O documento fornece um diagnóstico da cadeia produtiva do comércio em Belo Horizonte, Brasil. Ele descreve a composição da cadeia, incluindo fornecedores, produtores e consumidores, e analisa tendências do setor no Brasil e no mundo. A pesquisa primária revelou desafios como mobilidade urbana, resistência à inovação e questões estruturais. Estratégias sugeridas incluem um arranjo institucional entre setor público, empresas e universidades para aumentar competitividade de forma sustentável.
3. Apresentação
- Objetivo da pesquisa: obter um melhor conhecimento da problemática da
cadeia produtiva do comércio em Belo Horizonte.
- Estudo inclui pesquisa quantitativa em fontes primárias e levantamento em
fontes secundárias de dados relacionados à cadeia investigada.
- Metodologia:
. Classificação dos atores da cadeia produtiva de acordo com os elos:
fornecedor de insumos, produtor e consumidor.
. Escolha do “elo” alvo da pesquisa primária de acordo com a importância e
centralidade do elo na cadeia produtiva em Belo Horizonte.
. Elaboração do questionário e roteiro de entrevistas em parceria com a equipe
técnica da PBH e representantes de entidades de classe da cadeia produtiva.
4. Composição da Cadeia Produtiva do Comércio
Fonecedores:
- Produtores de bens duráveis, semiduráveis e não duráveis
comercializados na cadeia produtiva.
Produtores:
- Comércio atacadista.
- Comércio varejista.
- Comércio de veículos automotores, peças e motocicletas.
Consumidores:
- Elo final da cadeia produtiva . São representados por toda a
sociedade.
5. Fornecedores de Insumos
- Apresentam características relacionadas à forma de organização, distribuição,
armazenamento e comercialização bastante heterogêneas, de acordo com o
porte dos estabelecimentos e com o segmento em que atuam.
- Formas de intermediação:
Fonte: Guidolim et.al. (2009)
6. Fornecedores de Insumos
- A frequência de contato com o consumidor, o nível de envolvimento do
cliente, força das marcas transacionadas e a competitividade dos fornecedores
determinam o poder do varejo em relação à indústria.
- Em Belo Horizonte e sua Região Metropolitana, seguindo a tendência
brasileira e mundial, verificam-se as três formas de intermediação entre
produtores e consumidores, as quais variam de acordo com as classes do
comércio em que atuam e o porte dos estabelecimentos.
- As grandes redes de super e hipermercados e as lojas de departamento vem
apresentando, por exemplo, tendência crescente de comercialização de marcas
próprias. Por sua vez, os pequenos mercados de bairro são bastante
dependentes da intermediação dos atacadistas.
7. Produtores: Comércio de Veículos Automotores, Peças e Motocicletas
(3.206 estabelecimentos e 23.271 empregos formais)
Participação (%) das classes do comércio de veículos, peças e motocicletas no total do
número de estabelecimentos e do emprego no segmento, Belo Horizonte/MG, 2010
Classe CNAE 2.0 Estabelecimentos Emprego
Comércio a varejo e por atacado de veículos automotores 12,5% 34,0%
Representantes comerciais e agentes do comércio de veículos automotores 0,8% 0,3%
Manutenção e reparação de veículos automotores 38,6% 23,2%
Comércio de peças e acessórios para veículos automotores 41,5% 37,4%
Comércio por atacado e a varejo de motocicletas, peças e acessórios 5,5% 4,6%
Representantes comerciais e agentes do comércio de motocicletas,peças e acessórios 0,2% 0,0%
Manutenção e reparação de motocicletas 0,8% 0,3%
Fonte: MTE – RAIS, 2010. Elaborado pelo IPEAD/UFMG
-O desempenho do setor tem sido positivamente afetado pelas facilidades de crédito, descontos e
prazos de pagamento. Este bom desempenho tem incentivado a disseminação das concessionárias e
lojas de revenda de carros pelo município, que se caracteriza pela concentração de tais atividades
em determinadas regiões da cidade.
8. Produtores: Comércio Atacadista
(3.206 Estabelecimentos e 32.485 Empregos Formais)
Participação (%) dos grupos do comércio atacadista no total do número de
estabelecimentos e do emprego no segmento, Belo Horizonte/MG, 2010
Grupos CNAE 2.0 Estabelecimentos Empregos
Representantes comerciais e agentes do comércio,
exceto de veículos automotores e motocicletas 18,80% 9,90%
Comércio atacadista de matérias primas agrícolas e
animais vivos 2,00% 1,00%
Comércio atacadista especializado em produtos
alimentícios, bebidas e fumo 10,30% 19,60%
Comércio atacadista de produtos de consumo não
alimentar 34,30% 29,40%
Comércio atacadista de equipamentos e produtos TIC 3,30% 3,20%
Comércio atacadista de máquinas, aparelhos e
equipamentos, exceto TIC 9,30% 9,60%
Comércio atacadista de madeira, ferragens, ferramentas,
mat. elétrico e mat. construção 9,00% 13,40%
Comércio atacadista especializado em outros produtos 10,70% 11,90%
Comércio atacadista não especializado 2,30% 2,10%
Fonte: MTE – RAIS, 2010. Elaborado pelo IPEAD/UFMG
9. Produtores: Comércio Varejista (19.025 estabelecimentos e 133.049 empregos formais)
Classe CANE 2.0 Estabelecimento (%) Emprego (%)
Hipermercados e supermercados 1,80 15,50
Artigos do vestuário e acessórios 17,60 12,80
Produtos de padaria, laticínio, doces, balas e semelhantes 6,70 9,00
Outros produtos novos não especificados anteriormente 11,30 7,80
Produtos farmacêuticos de uso humano e veterinário 4,80 7,10
Ferragens, madeira e materiais de construção 6,90 5,90
Calçados e artigos de viagem 4,30 3,80
Tecidos e artigos de cama, mesa e banho 4,00 3,00
Livros, jornais, revistas e papelaria 3,60 2,90
Combustíveis para veículos automotores 1,70 2,90
Móveis, colchoaria e artigos de iluminação 4,20 2,50
Minimercados, mercearias e armazéns 3,70 2,50
Equipamentos e suprimentos de informática 2,70 2,40
Eletrodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo 1,40 2,30
Hortifrutigranjeiros 1,80 2,20
Sem predominância de produtos alimentícios 0,90 2,10
Cosméticos, perfumaria e de higiene pessoal 2,20 1,90
Carnes e pescados açougues e peixarias 2,60 1,60
Produtos alimentícios não especificados anteriormente 2,40 1,60
Artigos recreativos e esportivos 1,70 1,30
Telefonia e comunicação 1,40 1,30
Artigos de óptica 2,10 1,20
Artigos de uso doméstico não especificados anteriormente 1,70 1,00
Bebidas 1,60 0,90
Vidros 0,90 0,70
Material elétrico 0,80 0,70
Joias e relógios 1,10 0,60
Tintas e materiais para pintura 0,80 0,60
Artigos médicos e ortopédicos 0,80 0,60
Gás liquefeito de petróleo (GLP) 1,00 0,40
Peças e acessórios eletroeletrônicos de uso doméstico, exceto informática e comunicação 0,40 0,20
Artigos usados 0,40 0,20
Instrumentos musicais e acessórios 0,20 0,20
Lubrificantes 0,10 0,20
Discos, CDs, DVDs e fitas 0,30 0,10
Fonte: MTE – RAIS, 2010
10. Consumidores
Expansão do consumo:
- Expansão do poder de compra das famílias (crescimento econômico, aumento do
emprego e da massa salarial disponível, ascensão de parcela considerável da população à
classe C e aumento do acesso ao crédito).
Preferências do consumidor:
- Produtos sustentáveis.
- Utilização da internet e das redes sociais para pesquisas, compras e trocas de opinião.
- Busca pelo conforto, autenticidade, praticidade e simplicidade.
Desafio do comércio atual (Guidolin, 2009):
- Atender pessoas mais informadas, mais exigentes e com menor tempo disponível para
compras, ofertando proximidade, variedade e atendimento.
11. Importância Econômica da Cadeia Produtiva do Comércio em
Belo Horizonte
- 3,52% do total dos serviços em Belo Horizonte em 2010 (PBH- SMF).
- Aproximadamente 15% da arrecadação estadual em Belo Horizonte em 2010 (SEF/MG).
- 34% dos estabelecimentos formais de Belo Horizonte em 2010 (RAIS).
- 15,4% dos estabelecimentos formais da Cadeia do Comércio em Minas Gerais em 2010
(RAIS).
- 53% dos estabelecimentos comerciais possuíam até 4 funcionários em 2010(RAIS).
- 13,9% do emprego formal de Belo Horizonte em 2010 (RAIS).
- Rendimento médio mensal em 2009 (PNAD): R$ 1.195,20.
- Taxa de informalidade em 2009 (PNAD): 37,9%.
12. Tendências Mundiais
- Expansão do sistema de compras on-line.
- Incorporação de ferramentas de tecnologia da informação e comunicação em
toda a cadeia produtiva.
- Gestão de multicanais de venda.
- Fortalecimento das grandes redes de comércio.
- Expansão das lojas “mono marcas” e “outlets”.
- Expansão dos estabelecimentos de grande porte que comercializam maior
variedade de itens.
- Crescimento dos processos de fusão e aquisição.
- Fortalecimento do sistema de franquias.
- Internacionalização, consolidação e sofisticação dos diversos segmentos.
- Crescente profissionalização da gestão dos negócios.
13. Tendências Locais
- Expansão do número de shopping centers.
- Expansão das franquias.
- Abertura das lojas exclusivas de marcas importantes no mercado.
- Expansão das grandes redes e das lojas de departamento.
- Crescimento da utilização das redes sociais e dos canais de compra pela
internet.
14. Pesquisa Primária: Principais Resultados
Fornecedores:
- Na percepação dos entrevistados, a relação direta entre produtores e
consumidores não é bem vista pelos empresários do setor. Entretanto, esta
forma de intermediação é ainda recente e pouco significativa no mercado da
capital.
- Existe uma forte presença da intermediação dos atacadistas, visto que o
comerciante não tem acesso direto à indústria ou ao produtor, que, por sua vez,
não conta com logística de distribuição para atender a imensa capilaridade do
comércio local. Contudo, os entrevistados mostram-se preocupados em relação
às condições da infraestrutura de transporte e armazenamento das mercadorias.
As estradas ruins, as deficiências no armazenamento e embalagens dos
produtos foram citados como aspectos que oneram o setor, porque impactam
negativamente na qualidade, preço e prazo de entrega dos produtos.
15. Pesquisa Primária: Principais Resultados
Produtores:
- Predomínio dos pequenos estabelecimentos.
- Diversidade de áreas de atuação.
- Descentralização que promoveu o crescimento do comércio em bairros
menos tradicionais.
- Atendimento diferenciado e cortês.
- Classe empresarial que participa ativamente das entidades de classe.
Consumidores:
- “Muito exigentes”;
- “Conservadores”, mas ao mesmo tempo “modernos”.
16. Pesquisa Primária: Principais Resultados
Empecilhos ao desenvolvimento da Cadeia produtova do Comércio em Belo Horizonte:
- Problemas de mobilidade urbana relacionados ao deslocamento e conforto dos consumidores
e abastecimento das lojas (como trânsito congestionado e falta de estacionamento).
- Resistência à inovação por parte dos consumidores e empresários.
- Legislação muito severa.
Principais desafios da cadeia:
- Resistir à concorrência das grandes redes e do mercado virtual.
- Aprimorar os mecanismos de gestão.
- Adaptar a um novo tipo de consumidor, mais moderno, que exige outras modalidades do
comércio e atendimento.
- Superar a falta e a alta rotatividade da mão de obra.
- Problemas de base estrutural: dificuldades tributárias e de acesso a financiamentos
(principalmente as micro e pequenas empresas), altas taxas de juros cobradas pelos bancos e
pelos cartões de crédito, questões de ordem trabalhista e a necessidade de redução da
informalidade, problemas logísticos e de infraestrutura.
17. Estratégias de Ação - Indicações
• Constituição de um arranjo institucional no qual participem a administração pública
(federal, estadual e municipal), as empresas, universidades e centros de pesquisa,
articulados com o sistema educacional e de financiamento. Um arranjo dessa natureza
permitiria tanto um aumento da competitividade da cadeia produtiva do comércio em
Belo Horizonte como sua inserção sustentável no mercado nacional e internacional.
• Elaboração e manutenção de um sistema de indicadores que permita o
acompanhamento do desempenho dos diversos segmentos da cadeia. Esse é um
instrumento essencial para os processos de elaboração, de implantação, de
acompanhamento, de gestão e planejamento de políticas em prol do desenvolvimento da
cadeia;
• Fortalecimento do modelo de parcerias publico privadas para realização de obras de
melhoria e revitalização urbanas.
• Investimento em formação de mão de obra qualificada para atender a demanda do
setor.
18. Estratégias de Ação - Indicações
• Criação de linhas de crédito específicas para micro, pequenas e médias empresas.
• Capacitação dos gestores por meio de promoção de cursos de gerenciamento em instituições
de suporte às empresas. A adoção de práticas e de “organização da produção” mais modernas
visa garantir espaço em um novo cenário em que a concorrência enfatiza a importância da
gestão das empresas e sua capacidade em traçar estratégias, assim como a busca de eficiência
da cadeia varejo-fornecedor.
• Incentivo à constituição de consórcios e parcerias entre as micro e pequenas empresas,
para que estas se fortaleçam e se tornem mais competitivas, por meio da união de esforços nas
compras, vendas e promoção (marketing). Ter parcerias pode ser uma estratégia eficiente de
inovar, abrir espaços e defender mercados.
• Incentivo à incorporação de ferramentas de tecnologia da informação e comunicação
pelos empresários. Tais tecnologias permitem a melhor gestão das informações dos clientes; a
inovação de formatos de autoatendimento; a redução de custos; ampliam o acesso a
informações sobre os produtos, melhorando o consumo voltado para preços e conveniência; e
melhoram a gestão da cadeia de suprimentos – as relações com fornecedores, a gestão de
estoques, dos centros de distribuição e as operações logísticas.
19. Fundação IPEAD
Equipe Técnica:
Prof. Wanderley Ramalho (Coordenador)
Alexandre Moisés de Sena
Eduardo Eustáquio Antunes
Elisabeth Pereira dos Santos
Nildred Stael Fernandes Martins
Thaize Vieira Martins
Rua Rio de Janeiro, 441 – 4o. e 6o. Andar – Edifício São Carlos – Centro
Belo Horizonte – MG – Brasil – CEP: 30160 041
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