1= n2 os Ø2 (Refração) n1 é uma constante adimensional chamada índice de refração do meio l, e n2 é o índice de refração do meio 2. A Equação da reflexão é chamada de Lei de Snell. O índice de refração de uma substância é igual a c/v, onde c é a velocidade da luz no espaço livre (vácuo), e v é a sua velocidade na substância considerada, conforme será visto mais adiante. A Tabela dá o índice de refração do vácuo e de algumas substâncias comuns. No vácuo, por definição, n é 17
  • 19. exatamente igual a 1 ; no ar, n é muito próximo de 1,0 (uma aproximação que faremos com freqüência). Não existe índice de refração menor que 1. O índice de refração da luz, em qualquer meio, exceto o vácuo, depende do comprimento de onda da luz. A Figura mostra essa dependência para o quartzo fundido. Uma vez definido n, a luz de diferentes comprimentos de onda tem velocidades diferentes num certo meio. Além disso, ondas luminosas de comprimentos de onda diferentes são refratadas com ângulos diferentes ao atravessarem uma superfície. Assim, quando um feixe de luz, consistindo em componentes com diferentes comprimentos de onda, incide numa superfície de separação de dois meios, os componentes do feixe são separados por refração e se propagam em direções diferentes. Esse efeito é chamado de dispersão cromática, onde “dispersão” significa a separação dos comprimentos de onda, ou cores, e “cromática” significa a associação da cor ao seu comprimento de onda. Na Figura, não há dispersão cromática, porque o feixe é monocromático (de uma única cor ou comprimento de onda). O índice de refração em um meio é, geralmente, maior para um comprimento de onda menor (luz azul), do que para um comprimento de onda maior (luz vermelha). Isso significa que, quando a luz branca se refrata, através de uma superfície, o componente azul sofre um desvio maior do que o componente vermelho, com as cores intermediárias apresentando desvios que variam entre esses dois. 18
  • 20. Figura 6 – Índice de refração do quartzo fundido [10] O índice de refração do quartzo fundido, em função do comprimento de onda. A luz, com um comprimento de onda, pequeno, que corresponde a um índice de refração mais alto, tem um desvio mais acentuado, ao penetrar no quartzo, que a luz com um maior comprimento de onda. [3] Figura 7 – Índice de refração de alguns meios [10] A Figura mostra um raio de luz branca, no ar, incidindo em uma superfície de vidro; são mostrados apenas os componentes azul e vermelho da luz refratada. Como o componente azul sofre uma refração maior do que o vermelho, o ângulo de refração Ø2b, do componente azul, é menor do que o ângulo de refração Ø2b’ do componente vermelho. A Figura mostra um raio de luz branca passando pelo vidro e 19
  • 21. incidindo na superfície de separação vidro-ar. O componente azul é, novamente, mais refratado que o vermelho, mas agora Ø2b > Ø2r. Para aumentar a separação das cores, podemos usar um prisma sólido de vidro, com seção triangular transversal, como na Figura. A dispersão na primeira superfície é aumentada pela dispersão na segunda superfície. Figura 8 – Dispersão cromática da luz branca [10] O arco-íris é o exemplo mais simpático de dispersão cromática. Quando a luz branca do Sol é interceptada por uma gota de chuva, parte da luz se refrata para o interior da gota, se reflete na superfície interna e, a seguir, se refrata para fora da gota. Como no prisma, a primeira refração separa a luz do Sol em seus componentes coloridos, e a segunda refração aumenta a separação. 20
  • 22. Quando seus olhos interceptam as cores separadas pelas gotas de chuva, o vermelho vem das gotas ligeiramente mais inclinadas que aquelas de onde vem a cor azul, e as cores intermediárias vêm das gotas com ângulos intermediários. As gotas que separam as cores subtendem um ângulo de cerca de 42°, a partir de um ponto diretamente oposto ao Sol. Se a chuva é forte e brilhantemente iluminada, você vê um arco colorido, com o vermelho em cima e o azul embaixo. Seu arco-íris é pessoal, porque um outro observador verá a luz proveniente de outras gotas. Figura 9 – Um prisma separando a luz branca [10] 21
  • 23. Figura 10 – Um arco-íris e a separação das cores [10] 4.3 Estrutura da fibra óptica As fibras ópticas são constituídas basicamente de materiais dielétricos (isolantes) que, como já dissemos, permitem total imunidade a interferências eletromagnética; uma região cilíndrica composta de uma região central, denominada núcleo, por onde passa a luz; e uma região periférica denominada casca que envolve o núcleo. A fibra óptica é composta por um núcleo envolto por uma casca, ambos de vidro sólido com altos índices de pureza, 22
  • 24. porém com índices de refração diferentes. O índice de refração do núcleo (n1) é sempre maior que o índice de refração da casca (n2). Se o ângulo de incidência da luz em uma das extremidades da fibra for menor que um dado ângulo, chamado de ângulo crítico ocorrerá à reflexão total da luz no interior da fibra. [3] Veremos agora a estrutura do cabo de fibra óptica. Figura 11 – Estrutura da fibra óptica [3] Figura 12 – Estrutura em corte da fibra óptica [1] 23
  • 25. Núcleo: O núcleo é um fino filamento de vidro ou plástico, medido em micra (1 ηm = 0,000001m), por onde passa a luz. Quanto maior o diâmetro do núcleo mais luz ele pode conduzir. • Casca: Camada que reveste o núcleo. Por possuir índice de refração menor que o núcleo ela impede que a luz seja refratada, permitindo assim que a luz chegue ao dispositivo receptor. • Capa: Camada de plástico que envolve o núcleo e a casca, protegendo-os contra choques mecânicos e excesso de curvatura. • Fibras de resistência mecânica: São fibras que ajudam a proteger o núcleo contra impactos e tensões excessivas durante a instalação. Geralmente são feitas de um material chamado kevlar, o mesmo utilizado em coletes a prova de bala. • Revestimento externo: É uma capa que recobre o cabo de fibra óptica. [3] 4.4 Tipos de fibra Óptica Existem duas categorias de fibras ópticas: Multimodais e Monomodais. Essas categorias definem a forma como a luz se propaga no interior do núcleo. 4.4.1 Fibras Multimodo (MMF Multimode Fiber) As fibras multimodo (MMF MultiMode Fiber) foram as primeiras a serem comercializadas. Porque possuem o diâmetro do núcleo maior do que as fibras monomodais, de 24
  • 26. modo que a luz tenha vários modos de propagação, ou seja, a luz percorre o interior da fibra óptica por diversos caminhos. E também porque os conectores e transmissores ópticos utilizados com elas são mais baratos. [1] As setas verde, azul e vermelha representam os três modos possíveis de propagação (neste exemplo), sendo que as setas verde e azul estão representando a propagação por reflexão. As dimensões são 62,5 ηm para o núcleo e 125 ηm para a casca. Dependendo da variação de índice de refração entre o núcleo e a casca, as fibras multimodais podem ser classificadas em: Índice Gradual e Índice Degrau. Figura 13 – Propagação da luz multimodal [3] 4.4.1.1 Multimodo de Índice Degrau Possuem um núcleo composto por um material homogêneo de índice de refração constante e sempre superior ao da casca. As fibras de índice degrau possuem mais simplicidade em sua fabricação e, por isto, possuem características inferiores aos outros tipos de fibras a banda passante é muito estreita, o que restringe a capacidade de transmissão da fibra. As perdas sofridas pelo sinal transmitido são bastante altas quando comparadas com as fibras monomodo, o que restringe suas aplicações com relação à distância e à capacidade de transmissão. [1] 25
  • 27. Figura 14 – Fibra Óptica Multimodo ID [1] 4.4.1.2 Multimodo de Índice Gradual Possuem um núcleo composto com índices de refração variáveis. Esta variação permite a redução do alargamento do impulso luminoso. São fibras mais utilizadas que as de índice degrau. Sua fabricação é mais complexa porque somente conseguimos o índice de refração gradual dopando com doses diferentes o núcleo da fibra, o que faz com que o índice de refração diminua gradualmente do centro do núcleo até a casca. Mas, na prática, esse índice faz com que os raios de luz percorram caminhos diferentes, com velocidades diferentes, e chegue à outra extremidade da fibra ao mesmo tempo praticamente, aumentando a banda passante e, conseqüentemente, a capacidade de transmissão da fibra óptica. [1] São fibras que com tecnologia de fabricação mais complexa e possuem característica principais uma menor atenuação 1dBm/km, maior capacidade de transmissão de dados (largura 26
  • 28. de Banda de 1Ghz), isso em relação as fibras de multimodo de índice Degrau. Figura 15 – Fibra Multimodo IG 4.4.2 Fibras Monomodo (SMF Single Mode Fiber) As fibras monomodais são adequadas para aplicações que envolvam grandes distâncias, embora requeiram conectores de maior precisão e dispositivos de alto custo. Nas fibras monomodais, a luz possui apenas um modo de propagação, ou seja, a luz percorre interior do núcleo por apenas um caminho. As dimensões do núcleo variam entre 8 ηm a 10 ηm, e a casca em torno de 125 ηm. As fibras monomodais também se diferenciam pela variação do índice de refração do núcleo em relação à casca; classificam-se em Índice Degrau Standard, Dispersão Deslocada (Dispersion Shifed) ou Non-Zero Dispersion. [3] Figura 16 – Propagação da luz em monomodal [3] 27
  • 29. As características destas fibras são muito superiores às multimodos, banda passante mais larga, o que aumenta a capacidade de transmissão. Apresenta perdas mais baixas, aumentando, com isto, a distância entre as transmissões sem o uso de repetidores de sinal. Os enlaces com fibras monomodo, geralmente, ultrapassam 50 km entre os repetidores. As fibras monomodo do tipo dispersão deslocada (dispersion shifted) têm concepção mais moderna que as anteriores e apresentam características com muitas vantagens, como baixíssimas perdas e largura de banda bastante larga. Entretanto, apresentam desvantagem quanto à fabricação, que exige técnicas avançadas e de difícil manuseio (instalação, emendas), com custo muito superior quando comparadas om as fibras do tipo multimodo. [1] 4.2 Reflexão Interna Total A Figura mostra raios provenientes de uma fonte puntiformes, no vidro, incidindo sobre a interface vidro- ar. Para o raio a, perpendicular à interface, parte da luz se reflete, e parte passa através da superfície, sem mudar a direção. Os raios de b até e, que têm, progressivamente, maiores ângulos de incidência na interface, também sofrem reflexão e refração na interface. À medida que o ângulo de incidência aumenta, o ângulo de refração também aumenta, sendo de 90° para o raio e, o que significa que o raio refratado é tangente à interface. Nessa situação, o ângulo de incidência é chamado de ângulo crítico Øc. Para ângulos 28
  • 30. de incidência maiores do que Øc, como os dos raios f, e, g, não há raio refratado, e toda a luz é refletida, efeito conhecido como reflexão interna total. Figura 17 – A reflexão interna total da luz [10] Para calcular Øc, usamos a Equação: Associamos arbitrariamente o subscrito 1 ao vidro e o subscrito 2 ao ar, substituímos Ø1, por Øc e Ø2 por 90°, obtendo n1 os Øc = n2 os 90º encontrando, então Øc= os-1 n2/n1 (ângulo crítico) Como o seno de um ângulo não pode ser maior do que 1, n2 não pode ser maior do que n1, na equação. Isso nos diz que a reflexão interna total não pode ocorrer quando a luz incidente está num meio que tem o menor índice de refração. Se a fonte S, na Figura, estivesse no ar, todos os raios incidentes na superfície ar-vidro (incluindo f e g) seriam refletidos e refratados. A reflexão interna total tem encontrado várias aplicações na tecnologia da medicina. Por exemplo, um médico pode pesquisar uma úlcera no estômago de um paciente pela simples introdução de dois feixes finos de fibras óticas através da garganta do paciente. A luz introduzida pela extremidade de um dos feixes sofre várias reflexões internas nas fibras, de forma que, mesmo com o 29
  • 31. feixe sendo submetido a várias curvas, a luz alcança a outra extremidade, iluminando o estômago do paciente. Parte da luz é, então, refletida no interior do estômago e retoma pelo outro feixe, de forma análoga, sendo detectada, e convertida em imagem num monitor de vídeo, oferecendo ao médico uma visão interior do órgão. [10] A luz propaga-se longitudinalmente até a outra extremidade graças às reflexões totais que sofre na interface entre o vidro central (núcleo) e o vidro periférico (casca). [1] Figura 18 – Reflexão Interna [1] Isso ocorre porque uma fibra óptica transmite luz de uma extremidade para a outra, com pequena perda pelas laterais da fibra; porque a maior parte da luz sofre uma seqüência de reflexões internas totais ao longo dessas laterais. [3] 30
  • 32. Figura 19 – Fibra Óptica [10] 5.0 Fabricação da Fibra Óptica Para aperfeiçoar a características, mecânicas, geométricas e ópticas de uma fibra óptica sua fabricação se efetua, habitualmente, em processos de varias etapas. Além do mais, esta forma de fabricação permite uma produção em grandes quantidades, rápida e rentável, atualmente são premissas fundamentais para as telecomunicações ópticas. Os materiais básicos usados na fabricação de fibras ópticas são sílicas puras ou dopada, vidro composto e plástico. As fibras óptica fabricadas de sílica pura ou dopada são as que apresentam as melhores características de transmissão e são as usadas em sistemas de telecomunicações. Todos os processos de fabricação são complexos e caros. A fibra óptica fabricadas de vidro composto e plástico não tem boas características de transmissão (possuem alta atenuação e baixa faixa de banda passante) e são empregadas em sistemas de telecomunicações de baixa capacidade e pequenas distâncias e sistemas de iluminação. Os processos de fabricação dessas fibras são simples e baratos se comparada com as fibras de sílica pura ou dopada. 31
  • 33. Figura 20 – Fabricação da Preforma [7] 5.1.1 – Fabricação de uma preforma de vidro Existem vários métodos para a fabricação de uma pré-forma para fibras ópticas. Descreveremos aqui o Método de Deposição de Vapores Químicos. Na figura abaixo mostramos um esquema onde o oxigênio é bombeado juntamente com soluções químicas de Silício e Germânio, entre outras. A mistura correta dos componentes químicos é que vai caracterizar a pré-forma produzida (índice de refração, coeficiente de expansão etc).[1] Um tubo especial de sílica ou quartzo (que será a casca da fibra) é preenchido com a mistura de substâncias químicas (que será o núcleo da fibra). Para este processo é utilizada uma espécie de torno que gira constantemente sob o calor de uma chama. Quando a mistura de substâncias é aquecida, o Germânio e o Silício reagem com o oxigênio formando o Dióxido de Silício (SiO2) e o Dióxido de Germânio (GeO2), que se fundem dentro do tubo formando o 32
  • 34. vidro do núcleo. A fabricação da pré-forma é totalmente automatizada e leva horas para ser completada. [7] Depois que a pré-forma esfria passa por testes de qualidade, garantindo a pureza dos vidros fabricados. [1] Figura 21 – Fabricação da Preforma de Vidro [1] Existem 4 tipos de processos de fabricação deste tipo de fibra e a diferença entre eles está na etapa de fabricação da preforma (bastão que contém todas as características da fibra óptica, mas possui dimensões macroscópicas). A segunda etapa de fabricação da fibra, o puxamento, é comum a todos os processos. 5.1.1.1 PVCD (Plasma Chemical Vapour Deposition) A diferença básica deste método, ilustrado abaixo, em relação ao MCVD é que ao invés de usar um maçarico de 33
  • 35. oxigênio e hidrogênio, usa-se um plasma não isotérmico formado por uma cavidade ressonante de microondas para a estimulação dos gases no interior do tubo de sílica. Neste processo, não é necessária a rotação do tubo em torno de seu eixo, pois a deposição uniforme é obtida devido à simetria circular da cavidade ressoante. A temperatura para deposição é em torno de 1100oC. As propriedades das fibras fabricadas por este método são idênticas ao MCVD. [7] Figura 22 – Método PVCD [7] 5.1.1.2 OVD (Outside Vapour Deposition) Este processo baseia-se no crescimento da preforma a partir de uma semente, que é feita de cerâmica ou grafite, também chamada de mandril. Este mandril é colocado num torno e permanece girando durante o processo de deposição que ocorre sobre o mandril. Os reagentes são lançados pelo próprio maçarico e os cristais de vidro são depositados no mandril através de camadas sucessivas. Nesse processo ocorre a deposição do núcleo e também da casa, e obtém-se preforma de diâmetro 34
  • 36. relativamente grande, o que proporcionam fibras de grande comprimento (40 km ou mais). Após essas etapas teremos uma preforma porosa (opaca) e com o mandril em seu centro. Para a retirada do mandril coloca-se a preforma num forno aquecido a 1500oC que provoca a dilatação dos materiais. Através da diferença de coeficiente de dilatação térmica consegue-se soltar o mandril da preforma e a sua retirada. O próprio forno faz também o colapsamento da preforma para torná-la cristalina e maciça. Esse processo serve para a fabricação de fibras do tipo multimodo e monomodo de boa qualidade de transmissão. Figura 23 – Método OVD [7] 5.1.1.3 VAD (Vapour Axial Deposition) Neste processo, a casca e o núcleo são depositados mas no sentido do eixo da fibra (sentido axial). Neste processo utilizam-se dois queimadores que criam a distribuição de temperatura desejada e também injetam os gases (reagentes). 35
  • 37. Obtém-se assim uma preforma porosa que é cristalizada num forno elétrico à temperatura de 1500oC. Este processo obtém preforma com grande diâmetro e grande comprimento, tornando-o extremamente produtivo. Figura 24 – Método VAD [7] 5.1.2 Puxamento de uma preforma em uma torre de puxamento Depois do teste da pré-forma, ela é colocada em uma torre de puxamento conforme a imagem abaixo: 36
  • 38. Figura 25 – Torre de puxamento [1] Coloca-se a pré-forma em um forno de grafite (com temperaturas de 1.900 a 2.200 Celsius). O vidro da pré- forma derrete e cai por ação da gravidade. Conforme cai, forma um fio que é direcionado, pelo operador da torre, a um micrômetro a laser e para recipientes onde receberá camadas de sílica protetora. Um sistema de tração vagarosamente puxa a fibra da pré-forma. Como todo o processo é controlado por computador, o micrômetro a laser controla permanentemente o diâmetro da fibra fazendo com que o sistema de tração puxe mais lentamente ou mais rapidamente a fibra da pré-forma. Geralmente as fibras são 37
  • 39. puxadas a velocidades entre 10 e 20 m/s. O produto final, ou seja, a fibra óptica é enrolada em carretéis. [1] DOUBLE CRUCIBLE (Duplo Cadinho) Este processo é semelhante ao anterior, mas os vidros vêm na forma de bastão, os quais são introduzidos no forno do puxamento, que contém dois cadinhos. Neste processo, a geometria dos vidros alimentadores não é tão importante como no processo anterior. Neste processo consegue-se a variação do índice de refração através da migração de íons alcalinos que mesclam a concentração dos vidros interno e externo. [7] Fabricação de fibras de plástico A fabricação de fibras de plástico é feita por extração. As fibras ópticas obtidas com este método têm características ópticas bem inferiores às de sílica, mas possuem resistências mecânicas (esforços mecânicos) bem maiores que as fibras de sílica. Têm grandes aplicações em iluminação e transmissão de informações a curtas distâncias e situações que oferecem grandes esforços mecânicos às fibras. [7] 5.1.3 Testes das fibras puxadas Os testes mais comuns que os fabricantes de fibras realizam são: tensão mecânica, índice de refração, geometria, atenuação (perdas), largura de banda, dispersão cromática, temperatura de operação, perdas dependentes da 38
  • 40. temperatura de operação, habilidade de condução de luz sob a água. Depois que os carretéis de fibras passam pelos testes de qualidade e são aprovados eles serão vendidos a empresas que fabricam cabos. [1] 6.0 Emendas Ópticas Uma emenda óptica consiste na junção de 2 ou mais seguimentos de fibras, podendo ser permanente ou temporária. Servem para prolongar um cabo óptico, uma mudança de tipo de cabo, para conexão de um equipamento ativo ou efetuarmos manobras em um sistema de cabeamento estruturado. Como características básicas, as emendas apresentam as seguintes características: - Baixa Atenuação: típica de 0,2 à 0,02dB por emenda; - Alta Estabilidade Mecânica: cerca de 4 kgf de tração; - Aplicações em Campo: requer poucos equipamentos para sua feitura. Existem três tipos de emendas ópticas: - Emenda por Fusão: as fibras são fundidas entre si; - Emenda Mecânica: as fibras são unidas por meios mecânicos; - Emenda por Conectorização: são aplicados conectores ópticos, nas fibras envolvidas na emenda. As emendas ópticas sejam por fusão ou mecânicas, apresentam uma atenuação muito menor que um conector óptico. [8] 39
  • 41. 6.1 Processo de Emenda Quando efetuamos um dos 3 tipos de emendas mencionados, devemos obedecer etapas distintas do processo de emenda, estas etapas são necessárias para que possamos ter o desempenho desejado. O processo de emenda consiste nas seguintes operações: 6.1.1 Limpeza Os passos envolvidos nesta etapa são: 1. Remoção da capa do cabo; 2. Remoção do tubo LOOSE; 3. Remoção do gel com o uso de álcool isopropílico, utilizando-se algodão, lenços de papel ou gaze. 6.1.2 Decapagem Esta operação consiste em: 1. Remoção do revestimento externo de acrilato da fibra; 2. Limpeza da fibra com álcool isopropílico; 3. Repetir o processo até que todo o revestimento externo da fibra seja removido. 6.1.3 Clivagem A clivagem de uma fibra óptica consiste no corte das extremidades das fibras em um ângulo de 90º, ou seja, cada ponta da fibra deve ter sua face paralela. Esta necessidade do ângulo ser de 90º deve-se ao fato de quando fizermos sua emenda, ambas as faces deverão estar paralelas para uma 40
  • 42. perfeita emenda. É nesta etapa que devemos ter o máximo de cuidado com o manuseio da fibra, é desta etapa que sairá a fibra pronta para a emenda. As clivagens de uma fibra ópticas são feitas usando um equipamento que faz um risco na fibra, analogamente ao corte de um vidro pelo vidraceiro. 1. As operações envolvidas são: 2. Clivagem da fibra; 3. Limpeza das extremidades com álcool isopropílico. [8] 6.2 Atenuações em Emendas Ópticas Como já mencionado em conectores ópticos, existem 2 tipos de fatores que influenciam o processo de emenda, que são: • Fatores Intrínsecos • Fatores Extrínsecos • Fatores Reflexivos 6.2.1 Fatores Intrínsecos São os fatores que envolvem a fabricação da fibra óptica, são os seguintes: • Variação do diâmetro do núcleo; • Diferença de perfil; • Elipticidade ou Excentricidade do núcleo ou casca. É especialmente crítica a variação do diâmetro do núcleo para as fibras Monomodo. 41
  • 43. 6.2.2 Fatores Extrínsecos São os fatores que decorrem do processo de emenda, são os seguintes: • Precisão no alinhamento da fibra; • Qualidade das terminações da fibra; • Espaçamento entre as extremidades; • Contaminação ambiental. 6.2.3 Fatores Refletores São os fatores que advém das próprias emendas, estas podem gerar em seu interior, reflexos de luz que irão atenuar os sinais transmitidos, ocasionando perda de potência. Com os equipamentos empregados no processo de emenda, e a constante melhoria na qualidade da fabricação da fibra, este tipo de atenuação é inferior a 50 db. [8] 6.3 Tipos de Emendas Ópticas • Emenda por Fusão: as fibras são fundidas entre si • Emenda Mecânica: as fibras são unidas por meios mecânicos • Emenda por Conectorização: são aplicados conectores ópticos, nas fibras envolvidas na emenda. 42
  • 44. 6.3.1 Emenda por Fusão É o processo pelo qual, 2 seguimentos de fibra são fundidos entre si, através de uma descarga elétrica produzida pelo equipamento. As etapas envolvidas são: 1. Limpeza 2. Decapagem 3. Clivagem 4. Inserção do protetor de emenda, “Tubete Termo Contrátil”; 5. Colocação das fibras no dispositivo V Groove da máquina de fusão; 6. Aproximação das fibras até cerca de 1µm; 7. Fusão através de arco voltaico; 8. Colocação do protetor e aquecimento. Figura 25 – Máquina de Emenda por Fusão – Furukawa [8] 43
  • 45. Figura 26 – Esquemática do dispositivo de fusão das fibras [8] 6.4 Emenda Óptica Mecânica É o processo pelo quais dois seguimentos de fibra são unidos usando-se um Conector Óptico Mecânico. Neste tipo de emenda os processos de limpeza, decapagem e clivagem são iguais ao processo por fusão. As etapas envolvidas são: 1. Limpeza 2. Decapagem 3. Clivagem 4. Inserção de cada extremidade da fibra em uma extremidade do conector 5. Verificação da correta posição das fibras 6. Fechamento do conector 44
  • 46. 6.5 Emenda Óptica por Conectorização Neste tipo de emenda, as fibras ópticas não são unidas e sim posicionadas muito perto, isto é conseguido através do uso de um outro tipo de conector chamado de Adaptador, mencionado na parte de conectores. Este tipo de emenda é executado de forma rápida, desde que os conectores já estejam instalados nos cordões ópticos. Ele é também muito usado em acessórios ópticos chamados de Distribuidores Ópticos, onde fazem a interface entre um cabo vindo de uma sala de equipamentos e os equipamentos ativos instalados no andar, no Armário de Telecomunicações. Figura 27 – Conector Mecânico FIBRLOCK II fechado [8] 45
  • 47. Figura 28 – Modelo de emenda usando conector, adaptador. [8] 6.6 Perdas por Atenuações 6.6.1 Emendas Ópticas Independente do tipo de método de emenda empregado, seja fusão ou mecânica, sua atenuação máxima é de 0,3dB, de acordo com a EIA /TIA 455 – 59, para medias feitas em campo. Processo de Multimodo Monomodo Mecânico 0,15 à 0,30 0,15 à 0,30 Fusão 0,15 à 0,30 0,15 à 0,30 Figura 28 – Tabela Comparativo de Processo de Emenda [2] 46
  • 48. 6.6.2 Conectores Quando trabalhamos com conectores ópticos, devemos ter em conta que por mais cuidadosos que sejamos quando da manipulação do conector, este sempre apresentará algum tipo de atenuação. As atenuações presentes em um conector podem ser divididas em: 1. Fatores Intrínsecos: aqueles que estão associados a fibra óptica utilizada; 2. Fatores Extrínsecos: são aqueles associados à conectorização. Figura 29 – Diversos tipos de Conectores [6] 7.0 Atenuação Constitui-se na propriedade mais importante dos meios de transmissão em geral, sendo particularmente relevante quando se trata de meios materiais, como no caso das fibras ópticas. A atenuação pode ser definida como a perda de potência do sinal com a distância, ou seja, se a atenuação for muito grande, o sinal chegará muito fraco ao receptor 47
  • 49. (ou repetidor), que não conseguirá captar a informação transmitida. As fibras óticas apresentam perdas muito baixas. Deste modo, é possível implantar sistemas de transmissão de longa distância com espaçamento muito grande entre repetidores, o que reduz a complexidade o custo do sistema. Os mecanismos que provocam atenuação são: absorção, espalhamento, deformações mecânicas. 7.1 Absorção Os tipos básicos de absorção são: 7.1.1 Absorção material A absorção material é o mecanismo de atenuação que exprime a dissipação de parte da energia transmitida numa fibra óptica em forma de calor. Neste tipo de absorção temos fatores extrínsecos e intrínsecos à própria fibra. Como fatores intrínsecos, temos a absorção do ultravioleta, a qual cresce exponencialmente no sentido do ultravioleta, e a absorção do infravermelho, provocada pela sua vibração e rotação dos átomos em torno da sua posição de equilíbrio, a qual cresce exponencialmente no sentido do infravermelho. Como fatores extrínsecos, temos a absorção devido aos rea metálicos porventura presentes na fibra (Mn, Ni, Cr, U, Co, r e Cu) os quais, devido ao seu tamanho, provocam picos de absorção em determinados comprimentos de onda exigindo grande purificação dos materiais que compõem a estrutura da fibra óptica. 48
  • 50. 7.1.2 Absorção do íon OH¯ A absorção do OH¯ (hidroxila) provoca atenuação fundamentalmente no comprimento de onda de 2700 nm e em sobre tons (harmônicos) em torno de 950 nm, 1240 nm e 1380 nm na faixa de baixa atenuação da fibra. Esse íon é comumente chamado de água e é incorporado ao núcleo durante o processo de produção. É muito difícil de ser eliminado. 7.1.3 Absorção Mecânica As deformações são chamadas de microcurvatura e macrocurvatura, as quais ocorrem ao longo da fibra devido à aplicação de esforços sobre a mesma durante a confecção e instalação do cabo. A macrocurvatura são perdas pontuais (localizadas) de luz por irradiação, ou seja, os modos de alta ordem (ângulo de incidência próximo ao ângulo crítico) não apresentam condições de reflexão interna total devido a curvaturas de raio finito da fibra óptica.[10] 49
  • 51. Figura 30 – Reflexão Interna [6] As microcurvatura aparecem quando a fibra é submetida a pressão transversal de maneira a comprimi-la contra uma superfície levemente rugosa. Essas microcurvatura extraem parte da energia luminosa do núcleo devido aos modos de alta ordem tornar-se não guiados. Figura 31 – Reflexão Interna [6] A atenuação típica de uma fibra de sílica sobrepondo-se todos os efeitos está mostrada na figura abaixo: [10] 50
  • 52. Figura 32 – Atenuação Fibra óptica [6] Existem três comprimentos de onda tipicamente utilizados para transmissão em fibras ópticas: • 850 nm com atenuação típica de 3 dB/km • 1300 nm com atenuação típica de 0,8 dB/km • 1550 nm com atenuação típica de 0,2 dB/km 7.2 Espalhamento É o mecanismo de atenuação que exprime o desvio de parte da energia luminosa guiada pelos vários modos de propagação em várias direções. Existem vários tipos de espalhamento (Rayleigh, Mie, Raman estimulado, Brillouin estimulado) sendo o mais importante e significativo o espalhamento de Rayleigh. Esse espalhamento é devido à não homogeneidade microscópica de flutuações térmicas, flutuações de composição, variação de pressões, pequenas bolhas, variação no perfil de índice de refração, etc. [10] 51
  • 53. Esse espalhamento está sempre presente na fibra óptica e determina o limite mínimo de atenuação nas fibras de sílica na região de baixa atenuação. A atenuação neste tipo de 1 espalhamento é proporcional a λ . 4 7.3 Propriedades das Fibras Óticas 7.3.1 Imunidade a Interferências Por serem compostas de material dielétrico, as fibras óticas não sofrem interferências eletromagnéticas. Isso permite uma boa utilização dela, mesmo em ambientes eletricamente ruidosos. As fibras óticas podem ser agrupadas em cabos óticos sem interferirem umas nas outras, devido a não existência de irradiação externa de luz, resultando num ruído de diafonia (crosstalk) desprezível. Por não necessitarem de blindagem metálica, podem ser instaladas junto a linhas de transmissão de energia elétrica. [10] 7.3.2 Ausência de diafonia As fibras adjacentes em um cabo ótico não interferem umas nas outras por não irradiarem luz externamente. Não ocorrendo o mesmo nos cabos metálicos, que quando perdem parte de seu isolamento, ocorre uma irradiação entre pares metálicos adjacentes, ocasionando o fenômeno crosstalk. 52
  • 54. 7.3.3 Isolação elétrica O material dielétrico que compõe a fibra proporciona um isolamento elétrico entre os transceptores ou estações interligadas. Ao contrário dos suportes metálicos, as fibras óticas não têm problemas de aterramento com interfaces dos transceptores. Além disso, quando um cabo de fibra é danificado por descarga elétrica, não existe faísca. Isso é importante em áreas de gases voláteis (áreas petroquímicas, minas de carvão, etc.) onde o risco de fogo e explosão é constante. A não existência de choque elétrico permite a reparação em campo, mesmo com os equipamentos ligados. [9] 7.4 Dispersão É uma característica de transmissão que exprime o alargamento dos pulsos transmitidos. Este alargamento determina a largura de banda da fibra óptica, dada em MHz/km, e está relacionada com a capacidade de transmissão de informação das fibras. Os mecanismos básicos de dispersão são • Modal • Cromática 7.4.1 Dispersão Modal Este tipo de dispersão só existe em fibras do tipo multimodo (degrau e gradual) e é provocada basicamente pelos vários caminhos possíveis de propagação (modos) que a luz pode ter no núcleo. Numa fibra degrau, todos os modos 53
  • 55. viajam com a mesma velocidade, pois o índice de refração é constante em todo o núcleo. Logo, os modos de alta ordem (que percorrem caminho mais longo) demorarão mais tempo para sair da fibra do que os modos de baixa ordem. Neste tipo de fibra, a diferença entre os tempos de chegada é dado por = ∆t1, onde; • t1 é o tempo de propagação do modo de menor ordem • ∆ é a diferença percentual de índices de refração entre o núcleo e a casca dada por ∆ =(n1-n2)/n1 A dispersão modal inexiste em fibras monomodo pois apenas um modo será guiado. 7.4.2 Disperção Cromática Esse tipo de dispersão depende do comprimento de onda e divide-se em dois tipos • Dispersão material • Dispersão de guia de onda 7.4.2.1 Disperção Material Como o índice de refração depende do comprimento de onda e como as fontes luminosas existentes não são ideais, ou seja, possuem certa largura espectral finita (∆λ), temos que cada comprimento de onda enxerga um valor diferente de índice de refração num determinado ponto, logo cada comprimento de onda viaja no núcleo com velocidade diferente, provocando uma diferença de tempo de percurso, causando a dispersão do impulso luminoso. 54
  • 56. A dispersão provocada pela dispersão material é dada por ∆λ dn D= c dλ , onde. • ∆λ é a largura espectral da fonte luminosa • c é a velocidade da luz no vácuo • n é o índice de refração do núcleo 7.4.2.2 Disperção de guia de onda Esse tipo de dispersão é provocado por variações nas dimensões do núcleo e variações no perfil de índice de refração ao longo da fibra óptica e depende também do comprimento de onda da luz. Essa dispersão só é percebida em fibras monomodo que tem dispersão material reduzida (∆λ pequeno em torno de 1300 nm) e é da ordem de alguns os/(nm.km).[2] As Vantagens da utilização de Fibras Ópticas As características especiais das fibras ópticas implicam consideráveis vantagens em relação aos suportes físicos de transmissão convencionais, tais como o par metálico e o cabo coaxial. Mesmo considerando-se o suporte de rádio – freqüência em microondas, à transmissão por fibras ópticas oferece condições bastante vantajosas. As poucas desvantagens no uso de fibras ópticas podem, em geral, ser consideradas transitórias, pois resultam principalmente da relativa imaturidade da tecnologia associada. As principais características das fibras ópticas, estacando suas vantagens como meio de transmissão, são os seguintes: 55
  • 57. 8.1 Banda passante potencialmente enorme A transmissão em fibras ópticas é realizada em freqüências ópticas portadoras na faixa espectral de 1014 a 1015 Hz (100 a 1000 THz). Isto significa uma capacidade de transmissão potencial, no mínimo, 10.000 vezes superior, por exemplo, à capacidade dos atuais sistemas de microondas que operam com uma banda passante útil de 700 MHz. Além de suportar um aumento significativo de número de canais de voz e /ou de vídeo num mesmo circuito telefônico, essa enorme banda passante permite novas aplicações. Atualmente, já estão disponíveis fibras ópticas comerciais com produtos banda passante versus distância superiores a 200 GHz.Km. Isso contrasta significativamente com os suportes convencionais onde, por exemplo, um cabo coaxial apresenta uma banda passante útil máxima em torno de 400 MHz. A Figura 2.1 compara as características de atenuação (plana) versus freqüência de uma fibra óptica típica com relação a vários suportes de transmissão usados em sistemas telefônicos. Figura 33 – Atenuação versus freqüência [10] 8.2 Perda de transmissão muito baixa 56
  • 58. As fibras ópticas apresentam atualmente perdas de transmissão extremamente baixas, desde atenuações típicas da ordem de 3 a 5 dB/Km na região em torno de 0,85mm até perdas inferiores a 0,2 dB/Km para operação na região de 1,55 mm. Pesquisas com novos materiais, em comprimentos de ondas superiores, prometem fibras ópticas com atenuações ainda menores, da ordem de centésimos e, até mesmo, milésimos de decibéis por quilômetro. Desse modo, com fibras ópticas, é possível implantar sistemas de transmissão de longa distância com um espaçamento muito grande entre repetidores, o que reduz significativamente a complexidade e custos do sistema. Enquanto, por exemplo, um sistema de microondas convencional exige repetidores a distâncias de ordem de 50 quilômetros, sistemas com fibras ópticas permitem alcançar, atualmente, e distâncias sem repetidores superiores a 200 quilômetros. Com relação aos suportes físicos metálicos, na Tabela abaixo é feita uma comparação de perdas de transmissão por fibras ópticas de 1ª geração (820nm). Observe nessa tabela que, ao contrário dos sistemas com suportes metálicos, os sistemas com fibras ópticas têm perdas constantes para as três perdas constantes para as três taxas de transmissão. 57
  • 59. Perdas na Freqüência equivalente a metade da taxa de transmissão Meio de Transmissão (dB/km) 1,544 Mbps 6,312Mbps 44,736Mbps Par trançado 26 AWG 24 48 128 Par trançado 19 AWG 10,8 21 56 Cabo coaxial 0,95mm 2,1 4,5 11 Fibra óptica 3,5 3,5 3,5 Figura 34 – Tabela Comparação de números necessários de repetidores para cabeamento metálico versus cabeamento óptico. [10] 8.3 Imunidade a interferências e ao ruído As fibras ópticas, por serem compostas de material dielétrico, ao contrário dos suportes de transmissão metálicos, não sofrem interferências eletromagnéticas. Isto permite uma operação satisfatória dos sistemas de transmissão por fibras ópticas mesmo em ambientes eletricamente ruidosos. Interferências causadas por descargas elétricas atmosféricas, pela ignição de motores, pelo chaveamento de relés e por diversas outras fontes de ruído elétrico esbarram na blindagem natural provida pelas fibras ópticas. Por outro lado, existe um excelente confinamento do sinal luminoso propagado pelas fibras ópticas. Desse modo, não irradiando externamente, as fibras ópticas agrupadas em cabos ópticos não interferem opticamente umas nas outras, resultando num nível de ruído de diafonia (crosstalk) desprezível. Os cabos de fibras ópticas, por 58
  • 60. não necessitarem de blindagem metálica, podem ser instalados convenientes, por exemplo, junto as linhas de transmissão de energia elétrica. A imunidade e pulsos eletromagnéticos (EMP) é outra característica importante das fibras ópticas. 8.4 Isolação elétrica O material dielétrico (vidro ou plástico) que compõe a fibra óptica oferece uma excelente isolação elétrica entre os transceptores ou estações interligadas. Ao contrario dos suportes metálicos, as fibras ópticas não tem problemas com aterramento e interfaces dos transceptores. Além disso, quando um cabo de fibra óptica é danificado não existem faíscas de curto-circuito. Esta qualidade das fibras ópticas é particularmente interessante para sistemas de comunicação em áreas com gases voláteis (usinas petroquímicas, minas de carvão etc.), onde o risco de fogo ou explosão é muito grande. A possibilidade de choques elétricos em cabos com fibras ópticas permite a sua reparação no campo, mesmo com equipamentos de extremidades ligados. [9] 8.5 Pequeno tamanho e peso As fibras ópticas têm dimensões comparáveis com as de um fio de cabelo humano. Mesmo considerando-se os encapsulamentos de proteção, o diâmetro e o peso dos cabos ópticos são bastante inferiores aos dos equivalentes cabos metálicos. Por exemplo, um cabo óptico de 6,3mm de diâmetro, com uma única fibra de diâmetro 125 um e encapsulamentos plástico, substitui, em termos de 59
  • 61. capacidade, um cabo de 7,6cm de diâmetro com 900 pares metálicos. Quanto ao peso, um cabo metálico de cobre de 94 quilos pode ser substituído por apenas 3,6 quilos de fibra óptica. A enorme redução dos tamanhos dos cabos, providas pelas fibras ópticas, permite aliviar o problema de espaço e de congestionamento de dutos nos subsolos das grandes cidades e em grandes edifícios comerciais. O efeito combinado do tamanho e peso reduzidos faz das fibras ópticas o meio de transmissão ideal em aviões, navios, satélites etc. Além disso, os cabos ópticos oferecem vantagens quanto ao armazenamento, transporte, manuseio e instalação em relação aos cabos metálicos de resistência e durabilidade equivalentes. 8.6 Segurança da informação e do sistema As fibras ópticas não irradiam significativamente a luz propagada, implicando um alto grau de segurança para a informação transportada. Qualquer tentativa de captação de mensagens ao longo de uma fibra óptica e facilmente detectada, pois exige o desvio de uma porção considerável de potencia luminosa transmitida. Esta qualidade das fibras ópticas é importante em sistemas de comunicações exigentes quanto à privacidade, tais como nas aplicações militares, bancárias etc. Uma outra característica especial das fibras ópticas, de particular interesse das aplicações militares, é que, ao contrário dos cabos metálicos, as fibras não são localizáveis através de equipamentos medidores de fluxo eletromagnético ou detectores de metal. 8.7 Custos potencialmente baixos 60
  • 62. O vidro com que as fibras ópticas são fabricadas é feito principalmente a partir do quartzo, um material que, ao contrário do cobre, é abundante na crosta terrestre. Embora a obtenção de vidro ultra puro envolva um processo sofisticado, ainda relativamente caro, a produção de fibras ópticas em larga escala tende gradualmente a superar esse inconveniente. Com relação aos cabos coaxiais, as fibras ópticas já são atualmente competitivas, especialmente em sistemas de transmissão a longa distância, onde a maior capacidade de transmissão e o maior espaçamento entre repetidores permitidos repercutem significativamente nos custos de sistemas. Em distâncias curtas e/ou sistemas multipontos, os componentes ópticos e os transceptores ópticos ainda podem impactar desfavoravelmente o custo dos sistemas. No entanto, a tendência é de reversão desta situação num futuro não muito distante, em razão do crescente avanço tecnológico e, principalmente, da proliferação das aplicações locais. 8.8 Alta resistência a agentes químicos e variações de temperatura As fibras ópticas, por serem compostas basicamente de vidro ou plástico, têm uma boa tolerância a temperaturas, favorecendo sua utilização em diversas aplicações. Além disso, as fibras ópticas são menos vulneráveis à ação de líquidos e gases corrosivos, contribuindo assim para uma maior confiabilidade e vida útil dos sistemas. [10] 9.0 Desvantagens 61
  • 63. O uso de fibras ópticas, na prática tem as seguintes implicações que podem ser consideradas como desvantagem em relação aos suportes de transmissão convencional: 9.1 Fragilidade das fibras ópticas sem encapsulamentos O manuseio de uma fibra óptica “nua” é bem mais delicado que no caso dos suportes metálicos. 9.2 Dificuldade de conexão das fibras ópticas As pequenas dimensões das fibras ópticas exigem procedimentos e dispositivos de alta precisão na realização das conexões e junções. 9.3 Acopladores tipo T com perdas muito altas É muito difícil se obter acopladores de derivação tipo T para fibras ópticas com baixo nível de perdas. Isso repercute desfavoravelmente, por exemplo, na utilização de fibras ópticas em sistema multiponto. 9.4 Impossibilidade de alimentação remota de repetidores Os sistemas com fibras ópticas requerem alimentação elétrica independente para cada repetidor, não sendo possível a alimentação remota através do próprio meio de transmissão. 9.5 Falta de padronização dos componentes ópticos 62
  • 64. A relativa imaturidade e o continuo avanço tecnológico não tem facilitado o estabelecimento de padrões para os componentes de sistemas de transmissão por fibras ópticas. [10] 10.0 Aplicações da Fibra Óptica 10.1 Fibras Ópticas na Instrumentação 10.1.1 Sensores Um sensor é um dispositivo que atua como um transdutor: “traduz” o sinal causado pela propriedade física do meio em estudo (como pressão ou temperatura) em um tipo de sinal cujas características têm informações sobre o fenômeno ocorrido. A sensitividade dos sensores a fibra, ou seja, o distúrbio menos intenso que pode ser medido pode depender de: Variações infinitesimais em algum parâmetro de caracterização da fibra usada, quando a fibra é o próprio elemento sensor; Mudanças nas propriedades da luz usada, quando a Fibra é o canal através do qual a luz vai e volta do local sob teste. Os sensores a Fibras Ópticas são compactos e apresentam sensitividades comparáveis ou superiores ao similar convencional. São usadas tanto Fibras monomodo como multimodo. Existem muitos sensores comerciais feitos com Fibras Ópticas, para medição de temperatura, pressão, rotação, sinais acústicos, corrente, fluxo, etc. 10.1.2 Emprego de Fibras Ópticas na construção de sensores: 63
  • 65. Sensores interferométricos utilizando Fibras monomodo. São usados dois “braços” de Fibras com comprimentos iguais aos quais é acoplada luz. Um dos braços atua como referência e o outro vai ser submetido a algum distúrbio do ambiente. A luz de saída das duas Fibras é recombinada, formando um padrão de interferência. À medida que o braço sensor sofre as influências do distúrbio, as franjas de interferência se deslocam a uma razão que é proporcional à intensidade do distúrbio cuja magnitude se deseja medir; Se a intensidade de luz acoplada a uma fibra quase monomodo é medida em certo instante de tempo após o qual se submete a fibra a micro-curvaturas (geradas por variações de pressão de ondas acústicas, por exemplo) espera-se uma diminuição na intensidade de saída porque os modos de ordens mais altas encontrarão os seus corte, devido às variações na diferença de índices de refração entre o núcleo e a casca induzidos pelas micro-curvaturas. 10.1.3 Exemplos de sensores construídos com Fibras Ópticas: Micro pontas de prova para medição de temperatura: as pontas de prova são equipadas com transdutores nas pontas, os quais possuem um cristal cuja luminescência varia com a temperatura (-50 a +200oC); Sensores de pressão construídos com o emprego de uma membrana móvel numa das extremidades da Fibra. A Fibra é encapsulada em um cateter e a membrana se movimenta de acordo com a pressão (0 a 300 mm de Hg); 64
  • 66. Sensores químicos construído com o emprego de uma membrana permeável numa das extremidades da Fibra. A membrana contém um indicador reversível que responde a um estímulo químico mudando sua absorção ou luminescência. 10.2 Sistemas de Comunicações As redes públicas de telecomunicações provêm uma variedade de aplicações para os sistemas de transmissão por fibras ópticas. As aplicações vão desde a pura substituição de cabos metálicos em sistemas de longa distância interligando centrais telefônicas (urbanas e interurbanas) até a implantação de novos serviços de comunicações, por exemplo, para as Redes Digitais de Serviços Integrados (RDSI). A utilização de fibras ópticas em cabos submarinos intercontinentais constitui outro exemplo, bastante difundido, de aplicação em sistemas de comunicações de longa distância. 10.3 Rede Telefônica Uma das aplicações pioneiras das fibras ópticas em sistemas de comunicação corresponde aos sistemas troncos de telefonia, interligando centrais de tráfego interurbano. Os sistemas troncos exigem sistemas de transmissão (em geral, digitais) de grande capacidade, envolvendo distâncias que vão, tipicamente, desde algumas dezenas até centenas de quilômetros e, eventualmente, em países com dimensões continentais, até milhares de quilômetros. As fibras ópticas, com suas qualidades de grande banda passante e baixa atenuação, atendem perfeitamente a esses requisitos. 65
  • 67. A alta capacidade de transmissão e o alcance máximo sem repetidores, permitidos pelos sistemas de transmissão por fibras ópticas minimizam os custos por circuito telefônico, oferecendo vantagens econômicas significativas. 10.4 Rede Digital de Serviços Integrados (RDSI) A rede local de assinantes, isto é, a rede física interligando assinantes à central telefônica local, constitui uma importante aplicação potencial de fibras ópticas na rede telefônica. Embora as fibras ópticas não sejam ainda totalmente competitivas com os pares metálicos, a partir da introdução de novos serviços de comunicações (videofone, televisão, dados etc.), através das Redes Digitais de Serviços Integrados (RDSI), o uso de fibras ópticas na rede de assinantes tende a ser imperativo. 10.5 Cabos Submarinos Os sistemas de transmissão por cabos submarinos, parte integrante da rede internacional de telecomunicações, é uma outra classe de sistemas onde as fibras ópticas cumprem atualmente um papel de fundamental importância. Os cabos submarinos convencionais, embora façam uso de cabos coaxiais de alta qualidade e grande diâmetro para minimizar a atenuação, estão limitados a uns espaçamentos máximos entre repetidores da ordem de 5 a 10 km. As fibras ópticas, por outro lado, considerando-se apenas os sistemas de 3ª geração (1,3µm), permitem atualmente espaçamentos entre repetidores em torno de 60 km. Com a implantação dos sistemas de transmissão por fibras ópticas de 4ª geração (1,55µm), alcances sem repetidores superiores 66
  • 68. a 100 km serão perfeitamente realizáveis. Além disso, as fibras ópticas oferecem facilidades operacionais (dimensão e peso menores) e uma maior capacidade de transmissão, contribuindo significativamente para atender à crescente demanda por circuito internacionais de voz e dados, a um custo mais baixo ainda que os enlaces via satélite. 10.6 Uso de Fibras Ópticas na Medicina: • Confecção de endoscópios com feixes de Fibras Ópticas para iluminação; • Uso de Fibras como ponta de bisturi óptico para cirurgias a laser, como: • Cirurgias de descolamento de retina; • Desobstrução de vias aéreas (cirurgias na faringe ou traquéia); • Desobstrução de vias venosas (“limpeza” de canais arteriais, evitando pontes de safena); • Uso odontológico: aplicação de sedantes. 10.7 Laser de Fibra Emprega-se uma Fibra a base de sílica dopada em seu núcleo com algum elemento terra-rara, como o érbio ou o neodímio. A presença destes elementos em algumas partes por milhão é o bastante para que, após o bombeio, a Fibra floresça com picos intensos em vários comprimentos de onda de extremo interesse como, por exemplo, a 1,55mm (comprimentos de onda onde as Fibras de sílica “normais” podem apresentar mínimos em atenuação e dispersão materiais). A Fibra dopada, adequadamente bombeada, pode ser usada como meio 67
  • 69. amplificador (o sinal a ser amplificado coincide com algum pico de fluorescência) ou como um laser, se inserida entre dois espelhos convenientemente selecionados. [9] 10.8 Uso de Fibras Ópticas em Telecomunicações A Fibra monomodo é a opção preferida para comunicação a longa distância. Ela permite que a informação seja transmitida a altas taxas sobre distâncias de dezenas de quilômetros sem um repetidor. Sua capacidade de transmissão superior é possível devido a seu pequeno núcleo – entre 5 e 10 mm de diâmetro. Isto limita a luz transmitida a somente um modo principal, o que minimiza a distorção dos pulsos de luz, aumentando a distância em que o sinal pode ser transmitido. Praticamente todas as aplicações de telefonia e CATV (TV a cabo) utilizam a Fibra monomodo em função das maiores taxas de transmissão e menores atenuações do sinal. Redes de dados que requeiram taxas de transmissão de gigabits também precisam utilizar a Fibra monomodo. A Fibra multimodo é usada em sistemas de comunicação como LANS (Local Área Networks) e WANs (Wide Área Network) em campi universitários, hospitais e empresas. O diâmetro de seu núcleo é largo em comparação ao comprimento de onda da luz transmitida. Por isso, a Fibra multimodo propaga mais que um modo de luz. Com seu relativamente grande núcleo, a Fibra multimodo é mais fácil de conectar e unir; é a Fibra escolhida para aplicações de curta distância consistindo de numerosas conexões. 68
  • 70. Fibras multimodo de índice gradual também são preferidas quando o bom acoplamento com a fonte de luz é mais importante do que a atenuação do sinal na Fibra, ou ainda quando há preocupação com radiação, uma vez que estas Fibras podem ser construídas com núcleo de pura sílica que não é grandemente afetado pela radiação. [11] 10.9 Comunicações Uma das aplicações militares pioneira no uso da tecnologia de fibras ópticas consiste na simples substituição de suportes de transmissão metálicos nos sistemas de comunicação de voz e dados de baixa velocidade em instalações militares. Além de um melhor desempenho em termos de alcance, banda passante e imunidade ao ruído, as fibras ópticas oferecem a esses sistemas vantagens exclusivas. Por exemplo, a informação transportada pela fibra óptica é dificilmente violada ao longo do sistema de transmissão, em razão da característica de isolação eletromagnética e pelas facilidades de localização de derivações de potência óptica ao longo do cabo, garantindo assim um alto grau de privacidade na transmissão de dados “sensíveis” o meio de transmissão pode percorrer sem riscos lugares de armazenamento de combustíveis ou explosivos; o reduzido volume e peso dos cabos ópticos provêm importantes facilidades operacionais no transporte e instalação dos sistemas. Esta última qualidade das fibras ópticas é particularmente vantajosa em sistemas táticos de comando e comunicações, permanentes ou móveis, interligando armamentos sofisticados e unidades militares dispersam. As conexões remotas entre 69
  • 71. um radar e a estação de processamento de sinais podem, por exemplo, ser mais longas garantindo maior segurança ao pessoal de operação. [9] A aplicação de fibras ópticas em sistemas de comunicações militares a longa distância, além das motivações básicas das aplicações civis (maior alcance e capacidade de transmissão), busca usufruir as suas qualidades operacionais e de segurança. Por exemplo, nos EUA um enlace óptico 147 km suporta o sistema primário de comunicações para controle e testes de mísseis MX e na Coréia do Sul foi construída uma rede de comunicações táticas com 667km de cabos ópticos. Em nível local, uma das grandes aplicações de fibras ópticas em sistemas militares de comunicações é na realização de barramentos de dados em navios e aviões. Além da melhor desempenho, este tipo de aplicação das fibras ópticas tem na redução de volume e peso uma das suas principais motivações. Um avião bombardeiro, por exemplo, pode ter seu peso reduzido de 1 tonelada se na sua cabeação interna forem utilizadas apenas fibras ópticas. Nos EUA está sendo desenvolvido um helicóptero, o HLX (light helicopter, experimental), onde os sistemas de controle de vôo, de armamentos e de dados internos são totalmente baseados na tecnologia de fibras ópticas. 10.10 Redes Locais de Computadores As comunicações entre computadores são suportadas por sistemas de comunicação de dados que costumam ser classificados, segundo as distâncias envolvidas, em redes de computadores de longa distância ou redes locais de computadores. 70
  • 72. As redes de computadores a longa distância utilizam-se dos meios de transmissão comum à rede telefônica. Embora geralmente usem técnicas distintas (comutação de pacotes, modem etc.) essas redes a longa distância são implantadas ou integradas nos mesmos suportes físicos de transmissão da rede telefônica. Assim sendo, o uso de fibras ópticas em sistemas de comunicação de dados a longa distância acompanha a evolução da aplicação de fibras ópticas na rede telefônica (cabos troncos, cabos submarinos, RDSI etc.) As redes locais de computadores, utilizadas para interconectar recursos computacionais diversos (computadores, periféricos, banco de dados etc.) numa área privada e geograficamente limitada (prédio, usina, fábrica, campus etc.), caracterizam-se pela especificidade e variedade de alternativas tecnológicas quanto ao sistema de transmissão voltada principalmente para aplicações em automação em escritórios e em automação industrial, como requisitos exigentes em termos de confiabilidade, capacidade de uma excelente alternativa de meio de transmissão. Embora os custos e alguns problemas tecnológicos ainda inibam sua competitividade com os suportes convencionais, as fibras ópticas, em determinadas aplicações, apresentam-se como a melhor e às vezes única alternativa de meio de transmissão para as redes locais de computadores. 10.11 Televisão por Cabo (CATV) A transmissão de sinais de vídeo através de fibras ópticas é uma outra classe de aplicações bastante difundida. As 71