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1
A INCLUSÃO ESCOLAR DO DEFICIENTE AUDITIVO:
CONTRIBUIÇÕES PARA O DEBATE EDUCACIONAL.
Wederson Honorato Inácio1
RESUMO
Nas últimas três décadas, o conceito das ciências clinico-antropológicas têm suscitado dúvidas
quanto aos mecanismos de avaliação sobres a surdez e como estes são ou estão inseridos no contexto
médico-social e educacional, também tem entrado na pauta o que apontam essas diferentes
representações sobres a surdez.
Evidência-se o processo de transformar questões sociais em biológicas, chamadas de
“biologização”, (caráter clínico) é bastante conhecido na história da humanidade, e suas conseqüências
para a educação têm ocasionado interpretações errôneas, sobre a surdez e em especial para a prática
pedagógica do ensino dos alunos com deficiência auditiva, outra forte evidência e sobre a questão da
inclusão social, pois abre um significado importante no bojo da política educacional brasileira.
Palavras-chaves: Deficiência auditiva, surdez, educação inclusiva, pesquisa e desenvolvimento
ABSTRAT
In last the three decades, the concept of clinico-antropológicas sciences has excited doubts how
much to the evaluation mechanisms the deafness and as these are or are inserted in the doctor-society
context and educational, also it has entered in the guideline what the deafness points these different
representations.
Evidence the process to transform social matters into biological, called “biologização”, (clinical
character) sufficiently it is known in the history of the humanity, and its consequences for the education have
caused errôneas interpretations, on the practical deafness and in special for the pedagogical one of the
education of the pupils with auditory deficiency, another strong evidence and on question of the social
inclusion, therefore opens one meaning important in the bulge of the Brazilian educational politics.
keyswords: deficiency, deafness, inclusive education, research and development
1 Pedagogo graduado pela Universidade Federal de Uberlândia
Pós-graduando em Educação Especial Universidade Federal de Uberlândia
Faculdade de Educação / Instituto de Psicologia
E-mail: wedderson@gmail.com.
2
O conceito de Surdez
Conceituar surdez num determinado contexto histórico, social ou educacional não
é uma tarefa simples, pois requer conhecimentos dos diferentes graus de perdas auditivas
do sujeito, seus relacionamentos com os pares, a forma com ele vê e como ouve o mundo
que o cerca são tão importantes, para que se possa iniciá-los no mundo da letras.
Todo individuo tem a capacidade de se apropriar, aprender e interagir frente ao
meio social do qual faz parte, todos nós já sabemos da existência dessas regras da
sociedade, agora e em particular quanto a linguagem, independente de como ela se
realiza, nos remete a questionar até que ponto essa forma de interação linguística quando
valorizada, aceitada e defendida passa a fazer parte de um contexto social.
Existem casos de grupos socialmente formados, pelo menos em termos
sociolingüísticos, no sentido da troca de informações, reciprocamente, essa forma de
linguagem, tende a se perpetuar, e este grupos quando capazes de expressar seus
anseios e seus desejos em todos os sentidos da liberdade de expressão passam a fazer
parte do jogo social, criam suas próprias regras para a escrita e a fala, estes pontos
chaves incita-nos a (re)pensar que a questão da surdez, ela tem mais um caráter de
“déficit de comunicação” por falta de instrumentos capazes de suprí-la do que uma
deficiência propriamente dita, que impossibilita a realização de qualquer tarefa da mais
simples a mais complexa, daí o fator de exclusão que se perpetua.
Segundo Skliar (1998, p.11) a surdez constitui uma diferença a ser politicamente
reconhecida; a surdez é uma experiência visual; a surdez é uma identidade múltipla ou
multifacetada e, finalmente, a surdez está localizada dentro do discurso sobre a
deficiência.
Para Skliar, existe a possibilidade de estar sempre buscando e propondo, conhecer
a apropriação das potencialidades do sujeito surdo, voltados para a análise dos discursos
acerca da surdez seja no contexto político, social e escolar inclusivistas, sem entretanto
esquivar da importância desse sujeito como agente de transformação, como um todo no
meio social.
Analisar esses sujeitos pela ótica de sua realidade, mencionadas acima são de
suma importância para que se possa compreender a realidade deste e como ocorre a
aquisição, ao uso da linguagem, e de como ela se perpetua no contexto histórico-social-
escolar da identidade do sujeito surdo.
3
Do lado biológico temos visto que, a medicina tem feito grandes progressos nas
curas e descobertas de remédios para várias doenças não só no mundo como também no
Brasil. Entretanto quando o assunto é deficiência auditiva ou surdez, a tendência do
médico e que haja a restituição da “normalidade” do sujeito quando da detecção de perda
auditiva, quando na verdade após todos os esforços em vão (tratamento), se negam a
afirmar uma doença inexistente, daí o caráter de portador de uma deficiência, negar ao
individuo, fazer parte de um contexto social diversificado, ocorre quando se percebe que
mais nada se pode fazer em termos clínicos, não se tem aqui o pretexto de discutir a
formação dos médicos, mas apenas discordar dessa perpetuação nos meios
profissionais, quanto a questão de (doença X deficiência X tratamento), que chegam a ser
em alguns casos desnecessários e até contraditórios.
Assim como existe grande falta de informação à cerca das deficiências em todos os
aspectos desde a física, visual e mental, a auditiva tem em si um caráter “visual” como no
dizer de Skliar, esse visual está naquilo que se diz é preciso ver a surdez, no sentido mais
amplo seria necessário em primeiro lugar conhecer que a linguagem utilizada pelo surdo
no caso a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), e ela que lhes dão o significado de “ser
surdo” do sujeito que utiliza forma diferente de se comunicar, num contexto social
definido, por sua principal característica a linguagem.
Definir a surdez como um fato concreto chama nossa atenção, em repensar a
formação do sujeito como um todo. A perda auditiva implica em várias mudanças desde
psicológica quanto social e educacional.
Cotidianamente determinamos a surdez como a perda da capacidade de ouvir, a
perda do som em seu aspecto natural, incapacidade de compreender a fala humana, são
segundo (Skliar, 1998), resultado de uma ideologia clinica na busca de uma explicação
para a surdez (doença x Tratamento) e, via das regras, como deve-se comunicar através
do uso da linguagem oral, cria-se uma busca para que haja a correção e a normalização
desse sujeito.
Chama-se a atenção neste ponto, que essa não é uma função da escola, pois
numa situação de vivência a escola deve evitar modelos de normalização, presumindo,
assim que se houver, perpetuará a exclusão em oposição a inclusão.
Cabe aqui também ressaltar, que há entretanto uma enorme disparidade quanto
às perdas auditivas, que vão desde perda auditiva leve, moderada e profunda, essas
diferenças também devem ser discutidas e analisadas em seus vários aspectos para
compreensão da surdez.
4
Existem sujeitos surdos capazes de ouvir e pronunciar palavras de forma quase
que totalmente dentro da normalidade da língua oral, em outros e quase inexistente a
percepção de uma linguagem fonoarticulatória, quando ocorre, e significativamente
perceptível a falta de domínio de vocabulário oralista, temos ainda, aqueles que são tidos
como surdos profundos, onde não há qualquer forma de comunicação oral, entretanto há
evidências de que ao ser estimulado precocemente, aprende a pronunciar palavras do
seu dia a dia, mas a incidência para o uso da linguagem gestual, deve ser natural e em
especial, incentivá-lo a tornar-se parte de um grupo identificado por essa característica
que é o uso da linguagem de sinais.
Pelo menos se tiveram em idade escolar e acesso a essa aprendizagem, terão
grandes avanços, é uma aprendizagem nos mesmos moldes do grupo socialmente
ouvinte.
Outra questão fundamental para a compreensão do sujeito surdo está focalizada
fora dele, no ambiente externo propriamente dito, ali é que ocorre todo o processo de
desmistificação acerca de sua capacidade de aprendizagem, pois a surdez é uma
questão de linguagem, portanto está fora do sujeito, (SKLIAR, 1988),
A linguagem qualquer que seja ela, faz parte e é do uso comum entre
determinados grupos sociais, eles apropriam-se desta para realizar entre si as mais
variadas formas de trocas de informações. Pelo ponto de vista da surdez ela pode e deve
ser superada através desse instrumento de comunicação adotada, com o uso da língua
de sinais, procurando compreender como se dá essas trocas.
È fundamental entender que a surdez não se caracteriza por uma diferença física
perceptível e ao contrário do que se pensa, ela está impregnada de preconceitos, num
dilema inesgotável em ser ou não ser uma deficiência?
No dizer de Nídia Regina Limeira de Sá:
Partindo então do pressuposto de que a falta eficaz de comunicação na vida de
[...] que a dificuldade maior dos surdos está exatamente na aquisição de uma
linguagem que subsidie seu desenvolvimento cognitivo, os estudos que
envolvem a condição de pessoa surda são revestidos de fundamental
importância e seriedade, visto que a surdez, analisada exclusivamente do
ponto de vista do desenvolvimento físico, não é uma deficiência grave, mas
a ausência da linguagem, além de criar dificuldades no relacionamento
pessoal, acaba por impedir todo o desenvolvimento psicossocial do
individuo.(SÁ, 1999, p. 47).
5
uma pessoa traz significado negativo, que tem trazido como conseqüências para a sua
formação social e educacional.
A falta de uma linguagem, independente de como ela seja, acarreta em especial na
criança, atraso em seu desenvolvimento cognitivo, de aprendizagem, dificuldades de
interação com outros sujeitos no seu meio, em consequência sua capacidade de
interação (trocas) com outros pode ser comprometida.
Além desse negativismo que se perpetua no meio social oralista, que deve ser
evitado, quando se diz que a criança não aprende e não se desenvolve pela falta da
aquisição e uso da linguagem oral.
As implicações da surdez na vida de uma pessoa, passam, do estado físico para o
psicológico, forma-se uma grande “lacuna” nessa comunicação entre o sujeito ouvinte e o
sujeito surdo, envolvido em especial na comunicação, nas trocas de informações, através
do processo fonoarticulatório, (Quadros, 2002) e vice-versa, o sujeito surdo perde, neste
ambiente por não ter uma “interação” de troca, e o resultado e o seu afastamento desse
ambiente, isolamento, solidão, perda de convívio social, são estes as principais causas
psicológicas, que afetam profundamente, o sujeito com limitações de comunicação.
Segundo Sá (1999 apud Vygotsky, 19, 24)...privilegiando as mediações culturais,
que caracterizam sua visão do homem enquanto ser social, atribui o exercício da
humanidade à possibilidade de o indivíduo estabelecer trocas culturais por meio da
linguagem.
Goldfeld (2001), nos alerta que a importância da linguagem proporciona trocas
culturais, de importância especial, pois o homem está inserido num contexto
evidentemente social, evidenciando então que a linguagem é um fator não apenas
lingüístico mas também cultural, neste dizer: o sujeito social tem que estar interagindo,
em primeiro plano culturalmente e em segundo linguisticamente para que seja percebido
pelo seu meio e pelos seus pares.
Sá (1999) nos brinda dessa forma com uma séries de razões para defender a tese
de que, o sujeito surdo, vive cercado de privações por falta exclusiva da troca de
comunicação, ora causada por imposição ao ensino oralista, ora por falta do domínio de
uma linguagem gestual visual como a Libras
Conseqüências disso são as imposições dos pais para que os filhos tenham
acesso ao direito de aprender, a linguagem oral, e não ao contrário, perpetua-se assim,
no sujeito surdo o estigma da incapacidade, de aprender conteúdos e um currículo que
em nada lhes diz respeito.
6
Entretanto, se o meio externo (escola/professores), não tiverem um preparo
adequado para lhe transmitir esses conteúdos, conhecendo diferentes formas de
transmitir-lhes, o saber, deixará muito a desejar, nos dois sentidos para aquele que
aprende e aquele que ensina, num processo de trocas nos mais variados níveis de
aprendizagem.
Um levantamento breve dos anos 80 sobre o uso da língua brasileira de sinais e
outras formas de comunicação, perpetuou-se por longos anos no debate educacional
brasileiro com grande defesa ao oralismo é o bilingüismo, prevaleciam em oposição ao
ensino de uma língua de sinais.
O sujeito surdo oralizado, tem ao longo da vida escolar acesso quase que
exclusivamente ao sistema oralista, no processo de aquisição e uso da fala, escrita,
aprende o conteúdo do oralismo, como se fosse um sujeito ouvinte, entretanto, ressalta-
se neste sentido que houve uma “imposição” não explicita para a aprendizagem do surdo
no contexto da educação dos ouvintes. É claro que o resultado estimado esteve bem
abaixo daquilo que se pode esperar do sujeito surdo, em comparação ao sujeito ouvinte.
Analisando o texto de Sá acima, temos que a linguagem é um processo de
transmissão natural e espontâneo, e não imposto, por causa disso temos milhares de
sujeitos surdos incapazes de compreender, seu meio por imposição de conceitos dos
padrões da língua oralista.
É de primordial importância que se adquire uma linguagem, qualquer que seja pelo
processo de interação com outros sujeitos, processos estes que devem se perpetuar em
nossas escolas, grupos de convivência, associações, em nossos lares, oferecer aos
surdos acessos a língua de sinais, deve ser uma das principais questões a serem
discutidas no nosso dia a dia.
Quando muito se fala em uma língua natural, entendemos que é aquela que se
aprende na troca e na interação da comunicação entre sujeitos, no contexto familiar.
O processo de aquisição de uma língua se dá quando o sujeito assimila a
estrutura, o léxico, a pragmática é a semântica da língua de modo natural e
espontâneo pelo simples contato com sujeitos proficientes nessa língua, ou
seja, o sujeito e imerso num determinado ambiente lingüístico e, sem
esforço, a adquire (SÁ, 1999, p.161)
7
Se o sujeito nasce surdo, na ausência do som ele aprenderá a se comunicar, no
meio familiar utilizando uma língua gestual, se estimulado pelos pais, mais tarde tornará
essa língua mais estrutural e irá torná-la mais complexa a medida que adquirir novos
conceitos, em termos didáticos-pedagógicos estará desenvolvendo sua capacidade de
aprendizagem, forma-se a estrutura, o léxico e a semântica dessa língua, tornado-a como
primeira língua natural, neste caso seria a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).
Que são seus primeiros educadores na aprendizagem da língua natural? São seus
pais, se surdos o filho terá um desenvolvimento linguístico natural em termos de língua de
sinais, se não forem surdos provavelmente o oralismo prevalecerá.
A tendência é adquirir a LS, ocorrerá conforme os estímulos é a busca permanente
por essa língua de sinais como natural, pois se ele tiver acesso ao aprendizado e domínio
dela, logo terá como segunda língua o Português, o inverso desse processo serve pra o
ouvinte, desde que sinta vontade de aprender a língua de sinais será um intérprete em
algumas situações, sendo um elo entre o mundo ouvinte e o mundo surdo, sem qualquer
perda cultural para ambos os sujeitos, ao contrário nos dá uma visão mais enriquecida de
um grupo social que tem muito para nos ensinar.
Conhecendo o Oralismo
Quando iniciamos nossos estudos a cerca do oralismo, enfocamos o conceito de
leitura labial, suas técnicas, seus pontos positivos e negativos seu uso freqüente por parte
daqueles que com algum comprometimento auditivo.
Ter a capacidade de ler os lábios implica uma gama de fatores nem sempre tidos
como algo simples; Ter que acompanhar os movimentos labiais do interlocutor suas
expressões faciais, gestos das mãos, corporal para que haja um entendimento por parte
do sujeito surdo, é que na maioria dos casos, não se atingi algo em torno de cem por
cento de compreensão, essas dificuldades exigem do sujeito surdo uma variedade de
situações que não lhe serão favoráveis em termos de compreensão por parte de pessoas
que não entendem sua forma de tentar compreender a linguagem.
A preocupação certamente por parte dos profissionais, defensores do oralismo está
exclusivamente na possibilidade do sujeito surdo atingir a capacidade do uso das palavras
gramaticais falada e escrita em especial quanto ao uso da segunda afirmativa, para se ter
um bom domínio da língua portuguesa.
8
Conforme Goldfeld (2001), “a noção de linguagem, para vários profissionais desta
filosofia, restringe-se à língua oral, e esta deve ser a única forma de comunicação dos
surdos. Para que a criança surda se comunique bem e necessário que ela possa oralizar”
No congresso internacional de Milão no final do século XIX, que o oralismo atingiu
sua valorização como forma única, imposto de forma não necessariamente natural, que
causou mal estar em vários profissionais e sujeitos surdos, pela proibição quanto ao uso
da língua de sinais, perpetuava-se ainda mais o estigma ao surdo, esses fatos, trouxeram
graves consequências para a comunidade surda, uma perda muito grande em seus
processos de aprendizagem cognitiva e domínio no uso de um instrumento capaz de
suprir suas reais necessidades de comunicação.
Estigmatizou-se a língua de sinais de tal forma, a proibir qualquer tipo de
linguagem gestual dentro das escolas.
Certamente o que estava ocorrendo no bojo da educação era que:
A afirmativa acima da autora nos chama a atenção, da necessidade de escolas e
professores especializados para o atendimento desses alunos, ocorre que muitos
questionamentos são feitos: de que forma os surdos aprendem?
Reconhecidamente o oralismo, tem importância fundamental ao processo de
aquisição das normas gramaticais, na reabilitação de do aparelho fonal e
consequentemente uma maior chance de se trabalhar com o sujeito surdo no contexto
escolar, mas o oralismo não dever ser visto como forma única existem outros modelos
que devem ser analisados.
[...] as crianças surdas geralmente não têm acesso a uma educação
especializada e é comum encontrarmos em escolas públicas e até
particulares, crianças surdas que estão há anos freqüentando estas escolas
e não conseguem adquirir nem a modalidade oral nem a modalidade
escrita da língua portuguesa, pois o atendimento ainda é muito precário.
(GOLDFELD , 2001, p 34)
9
O Bilingüismo
Para o sujeito surdo, o que melhor lhe convêm? Existem duas formas de
linguagem: a língua natural aprendida desde o nascimento como sendo a primeira língua
e outra como sendo uma segunda língua, no caso do surdo brasileiro,por que não duas
línguas, alguns estudiosos no assunto defendem que o mesmo deve ter a língua brasileira
de sinais como uma primeira língua e o Português como sendo uma segunda, defendem
que o sujeito surdo deve ser conhecedor da língua de sinais e em seguida ter o português
como forma de expressão com o mundo oralista, desta forma seria o sujeito surdo
possuidor de uma “comunicação total”.
Sendo assim, Godfeld (2001, p. 39) “o bilingüismo tem por pressuposto básico que
o surdo deve ser bilíngüe, ou seja deve adquirir como língua materna a língua de sinais,
que é considerada a língua natural dos surdos”.
Essa questão de uso do bilingüismo está sendo nós últimos anos modelo de
transmissão do saber em vários países da América e Europa, defendem que o uso, fará
com que haja uma aceitação por parte das comunidade ouvinte em aceitar essa
modalidade bilíngual.
Uma das principais questões que nos chama a atenção e de que a filosofia bilíngue
nos traz é a de que os surdos formam uma comunidade, com cultura e língua próprias, o
que pode passar despercebido, seria a exigência de que o surdo deve aprender o máximo
da língua oral como forma de aproximação ao padrão de normalidade, o bilingüismo se
mostra contra essa padronização, rejeita essa idéia de que o sujeito surdo deve se
adaptar ao ambiente da linguagem oral, ao contrário.
No dizer de Goldfeld(2001) “este aprendizado é bastante desejado mas não é
percebido como o único objetivo educacional do surdo nem como uma possibilidade de
minimizar as diferenças causadas pela surdez”.
10
Comunicação Total
O terceiro questionamento acerca das filosofia da linguagem surda, mostra o seu
caráter contrário a questão oralista:
“A comunicação total, em oposição ao oralismo, acredita que somente o
aprendizado da língua oral não assegura pleno desenvolvimento da criança surda”.
(GOLDFELD, 2001, p. 37).
Nesta mesma linha de discussão:
Goldfeld (2001 apud Ciccone, 1990) “afirma que muitas crianças que foram
expostas sistematicamente a modalidade oral de uma língua, antes dos três anos de
idade, conseguiram aprender esta língua de forma satisfatória, porém, no
desenvolvimento cognitivo, social e emocional não foram tão bem sucedidas”.
Essa modalidade de comunicação privilegia qualquer forma e uso de recurso
linguístico, sejam eles: Linguagens oral, gestual, visual ou qualquer outra forma, que
possa sistematizar e concretizar a comunicação com as pessoas surdas.
Merece destaca-se a quantidade de código manuais, surgidos em outros países
como nos Estados Unidos no Brasil, com a finalidade de efetivar a comunicação entre
ouvintes e surdos.
Tabela 1 – Códigos Manuais dos Estados Unidos2
MCE Manually Coded English
SIM ou SC Simultaneos Comunication
PSE Pidgin Sign English - Sign English - Manual English
Fonte: GOLDFELD (2001, p.37)
Tabela 2 – Códigos Manuais no Brasil3
LIBRAS Língua Brasileira de Sinais
Datilologia Alfabeto Manual
Cued-speech Sinais manuais que representam os sons da língua
portuguesa
Fonte GOLDFELD (2001, p. 37)
2 American Sign Language (ASL)
3 Comunicação Total
11
Língua de Sinais, tão importante e sobretudo essencial.
Apesar de vários anos sendo contestada, repudiada dentro e fora do contexto
escolar a língua de sinais (LS) brasileira atingiu seus ideais, somente na década de 80,
justamente acompanhada da entrada da Comunicação Total no Brasil.
Apoiada por setores mais liberais da educação brasileira, em especial por
educadores e pesquisadores, mas apesar dos poucos trabalhos nesta área, era
perceptível um desejo de maior engajamento em pesquisas e trabalhos sobre a surdez,
Formatavam a importância da existência e o uso da LS, a preocupação, quanto a
formação do docente como conhecedor desta, as leis que surgiam, tinham por finalidade
a busca de respaldo jurídico exemplo foi com às Leis de Diretrizes e Bases da Educação
(LDB) para serem aceitas dentro do contexto social, por exemplo a LS teve sua base pelo
trabalho realizado no contexto do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), nos
Centros de Convivências, nas Associações, todas como principais setores institucionais
de aprendizagem da LIBRAS, tal importância se fez necessária para que o processo de
aprendizagem da LS se concretizasse e tivesse resultados satisfatórios no processo de
aquisição do saber, do uso e do reconhecimento da LIBRAS.
12
As realizações do sujeito surdo
Existem vários pontos em comum entre os surdos, capacidades de realizarem
tarefas que exigem concentração, mas estes processos não necessariamente são
observados em todos, estas habilidades podem ser latentes em uns e inexistentes em
outros, como também é importante saber de qual meio social lhe impuseram o
aprendizado da linguagem seja ela oral ou de sinais,e é claro a importância do seu saber
escolar, suas possibilidade, e o que lhe foram oferecidas pela instituição escolar.
O reconhecimento é a valorização do sujeito surdo, visa antes de tudo:
A preocupação defendida no dizer de Quadros, vai muito mais além da simples
questão de aprender a ler e a escrever, sintetiza de modo concreto a importância da
língua natural sua aquisição e o seu domínio.
A escola deve ser ante de mais nada uma representação do que acontece na vida
social do sujeito surdo, com ênfase sobretudo no oferecimento de uma linguagem que lhe
proporcione realizações em todos os aspectos da vida, e no caso oferecer aos seus
educadores, acesso a aprendizagem da linguagem dos surdos em especial a Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS).
A aquisição da linguagem em crianças surdas deve acontecer através de
uma língua visual-espacial. No caso do Brasil, através da língua de sinais
brasileira. Isso independe de propostas pedagógicas (desenvolvimento da
cidadania, alfabetização, aquisição do português , aquisição dos
conhecimentos, etc.), pois é algo que deve ser pressuposto. Diante do fato
de crianças surdas virem para a escola sem uma língua adquirida, a escola
precisa estar atenta a programas que garantam o acesso à língua de sinais
brasileira mediante a interação social e cultural com pessoas surdas.
(QUADROS, 2002-2003).
13
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ressalta-se, a importância da existência de uma instituição capaz de reunir estes
sujeitos, aceitando-os e estimulando-os a serem participativos dentro de suas própria
possibilidades, preocupada com a formação social, para que possam se auto determinar
em seu meio, não deve ser deixado de lado esses pontos chaves. Pois estaremos
enfocando a questão de aprendizagem dentro do contexto educacional, que tem
subsídios, para que ocorra o desenvolvimento de seus educandos.
Como um processo lento mas gradual, a aprendizagem do surdo tem um tempo e
uma modalidade que cabe em especial a “escola”, oferecer, surgirá um emaranhado de
situações do dia a dia que possam sistematizar todo o processo de ensino-aprendizagem,
por outro lado não se deseja afirmar, que seja somente na escola, como o único lugar
onde deve ocorrer estas mudanças, mas também e principalmente dentro do seio familiar,
nas associações e grupos de sociais formados pelos sujeitos surdos.
Oferecer diversos mecanismos de interação com a linguagem por eles usadas,
como um instrumento de inclusão, que proporcione a todos serem compreendidos pelos
seus desejos e anseios, buscar apoios em todos os setores sociais e especializados, do
modo, a estar sempre conscientes sobre, os ideais de uma educação especial e
inclusivista.
O termo inclusão tem sido em muitos casos compreendido de forma errada, têm
sido visto do ponto de vista social em apenas incluir, colocar junto com outros e ponto
final, a inclusão é ante de tudo um processo de se auto analisar, de procurar no outro o
que ele tem a nos oferecer, a forma como vê a vida, as coisas e as pessoas.
No ambiente inclusivo somos todos diferentes em busca de objetivos comuns,
somos fadados ao mesmo fracasso, mas também temos a perspectiva de realizações
conjuntas se todos trabalharmos por um lugar comum a todos.
Ressalta-se, o que temos hoje em nossos dias é sobretudo valorizar o profissional
e a escola como formadores de uma sociedade igualitária e soberana.
14
REFERÊNCIAS
GOLDFELD, Márcia. A criança Surda: Linguagem e Cognição numa perspectiva sócio-
interacionista. São Paulo: Plexus, 2001. p. 34.
______. A criança Surda: Linguagem e Cognição numa perspectiva sócio-interacionista.
São Paulo: Plexus, 2001. p. 39.
QUADROS, Ronice Miller. Situando as Diferenças implicadas na Educação de
Surdos: Inclusão/Exclusão. In Revista Ponto de Vista, UFSC. N.º 4. 2002-2003.
SÁ, Nídia R. L. Educação de Surdos: a caminho do bilingüismo. Niterói: EduFF, 1999. p.
47.
______. Educação de Surdos: a caminho do bilingüismo. Niterói: EduFF, 1999. p. 48.
______. Educação de Surdos: a caminho do bilingüismo. Niterói: EduFF, 1999. p.161.
SILVIA, A.M; PINHEIRO, M.S.P; FRANÇA, M.N. Guia para Normalização de Trabalhos
Técnicos-Científicos: Projetos de Pesquisa-Trabalhos Acadêmicos, Dissertações e
Teses. 5.ª Ed. Uberlândia: UFU. 2006. 145p.
SKLIAR, Carlos. A surdez: Um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Dimensão, 1998.
p.11.
Inclusão escolar Deficiente Auditivo

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Inclusão escolar Deficiente Auditivo

  • 1. 1 A INCLUSÃO ESCOLAR DO DEFICIENTE AUDITIVO: CONTRIBUIÇÕES PARA O DEBATE EDUCACIONAL. Wederson Honorato Inácio1 RESUMO Nas últimas três décadas, o conceito das ciências clinico-antropológicas têm suscitado dúvidas quanto aos mecanismos de avaliação sobres a surdez e como estes são ou estão inseridos no contexto médico-social e educacional, também tem entrado na pauta o que apontam essas diferentes representações sobres a surdez. Evidência-se o processo de transformar questões sociais em biológicas, chamadas de “biologização”, (caráter clínico) é bastante conhecido na história da humanidade, e suas conseqüências para a educação têm ocasionado interpretações errôneas, sobre a surdez e em especial para a prática pedagógica do ensino dos alunos com deficiência auditiva, outra forte evidência e sobre a questão da inclusão social, pois abre um significado importante no bojo da política educacional brasileira. Palavras-chaves: Deficiência auditiva, surdez, educação inclusiva, pesquisa e desenvolvimento ABSTRAT In last the three decades, the concept of clinico-antropológicas sciences has excited doubts how much to the evaluation mechanisms the deafness and as these are or are inserted in the doctor-society context and educational, also it has entered in the guideline what the deafness points these different representations. Evidence the process to transform social matters into biological, called “biologização”, (clinical character) sufficiently it is known in the history of the humanity, and its consequences for the education have caused errôneas interpretations, on the practical deafness and in special for the pedagogical one of the education of the pupils with auditory deficiency, another strong evidence and on question of the social inclusion, therefore opens one meaning important in the bulge of the Brazilian educational politics. keyswords: deficiency, deafness, inclusive education, research and development 1 Pedagogo graduado pela Universidade Federal de Uberlândia Pós-graduando em Educação Especial Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Educação / Instituto de Psicologia E-mail: wedderson@gmail.com.
  • 2. 2 O conceito de Surdez Conceituar surdez num determinado contexto histórico, social ou educacional não é uma tarefa simples, pois requer conhecimentos dos diferentes graus de perdas auditivas do sujeito, seus relacionamentos com os pares, a forma com ele vê e como ouve o mundo que o cerca são tão importantes, para que se possa iniciá-los no mundo da letras. Todo individuo tem a capacidade de se apropriar, aprender e interagir frente ao meio social do qual faz parte, todos nós já sabemos da existência dessas regras da sociedade, agora e em particular quanto a linguagem, independente de como ela se realiza, nos remete a questionar até que ponto essa forma de interação linguística quando valorizada, aceitada e defendida passa a fazer parte de um contexto social. Existem casos de grupos socialmente formados, pelo menos em termos sociolingüísticos, no sentido da troca de informações, reciprocamente, essa forma de linguagem, tende a se perpetuar, e este grupos quando capazes de expressar seus anseios e seus desejos em todos os sentidos da liberdade de expressão passam a fazer parte do jogo social, criam suas próprias regras para a escrita e a fala, estes pontos chaves incita-nos a (re)pensar que a questão da surdez, ela tem mais um caráter de “déficit de comunicação” por falta de instrumentos capazes de suprí-la do que uma deficiência propriamente dita, que impossibilita a realização de qualquer tarefa da mais simples a mais complexa, daí o fator de exclusão que se perpetua. Segundo Skliar (1998, p.11) a surdez constitui uma diferença a ser politicamente reconhecida; a surdez é uma experiência visual; a surdez é uma identidade múltipla ou multifacetada e, finalmente, a surdez está localizada dentro do discurso sobre a deficiência. Para Skliar, existe a possibilidade de estar sempre buscando e propondo, conhecer a apropriação das potencialidades do sujeito surdo, voltados para a análise dos discursos acerca da surdez seja no contexto político, social e escolar inclusivistas, sem entretanto esquivar da importância desse sujeito como agente de transformação, como um todo no meio social. Analisar esses sujeitos pela ótica de sua realidade, mencionadas acima são de suma importância para que se possa compreender a realidade deste e como ocorre a aquisição, ao uso da linguagem, e de como ela se perpetua no contexto histórico-social- escolar da identidade do sujeito surdo.
  • 3. 3 Do lado biológico temos visto que, a medicina tem feito grandes progressos nas curas e descobertas de remédios para várias doenças não só no mundo como também no Brasil. Entretanto quando o assunto é deficiência auditiva ou surdez, a tendência do médico e que haja a restituição da “normalidade” do sujeito quando da detecção de perda auditiva, quando na verdade após todos os esforços em vão (tratamento), se negam a afirmar uma doença inexistente, daí o caráter de portador de uma deficiência, negar ao individuo, fazer parte de um contexto social diversificado, ocorre quando se percebe que mais nada se pode fazer em termos clínicos, não se tem aqui o pretexto de discutir a formação dos médicos, mas apenas discordar dessa perpetuação nos meios profissionais, quanto a questão de (doença X deficiência X tratamento), que chegam a ser em alguns casos desnecessários e até contraditórios. Assim como existe grande falta de informação à cerca das deficiências em todos os aspectos desde a física, visual e mental, a auditiva tem em si um caráter “visual” como no dizer de Skliar, esse visual está naquilo que se diz é preciso ver a surdez, no sentido mais amplo seria necessário em primeiro lugar conhecer que a linguagem utilizada pelo surdo no caso a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), e ela que lhes dão o significado de “ser surdo” do sujeito que utiliza forma diferente de se comunicar, num contexto social definido, por sua principal característica a linguagem. Definir a surdez como um fato concreto chama nossa atenção, em repensar a formação do sujeito como um todo. A perda auditiva implica em várias mudanças desde psicológica quanto social e educacional. Cotidianamente determinamos a surdez como a perda da capacidade de ouvir, a perda do som em seu aspecto natural, incapacidade de compreender a fala humana, são segundo (Skliar, 1998), resultado de uma ideologia clinica na busca de uma explicação para a surdez (doença x Tratamento) e, via das regras, como deve-se comunicar através do uso da linguagem oral, cria-se uma busca para que haja a correção e a normalização desse sujeito. Chama-se a atenção neste ponto, que essa não é uma função da escola, pois numa situação de vivência a escola deve evitar modelos de normalização, presumindo, assim que se houver, perpetuará a exclusão em oposição a inclusão. Cabe aqui também ressaltar, que há entretanto uma enorme disparidade quanto às perdas auditivas, que vão desde perda auditiva leve, moderada e profunda, essas diferenças também devem ser discutidas e analisadas em seus vários aspectos para compreensão da surdez.
  • 4. 4 Existem sujeitos surdos capazes de ouvir e pronunciar palavras de forma quase que totalmente dentro da normalidade da língua oral, em outros e quase inexistente a percepção de uma linguagem fonoarticulatória, quando ocorre, e significativamente perceptível a falta de domínio de vocabulário oralista, temos ainda, aqueles que são tidos como surdos profundos, onde não há qualquer forma de comunicação oral, entretanto há evidências de que ao ser estimulado precocemente, aprende a pronunciar palavras do seu dia a dia, mas a incidência para o uso da linguagem gestual, deve ser natural e em especial, incentivá-lo a tornar-se parte de um grupo identificado por essa característica que é o uso da linguagem de sinais. Pelo menos se tiveram em idade escolar e acesso a essa aprendizagem, terão grandes avanços, é uma aprendizagem nos mesmos moldes do grupo socialmente ouvinte. Outra questão fundamental para a compreensão do sujeito surdo está focalizada fora dele, no ambiente externo propriamente dito, ali é que ocorre todo o processo de desmistificação acerca de sua capacidade de aprendizagem, pois a surdez é uma questão de linguagem, portanto está fora do sujeito, (SKLIAR, 1988), A linguagem qualquer que seja ela, faz parte e é do uso comum entre determinados grupos sociais, eles apropriam-se desta para realizar entre si as mais variadas formas de trocas de informações. Pelo ponto de vista da surdez ela pode e deve ser superada através desse instrumento de comunicação adotada, com o uso da língua de sinais, procurando compreender como se dá essas trocas. È fundamental entender que a surdez não se caracteriza por uma diferença física perceptível e ao contrário do que se pensa, ela está impregnada de preconceitos, num dilema inesgotável em ser ou não ser uma deficiência? No dizer de Nídia Regina Limeira de Sá: Partindo então do pressuposto de que a falta eficaz de comunicação na vida de [...] que a dificuldade maior dos surdos está exatamente na aquisição de uma linguagem que subsidie seu desenvolvimento cognitivo, os estudos que envolvem a condição de pessoa surda são revestidos de fundamental importância e seriedade, visto que a surdez, analisada exclusivamente do ponto de vista do desenvolvimento físico, não é uma deficiência grave, mas a ausência da linguagem, além de criar dificuldades no relacionamento pessoal, acaba por impedir todo o desenvolvimento psicossocial do individuo.(SÁ, 1999, p. 47).
  • 5. 5 uma pessoa traz significado negativo, que tem trazido como conseqüências para a sua formação social e educacional. A falta de uma linguagem, independente de como ela seja, acarreta em especial na criança, atraso em seu desenvolvimento cognitivo, de aprendizagem, dificuldades de interação com outros sujeitos no seu meio, em consequência sua capacidade de interação (trocas) com outros pode ser comprometida. Além desse negativismo que se perpetua no meio social oralista, que deve ser evitado, quando se diz que a criança não aprende e não se desenvolve pela falta da aquisição e uso da linguagem oral. As implicações da surdez na vida de uma pessoa, passam, do estado físico para o psicológico, forma-se uma grande “lacuna” nessa comunicação entre o sujeito ouvinte e o sujeito surdo, envolvido em especial na comunicação, nas trocas de informações, através do processo fonoarticulatório, (Quadros, 2002) e vice-versa, o sujeito surdo perde, neste ambiente por não ter uma “interação” de troca, e o resultado e o seu afastamento desse ambiente, isolamento, solidão, perda de convívio social, são estes as principais causas psicológicas, que afetam profundamente, o sujeito com limitações de comunicação. Segundo Sá (1999 apud Vygotsky, 19, 24)...privilegiando as mediações culturais, que caracterizam sua visão do homem enquanto ser social, atribui o exercício da humanidade à possibilidade de o indivíduo estabelecer trocas culturais por meio da linguagem. Goldfeld (2001), nos alerta que a importância da linguagem proporciona trocas culturais, de importância especial, pois o homem está inserido num contexto evidentemente social, evidenciando então que a linguagem é um fator não apenas lingüístico mas também cultural, neste dizer: o sujeito social tem que estar interagindo, em primeiro plano culturalmente e em segundo linguisticamente para que seja percebido pelo seu meio e pelos seus pares. Sá (1999) nos brinda dessa forma com uma séries de razões para defender a tese de que, o sujeito surdo, vive cercado de privações por falta exclusiva da troca de comunicação, ora causada por imposição ao ensino oralista, ora por falta do domínio de uma linguagem gestual visual como a Libras Conseqüências disso são as imposições dos pais para que os filhos tenham acesso ao direito de aprender, a linguagem oral, e não ao contrário, perpetua-se assim, no sujeito surdo o estigma da incapacidade, de aprender conteúdos e um currículo que em nada lhes diz respeito.
  • 6. 6 Entretanto, se o meio externo (escola/professores), não tiverem um preparo adequado para lhe transmitir esses conteúdos, conhecendo diferentes formas de transmitir-lhes, o saber, deixará muito a desejar, nos dois sentidos para aquele que aprende e aquele que ensina, num processo de trocas nos mais variados níveis de aprendizagem. Um levantamento breve dos anos 80 sobre o uso da língua brasileira de sinais e outras formas de comunicação, perpetuou-se por longos anos no debate educacional brasileiro com grande defesa ao oralismo é o bilingüismo, prevaleciam em oposição ao ensino de uma língua de sinais. O sujeito surdo oralizado, tem ao longo da vida escolar acesso quase que exclusivamente ao sistema oralista, no processo de aquisição e uso da fala, escrita, aprende o conteúdo do oralismo, como se fosse um sujeito ouvinte, entretanto, ressalta- se neste sentido que houve uma “imposição” não explicita para a aprendizagem do surdo no contexto da educação dos ouvintes. É claro que o resultado estimado esteve bem abaixo daquilo que se pode esperar do sujeito surdo, em comparação ao sujeito ouvinte. Analisando o texto de Sá acima, temos que a linguagem é um processo de transmissão natural e espontâneo, e não imposto, por causa disso temos milhares de sujeitos surdos incapazes de compreender, seu meio por imposição de conceitos dos padrões da língua oralista. É de primordial importância que se adquire uma linguagem, qualquer que seja pelo processo de interação com outros sujeitos, processos estes que devem se perpetuar em nossas escolas, grupos de convivência, associações, em nossos lares, oferecer aos surdos acessos a língua de sinais, deve ser uma das principais questões a serem discutidas no nosso dia a dia. Quando muito se fala em uma língua natural, entendemos que é aquela que se aprende na troca e na interação da comunicação entre sujeitos, no contexto familiar. O processo de aquisição de uma língua se dá quando o sujeito assimila a estrutura, o léxico, a pragmática é a semântica da língua de modo natural e espontâneo pelo simples contato com sujeitos proficientes nessa língua, ou seja, o sujeito e imerso num determinado ambiente lingüístico e, sem esforço, a adquire (SÁ, 1999, p.161)
  • 7. 7 Se o sujeito nasce surdo, na ausência do som ele aprenderá a se comunicar, no meio familiar utilizando uma língua gestual, se estimulado pelos pais, mais tarde tornará essa língua mais estrutural e irá torná-la mais complexa a medida que adquirir novos conceitos, em termos didáticos-pedagógicos estará desenvolvendo sua capacidade de aprendizagem, forma-se a estrutura, o léxico e a semântica dessa língua, tornado-a como primeira língua natural, neste caso seria a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Que são seus primeiros educadores na aprendizagem da língua natural? São seus pais, se surdos o filho terá um desenvolvimento linguístico natural em termos de língua de sinais, se não forem surdos provavelmente o oralismo prevalecerá. A tendência é adquirir a LS, ocorrerá conforme os estímulos é a busca permanente por essa língua de sinais como natural, pois se ele tiver acesso ao aprendizado e domínio dela, logo terá como segunda língua o Português, o inverso desse processo serve pra o ouvinte, desde que sinta vontade de aprender a língua de sinais será um intérprete em algumas situações, sendo um elo entre o mundo ouvinte e o mundo surdo, sem qualquer perda cultural para ambos os sujeitos, ao contrário nos dá uma visão mais enriquecida de um grupo social que tem muito para nos ensinar. Conhecendo o Oralismo Quando iniciamos nossos estudos a cerca do oralismo, enfocamos o conceito de leitura labial, suas técnicas, seus pontos positivos e negativos seu uso freqüente por parte daqueles que com algum comprometimento auditivo. Ter a capacidade de ler os lábios implica uma gama de fatores nem sempre tidos como algo simples; Ter que acompanhar os movimentos labiais do interlocutor suas expressões faciais, gestos das mãos, corporal para que haja um entendimento por parte do sujeito surdo, é que na maioria dos casos, não se atingi algo em torno de cem por cento de compreensão, essas dificuldades exigem do sujeito surdo uma variedade de situações que não lhe serão favoráveis em termos de compreensão por parte de pessoas que não entendem sua forma de tentar compreender a linguagem. A preocupação certamente por parte dos profissionais, defensores do oralismo está exclusivamente na possibilidade do sujeito surdo atingir a capacidade do uso das palavras gramaticais falada e escrita em especial quanto ao uso da segunda afirmativa, para se ter um bom domínio da língua portuguesa.
  • 8. 8 Conforme Goldfeld (2001), “a noção de linguagem, para vários profissionais desta filosofia, restringe-se à língua oral, e esta deve ser a única forma de comunicação dos surdos. Para que a criança surda se comunique bem e necessário que ela possa oralizar” No congresso internacional de Milão no final do século XIX, que o oralismo atingiu sua valorização como forma única, imposto de forma não necessariamente natural, que causou mal estar em vários profissionais e sujeitos surdos, pela proibição quanto ao uso da língua de sinais, perpetuava-se ainda mais o estigma ao surdo, esses fatos, trouxeram graves consequências para a comunidade surda, uma perda muito grande em seus processos de aprendizagem cognitiva e domínio no uso de um instrumento capaz de suprir suas reais necessidades de comunicação. Estigmatizou-se a língua de sinais de tal forma, a proibir qualquer tipo de linguagem gestual dentro das escolas. Certamente o que estava ocorrendo no bojo da educação era que: A afirmativa acima da autora nos chama a atenção, da necessidade de escolas e professores especializados para o atendimento desses alunos, ocorre que muitos questionamentos são feitos: de que forma os surdos aprendem? Reconhecidamente o oralismo, tem importância fundamental ao processo de aquisição das normas gramaticais, na reabilitação de do aparelho fonal e consequentemente uma maior chance de se trabalhar com o sujeito surdo no contexto escolar, mas o oralismo não dever ser visto como forma única existem outros modelos que devem ser analisados. [...] as crianças surdas geralmente não têm acesso a uma educação especializada e é comum encontrarmos em escolas públicas e até particulares, crianças surdas que estão há anos freqüentando estas escolas e não conseguem adquirir nem a modalidade oral nem a modalidade escrita da língua portuguesa, pois o atendimento ainda é muito precário. (GOLDFELD , 2001, p 34)
  • 9. 9 O Bilingüismo Para o sujeito surdo, o que melhor lhe convêm? Existem duas formas de linguagem: a língua natural aprendida desde o nascimento como sendo a primeira língua e outra como sendo uma segunda língua, no caso do surdo brasileiro,por que não duas línguas, alguns estudiosos no assunto defendem que o mesmo deve ter a língua brasileira de sinais como uma primeira língua e o Português como sendo uma segunda, defendem que o sujeito surdo deve ser conhecedor da língua de sinais e em seguida ter o português como forma de expressão com o mundo oralista, desta forma seria o sujeito surdo possuidor de uma “comunicação total”. Sendo assim, Godfeld (2001, p. 39) “o bilingüismo tem por pressuposto básico que o surdo deve ser bilíngüe, ou seja deve adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada a língua natural dos surdos”. Essa questão de uso do bilingüismo está sendo nós últimos anos modelo de transmissão do saber em vários países da América e Europa, defendem que o uso, fará com que haja uma aceitação por parte das comunidade ouvinte em aceitar essa modalidade bilíngual. Uma das principais questões que nos chama a atenção e de que a filosofia bilíngue nos traz é a de que os surdos formam uma comunidade, com cultura e língua próprias, o que pode passar despercebido, seria a exigência de que o surdo deve aprender o máximo da língua oral como forma de aproximação ao padrão de normalidade, o bilingüismo se mostra contra essa padronização, rejeita essa idéia de que o sujeito surdo deve se adaptar ao ambiente da linguagem oral, ao contrário. No dizer de Goldfeld(2001) “este aprendizado é bastante desejado mas não é percebido como o único objetivo educacional do surdo nem como uma possibilidade de minimizar as diferenças causadas pela surdez”.
  • 10. 10 Comunicação Total O terceiro questionamento acerca das filosofia da linguagem surda, mostra o seu caráter contrário a questão oralista: “A comunicação total, em oposição ao oralismo, acredita que somente o aprendizado da língua oral não assegura pleno desenvolvimento da criança surda”. (GOLDFELD, 2001, p. 37). Nesta mesma linha de discussão: Goldfeld (2001 apud Ciccone, 1990) “afirma que muitas crianças que foram expostas sistematicamente a modalidade oral de uma língua, antes dos três anos de idade, conseguiram aprender esta língua de forma satisfatória, porém, no desenvolvimento cognitivo, social e emocional não foram tão bem sucedidas”. Essa modalidade de comunicação privilegia qualquer forma e uso de recurso linguístico, sejam eles: Linguagens oral, gestual, visual ou qualquer outra forma, que possa sistematizar e concretizar a comunicação com as pessoas surdas. Merece destaca-se a quantidade de código manuais, surgidos em outros países como nos Estados Unidos no Brasil, com a finalidade de efetivar a comunicação entre ouvintes e surdos. Tabela 1 – Códigos Manuais dos Estados Unidos2 MCE Manually Coded English SIM ou SC Simultaneos Comunication PSE Pidgin Sign English - Sign English - Manual English Fonte: GOLDFELD (2001, p.37) Tabela 2 – Códigos Manuais no Brasil3 LIBRAS Língua Brasileira de Sinais Datilologia Alfabeto Manual Cued-speech Sinais manuais que representam os sons da língua portuguesa Fonte GOLDFELD (2001, p. 37) 2 American Sign Language (ASL) 3 Comunicação Total
  • 11. 11 Língua de Sinais, tão importante e sobretudo essencial. Apesar de vários anos sendo contestada, repudiada dentro e fora do contexto escolar a língua de sinais (LS) brasileira atingiu seus ideais, somente na década de 80, justamente acompanhada da entrada da Comunicação Total no Brasil. Apoiada por setores mais liberais da educação brasileira, em especial por educadores e pesquisadores, mas apesar dos poucos trabalhos nesta área, era perceptível um desejo de maior engajamento em pesquisas e trabalhos sobre a surdez, Formatavam a importância da existência e o uso da LS, a preocupação, quanto a formação do docente como conhecedor desta, as leis que surgiam, tinham por finalidade a busca de respaldo jurídico exemplo foi com às Leis de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) para serem aceitas dentro do contexto social, por exemplo a LS teve sua base pelo trabalho realizado no contexto do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), nos Centros de Convivências, nas Associações, todas como principais setores institucionais de aprendizagem da LIBRAS, tal importância se fez necessária para que o processo de aprendizagem da LS se concretizasse e tivesse resultados satisfatórios no processo de aquisição do saber, do uso e do reconhecimento da LIBRAS.
  • 12. 12 As realizações do sujeito surdo Existem vários pontos em comum entre os surdos, capacidades de realizarem tarefas que exigem concentração, mas estes processos não necessariamente são observados em todos, estas habilidades podem ser latentes em uns e inexistentes em outros, como também é importante saber de qual meio social lhe impuseram o aprendizado da linguagem seja ela oral ou de sinais,e é claro a importância do seu saber escolar, suas possibilidade, e o que lhe foram oferecidas pela instituição escolar. O reconhecimento é a valorização do sujeito surdo, visa antes de tudo: A preocupação defendida no dizer de Quadros, vai muito mais além da simples questão de aprender a ler e a escrever, sintetiza de modo concreto a importância da língua natural sua aquisição e o seu domínio. A escola deve ser ante de mais nada uma representação do que acontece na vida social do sujeito surdo, com ênfase sobretudo no oferecimento de uma linguagem que lhe proporcione realizações em todos os aspectos da vida, e no caso oferecer aos seus educadores, acesso a aprendizagem da linguagem dos surdos em especial a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). A aquisição da linguagem em crianças surdas deve acontecer através de uma língua visual-espacial. No caso do Brasil, através da língua de sinais brasileira. Isso independe de propostas pedagógicas (desenvolvimento da cidadania, alfabetização, aquisição do português , aquisição dos conhecimentos, etc.), pois é algo que deve ser pressuposto. Diante do fato de crianças surdas virem para a escola sem uma língua adquirida, a escola precisa estar atenta a programas que garantam o acesso à língua de sinais brasileira mediante a interação social e cultural com pessoas surdas. (QUADROS, 2002-2003).
  • 13. 13 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ressalta-se, a importância da existência de uma instituição capaz de reunir estes sujeitos, aceitando-os e estimulando-os a serem participativos dentro de suas própria possibilidades, preocupada com a formação social, para que possam se auto determinar em seu meio, não deve ser deixado de lado esses pontos chaves. Pois estaremos enfocando a questão de aprendizagem dentro do contexto educacional, que tem subsídios, para que ocorra o desenvolvimento de seus educandos. Como um processo lento mas gradual, a aprendizagem do surdo tem um tempo e uma modalidade que cabe em especial a “escola”, oferecer, surgirá um emaranhado de situações do dia a dia que possam sistematizar todo o processo de ensino-aprendizagem, por outro lado não se deseja afirmar, que seja somente na escola, como o único lugar onde deve ocorrer estas mudanças, mas também e principalmente dentro do seio familiar, nas associações e grupos de sociais formados pelos sujeitos surdos. Oferecer diversos mecanismos de interação com a linguagem por eles usadas, como um instrumento de inclusão, que proporcione a todos serem compreendidos pelos seus desejos e anseios, buscar apoios em todos os setores sociais e especializados, do modo, a estar sempre conscientes sobre, os ideais de uma educação especial e inclusivista. O termo inclusão tem sido em muitos casos compreendido de forma errada, têm sido visto do ponto de vista social em apenas incluir, colocar junto com outros e ponto final, a inclusão é ante de tudo um processo de se auto analisar, de procurar no outro o que ele tem a nos oferecer, a forma como vê a vida, as coisas e as pessoas. No ambiente inclusivo somos todos diferentes em busca de objetivos comuns, somos fadados ao mesmo fracasso, mas também temos a perspectiva de realizações conjuntas se todos trabalharmos por um lugar comum a todos. Ressalta-se, o que temos hoje em nossos dias é sobretudo valorizar o profissional e a escola como formadores de uma sociedade igualitária e soberana.
  • 14. 14 REFERÊNCIAS GOLDFELD, Márcia. A criança Surda: Linguagem e Cognição numa perspectiva sócio- interacionista. São Paulo: Plexus, 2001. p. 34. ______. A criança Surda: Linguagem e Cognição numa perspectiva sócio-interacionista. São Paulo: Plexus, 2001. p. 39. QUADROS, Ronice Miller. Situando as Diferenças implicadas na Educação de Surdos: Inclusão/Exclusão. In Revista Ponto de Vista, UFSC. N.º 4. 2002-2003. SÁ, Nídia R. L. Educação de Surdos: a caminho do bilingüismo. Niterói: EduFF, 1999. p. 47. ______. Educação de Surdos: a caminho do bilingüismo. Niterói: EduFF, 1999. p. 48. ______. Educação de Surdos: a caminho do bilingüismo. Niterói: EduFF, 1999. p.161. SILVIA, A.M; PINHEIRO, M.S.P; FRANÇA, M.N. Guia para Normalização de Trabalhos Técnicos-Científicos: Projetos de Pesquisa-Trabalhos Acadêmicos, Dissertações e Teses. 5.ª Ed. Uberlândia: UFU. 2006. 145p. SKLIAR, Carlos. A surdez: Um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Dimensão, 1998. p.11.