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MARGULIS, Lynn & SAGAN, Dorion. O que é Sexo? Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
2002(b).
Resumo por: Carlos Jorge Burke – www.cburke.com.br
OBS: Se desejar, solicitar arquivo pelo blog.


“O universo é uma fornalha de luz estelar, excessivamente banhado por ela e consumido
pelo tempo. As coisas queimam, alteram-se, degradam-se e morrem. A vida que nossos
ancestrais identificavam em cada coisa móvel, fosse ela terrena ou celeste, é
cosmicamente rara. Mas é cósmica: no sentido mais fundamental, qualquer forma de
vida, aqui ou alhures, antiga ou moderna, só é concebível como um fenômeno de fluxo
energético, de troca material num cosmo banhado pela vasta energia das estrelas. As
estrelas – nosso Sol, no caso da vida na Terra – fornecem a energia para o trabalho da
vida. A operação fundamental desta é captar, armazenar e converter a luz das estrelas
em energia utilizável. Na fotossíntese, os fótons são incorporados, construindo corpos e
alimento; eles são a principal fonte energética dos dois prazeres mais elementares e
naturais: o sexo e a alimentação.” P. 11

“A vida senciente é atraída pelo sexo e pelos alimentos porque, amando e devorando, a
vida se conserva e se amplia. Nem todas as espécies, no entanto, precisam da
sexualidade para se reproduzir. Em todas as que necessitam dela, o sexo é uma parte
crucial do processo de transformação da energia pelo qual, deleitando-se, as espécies
preservam e aumentam sua complexidade neste cosmo impregnado de energia. Além
disso, a inevitabilidade da morte era desconhecida dos primeiros corpos vivos.
Originalmente eles eram imortais. A morte que tememos como fim de nossa existência
individual está, (...), intimamente relacionada com a evolução de organismos que
reproduzem sexualmente, ocorrida há cerca de um bilhão de anos.” P. 11

“O que é sexo? Ele nos confunde, não só por estar literalmente relacionado com a
mistura de dois seres distintamente diferentes, abrindo-nos uns para os outros da
maneira mais profunda, mas também por tendermos a fazer extrapolações equivocadas
sobre a importância da sexualidade. Nossa existência biologicamente restrita de seres
que se reproduzem sexualmente não significa, por exemplo, que exista apenas o sexo
copulatório, baseado nos órgãos genitais, nem que o sexo esteja necessariamente
relacionado com a reprodução. Na verdade, a maioria dos comportamentos de quatro
dos cinco reinos de seres vivos não precisa dele para se reproduzir.” P. 12

“No nível mais elementar, o sexo é a recombinação genética. É a mistura ou a união de
genes, isto é, de moléculas de DNA provenientes de mais de uma fonte. Quando uma
molécula de DNA produz outra que lhe é idêntica, os biólogos falam em replicação.
Entretanto, quando a matéria viva, como uma célula ou um corpo composto de células,
produz outro ser vivo similar, os cientistas falam em reprodução.” P. 12

“Os animais, com seus tecidos e órgãos complexos e com o envelhecimento inevitável
de seus corpos, evoluíram a partir de colônias de micróbios de reprodução sexuada,
chamados protoctistas. Estes, por sua vez, desenvolveram-se a partir da intimidade
profunda entre tipos de bactérias muito diferentes. As intimidades bacterianas que
levaram aos primeiros animais, passando pelos protoctistas, foram mais do que sexuais.
Houve uma fusão de organismos muito diferentes. Eles começaram a compartilhar um
mesmo corpo, não por alguns instantes, mas para sempre. Hoje em dia, no interior de
quase todas as células que compõem nossos tecidos, existem organelas celulares,
chamadas mitocôndrias, que são herdadas apenas de nossas mães” p. 16

“Segundo a maioria dos cosmólogos, físicos nucleares, astrônomos e cientistas
espaciais, o universo começou numa singularidade – a explosão de tudo, a partir de um
ponto imensamente quente e infinitamente denso, surgido há aproximadamente 13,5
bilhões de anos. Um segundo depois de ter se originado, a matéria do big bang havia se
espalhado pela imensa distância de três anos-luz. Ainda era quente demais para que
existissem átomos. Decorridos três minutos da explosão, as partículas subatômicas
haviam se acomodado numa temperatura “fria” de um bilhão de graus centígrados e
atravessado uns 40 anos-luz. Quando os cientistas observam o chamado desvio espectral
para o vermelho – a mudança nos padrões luminosos e ondulatórios das estrelas -, eles
constatam que as galáxias atuais continuam a se afastar umas das outras a velocidades
imensas. O big bang continua. Em todas as direções do céu encontra-se uma radiação
microondulatória de nível baixo. Essa chamada radiação de fundo é o “eco” distante da
explosão gigantesca que deu início a tudo. Alguns dos elementos mais pesados que
acabariam abrindo caminho para a matéria viva, como o carbono, só se formaram
posteriormente, assados, a partir de elementos mais leves, por uma verdadeira alquimia,
nos fornos nucleares naturais de estrelas que, mais tarde, vieram a explodir. Somos os
descendentes de bombardeios e interações de partículas, de fusões pré-sexuais e de uma
violência sobre humana.” ´. 17

“Ao longo do tempo, os ritmos naturais acionados por acontecimentos do mundo
externo evoluíram para relógios biológicos internos, à medida que os seres vivos foram-
se tornando cada vez mais independentes do meio em que evoluíram. (...). O tema da
internalização pela matéria viva, do caráter cíclico de seu meio cósmico, com uma
variação crescente, também se aplica ao ritmo do amor sexual, como uma permutação
da música primordial do universo.” P. 19

“Uma vez que as ciências da complexidade interessam-se sobretudo pela criação de
modelos de surgimento e da evolução da vida e da inteligência, os padrões de fluxo
estudados pela termodinâmica merecem maior atenção. De fato, enquanto a visão quase
paranóica da origem da vida num programa de computador pode ser aceita, à guisa de
entretenimento passageiro, nas páginas de um romance de ficção científica, a origem da
vida em estruturas termodinâmicas de fluxo é praticamente certa. Diversas observações
e experimentos corroboram a idéia de que a energia pode fluir pela estrutura e
organizá-las para que se tornem mais complexas do que seu meio, (...). As estruturas
termodinâmicas, sistemas tridimensionais que fazem as substâncias químicas e a energia
girarem por entre eles, mantendo sua complexidade ao longo do tempo, incluem mais
do que a vida. A vida é apenas um exemplo de uma classe mais ampla de estruturas de
fluxo energético-materiais que geram um caráter cíclico complexo.” p. 20

“A Primeira Lei da Termodinâmica diz respeito à quantidade: num sistema fechado, a
quantidade total de energia, sejam quais forem suas transformações, permanece
inalterada. A Segunda Lei da Termodinâmica diz respeito à qualidade: num sistema
fechado, a energia de alta qualidade é inevitavelmente perdida pelo atrito, sob a forma
de calor. A percepção de Carnot de que havia um desgaste inevitável da qualidade da
energia foi a primeira a alertar a humanidade, a partir da ciência, para o fato de que o
universo não é simétrico no que concerne ao tempo. Processos complexos, inclusive os
da vida, têm tendências e direções. (...), a tendência evolutiva para a complexidade,
inclusive para o amor sexual humano, com sua história multimilenar, provavelmente se
alicerça na assimetria temporal, baseada na termodinâmica.” P. 21

“(...), Joseph Louis Gay-Lussac (1778-1850) mostrou que a pressão dos gases
aumentava (ou diminuía) 1/273 de seu valor inicial por cada grau centígrado de
aumento (ou diminuição). Na teoria, portanto, a -273°C – isto é, a 0 graus Kelvin, ou o
“zero absoluto” -, é previsível que cesse toda a ação molecular, à medida que os gases
são espremidos para o volume zero. Todavia, essa extrapolação, posteriormente
considerada parte da Terceira Lei da Termodinâmica, ainda não foi experimentalmente
confirmada, em virtude das dificuldades técnicas intrínsecas de se chegar a uma
temperatura tão baixa.” P. 22

“Há duas grandes diferenças entre a termodinâmica clássica e a termodinâmica do não-
equilíbrio. A primeira é que a termodinâmica clássica estuda estruturas de complexidade
decrescente – máquinas que perdem a capacidade de trabalho -, ao passo que a
termodinâmica do não-equilíbrio estuda entidades, inclusive os seres vivos, que
aumentam sua complexidade e adquirem capacidade de trabalho. A segunda diferença,
essencialmente relacionada com a primeira, é que a termodinâmica clássica estuda
sistemas fechados e isolados, enquanto a do não-equilíbrio concentra-se nos sistemas
abertos. Os sistemas fechados são vedados à entrada da matéria. Em contraste, a matéria
flui pelos sistemas abertos. Num corpo vivo, para tomarmos um exemplo fundamental,
a matéria penetra no sistema sob a forma de alimentos, bebidas e ar, e mais tarde, após
uma transformação, excretam-se resíduos. Como disse sobre os sistemas abertos o
ecologista Eugene Odum, da Universidade da Geórgia (falando da vida), “a matéria
circula, a energia se dissipa”.” P. 24

“Excetuada a entrada de meteoritos, o complexo sistema da vida na Terra – a biosfera –
é fechado: os raios cósmicos e a radiação solar penetram no sistema, porém não a
matéria em geral. Os organismos individuais, em contraste, são abertos ao fluxo de
energia e matéria. Aliás, as partes mais básicas da vida – comer, respirar, excretar,
praticar sexo – atestam nossa condição de sistemas termodinâmicos abertos.
Provavelmente, não é por coincidência que os prazeres mais naturais – como copular,
gozar, espirrar, beber, comer, defecar, urinar, apanhar sol, transpirar, e até a música e a
visão, como prazeres estéticos do som que penetra nos ouvidos, ou das ondas luminosas
que dançam pelos buracos negros de nossa pupila, criando impressões visuais no fundo
da retina – tendem a envolver orifícios e fluxos.” P. 24

“A soma total da vida, que hoje extrai pouca matéria do espaço sideral, está
inalienavelmente aberta a um fluxo contínuo de energia solar. Seu processo básico é
captar os fótons de luz visível e ultravioleta, de baixa entropia e longos comprimentos
de onda, e tornar a irradiá-los como radiação infravermelha, de comprimentos de onda
mais curtos – em outras palavras, a vida converte luz em matéria viva e calor.
Aprisionado, usando e, até certo ponto, reciclando a energia de alta qualidade dos
fótons, proveniente do Sol, a vida vive e cresce, produzindo entropia e calor como seu
lixo cósmico. Ela se apropria desses fótons, tira-os de circulação por algum tempo, mas
depois os devolve ao espaço sideral como calor. Se fosse um sistema isolado, ela seria
milagrosa. Mas não é; trata-se de um sistema aberto. O aumento de complexidade
trazido pela evolução é patrocinado pela radiação solar de baixa entropia. Até o sonho
do tigre adormecido, que digere uma gazela cujo corpo provém das gramíneas do pasto,
é patrocinado pela energia sumamente ordeira do Sol. Longe de ser uma espécie de
moto perpétuo independente, que desafie as leis da física, a ordem da vida é um
empréstimo ou um dispêndio de energia proveniente do Sol.” P. 29

“O universo, poderíamos dizer, está “no cio”. Fora do equilíbrio pelo menos desde o big
bang, o cosmo permanece assim, a menos que seja de fato um sistema isolado, do tipo
estudado pela termodinâmica clássica – caso em que se aproximará inevitavelmente da
estase, ainda que nunca a atinja por completo. No prazer sexual, apercebemo-nos de
nosso pendor meio peculiar e contraditório para atingir e não atingir um fim,
simultaneamente, para decompor um gradiente e, ao mesmo tempo, preservá-lo para um
deleite maior. O desejo de entregar e preservar, de acumular e gastar, reflete o dilema da
matéria viva, na medida em que ela precisa de uma fonte de energia, mas desaparecerá
se esgotar completamente essa fonte.” P. 36

“Com efeito, como os genes doados por uma bactéria podem ser recebidos por outra
extremamente diferente – ou seja, como os genes atravessam as barreiras das “espécies”
-, Sorin Sonea, bacteriologista da Universidade de Montreal, e seu colega Maurice
Panisser afirmam que as bactérias não devem ser classificadas como espécies distintas.
Quando se define a espécie de maneira tradicional, como uma população de organismos
que cruzam entre si para constituir uma prole viável, as bactérias não a qualificam. Elas
não precisam acasalar-se para reproduzir, nem tampouco ficam restritas, quando
praticam o sexo, a transmitir genes a organismos de sua própria espécie.” P. 43

“A sexualidade bacteriana foi um atalho para a sobrevivência. Na evolução, a aquisição
de um complexo genético previamente desenvolvido – chamado seme – pode contornar
a necessidade de esperar por mutações fortuitas. Ao propor sua teoria da evolução pela
seleção natural, Darwin não conhecia a fonte da variação. Hoje em dia, sabemos que a
ordem das bases químicas que compõem o DNA modifica-se ou sofre mutações
espontaneamente. Em geral, essas mudanças – como um erro ortográfico ou um erro
tipográfico num livro – são deletérias. Num organismo, podem ser danosas ou até fatais.
Vez por outra, no entanto, há um acidente favorável, uma mudança que aumenta as
probabilidades de sobrevivência de um organismo.” P. 46

“As mudanças e duplicações de pares de bases e os acréscimos de DNA extra sempre
tinham sido fonte de variação genética. Passaram então a existir outras fontes. Uma
delas foi o sexo. Nos animais e plantas que se reproduzem sexualmente, contudo, os
novos genes adquiridos através do sexo se diluem quando o membro da espécie cruza
com um membro do sexo oposto, necessariamente misturando os genes para produzir
um descendente diverso. As bactérias, porém, “reproduzem-se de verdade”. Em outras
palavras, por se reproduzirem sem a sexualidade, quando elas apanham e incorporam
novos genes (por definição, praticam sexo), esses genes sexualmente adquiridos são
transmitidos a sua prole sem nenhuma mistura, quando elas se reproduzem.” P. 46

“Os raros genes mutantes que facultavam novas e importantes formas de metabolismo
não permaneceram raros por muito tempo, pois foram prontamente copiados e
compartilhados. Multiplicando-se com rapidez e transferindo genes exuberantemente, as
bactérias conferiram novas aptidões tanto a seus vizinhos quanto a sua prole – uma
espécie de transmissão cultural genética. Muito antes da “supervia da informação” e
muito antes das telecomunicações humanas ou das redes de computadores, as bactérias
formaram um eixo planetário de informações bioquímicas que foi inovador e
expansionista. Entregando-se ao sexo não-reprodutor, elas disseminaram genes úteis por
todo o planeta.” P. 51

“Alguns cientistas postulam que, antes da evolução da vida, a Terra era um “mundo do
RNA”, feito de fragmentos genéticos que se recombinavam com desmazelo e
produziam proteínas, as quais acabaram por evoluir para formas bióticas. Se assim é, o
RNA talvez tenha sido o precursor da vida – um sistema desleixado de informações
genéticas, a caminho de ganhar vida.” P. 57

“Depois do sexo bacteriano veio a hipersexualidade: as incorporações simbióticas
permanentes para formar um novo tipo de células – o tipo provido de núcleo. Na
hipersexualidade, uma bactéria inteira penetra no corpo de outra bactéria inteira e os
dois tipos passam a viver juntos para sempre. A reprodução dos parceiros hipersexuais
levou a novas unidades na evolução: as células nucleadas, comuns a todas as formas de
vida não-bacteriana, desde as amebas unicelulares até plantas e animais providos de
bilhões dessas células. Alguns poderão protestar, dizendo que endossimbiose não é
sexo. Do ponto de vista evolutivo, contudo, ela foi até melhor do que o sexo: essas
bactérias incorporadas levaram não só às amebas, aos micetozoários e aos paramécios,
como também, depois da evolução da sexualidade meiótica e de seus gêneros sexuais, a
todos os organismos de maior porte, inclusive nós mesmos. Os animais que praticam a
cópula sexual e as orquídeas polinizadas por insetos são beneficiários dessa
ancestralidade hipersexual. Na verdade, os animais, plantas, fungos e protoctistas têm a
hipersexualidade embutida em sua história evolutiva celular.” P. 61

“Na linguagem comum, sexo costuma referir-se ao “atrito genital” dos mamíferos.
Talvez por causa da concentração lingüística nessa simples palavra de quatro letras, o
sexo às vezes parece ser um processo único. Nada poderia estar mais longe da verdade.
O sexo é múltiplo, complicado e confuso. Tem uma história imensa e profunda. É
possível distinguir pelo menos três tipos distintos de sistemas sexuais, todos os quais
evoluíram em organismos diferentes, em épocas e lugares distintos. O primeiro a se
desenvolver foi o tipo unidirecional de sexualidade bacteriana, que levou à
sobrevivência de uma rede ecológica bacteriana global muito bem ajustada. Depois,
uma forma sumamente específica de hipersexualidade simbiótica ajudou a formar
nossos ancestrais nucleados, os protoctistas. Mais recentemente, nos ancestrais
protoctistas dos fungos, plantas e animais, desenvolveu-se a forma mais conhecida do
sexo: o sexo meiótico e por fecundação, que envolve a fusão celular.” P. 63

“Nós, animais, enfrentamos um imperativo: um ato de equilibração entre nossa
existência como corpos com dois conjuntos de cromossomos, que inevitavelmente
morrem, e gametas produzidos por esses corpos com um só conjunto de cromossomos,
que têm a possibilidade de continuar a vida na geração seguinte.” P. 65

“O nome do restabelecimento da diploidia nos é conhecido: fecundação. O nome da
reversão periódica ao estado haplóide é mais técnico: meiose.
A meiose (que não se deve confundir com um termo de som semelhante, a mitose) é um
processo de divisão celular que leva de células com dois conjuntos de cromossomos
(diplóides) a células com apenas um (haplóides). Por isso, a meiose é frequentemente
chamada de “divisão redutora”. Nos homens, ela produz espermatozóides providos de
um só conjunto de cromossomos, a partir de células corporais diplóides chamadas
espermatócitos. Nas mulheres, a meiose produz óvulos providos de um só conjunto de
cromossomos, a partir de células corporais diplóides chamadas oócitos. A mitose refere-
se simplesmente a divisão celular igual.” P. 72

“No começo da evolução das espécies sexuadas, as células sexuais que se fundiam eram
os próprios corpos dos organismos unicelulares. Ainda hoje, é freqüente os gametas dos
sexos complementares serem indistinguíveis das células assexuadas do crescimento ou
das células do sexo oposto. Os protoctistas, entre os quais os machos (ou outros
parceiros) têm a mesma aparência que as fêmeas (ou outros parceiros), identificam uns
aos outros por pistas muito sutis. No começo, quando a célula era um único corpo, não
havia órgãos genitais especializados nem propágulos natatórios. Os primeiros parceiros
eram exatamente iguais. Com o tempo, e separadamente em muitas linhagens, células
idênticas tornaram-se distintas e desiguais. Por fim, surgiu a anisogamia, sob a forma de
espermatozóides pequenos e óvulos grandes. E, com o correr do tempo, desenvolveram-
se tipos diferentes de corpos passíveis de acasalamento.” P. 77

“Todos os protoctistas se reproduzem por mitose. Crescem perfeitamente bem sem o
sexo. Como nunca ocorre fecundação, não há diferenciação entre os sexos. Para
atravessar os tempos difíceis, outros se acasalam prontamente e formam propágulos
hibernantes, com grandes perspectivas de futuro. No nível eucariótico da célula única
dos protoctistas, as fusões sexuais figuram como um último recurso, uma medida de
emergência que aumenta enormemente a probabilidade de sobrevivência do
“indivíduo”. Usamos aspas aqui porque esse enquistamento, seguido pela fecundação,
mostra a estranha interdependência desses dois fenômenos. Na pré-história da
sexualidade, só os seres que formaram pares evoluíram.” P. 83

“Chamamos de “metamorfose” a transformação da lagarta em borboleta, ao passo que
damos o nome de morte à mudança ocorrida quando duas borboletas adultas perecem,
depois do acasalamento. Visto por uma perspectiva mais profunda, entretanto, nada
morre. Nada se perde da vida que se metamorfeseia em ovo-lagarta-borboleta. A
“morte” da borboleta é uma fase natural, é o passo evolutivo seguinte numa forma de
organização celular cíclica, mediada pela sexualidade.” P. 86

“Desde a época de Darwin, a evolução tem sido retratada como uma competição entre
indivíduos. A seleção natural extirpa os indivíduos fracos e deixa que sobrevivam
apenas os fortes. O neodarwinismo acadêmico, infelizmente, tem-se baseado numa idéia
demasiadamente restritiva do indivíduo. (...).
A agregação de estranhos e parentes em grupos permite novas e poderosas vantagens
evolutivas. Evoluindo no tempo através de interações sociais e entre as espécies, surgem
“indivíduos” em níveis cada vez mais abrangentes de complexidade e organização” P.
87s

“No conceito central da zoologia, o conceito de que os organismos transcendem a si
próprios ao viverem juntos – com membros da mesma espécie ou como estranhos sem
parentesco genético – foi desacreditado durante décadas. Na tentativa de serem
científicos, os biólogos populacionais e, sobretudo, os zoólogos, trataram os organismos
como se eles fossem partículas fisicamente isoladas. Nas formulações neodarwinistas,
os organismos, ou até seus simples genes, são unidades indivisíveis, independentes e
egoístas. Mas essa idéia dos genes e dos animais como átomos individuais é destrutiva.
Os organismos são sistemas abertos e em crescimento, com muitas oportunidades de se
ligarem a outros desses sistemas, em caráter temporário ou permanente.” P. 89
“Na verdade, os organismos vivos individuais não são átomos, nem qualquer outro tipo
de partícula. Nem tampouco são coisas. Os seres vivos são processos delimitados e
abertos, em termos termodinâmicos e da informação. Suas fronteiras estão sempre
mudando. Através das membranas, da pele e dos orifícios, elas entram em contato com
o meio circundante e uns com os outros. Transformando a energia e produzindo
entropia, cada organismo individual se sustenta e, quando é sexuado de algum modo,
funde-se. Quer se trate da sexualidade transgênica das bactérias, da hipersexualidade
dos protoctistas ou do sexo fusional dos animais, plantas ou fungos, todos os seres
sexuados se sustentam e se fundem. Os organismos são indivíduos muito menos
independentes do que presumiu a moderna biologia neodarwinista. Com efeito, no nível
bacteriano e, mais tarde, no nível sexual eucariótico, a fusão foi diretamente responsável
por grandes transições evolutivas.” P. 89

“Quanto mais complexo o corpo e quanto maior o número e a diversidade das partes
que o integram, mais rigorosa, ao que parece, é a exigência de “começar pelo começo”,
realizando a fusão e desfazendo-a através da redução acarretada pela divisão meiótica.”
P. 91

“O ponto crucial de nossa crise existencial está em que, para nos regenerarmos por
completo, temos que praticar o sexo e morrer como indivíduos conscientes. (...).
O início da ordem cíclica preservada pela meiose consiste no acasalamento e na fusão
celular. O fim dessa ordem cíclica preservada pela meiose consiste no envelhecimento e
na morte.” P. 91s

“Nossa explicação de por que os indivíduos sexuados se dão ao trabalho de procurar
parceiros de sexo complementar, apenas para diluir seus genes, é simples. Eles não têm
alternativas. Para sobreviver ao frio do inverno ou à seca do verão, têm que praticar o
sexo. Se quiserem participar do processo de decomposição do gradiente solar, têm que
se entregar à fusão sexual.” P. 97

“A animalidade, em outras palavras, depende da trajetória: os animais dependem da
repetição de determinados acontecimentos da história de seus ancestrais. Atualmente,
nenhum tatu, nenhuma lagartixa e nenhum bebê nasce ou sobrevive sem passar pelos
processos de meiose, formação do gênero sexual e fecundação. A estrada cíclica que
conduz aos seres humanos modernos requer a travessia do trevo da sexualidade, para
retornar ao "ponto de partida" do par espermatozóide e óvulo. Com exceção de nossas
hemácias, que não tem núcleo e, portanto, não tem cromossomos, e de nossos
espermatozóides ou óvulos, que tem apenas um conjunto, quase todas as outras células
de nosso corpo tem pelo menos dois conjuntos cromossômicos. Todas as nossas células
combinam a herança nuclear de nossas mães e nossos pais. Somos meióticos e sexuados
até o âmago de nosso ser.” P. 98

“A evolução da sexualidade foi como um pacto com o diabo. O sexo fusional,
fecundação seguida pela meiose, permitiu que as seres vivos sobrevivessem aos ciclos
das estações. O sexo deixou que os animais desenvolvessem corpos multicelulares,
intrincadamente complexos, a partir de ovos fertilizados. Mas o preço pelo êxtase que
ultrapassava a identidade - a sexualidade que impele a nos unirmos um com outro e a
produzirmos um novo ser para além de nos mesmos - foi alto. (O sexo, no nível celular,
está ligado à morte há 700 milhões de anos, talvez. O corpo dos genitores tinha que
morrer. A evolução da sexualidade nos animais foi acompanhada pelo envelhecimento,
até a morte de seus corpos. A morte no momento certo, a morte com data marcada, a
chamada morte programada, foi parte integrante do sexo fusional, desde seus
primórdios unicelulares. A ligação romântica do sexo com a morte, na arte, reflete a
verdadeira história evolutiva.” P. 101

“O retorno indefective1 ao estado ancestral implica que o estado fusional só pode ser
temporário. Nos seres humanos, o que cresce no estado fusional é nada menos do que
nosso corpo, com seu cérebro capaz de compreender nossa morte futura e de nos
desafiar a buscar um sentido para nossa vida.” P. 103

“A certa altura de sua carreira, Freud atribuiu toda a atividade psicológica a duas
grandes pulsões: Eros, a pulsão de vida, e Tânatos, a pulsão de morte. A ligação entre a
sexualidade e a morte também aparece na história bíblica de Eva, que cede a tentação do
demônio em forma de serpente, com isso provocando a expulsão do primeiro casal do
Jardim do Éden e, em função do pecado original, a queda da humanidade, levando-a de
sua imortalidade em estado de graça para a luxuria e o sexo terrenos.” P. 104 (errado)

“Os organismos cuja reprodução é sexuada só existem como indivíduos distintos por
um período limitado. A ligação sexo-morte não existe nas bactérias, nem tampouco nas
amebas, nas euglenas e noutros protoctistas não-sexuados. Reproduzindo-se por
fragmentação, esses protoctistas, em principio, são imortais.” P.104

“Supridos de energia, alimento, água e espaço suficientes, todas as bactérias e muitos
protoctistas continuam imortais. Realizam o metabolismo e se multiplicam sem
limitação. Duplicam seu DNA e outros componentes celulares e se dividem em duas
celulas-filhas. Em sua simplicidade termodinâmica essencial, a vida se expande por uma
ânsia irrestrita de divisão celular.” P. 105

“Quando a célula parental única gera duas células, ela não morre, mas se divide. Em
contraste, os "indivíduos" sexuados - o legado de corpos que crescem, amadurecem e
inevitavelmente morrem, que nos foi deixado pelos protoctistas (evoluíram em época
relativamente recente, há menos de um bilhão de anos.” P. 105

“As células retiradas de embriões são chamadas de células-tronco embrionárias (CTE).
Essas células são retiradas de camundongos num estágio precoce. Nos camundongos,
este ocorre quando o embrião ainda está na trompa, antes da implantação na parede do
útero, e tem apenas cerca de 100 células. As CTE de camundongos, manipuladas para
impedir sua diferenciação e a finalização do crescimento, multiplicam-se
indefinidamente em cultura. As células criadas em cultura, quando acrescentadas a um
segundo blastocisto, são aceitas no embrião do camundongo. Multiplicam-se quando
injetadas para fazer parte do cérebro ou da pele; não faz diferença a que parte do novo
blastocisto sejam acrescentadas. A versatilidade dessas células jovens em cultura é
designada pelos biólogos como pluripotência. As células pluripotentes tem grande
potencial de crescimento, mas esse potencial se perde quando elas se especializam,
transformando-se num tecido especifico. As células-tronco embrionárias são
pluripotentes. Tal como as celulas HeLa e os ovos fecundados, são imortais - desde que
se impeçam sua diferenciação e seu desenvolvimento.” P. 114
“Uma das razões fornecidas para a vantagem da sexualidade é que o aumento da
variação genética fornece genes de um genitor que, na diploidia, mascararão as
mutações deletérias desse mesmo gene, vindo do outro genitor.” P. 114s

“A evolução do corpo, iniciada pela sexualidade a cada geração, pôs fim a degradação
continua da energia pelas células. Depôs nos lábios da vida primitiva o beijo da morte,
ciclicamente recorrente e sexualmente mediada. O resultado foi a descontinuidade dos
corpos multicelulares. O "beijo da morte", com sua sugestão implícita de uma ligação
entre a reprodução sexuada e a morte inevitável dos corpos sexuados, é uma metáfora
apropriada para a evolução, há varias centenas de milhões de anos, de corpos
descartáveis, que servem de veículos temporários para os gametas em que estão
contidos os genes e que, até então, tinham sido imortais.” P. 121

“Charles Darwin, neto de Erasmus, apontou duas maneiras de a sexualidade acelerar a
evolução, dando a ambas, em contraste com a seleção natural, o nome de "seleção
sexual". Ele observou que as fêmeas dos animais, em alguns casos, eram
numericamente escassas em relação ao número de machos com que poderiam acasalar.
Charles Darwin descreveu tanto a competição entre os machos, que leva a machos mais
fortes e mais aptos, quanto a escolha das fêmeas, na qual estas escolhem os machos com
que irão cruzar. E Darwin observou que os animais que exercem escolhas podem
influenciar os caracteres da geração seguinte.” P. 126

“No período decorrido desde a época de Charles Darwin, uma outra forma de seleção
sexual - a competição dos espermatozóides - foi submetida ao escrutínio dos
pesquisadores científicos. Os vencedores da competição espermática não são os que
conseguem afastar o corpo de outros machos através da luta, mas os que conseguem
derrotar o esperma dos concorrentes por meios como a produção de um número maior
de espermatozóides, ou uma ejaculação maior. Uma estratégia comum, que evoluiu
independentemente em aranhas, insetos e mamíferos, é a formação de um sêmen
extremamente pegajoso, que barra efetivamente a entrada do esperma de outros
pretendentes. Alguns machos roedores chegam ate a sintetizar "tampões vaginais", que
depositam com o pênis. Nos animais, sendo especialmente notável em primatas sociais
como nós, a capacidade de variar a comportamento em busca de sensualidade, de
perceber distinções sutis na forma, tamanho e cor dos corpos, e de enganar a nós
mesmos e aos outros, incorporou-se no processo evolutivo.” P. 126

“Nossa perspectiva é clara. A vida em si provém do desdobramento termodinâmico do
universo físico. O sexo meiótico (fusional) como fenômeno biológico que se
desenvolveu em protoctistas estressados. Nossos ancestrais animais, que emergiram de
protoctistas bizarros, não podiam desenvolver embriões nem adultos sem a penetração
do espermatozóide no óvulo. O sexo, em nós, não é dispensável: o desenvolvimento e a
reprodução de todos os componentes dos 38 filos de animais precisam da meiose e da
fecundação.” P. 128

“A percepção, o logro e a sensibilidade estética vem evoluindo nos animais durante os
mais de 541 milhões de anos de sua existência na Terra. Não surpreende, portanto, que
essas próprias aptidões tenham sido afiadas e influenciadas pela evolução animal.
Apesar de nossa arrogância e nosso antropocentrismo, os resultados de muitos
experimentos e observações obrigam-nos a reconhecer que os processos do pensar e do
sentir não se limitam exclusivamente aos seres humanos. A percepção e a ação
estimulada pela percepção são propriedades da vida - até da vida bacteriana.
Na verdade, toda a natureza viva é um fenômeno de interação e percepção.” P. 128

“A seleção sexual leva os organismos a influenciar sua própria evolução. Darwin foi
inabalável em sua insistência em que as fêmeas, até mesmo as fêmeas de insetos,
aparentemente movidas por um instinto cego, podem ter um impacto dramático em seu
futuro, ao optarem por acasalar tão-somente com certos machos. Para ele, era um "fato
espantoso que as fêmeas de muitos pássaros e alguns mamíferos... e... o que é ainda
mais espantoso... de répteis, peixes e insetos", exercessem uma "escolha feminina”.
Apesar de originalmente depreciada, até mesmo pelos evolucionistas que endossavam a
seleção natural, a seleção sexual de Darwin foi posteriormente confirmada.” P. 130s


“As fêmeas que escolhem os machos fecundadores propagam seus próprios genes nos
descendentes masculinos. A escolha delas é restrita, pois a fêmea que não conseguir
escolher um macho com um aparelho eficaz de implantação dos espermatozóides
poderá sair perdendo, a longo prazo, para a que o fizer. (...). Ao longo do tempo
evolutivo e considerando a competição entre os machos, as características conducentes à
alta fertilidade masculina tendem a substituir as que levam a baixa fertilidade. As
fêmeas, portanto, desenvolvem meios cada vez mais aguçados para identificar os
melhores procriadores dentre os machos. Reconhecendo um aparato masculino superior
de transmissão de espermatozóides, através de pistas visuais ou tácteis, os genes
femininos tendem a se propagar na população. O impulso para o desenvolvimento dos
sentidos estéticos que ligam a sexualidade ao restante do sistema nervoso ocorreu a
medida que o prazer neurológico inspirou as fêmeas a cruzarem com machos excitantes
e férteis. A capacidade de orgasmo nas fêmeas reflete ligações neurológicas
inconscientes, que proporcionam uma indicação do equipamento masculino de
implantação dos espermatozóides.” P. 135

“Atentamos, como seria previsível, para uma variedade mutável de sinais sexuais. Os
enchimentos na panturrilha, as cuecas nas antigas calças e calções masculinos, a
minissaia, os óculos escuros da moda, as ombreiras, as perucas, o batom, os colares e
anéis, todos mostram graus diferentes de funcionalidade, mas todos transmitem sinais
sexuais. A moda acentua as antigas ligações entre a variação fisiológica e o sucesso
sexual. Nossas reações as diferenças percebidas entre os membros de nossa espécie que
são parceiros potenciais estão longe de ser arbitrarias: são respostas profundas a milhões
de anos de evolução.” P. 138

“A sexualidade pode ser dividida em dois grandes tipos, cada um correspondendo a uma
dada "moral" pré-humana, ou esfera de decoro sociossexual baseada na espécie:
chimpanzés e seres humanos de um lado, gorilas e orangotangos de outro. Esses dois
campos diferem enormemente; as diferenças se refletem nas dimensões relativas de seus
órgãos genitais e seu corpo. O corpo dos chimpanzés machos e fêmeas, como o dos
seres humanos, é quase do mesmo tamanho. Também como os seres humanos, os
chimpanzés machos tem uma genitália relativamente grande – a rigor, têm testículos
maiores e produzem mais espermatozóides por ejaculação do que os homens. Uma das
interpretações do significado da volumosa genitália masculina é que os seres humanos
foram mais promíscuos no passado, quando nossos ancestrais se beneficiavam de um
aparato superior de transmissão dos espermatozóides. Atualmente, contudo, pelos
padrões humanos, os chimpanzés são muito mais promíscuos. As fêmeas que estão
ovulando, o que se evidencia pela pele vermelha e intumescida ao redor de sua vagina,
copulam livremente e com frequência com muitos membros do grupo. Todos os machos
sabem quando uma fêmea está receptiva, por causa da mudança fisiológica conhecida
como estro: sua genitália fica vermelha e inchada.
Em contraste, nem a fêmea do orangotango nem a do gorila são promiscuas. Elas não
tendem a expor seus órgãos reprodutores à atenção de muitos parceiros potenciais
durante os períodos de ovulação. A competição entre os gorilas envolve a agressão
corporal entre os machos. A armazenagem dos espermatozóides, em testículos
pendentes na bolsa escrotal, e sua transmissão pela ejaculação peniana intromissiva e
vigorosa, de importância fundamental para as pessoas e os chimpanzés, são menos
significativas na vida dos gorilas e orangotangos. Provavelmente, o fato de os homens e
os chimpanzés machos, terem pênis mais longos, testículos maiores, e produzirem mais
espermatozóides do que os gorilas ou orangotangos está diretamente relacionado com
sua tendência a manter contatos sexuais mais numerosos.” P. 147s

“Os gorilas gozam de um sistema reprodutivo de "harém", no qual um macho,
geralmente mais velho e com alguns cabelos grisalhos - o de dorso prateado -, domina
os demais. Esse macho "alfa" dominante é quem escolhe as fêmeas. Ele exibe sua
grande envergadura, estabelecendo a dominação sobre as fêmeas e os machos
adolescentes. Seu minúsculo pênis ereto, de apenas cerca de 2,5 centímetros de
comprimento, despeja uma quantidade relativamente pequena de espermatozóides. Em
contrapartida, os gorilas machos tendem a ser violentos. Os machos alfa dominantes
impedem que as fêmeas férteis cruzem com outros. Inversamente, nas espécies de
primatas em que há menos diferenciação de tamanho entre machos e fêmeas, menos
agressão masculina e, portanto, menos possessividade sexual, a competição tende mais
a aparecer não no nível de corpos machucados, mas no do órgao sexual penetrante e dos
espermatozóides nadadores. Enquanto os chimpanzés machos não lutarem entre si, mas
compartilharem as fêmeas no cio, os que despejarem mais perto do óvulo o maior
número possível de espermatozóides velozes serão os mais favorecidos. A grande
dimensão corporal é uma vantagem entre os lutadores, mas entre os amantes o vantajoso
e a genitália volumosa.” P. 148

“O dimorfismo sexual é comum nos animais em geral. Nas pessoas, os traços
sexualmente dimórficos incluem as diferenças no padrão de peso, altura e cabelos. Entre
nossos ancestrais, sem dúvida existiram equivalentes humanos dos machos dominantes
dos gorilas, de pelagem prateada no dorso. Ainda hoje, em relação às fêmeas, nossos
machos adultos exibem características dimórficas de dominação semelhantes às desses
gorilas de dorso prateado. Esses traços incluem o porte grande, a musculatura sólida,
que é útil nos combates por ciúme, o padrão masculino de calvície, o cabelo grosso, o
cabelo e/ou pele escuros, a voz grave, os modos ríspidos, barba, bigode, costeletas e
listras padronizadas nos cabelos grisalhos.” P. 152

“Algumas espécies de mamíferos exibem inversões sexuais impressionantes, que vão
muito além de nossa experiência humana. Basta aqui um exemplo: a "masculinização"
da hiena. Das quatro espécies existentes de hienas, somente a hiena-pintada, de clitoris
gigantesco, é passível de estudo cientifico, já que só ela esta fora da lista de espécies em
extinção. A hiena-pintada ou gargalhante (Crocuta crocuta) é um mamífero agressivo,
cujas fêmeas são impressionantemente "masculinas". Bandos totalmente femininos
dessas criaturas, cujos dentes parecem navalhas, reduzem uma zebra a quatro patas em
um intervalo de 20 minutos. Suas fezes são brancas, pois elas mastigam e digerem os
ossos.
Até a década de 1990, ninguém havia determinado com êxito o sexo dessas criaturas,
em razão de que todas elas, machos e fêmeas, pareciam exibir pênis pendentes. Agora,
os cientistas sabem que o "pênis feminino" é, na verdade, o clitóris aumentado, ao passo
que o órgão masculino é menor e mais largo. As fêmeas, que são fecundadas por
machos menores e atarracados, de pênis muito longo, são inteiramente desprovidas de
vagina. Inversamente de outros mamíferos placentários, os filhotes, em geral gêmeos,
tem que fazer meia-volta no canal de parturição para sair pelo c1itóris. Dolorosamente,
o parto se dá ao longo da extensão da uretra, que passa pelo interior do c1itóris
gigantesco.” P. 157




“A infertilidade da maioria dos ratos-toupeira nus parece ter uma mediação hormonal.
As rainhas dessas colonias - e não seus consortes masculinos - têm o mais alto nível
sanguíneo de testosterona entre todos os seus membros. (...).
O comportamento da rainha, assim como seus níveis de testosterona, aparentemente
inibem o desenvolvimento sexual de outros membros dessa "ditadura reprodutiva”.
Efeitos similares da redução da testosterona foram observados em sociedades de
primatas, entre machos em combate. Depois de derrotar um macho dominante, as vezes
os vencedores exibem níveis elevados de testosterona, enquanto os derrotados podem
sofrer baixas significativas desse hormônio.” P. 166

 “Certos feromônios, que a principio regulavam a atração e o comportamento nos
protoctistas, provavelmente se transformaram em hormônios reguladores do
crescimento no interior do corpo de cada animal. A medida que as células
permaneceram juntas, depois da reprodução mitótica, transformando-se em organismos,
as substâncias químicas que regulavam o comportamento entre membros de uma
população dessas células transformaram-se nas substâncias químicas que regulam o
comportamento entre as células do corpo. Esse processo também pode funcionar no
sentido inverso: a medida que os organismos se agregam, convertendo-se em
sociedades, os hormônios de seu interior podem tornar a "vazar" para o meio social.
A testosterona, por exemplo, o mesmo esteróide que faz os meninos criarem barba,
engrossarem a voz e adquirirem pelos no corpo, ao amadurecerem fisicamente e se
tornarem homens, também funciona como um fator de atração - um feromônio - entre
animais maduros. Por exemplo, a lampreia macho, um vertebrado aquático semelhante
aos peixes, que tem dentes, mas não tem maxilares, pode atrair uma lampreia fêmea,
liberando testosterona na ínfima dose de 29 picogramas por mililitro. 0 rato macho
jovem (Mus musculus), exposto a urina de machos adultos, que contém testosterona,
amadurece e se converte num adulto de peso inferior, com órgãos reprodutores menores.
As fêmeas da espécie, entretanto, não são afetadas.” P. 170

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LYNN MARGULIS - O que é sexo?

  • 1. MARGULIS, Lynn & SAGAN, Dorion. O que é Sexo? Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002(b). Resumo por: Carlos Jorge Burke – www.cburke.com.br OBS: Se desejar, solicitar arquivo pelo blog. “O universo é uma fornalha de luz estelar, excessivamente banhado por ela e consumido pelo tempo. As coisas queimam, alteram-se, degradam-se e morrem. A vida que nossos ancestrais identificavam em cada coisa móvel, fosse ela terrena ou celeste, é cosmicamente rara. Mas é cósmica: no sentido mais fundamental, qualquer forma de vida, aqui ou alhures, antiga ou moderna, só é concebível como um fenômeno de fluxo energético, de troca material num cosmo banhado pela vasta energia das estrelas. As estrelas – nosso Sol, no caso da vida na Terra – fornecem a energia para o trabalho da vida. A operação fundamental desta é captar, armazenar e converter a luz das estrelas em energia utilizável. Na fotossíntese, os fótons são incorporados, construindo corpos e alimento; eles são a principal fonte energética dos dois prazeres mais elementares e naturais: o sexo e a alimentação.” P. 11 “A vida senciente é atraída pelo sexo e pelos alimentos porque, amando e devorando, a vida se conserva e se amplia. Nem todas as espécies, no entanto, precisam da sexualidade para se reproduzir. Em todas as que necessitam dela, o sexo é uma parte crucial do processo de transformação da energia pelo qual, deleitando-se, as espécies preservam e aumentam sua complexidade neste cosmo impregnado de energia. Além disso, a inevitabilidade da morte era desconhecida dos primeiros corpos vivos. Originalmente eles eram imortais. A morte que tememos como fim de nossa existência individual está, (...), intimamente relacionada com a evolução de organismos que reproduzem sexualmente, ocorrida há cerca de um bilhão de anos.” P. 11 “O que é sexo? Ele nos confunde, não só por estar literalmente relacionado com a mistura de dois seres distintamente diferentes, abrindo-nos uns para os outros da maneira mais profunda, mas também por tendermos a fazer extrapolações equivocadas sobre a importância da sexualidade. Nossa existência biologicamente restrita de seres que se reproduzem sexualmente não significa, por exemplo, que exista apenas o sexo copulatório, baseado nos órgãos genitais, nem que o sexo esteja necessariamente relacionado com a reprodução. Na verdade, a maioria dos comportamentos de quatro dos cinco reinos de seres vivos não precisa dele para se reproduzir.” P. 12 “No nível mais elementar, o sexo é a recombinação genética. É a mistura ou a união de genes, isto é, de moléculas de DNA provenientes de mais de uma fonte. Quando uma molécula de DNA produz outra que lhe é idêntica, os biólogos falam em replicação. Entretanto, quando a matéria viva, como uma célula ou um corpo composto de células, produz outro ser vivo similar, os cientistas falam em reprodução.” P. 12 “Os animais, com seus tecidos e órgãos complexos e com o envelhecimento inevitável de seus corpos, evoluíram a partir de colônias de micróbios de reprodução sexuada, chamados protoctistas. Estes, por sua vez, desenvolveram-se a partir da intimidade profunda entre tipos de bactérias muito diferentes. As intimidades bacterianas que levaram aos primeiros animais, passando pelos protoctistas, foram mais do que sexuais. Houve uma fusão de organismos muito diferentes. Eles começaram a compartilhar um mesmo corpo, não por alguns instantes, mas para sempre. Hoje em dia, no interior de
  • 2. quase todas as células que compõem nossos tecidos, existem organelas celulares, chamadas mitocôndrias, que são herdadas apenas de nossas mães” p. 16 “Segundo a maioria dos cosmólogos, físicos nucleares, astrônomos e cientistas espaciais, o universo começou numa singularidade – a explosão de tudo, a partir de um ponto imensamente quente e infinitamente denso, surgido há aproximadamente 13,5 bilhões de anos. Um segundo depois de ter se originado, a matéria do big bang havia se espalhado pela imensa distância de três anos-luz. Ainda era quente demais para que existissem átomos. Decorridos três minutos da explosão, as partículas subatômicas haviam se acomodado numa temperatura “fria” de um bilhão de graus centígrados e atravessado uns 40 anos-luz. Quando os cientistas observam o chamado desvio espectral para o vermelho – a mudança nos padrões luminosos e ondulatórios das estrelas -, eles constatam que as galáxias atuais continuam a se afastar umas das outras a velocidades imensas. O big bang continua. Em todas as direções do céu encontra-se uma radiação microondulatória de nível baixo. Essa chamada radiação de fundo é o “eco” distante da explosão gigantesca que deu início a tudo. Alguns dos elementos mais pesados que acabariam abrindo caminho para a matéria viva, como o carbono, só se formaram posteriormente, assados, a partir de elementos mais leves, por uma verdadeira alquimia, nos fornos nucleares naturais de estrelas que, mais tarde, vieram a explodir. Somos os descendentes de bombardeios e interações de partículas, de fusões pré-sexuais e de uma violência sobre humana.” ´. 17 “Ao longo do tempo, os ritmos naturais acionados por acontecimentos do mundo externo evoluíram para relógios biológicos internos, à medida que os seres vivos foram- se tornando cada vez mais independentes do meio em que evoluíram. (...). O tema da internalização pela matéria viva, do caráter cíclico de seu meio cósmico, com uma variação crescente, também se aplica ao ritmo do amor sexual, como uma permutação da música primordial do universo.” P. 19 “Uma vez que as ciências da complexidade interessam-se sobretudo pela criação de modelos de surgimento e da evolução da vida e da inteligência, os padrões de fluxo estudados pela termodinâmica merecem maior atenção. De fato, enquanto a visão quase paranóica da origem da vida num programa de computador pode ser aceita, à guisa de entretenimento passageiro, nas páginas de um romance de ficção científica, a origem da vida em estruturas termodinâmicas de fluxo é praticamente certa. Diversas observações e experimentos corroboram a idéia de que a energia pode fluir pela estrutura e organizá-las para que se tornem mais complexas do que seu meio, (...). As estruturas termodinâmicas, sistemas tridimensionais que fazem as substâncias químicas e a energia girarem por entre eles, mantendo sua complexidade ao longo do tempo, incluem mais do que a vida. A vida é apenas um exemplo de uma classe mais ampla de estruturas de fluxo energético-materiais que geram um caráter cíclico complexo.” p. 20 “A Primeira Lei da Termodinâmica diz respeito à quantidade: num sistema fechado, a quantidade total de energia, sejam quais forem suas transformações, permanece inalterada. A Segunda Lei da Termodinâmica diz respeito à qualidade: num sistema fechado, a energia de alta qualidade é inevitavelmente perdida pelo atrito, sob a forma de calor. A percepção de Carnot de que havia um desgaste inevitável da qualidade da energia foi a primeira a alertar a humanidade, a partir da ciência, para o fato de que o universo não é simétrico no que concerne ao tempo. Processos complexos, inclusive os da vida, têm tendências e direções. (...), a tendência evolutiva para a complexidade,
  • 3. inclusive para o amor sexual humano, com sua história multimilenar, provavelmente se alicerça na assimetria temporal, baseada na termodinâmica.” P. 21 “(...), Joseph Louis Gay-Lussac (1778-1850) mostrou que a pressão dos gases aumentava (ou diminuía) 1/273 de seu valor inicial por cada grau centígrado de aumento (ou diminuição). Na teoria, portanto, a -273°C – isto é, a 0 graus Kelvin, ou o “zero absoluto” -, é previsível que cesse toda a ação molecular, à medida que os gases são espremidos para o volume zero. Todavia, essa extrapolação, posteriormente considerada parte da Terceira Lei da Termodinâmica, ainda não foi experimentalmente confirmada, em virtude das dificuldades técnicas intrínsecas de se chegar a uma temperatura tão baixa.” P. 22 “Há duas grandes diferenças entre a termodinâmica clássica e a termodinâmica do não- equilíbrio. A primeira é que a termodinâmica clássica estuda estruturas de complexidade decrescente – máquinas que perdem a capacidade de trabalho -, ao passo que a termodinâmica do não-equilíbrio estuda entidades, inclusive os seres vivos, que aumentam sua complexidade e adquirem capacidade de trabalho. A segunda diferença, essencialmente relacionada com a primeira, é que a termodinâmica clássica estuda sistemas fechados e isolados, enquanto a do não-equilíbrio concentra-se nos sistemas abertos. Os sistemas fechados são vedados à entrada da matéria. Em contraste, a matéria flui pelos sistemas abertos. Num corpo vivo, para tomarmos um exemplo fundamental, a matéria penetra no sistema sob a forma de alimentos, bebidas e ar, e mais tarde, após uma transformação, excretam-se resíduos. Como disse sobre os sistemas abertos o ecologista Eugene Odum, da Universidade da Geórgia (falando da vida), “a matéria circula, a energia se dissipa”.” P. 24 “Excetuada a entrada de meteoritos, o complexo sistema da vida na Terra – a biosfera – é fechado: os raios cósmicos e a radiação solar penetram no sistema, porém não a matéria em geral. Os organismos individuais, em contraste, são abertos ao fluxo de energia e matéria. Aliás, as partes mais básicas da vida – comer, respirar, excretar, praticar sexo – atestam nossa condição de sistemas termodinâmicos abertos. Provavelmente, não é por coincidência que os prazeres mais naturais – como copular, gozar, espirrar, beber, comer, defecar, urinar, apanhar sol, transpirar, e até a música e a visão, como prazeres estéticos do som que penetra nos ouvidos, ou das ondas luminosas que dançam pelos buracos negros de nossa pupila, criando impressões visuais no fundo da retina – tendem a envolver orifícios e fluxos.” P. 24 “A soma total da vida, que hoje extrai pouca matéria do espaço sideral, está inalienavelmente aberta a um fluxo contínuo de energia solar. Seu processo básico é captar os fótons de luz visível e ultravioleta, de baixa entropia e longos comprimentos de onda, e tornar a irradiá-los como radiação infravermelha, de comprimentos de onda mais curtos – em outras palavras, a vida converte luz em matéria viva e calor. Aprisionado, usando e, até certo ponto, reciclando a energia de alta qualidade dos fótons, proveniente do Sol, a vida vive e cresce, produzindo entropia e calor como seu lixo cósmico. Ela se apropria desses fótons, tira-os de circulação por algum tempo, mas depois os devolve ao espaço sideral como calor. Se fosse um sistema isolado, ela seria milagrosa. Mas não é; trata-se de um sistema aberto. O aumento de complexidade trazido pela evolução é patrocinado pela radiação solar de baixa entropia. Até o sonho do tigre adormecido, que digere uma gazela cujo corpo provém das gramíneas do pasto, é patrocinado pela energia sumamente ordeira do Sol. Longe de ser uma espécie de
  • 4. moto perpétuo independente, que desafie as leis da física, a ordem da vida é um empréstimo ou um dispêndio de energia proveniente do Sol.” P. 29 “O universo, poderíamos dizer, está “no cio”. Fora do equilíbrio pelo menos desde o big bang, o cosmo permanece assim, a menos que seja de fato um sistema isolado, do tipo estudado pela termodinâmica clássica – caso em que se aproximará inevitavelmente da estase, ainda que nunca a atinja por completo. No prazer sexual, apercebemo-nos de nosso pendor meio peculiar e contraditório para atingir e não atingir um fim, simultaneamente, para decompor um gradiente e, ao mesmo tempo, preservá-lo para um deleite maior. O desejo de entregar e preservar, de acumular e gastar, reflete o dilema da matéria viva, na medida em que ela precisa de uma fonte de energia, mas desaparecerá se esgotar completamente essa fonte.” P. 36 “Com efeito, como os genes doados por uma bactéria podem ser recebidos por outra extremamente diferente – ou seja, como os genes atravessam as barreiras das “espécies” -, Sorin Sonea, bacteriologista da Universidade de Montreal, e seu colega Maurice Panisser afirmam que as bactérias não devem ser classificadas como espécies distintas. Quando se define a espécie de maneira tradicional, como uma população de organismos que cruzam entre si para constituir uma prole viável, as bactérias não a qualificam. Elas não precisam acasalar-se para reproduzir, nem tampouco ficam restritas, quando praticam o sexo, a transmitir genes a organismos de sua própria espécie.” P. 43 “A sexualidade bacteriana foi um atalho para a sobrevivência. Na evolução, a aquisição de um complexo genético previamente desenvolvido – chamado seme – pode contornar a necessidade de esperar por mutações fortuitas. Ao propor sua teoria da evolução pela seleção natural, Darwin não conhecia a fonte da variação. Hoje em dia, sabemos que a ordem das bases químicas que compõem o DNA modifica-se ou sofre mutações espontaneamente. Em geral, essas mudanças – como um erro ortográfico ou um erro tipográfico num livro – são deletérias. Num organismo, podem ser danosas ou até fatais. Vez por outra, no entanto, há um acidente favorável, uma mudança que aumenta as probabilidades de sobrevivência de um organismo.” P. 46 “As mudanças e duplicações de pares de bases e os acréscimos de DNA extra sempre tinham sido fonte de variação genética. Passaram então a existir outras fontes. Uma delas foi o sexo. Nos animais e plantas que se reproduzem sexualmente, contudo, os novos genes adquiridos através do sexo se diluem quando o membro da espécie cruza com um membro do sexo oposto, necessariamente misturando os genes para produzir um descendente diverso. As bactérias, porém, “reproduzem-se de verdade”. Em outras palavras, por se reproduzirem sem a sexualidade, quando elas apanham e incorporam novos genes (por definição, praticam sexo), esses genes sexualmente adquiridos são transmitidos a sua prole sem nenhuma mistura, quando elas se reproduzem.” P. 46 “Os raros genes mutantes que facultavam novas e importantes formas de metabolismo não permaneceram raros por muito tempo, pois foram prontamente copiados e compartilhados. Multiplicando-se com rapidez e transferindo genes exuberantemente, as bactérias conferiram novas aptidões tanto a seus vizinhos quanto a sua prole – uma espécie de transmissão cultural genética. Muito antes da “supervia da informação” e muito antes das telecomunicações humanas ou das redes de computadores, as bactérias formaram um eixo planetário de informações bioquímicas que foi inovador e
  • 5. expansionista. Entregando-se ao sexo não-reprodutor, elas disseminaram genes úteis por todo o planeta.” P. 51 “Alguns cientistas postulam que, antes da evolução da vida, a Terra era um “mundo do RNA”, feito de fragmentos genéticos que se recombinavam com desmazelo e produziam proteínas, as quais acabaram por evoluir para formas bióticas. Se assim é, o RNA talvez tenha sido o precursor da vida – um sistema desleixado de informações genéticas, a caminho de ganhar vida.” P. 57 “Depois do sexo bacteriano veio a hipersexualidade: as incorporações simbióticas permanentes para formar um novo tipo de células – o tipo provido de núcleo. Na hipersexualidade, uma bactéria inteira penetra no corpo de outra bactéria inteira e os dois tipos passam a viver juntos para sempre. A reprodução dos parceiros hipersexuais levou a novas unidades na evolução: as células nucleadas, comuns a todas as formas de vida não-bacteriana, desde as amebas unicelulares até plantas e animais providos de bilhões dessas células. Alguns poderão protestar, dizendo que endossimbiose não é sexo. Do ponto de vista evolutivo, contudo, ela foi até melhor do que o sexo: essas bactérias incorporadas levaram não só às amebas, aos micetozoários e aos paramécios, como também, depois da evolução da sexualidade meiótica e de seus gêneros sexuais, a todos os organismos de maior porte, inclusive nós mesmos. Os animais que praticam a cópula sexual e as orquídeas polinizadas por insetos são beneficiários dessa ancestralidade hipersexual. Na verdade, os animais, plantas, fungos e protoctistas têm a hipersexualidade embutida em sua história evolutiva celular.” P. 61 “Na linguagem comum, sexo costuma referir-se ao “atrito genital” dos mamíferos. Talvez por causa da concentração lingüística nessa simples palavra de quatro letras, o sexo às vezes parece ser um processo único. Nada poderia estar mais longe da verdade. O sexo é múltiplo, complicado e confuso. Tem uma história imensa e profunda. É possível distinguir pelo menos três tipos distintos de sistemas sexuais, todos os quais evoluíram em organismos diferentes, em épocas e lugares distintos. O primeiro a se desenvolver foi o tipo unidirecional de sexualidade bacteriana, que levou à sobrevivência de uma rede ecológica bacteriana global muito bem ajustada. Depois, uma forma sumamente específica de hipersexualidade simbiótica ajudou a formar nossos ancestrais nucleados, os protoctistas. Mais recentemente, nos ancestrais protoctistas dos fungos, plantas e animais, desenvolveu-se a forma mais conhecida do sexo: o sexo meiótico e por fecundação, que envolve a fusão celular.” P. 63 “Nós, animais, enfrentamos um imperativo: um ato de equilibração entre nossa existência como corpos com dois conjuntos de cromossomos, que inevitavelmente morrem, e gametas produzidos por esses corpos com um só conjunto de cromossomos, que têm a possibilidade de continuar a vida na geração seguinte.” P. 65 “O nome do restabelecimento da diploidia nos é conhecido: fecundação. O nome da reversão periódica ao estado haplóide é mais técnico: meiose. A meiose (que não se deve confundir com um termo de som semelhante, a mitose) é um processo de divisão celular que leva de células com dois conjuntos de cromossomos (diplóides) a células com apenas um (haplóides). Por isso, a meiose é frequentemente chamada de “divisão redutora”. Nos homens, ela produz espermatozóides providos de um só conjunto de cromossomos, a partir de células corporais diplóides chamadas espermatócitos. Nas mulheres, a meiose produz óvulos providos de um só conjunto de
  • 6. cromossomos, a partir de células corporais diplóides chamadas oócitos. A mitose refere- se simplesmente a divisão celular igual.” P. 72 “No começo da evolução das espécies sexuadas, as células sexuais que se fundiam eram os próprios corpos dos organismos unicelulares. Ainda hoje, é freqüente os gametas dos sexos complementares serem indistinguíveis das células assexuadas do crescimento ou das células do sexo oposto. Os protoctistas, entre os quais os machos (ou outros parceiros) têm a mesma aparência que as fêmeas (ou outros parceiros), identificam uns aos outros por pistas muito sutis. No começo, quando a célula era um único corpo, não havia órgãos genitais especializados nem propágulos natatórios. Os primeiros parceiros eram exatamente iguais. Com o tempo, e separadamente em muitas linhagens, células idênticas tornaram-se distintas e desiguais. Por fim, surgiu a anisogamia, sob a forma de espermatozóides pequenos e óvulos grandes. E, com o correr do tempo, desenvolveram- se tipos diferentes de corpos passíveis de acasalamento.” P. 77 “Todos os protoctistas se reproduzem por mitose. Crescem perfeitamente bem sem o sexo. Como nunca ocorre fecundação, não há diferenciação entre os sexos. Para atravessar os tempos difíceis, outros se acasalam prontamente e formam propágulos hibernantes, com grandes perspectivas de futuro. No nível eucariótico da célula única dos protoctistas, as fusões sexuais figuram como um último recurso, uma medida de emergência que aumenta enormemente a probabilidade de sobrevivência do “indivíduo”. Usamos aspas aqui porque esse enquistamento, seguido pela fecundação, mostra a estranha interdependência desses dois fenômenos. Na pré-história da sexualidade, só os seres que formaram pares evoluíram.” P. 83 “Chamamos de “metamorfose” a transformação da lagarta em borboleta, ao passo que damos o nome de morte à mudança ocorrida quando duas borboletas adultas perecem, depois do acasalamento. Visto por uma perspectiva mais profunda, entretanto, nada morre. Nada se perde da vida que se metamorfeseia em ovo-lagarta-borboleta. A “morte” da borboleta é uma fase natural, é o passo evolutivo seguinte numa forma de organização celular cíclica, mediada pela sexualidade.” P. 86 “Desde a época de Darwin, a evolução tem sido retratada como uma competição entre indivíduos. A seleção natural extirpa os indivíduos fracos e deixa que sobrevivam apenas os fortes. O neodarwinismo acadêmico, infelizmente, tem-se baseado numa idéia demasiadamente restritiva do indivíduo. (...). A agregação de estranhos e parentes em grupos permite novas e poderosas vantagens evolutivas. Evoluindo no tempo através de interações sociais e entre as espécies, surgem “indivíduos” em níveis cada vez mais abrangentes de complexidade e organização” P. 87s “No conceito central da zoologia, o conceito de que os organismos transcendem a si próprios ao viverem juntos – com membros da mesma espécie ou como estranhos sem parentesco genético – foi desacreditado durante décadas. Na tentativa de serem científicos, os biólogos populacionais e, sobretudo, os zoólogos, trataram os organismos como se eles fossem partículas fisicamente isoladas. Nas formulações neodarwinistas, os organismos, ou até seus simples genes, são unidades indivisíveis, independentes e egoístas. Mas essa idéia dos genes e dos animais como átomos individuais é destrutiva. Os organismos são sistemas abertos e em crescimento, com muitas oportunidades de se ligarem a outros desses sistemas, em caráter temporário ou permanente.” P. 89
  • 7. “Na verdade, os organismos vivos individuais não são átomos, nem qualquer outro tipo de partícula. Nem tampouco são coisas. Os seres vivos são processos delimitados e abertos, em termos termodinâmicos e da informação. Suas fronteiras estão sempre mudando. Através das membranas, da pele e dos orifícios, elas entram em contato com o meio circundante e uns com os outros. Transformando a energia e produzindo entropia, cada organismo individual se sustenta e, quando é sexuado de algum modo, funde-se. Quer se trate da sexualidade transgênica das bactérias, da hipersexualidade dos protoctistas ou do sexo fusional dos animais, plantas ou fungos, todos os seres sexuados se sustentam e se fundem. Os organismos são indivíduos muito menos independentes do que presumiu a moderna biologia neodarwinista. Com efeito, no nível bacteriano e, mais tarde, no nível sexual eucariótico, a fusão foi diretamente responsável por grandes transições evolutivas.” P. 89 “Quanto mais complexo o corpo e quanto maior o número e a diversidade das partes que o integram, mais rigorosa, ao que parece, é a exigência de “começar pelo começo”, realizando a fusão e desfazendo-a através da redução acarretada pela divisão meiótica.” P. 91 “O ponto crucial de nossa crise existencial está em que, para nos regenerarmos por completo, temos que praticar o sexo e morrer como indivíduos conscientes. (...). O início da ordem cíclica preservada pela meiose consiste no acasalamento e na fusão celular. O fim dessa ordem cíclica preservada pela meiose consiste no envelhecimento e na morte.” P. 91s “Nossa explicação de por que os indivíduos sexuados se dão ao trabalho de procurar parceiros de sexo complementar, apenas para diluir seus genes, é simples. Eles não têm alternativas. Para sobreviver ao frio do inverno ou à seca do verão, têm que praticar o sexo. Se quiserem participar do processo de decomposição do gradiente solar, têm que se entregar à fusão sexual.” P. 97 “A animalidade, em outras palavras, depende da trajetória: os animais dependem da repetição de determinados acontecimentos da história de seus ancestrais. Atualmente, nenhum tatu, nenhuma lagartixa e nenhum bebê nasce ou sobrevive sem passar pelos processos de meiose, formação do gênero sexual e fecundação. A estrada cíclica que conduz aos seres humanos modernos requer a travessia do trevo da sexualidade, para retornar ao "ponto de partida" do par espermatozóide e óvulo. Com exceção de nossas hemácias, que não tem núcleo e, portanto, não tem cromossomos, e de nossos espermatozóides ou óvulos, que tem apenas um conjunto, quase todas as outras células de nosso corpo tem pelo menos dois conjuntos cromossômicos. Todas as nossas células combinam a herança nuclear de nossas mães e nossos pais. Somos meióticos e sexuados até o âmago de nosso ser.” P. 98 “A evolução da sexualidade foi como um pacto com o diabo. O sexo fusional, fecundação seguida pela meiose, permitiu que as seres vivos sobrevivessem aos ciclos das estações. O sexo deixou que os animais desenvolvessem corpos multicelulares, intrincadamente complexos, a partir de ovos fertilizados. Mas o preço pelo êxtase que ultrapassava a identidade - a sexualidade que impele a nos unirmos um com outro e a produzirmos um novo ser para além de nos mesmos - foi alto. (O sexo, no nível celular, está ligado à morte há 700 milhões de anos, talvez. O corpo dos genitores tinha que
  • 8. morrer. A evolução da sexualidade nos animais foi acompanhada pelo envelhecimento, até a morte de seus corpos. A morte no momento certo, a morte com data marcada, a chamada morte programada, foi parte integrante do sexo fusional, desde seus primórdios unicelulares. A ligação romântica do sexo com a morte, na arte, reflete a verdadeira história evolutiva.” P. 101 “O retorno indefective1 ao estado ancestral implica que o estado fusional só pode ser temporário. Nos seres humanos, o que cresce no estado fusional é nada menos do que nosso corpo, com seu cérebro capaz de compreender nossa morte futura e de nos desafiar a buscar um sentido para nossa vida.” P. 103 “A certa altura de sua carreira, Freud atribuiu toda a atividade psicológica a duas grandes pulsões: Eros, a pulsão de vida, e Tânatos, a pulsão de morte. A ligação entre a sexualidade e a morte também aparece na história bíblica de Eva, que cede a tentação do demônio em forma de serpente, com isso provocando a expulsão do primeiro casal do Jardim do Éden e, em função do pecado original, a queda da humanidade, levando-a de sua imortalidade em estado de graça para a luxuria e o sexo terrenos.” P. 104 (errado) “Os organismos cuja reprodução é sexuada só existem como indivíduos distintos por um período limitado. A ligação sexo-morte não existe nas bactérias, nem tampouco nas amebas, nas euglenas e noutros protoctistas não-sexuados. Reproduzindo-se por fragmentação, esses protoctistas, em principio, são imortais.” P.104 “Supridos de energia, alimento, água e espaço suficientes, todas as bactérias e muitos protoctistas continuam imortais. Realizam o metabolismo e se multiplicam sem limitação. Duplicam seu DNA e outros componentes celulares e se dividem em duas celulas-filhas. Em sua simplicidade termodinâmica essencial, a vida se expande por uma ânsia irrestrita de divisão celular.” P. 105 “Quando a célula parental única gera duas células, ela não morre, mas se divide. Em contraste, os "indivíduos" sexuados - o legado de corpos que crescem, amadurecem e inevitavelmente morrem, que nos foi deixado pelos protoctistas (evoluíram em época relativamente recente, há menos de um bilhão de anos.” P. 105 “As células retiradas de embriões são chamadas de células-tronco embrionárias (CTE). Essas células são retiradas de camundongos num estágio precoce. Nos camundongos, este ocorre quando o embrião ainda está na trompa, antes da implantação na parede do útero, e tem apenas cerca de 100 células. As CTE de camundongos, manipuladas para impedir sua diferenciação e a finalização do crescimento, multiplicam-se indefinidamente em cultura. As células criadas em cultura, quando acrescentadas a um segundo blastocisto, são aceitas no embrião do camundongo. Multiplicam-se quando injetadas para fazer parte do cérebro ou da pele; não faz diferença a que parte do novo blastocisto sejam acrescentadas. A versatilidade dessas células jovens em cultura é designada pelos biólogos como pluripotência. As células pluripotentes tem grande potencial de crescimento, mas esse potencial se perde quando elas se especializam, transformando-se num tecido especifico. As células-tronco embrionárias são pluripotentes. Tal como as celulas HeLa e os ovos fecundados, são imortais - desde que se impeçam sua diferenciação e seu desenvolvimento.” P. 114
  • 9. “Uma das razões fornecidas para a vantagem da sexualidade é que o aumento da variação genética fornece genes de um genitor que, na diploidia, mascararão as mutações deletérias desse mesmo gene, vindo do outro genitor.” P. 114s “A evolução do corpo, iniciada pela sexualidade a cada geração, pôs fim a degradação continua da energia pelas células. Depôs nos lábios da vida primitiva o beijo da morte, ciclicamente recorrente e sexualmente mediada. O resultado foi a descontinuidade dos corpos multicelulares. O "beijo da morte", com sua sugestão implícita de uma ligação entre a reprodução sexuada e a morte inevitável dos corpos sexuados, é uma metáfora apropriada para a evolução, há varias centenas de milhões de anos, de corpos descartáveis, que servem de veículos temporários para os gametas em que estão contidos os genes e que, até então, tinham sido imortais.” P. 121 “Charles Darwin, neto de Erasmus, apontou duas maneiras de a sexualidade acelerar a evolução, dando a ambas, em contraste com a seleção natural, o nome de "seleção sexual". Ele observou que as fêmeas dos animais, em alguns casos, eram numericamente escassas em relação ao número de machos com que poderiam acasalar. Charles Darwin descreveu tanto a competição entre os machos, que leva a machos mais fortes e mais aptos, quanto a escolha das fêmeas, na qual estas escolhem os machos com que irão cruzar. E Darwin observou que os animais que exercem escolhas podem influenciar os caracteres da geração seguinte.” P. 126 “No período decorrido desde a época de Charles Darwin, uma outra forma de seleção sexual - a competição dos espermatozóides - foi submetida ao escrutínio dos pesquisadores científicos. Os vencedores da competição espermática não são os que conseguem afastar o corpo de outros machos através da luta, mas os que conseguem derrotar o esperma dos concorrentes por meios como a produção de um número maior de espermatozóides, ou uma ejaculação maior. Uma estratégia comum, que evoluiu independentemente em aranhas, insetos e mamíferos, é a formação de um sêmen extremamente pegajoso, que barra efetivamente a entrada do esperma de outros pretendentes. Alguns machos roedores chegam ate a sintetizar "tampões vaginais", que depositam com o pênis. Nos animais, sendo especialmente notável em primatas sociais como nós, a capacidade de variar a comportamento em busca de sensualidade, de perceber distinções sutis na forma, tamanho e cor dos corpos, e de enganar a nós mesmos e aos outros, incorporou-se no processo evolutivo.” P. 126 “Nossa perspectiva é clara. A vida em si provém do desdobramento termodinâmico do universo físico. O sexo meiótico (fusional) como fenômeno biológico que se desenvolveu em protoctistas estressados. Nossos ancestrais animais, que emergiram de protoctistas bizarros, não podiam desenvolver embriões nem adultos sem a penetração do espermatozóide no óvulo. O sexo, em nós, não é dispensável: o desenvolvimento e a reprodução de todos os componentes dos 38 filos de animais precisam da meiose e da fecundação.” P. 128 “A percepção, o logro e a sensibilidade estética vem evoluindo nos animais durante os mais de 541 milhões de anos de sua existência na Terra. Não surpreende, portanto, que essas próprias aptidões tenham sido afiadas e influenciadas pela evolução animal. Apesar de nossa arrogância e nosso antropocentrismo, os resultados de muitos experimentos e observações obrigam-nos a reconhecer que os processos do pensar e do
  • 10. sentir não se limitam exclusivamente aos seres humanos. A percepção e a ação estimulada pela percepção são propriedades da vida - até da vida bacteriana. Na verdade, toda a natureza viva é um fenômeno de interação e percepção.” P. 128 “A seleção sexual leva os organismos a influenciar sua própria evolução. Darwin foi inabalável em sua insistência em que as fêmeas, até mesmo as fêmeas de insetos, aparentemente movidas por um instinto cego, podem ter um impacto dramático em seu futuro, ao optarem por acasalar tão-somente com certos machos. Para ele, era um "fato espantoso que as fêmeas de muitos pássaros e alguns mamíferos... e... o que é ainda mais espantoso... de répteis, peixes e insetos", exercessem uma "escolha feminina”. Apesar de originalmente depreciada, até mesmo pelos evolucionistas que endossavam a seleção natural, a seleção sexual de Darwin foi posteriormente confirmada.” P. 130s “As fêmeas que escolhem os machos fecundadores propagam seus próprios genes nos descendentes masculinos. A escolha delas é restrita, pois a fêmea que não conseguir escolher um macho com um aparelho eficaz de implantação dos espermatozóides poderá sair perdendo, a longo prazo, para a que o fizer. (...). Ao longo do tempo evolutivo e considerando a competição entre os machos, as características conducentes à alta fertilidade masculina tendem a substituir as que levam a baixa fertilidade. As fêmeas, portanto, desenvolvem meios cada vez mais aguçados para identificar os melhores procriadores dentre os machos. Reconhecendo um aparato masculino superior de transmissão de espermatozóides, através de pistas visuais ou tácteis, os genes femininos tendem a se propagar na população. O impulso para o desenvolvimento dos sentidos estéticos que ligam a sexualidade ao restante do sistema nervoso ocorreu a medida que o prazer neurológico inspirou as fêmeas a cruzarem com machos excitantes e férteis. A capacidade de orgasmo nas fêmeas reflete ligações neurológicas inconscientes, que proporcionam uma indicação do equipamento masculino de implantação dos espermatozóides.” P. 135 “Atentamos, como seria previsível, para uma variedade mutável de sinais sexuais. Os enchimentos na panturrilha, as cuecas nas antigas calças e calções masculinos, a minissaia, os óculos escuros da moda, as ombreiras, as perucas, o batom, os colares e anéis, todos mostram graus diferentes de funcionalidade, mas todos transmitem sinais sexuais. A moda acentua as antigas ligações entre a variação fisiológica e o sucesso sexual. Nossas reações as diferenças percebidas entre os membros de nossa espécie que são parceiros potenciais estão longe de ser arbitrarias: são respostas profundas a milhões de anos de evolução.” P. 138 “A sexualidade pode ser dividida em dois grandes tipos, cada um correspondendo a uma dada "moral" pré-humana, ou esfera de decoro sociossexual baseada na espécie: chimpanzés e seres humanos de um lado, gorilas e orangotangos de outro. Esses dois campos diferem enormemente; as diferenças se refletem nas dimensões relativas de seus órgãos genitais e seu corpo. O corpo dos chimpanzés machos e fêmeas, como o dos seres humanos, é quase do mesmo tamanho. Também como os seres humanos, os chimpanzés machos tem uma genitália relativamente grande – a rigor, têm testículos maiores e produzem mais espermatozóides por ejaculação do que os homens. Uma das interpretações do significado da volumosa genitália masculina é que os seres humanos foram mais promíscuos no passado, quando nossos ancestrais se beneficiavam de um aparato superior de transmissão dos espermatozóides. Atualmente, contudo, pelos
  • 11. padrões humanos, os chimpanzés são muito mais promíscuos. As fêmeas que estão ovulando, o que se evidencia pela pele vermelha e intumescida ao redor de sua vagina, copulam livremente e com frequência com muitos membros do grupo. Todos os machos sabem quando uma fêmea está receptiva, por causa da mudança fisiológica conhecida como estro: sua genitália fica vermelha e inchada. Em contraste, nem a fêmea do orangotango nem a do gorila são promiscuas. Elas não tendem a expor seus órgãos reprodutores à atenção de muitos parceiros potenciais durante os períodos de ovulação. A competição entre os gorilas envolve a agressão corporal entre os machos. A armazenagem dos espermatozóides, em testículos pendentes na bolsa escrotal, e sua transmissão pela ejaculação peniana intromissiva e vigorosa, de importância fundamental para as pessoas e os chimpanzés, são menos significativas na vida dos gorilas e orangotangos. Provavelmente, o fato de os homens e os chimpanzés machos, terem pênis mais longos, testículos maiores, e produzirem mais espermatozóides do que os gorilas ou orangotangos está diretamente relacionado com sua tendência a manter contatos sexuais mais numerosos.” P. 147s “Os gorilas gozam de um sistema reprodutivo de "harém", no qual um macho, geralmente mais velho e com alguns cabelos grisalhos - o de dorso prateado -, domina os demais. Esse macho "alfa" dominante é quem escolhe as fêmeas. Ele exibe sua grande envergadura, estabelecendo a dominação sobre as fêmeas e os machos adolescentes. Seu minúsculo pênis ereto, de apenas cerca de 2,5 centímetros de comprimento, despeja uma quantidade relativamente pequena de espermatozóides. Em contrapartida, os gorilas machos tendem a ser violentos. Os machos alfa dominantes impedem que as fêmeas férteis cruzem com outros. Inversamente, nas espécies de primatas em que há menos diferenciação de tamanho entre machos e fêmeas, menos agressão masculina e, portanto, menos possessividade sexual, a competição tende mais a aparecer não no nível de corpos machucados, mas no do órgao sexual penetrante e dos espermatozóides nadadores. Enquanto os chimpanzés machos não lutarem entre si, mas compartilharem as fêmeas no cio, os que despejarem mais perto do óvulo o maior número possível de espermatozóides velozes serão os mais favorecidos. A grande dimensão corporal é uma vantagem entre os lutadores, mas entre os amantes o vantajoso e a genitália volumosa.” P. 148 “O dimorfismo sexual é comum nos animais em geral. Nas pessoas, os traços sexualmente dimórficos incluem as diferenças no padrão de peso, altura e cabelos. Entre nossos ancestrais, sem dúvida existiram equivalentes humanos dos machos dominantes dos gorilas, de pelagem prateada no dorso. Ainda hoje, em relação às fêmeas, nossos machos adultos exibem características dimórficas de dominação semelhantes às desses gorilas de dorso prateado. Esses traços incluem o porte grande, a musculatura sólida, que é útil nos combates por ciúme, o padrão masculino de calvície, o cabelo grosso, o cabelo e/ou pele escuros, a voz grave, os modos ríspidos, barba, bigode, costeletas e listras padronizadas nos cabelos grisalhos.” P. 152 “Algumas espécies de mamíferos exibem inversões sexuais impressionantes, que vão muito além de nossa experiência humana. Basta aqui um exemplo: a "masculinização" da hiena. Das quatro espécies existentes de hienas, somente a hiena-pintada, de clitoris gigantesco, é passível de estudo cientifico, já que só ela esta fora da lista de espécies em extinção. A hiena-pintada ou gargalhante (Crocuta crocuta) é um mamífero agressivo, cujas fêmeas são impressionantemente "masculinas". Bandos totalmente femininos dessas criaturas, cujos dentes parecem navalhas, reduzem uma zebra a quatro patas em
  • 12. um intervalo de 20 minutos. Suas fezes são brancas, pois elas mastigam e digerem os ossos. Até a década de 1990, ninguém havia determinado com êxito o sexo dessas criaturas, em razão de que todas elas, machos e fêmeas, pareciam exibir pênis pendentes. Agora, os cientistas sabem que o "pênis feminino" é, na verdade, o clitóris aumentado, ao passo que o órgão masculino é menor e mais largo. As fêmeas, que são fecundadas por machos menores e atarracados, de pênis muito longo, são inteiramente desprovidas de vagina. Inversamente de outros mamíferos placentários, os filhotes, em geral gêmeos, tem que fazer meia-volta no canal de parturição para sair pelo c1itóris. Dolorosamente, o parto se dá ao longo da extensão da uretra, que passa pelo interior do c1itóris gigantesco.” P. 157 “A infertilidade da maioria dos ratos-toupeira nus parece ter uma mediação hormonal. As rainhas dessas colonias - e não seus consortes masculinos - têm o mais alto nível sanguíneo de testosterona entre todos os seus membros. (...). O comportamento da rainha, assim como seus níveis de testosterona, aparentemente inibem o desenvolvimento sexual de outros membros dessa "ditadura reprodutiva”. Efeitos similares da redução da testosterona foram observados em sociedades de primatas, entre machos em combate. Depois de derrotar um macho dominante, as vezes os vencedores exibem níveis elevados de testosterona, enquanto os derrotados podem sofrer baixas significativas desse hormônio.” P. 166 “Certos feromônios, que a principio regulavam a atração e o comportamento nos protoctistas, provavelmente se transformaram em hormônios reguladores do crescimento no interior do corpo de cada animal. A medida que as células permaneceram juntas, depois da reprodução mitótica, transformando-se em organismos, as substâncias químicas que regulavam o comportamento entre membros de uma população dessas células transformaram-se nas substâncias químicas que regulam o comportamento entre as células do corpo. Esse processo também pode funcionar no sentido inverso: a medida que os organismos se agregam, convertendo-se em sociedades, os hormônios de seu interior podem tornar a "vazar" para o meio social. A testosterona, por exemplo, o mesmo esteróide que faz os meninos criarem barba, engrossarem a voz e adquirirem pelos no corpo, ao amadurecerem fisicamente e se tornarem homens, também funciona como um fator de atração - um feromônio - entre animais maduros. Por exemplo, a lampreia macho, um vertebrado aquático semelhante aos peixes, que tem dentes, mas não tem maxilares, pode atrair uma lampreia fêmea, liberando testosterona na ínfima dose de 29 picogramas por mililitro. 0 rato macho jovem (Mus musculus), exposto a urina de machos adultos, que contém testosterona, amadurece e se converte num adulto de peso inferior, com órgãos reprodutores menores. As fêmeas da espécie, entretanto, não são afetadas.” P. 170