SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 17
Baixar para ler offline
Riscos associados ao transporte de cargas
                                                                                                Engº Antonio Fernando Navarro1

                                                                                                                         Introdução




                        O transporte de uma carga é representado pelo deslocamento da mesma seguindo
um roteiro e uma rota com um objetivo específico.

                        O transporte pode servir para se posicionar em um mesmo local os vários
componentes do produto, para preparar o produto para ser conectado a outros ou aplicar o produto
em um local de destino.

                        As formas de transporte são ditadas não só pelo tamanho ou dimensões das
cargas, como também seus pesos, urgências no deslocamento das mesmas ou necessidades outras
como a de conexão entre seus vários componentes. Em atividades industriais há uma natural
tendência de que as partes a serem movimentadas sejam produzidas e aplicadas em paralelo,
reduzindo assim os cronogramas finais de produção, ou seja, o produto final é fabricado em partes,
simultaneamente, em uma mesma fábrica ou fábricas distintas.

                        Os riscos associados ao transporte de cargas podem significar perdas às próprias
cargas transportadas, a pessoas ou a bens patrimoniais.

                        Quando se menciona transporte de cargas, quase sempre se associa a atividade a
ambientes industriais, onde as cargas passam a ser enormes equipamentos, que precisam ser
movidos por várias razões e meios. Más uma das cargas mais importantes ou preciosas, que muitas
vezes são transportadas são os seres humanos, seja em transporte público, ou em cestos, quando
realizando serviços em linhas aéreas, ou se deslocando de embarcações de apoio para os conveses
dos navios ou de plataformas. Há muitos incidentes nesse tipo de deslocamento, quase sempre
provocados por ventos fortes que balançam os cestos ou gaiolas. Quando os cestos chegam a se
chocar contra o costado das embarcações os operários ali embarcados podem se soltar e cair no mar,
de alturas que podem chegar a 20 ou 30 metros.

                        Seguidamente ouvimos ou assistimos cenas envolvendo o transporte, de modo
geral, e os acidentes. São rotuladas como causas: imperícias, imprudências, negligências. Parece até


1
  Antonio Fernando Navarro é físico, engenheiro civil, engenheiro de segurança do trabalho, mestre em saúde e meio ambiente, doutorando em
engenharia civil, especialista em gerenciamento de riscos, engenheiro e professor da Universidade Federal Fluminense – UFF/RJ – e-mail:
navarro@vm.uff.br; afnavarro@terra.com.br.
que essas palavras encontram-se inscritas no vocabulário gravado na mente das pessoas. Apesar de
apresentarem significados distintos quase sempre se encontram associadas às tragédias.

                  Neste paper iremos tratar de forma prática as questões que envolvem os riscos
associados a transportes de cargas, baseados em nossos estudos, pesquisas e avaliações de
atividades, onde imperícia, imprudência ou negligência foram fatores preponderantes.

                                                              Imperícia, Imprudência, Negligência

                  Excetuando-se os casos de incidentes ou acidentes provocados por falhas dos
equipamentos de guindar ou movimentar as cargas, quase sempre se os associa a falhas provocadas
pelos operadores. Nesse momento de análise dos acidentes, surgem as palavras: Imperícia,
Imprudência e Negligência. Nessa primeira discussão serão apresentados cada um desses temas.
Primeiramente sob a forma de definição da expressão e complementando a idéia com a associação
desses às falhas detectadas no transporte de cargas.

   a) Imperícia

                  As definições para a palavra “imperícia” são: falta de habilidade, experiência ou
destreza; incompetência. A palavra possui como sinônimos: inabilidade (estado de uma pessoa
legalmente incapaz), inaptidão (falta de aptidão, incapacidade total: inaptidão para um trabalho),
incapacidade (falta de aptidão legal para gozar de um direito ou exercê-lo sem assistência ou
autorização: a incapacidade dos menores ou dos interditos foi estabelecida com o fim de os
proteger), incompetência (ausência de conhecimentos suficientes, inabilidade, ignorância) e
inexperiência (falta de experiência: a inexperiência da juventude).

                  A imperícia, apesar de apresentar vários sinônimos, significa um adjetivo
desqualificador para um trabalhador. Essa desqualificação, em grande parte, pode ser devido à
própria empresa que contrata o trabalhador, pois cabe a essa contratar pessoas hábeis para a
execução dos serviços, ou optar por dar a oportunidade para os trabalhadores mais empenhados,
capacitando-os.

                  Na atividade de transporte existem situações onde os serviços são simples, como o
de carregar um saco de cimento sobre um carrinho de mão, ou uma carga um pouco maior sobre
uma plataforma sobre rodas. Para tanto, não há a necessidade de maiores conhecimentos, basta
apenas a vontade do trabalhador para que a tarefa seja cumprida com êxito. Todavia, um simples ato
de imperícia do trabalhador, ao se desviar de objetos móveis ou fixos, no trajeto, pode causar a
queda da carga ou acidentes envolvendo a carga, o veículo transportador e objetos ou pessoas.
Quanto maior for a carga, seja quanto ao peso e quanto ao volume maiores
deverão ser os cuidados necessários no transporte. Nesse caso, a imperícia do operador pode ser um
fator relevante para a ocorrência de acidentes.

                  Voltando às cargas menores, tomemos como exemplo o transporte de um feixe de
vergalhões através de uma plataforma de transporte, apresentada na imagem a seguir.




                  Se o trabalhador não tiver a perícia para executar a tarefa e nem a percepção dos
riscos, poderá empilhar os vergalhões uns sobre os outros. Assim que a carga estiver completa ele
puxará a plataforma e conduzirá a carga ao seu destino final. Um feixe de varas de aço – vergalhões
– empregados para a preparação das ferragens de uma estrutura de concreto armado (armado por
possuir armadura, ou ferragens) não é uma carga estável, porque as varas tem a secção circular e
também porque podem ter comprimento de até 12 metros, assim, a carga não fica contida no meio
de transporte, ultrapassando as extremidades. Se durante o transporte o trabalhador tiver que fazer
uma mudança súbita do traçado as varas podem se deslocar e até cair do carrinho. Também, por
terem grande comprimento, podem atingir pessoas que se encontrem próximas.

                  Um trabalhador hábil irá perceber que precisará prender o feixe de varas por meio
de cintas ou arames, e que deverá sinalizar as extremidades expostas com um tecido vermelho, ou
outra cor que chame a atenção das pessoas. Já o trabalhador inábil pode não ter essa mesma
percepção e conduzir o carrinho com os vergalhões soltos. Com o deslocamento do mesmo sobre
um piso irregular os vergalhões irão se soltar uns dos outros, podendo até cair do carrinho. Nesse
caso bem simples, que poderia ter sido substituído por caixas de madeira ou de papelão sobrepostas,
a carga sem uma correta fixação pode cair do carrinho e atingir pessoas.

                  Do conjunto de acidentes relatados, atribui-se à Imperícia mais de 40% de todos
os acidentes ocorridos. Nesses casos há falhas não só dos trabalhadores como também dos
supervisores, que permitiram que o transporte se desse sem as proteções requeridas.

                  No segundo exemplo temos a perícia. No transporte apresentado a seguir, de
cargas de grande dimensão –equipamentos para uma refinaria – percebe-se que a carga é muito
maior do que o veículo transportador. O centro de gravidade do conjunto carga + veículo fica bem
acima da carreta, podendo provocar o tombamento da carga e do veículo. Para que isso não ocorra a
carga deve ser bem estaiada (presa por cabos de aço ou cintas) e o veículo transita em baixa
velocidade. Assim, tem-se menor probabilidade de tombamento da mesma.




                 Em outro exemplo, a seguir, a perícia é o elemento primordial para o sucesso do
transporte, pois os dois veículos transportadores devem estar perfeitamente alinhados, e na mesma
velocidade. Pela foto verifica-se também que os pneumáticos do caminhão estão perfeitamente
encaixados nas plataformas das carretas.




                 Há uma relação direta entre as dimensões da carga e o tamanho do veículo de
transporte. Na imagem a seguir pode ser avaliada uma plataforma de carga com 200 pneus, todos
com capacidade de mudar de direção sincronizadamente. Assim, fica mais fácil deslocar-se a carga
em todas as direções.
Outro exemplo desses veículos especiais é o apresentado a seguir, utilizado para o
transporte de uma grande embarcação. Aqui também pode ser avaliada a perícia no posicionamento
e amarração da carga.




   b) Imprudência

                  Ato contrário à prudência: o doente cometeu imprudências. Inconveniência,
inadvertência, indiscrição, temeridade. Possui como sinônimos: açodamento (ato ou efeito de
açodar ou de açodar-se; pressa, precipitação), atrapalhação (confusão, desordem; acanhamento),
azáfama (pressa; atrapalhação; grande afã), precipitação (ato ou resultado de precipitar ou
precipitar-se. Extrema velocidade; grande pressa; afobação. Rapidez em tomar uma resolução;
irreflexão) e pressa (urgência, presteza, afã. Impaciência, precipitação).
A imprudência é resultado de vários fatores. Uma pessoa pode ser imprudente por
ser extremamente proativa, porém sem o conhecimento técnico necessário; pode ser imprudente por
realizar algo perigoso e sem uma proteção adequada – uma das frases mais comuns ditas pelo
imprudente é – faço isso há mais de 20 anos – confiando que por já haver feito o trabalho várias
vezes sem que não tenha ocorrido nada, isso continuará ocorrendo. De modo geral o imprudente
não mede consequências, ou seja, não se dá conta dos prováveis resultados de seu ato.




                 Um operário imprudente transportava esta caixa, sem os cuidados necessários,
quando um dos cabos de içamento rompeu-se e a carga caiu sobre uma tubovia.




                 Neste outro exemplo, acima, uma carga de pedras, em uma caçamba sem a tampa
traseira, desloca-se pelas irregularidades do piso, vindo a cair e provocando o quase tombamento do
caminhão. Podem até existir inúmeras explicações para o fato de a carga estar sendo transportada
sem a tampa traseira do veículo, que, porém, não justificam o acidente. Algumas dessas explicações
podem estar associadas a um deslocamento curto, ou à facilidade de descarga das pedras, com uma
pequena elevação da caçamba do caminhão. A irregularidade da carga fez com que o caminhão se
inclinasse perigosamente.



   c) Negligência

                 A negligência pode estar associada à falta de cuidado, de aplicação, de exatidão;
descuido, incúria, displicência, desatenção. Muitos podem ser os fatores causadores de um ato
negligente, que responde por quase cinquenta por cento dos acidentes. O toque de um celular, o fato
do operário passar a prestar a atenção à conversa dos outros, a momentânea desatenção causada pela
entrada de pessoas estranhas ao ambiente do trabalho ou o deslocamento de veículos pode ser
motivo para a ocorrência de acidentes.

                 Na fotografia a seguir tem-se a elevação e transporte de um submarino através de
duas cábreas. A falta de cuidado no nivelamento da carga ou no controle da velocidade das balsas
pode causar o tombamento ou queda da carga.




              Submarino sendo içado por um conjunto de dois guindastes flutuantes.
Içamento, para posicionamento de módulo de plataforma fixa;

                 A operação ilustrada na foto anterior é a do posicionamento de um módulo de
plataforma fixa sobre a jaqueta (base). Para que a operação seja um sucesso ficam próximos aos
pontos de apoio operários, repassando para o supervisor da operação as informações para o correto
encaixe do módulo na jaqueta. A menos desatenção pode significar danos no suporte da jaqueta e
semanas de retrabalho.




    Neste exemplo a carga é acondicionada em containers e esses são transportados por navios
                                           especiais.
                 Apesar do transporte de containers em navios parecer uma atividade simples e
rotineira, a carga, como um todo, deve ser bem posicionada, para que a embarcação não fique
desequilibrada e venha a tombar sob a ação de uma onda mais forte.
Exemplos de cargas transportadas por embarcação especial. Esse tipo de
embarcação é submergida para que a carga, que se encontra flutuando, seja posicionada na
embarcação. Depois de deslastreada a embarcação sobe a seu nível normal de flutuabilidade.




                           Transporte de carga por empilhadeira móvel.
                 Muitas vezes, no transporte por empilhadeira móvel, a carga obstrui a visão do
operador de um desnível do piso, podendo causar a queda da mesma. Por ser um transporte
silencioso, as pessoas nas proximidades devem ser alertadas dos riscos.
Transporte de equipamento especial com cavalo mecânico especial e carreta
dupla. São atividades extremamente complexas e em baixa velocidade. Nesse tipo de transporte não
só deve existir um planejamento rigoroso da atividade como também o controle e supervisão da
atividade, representada pelo conjunto veículo transportador + carga transportada.




                 Deslocamento de embarcação com o emprego de quatro trolleys, cujas rodas são
acionadas individualmente, por meio de controles centralizados. Os cuidados comentados
anteriormente devem ser redobrados quando os meios de transporte são múltiplos.
Transporte de cargas superpostas, para racionalização dos meios de transporte.




         Transporte de carga pesada com dois cavalos mecânicos, um à frente e outro à ré.




    Veículo para transportes especiais, com o centro de gravidade mais baixo do que o normal,
                         oferecendo maior segurança durante o transporte.
                 Os riscos derivados da imprudência, imperícia ou negligência podem potencializar
a quantidade de ocorrências de incidentes e acidentes, principalmente em função fatos outros como:
•   Prazo para a entrega;
   •   Características do produto se frágil ou não;
   •   Cargas especiais quanto ao peso e ou dimensões;
   •   Capacidade de suportação do peso da mercadoria transportada, associado ao peso do veículo
       transportador;
   •   Locais de embarque e de desembarque;
   •   Locais de difícil acesso para o carregamento ou descarregamento;
   •   Necessidade de equipamentos especiais para a descarga dos materiais;
   •   Meios para a proteção mesmo que temporária das cargas;
   •   Custos associados ao transporte;
   •   Meios de transporte disponíveis;
   •   Necessidade de embalagens especiais;
   •   Possibilidade de transporte a granel ou fracionado, entre outras questões.

                  Não se pode ignorar que quanto maior é a quantidade de manuseios da mercadoria
maiores são as possibilidades de existência de danos aos bens. Isso se dá, em grande parte, devido
às atividades de estiva.

                                                                     Tipos de cargas transportadas

                  As cargas transportadas podem ser ter as seguintes características físicas:

   •   Cargas sólidas;
   •   Cargas líquidas;
   •   Cargas gasosas;

                  As formas de como as cargas podem ser acondicionadas são:

   •   Tambores metálicos;
   •   Caixas de madeira, plásticas ou de papelão;
   •   Containers para sólidos, líquidos ou gases;
   •   Containers pressurizados ou climatizados;
   •   Pallets metálicos;
   •   Carga a granel disposta no meio de transporte;
   •   Cargas acondicionadas em bags ou outros meios de contenção para cargas à granel;
   •   Cargas sem embalagem, etc..
Em função das características físicas das cargas e das formas de como são
acondicionadas, são definidas as estratégias de transporte. Em uma obra civil, para a montagem da
estrutura da construção, por exemplo, em concreto armado, são necessários materiais, que
aglomerados, misturados e posicionados possibilitam que a estrutura seja erigida. Assim, em vista
dos volumes de materiais empregados, para acelerar-se o processo de construção, são preparadas no
canteiro de obras as fôrmas de madeira ou metálicas, onde serão acondicionadas as ferragens e o
concreto. As ferragens podem chegar em carretas e cortadas e preparadas no canteiro de obras, ou já
virem prontas do fornecedor. O concreto pode chegar em betoneiras e seu lançado por bombas,
sendo bombeados diretamente nas formas. Para cada tipo de carga e forma de transporte há riscos
associados, potencializados por falhas decorrentes de imprudência, imperícia ou negligência.

                                                           Avaliação Global – ferramentas de análise

                  Vários são os aspectos a serem observados nas atividades de transporte de cargas,
alguns dos quais podem ser redundantes, ou seja, mais de um fator pode ter contribuído para a
ocorrência de acidentes ou incidentes, como por exemplo, o rompimento de uma eslinga, sem que a
carga tenha ido ao solo, em uma atividade de içamento conjugada com a movimentação. As causas
básicas podem ser definidas através de pesquisas e análises dos acidentes. Neste paper utilizou-se
como base para a análise uma listagem de 221 acidentes de transporte de cargas, sem se distinguir,
nessa fase, as características das cargas. A relação das causas básicas é a apresentada a seguir:

                 Causas básicas                                             % acidentes
                 Rompimento de lingadas                                        55%
                 Mau dimensionamento dos pesos e dispositivos de içamento      30%
                 Tombamento do veículo transportador                           15%
                 Irregularidades no piso                                       25%
                 Movimentação em função do vento                               10%
                 Balanço excessivo em função dos desníveis de terreno          15%
                 Quebra da lança de içamento do equipamento de guindar          5%
                 Falhas operacionais                                           40%
                 Falhas no planejamento das atividades                         35%
                 Quebra dos acessórios de içamento da carga                    20%
                 Defeito de materiais                                          65%
                 Quebra dos pontos de amarração                                10%
                 Quebra dos pontos de pega                                     10%
                 Rompimento das embalagens                                     45%
                 Queda do material transportado por má estiva                  20%
                 Dimensionamento inadequado do centro de gravidade             15%
                 Impacto contra objetos fixos ao longo do caminho              25%
                 Impacto contra objetos móveis                                 20%
(Navarro, 2012)




Acidente provocado pelo choque da carreta contra um poste, posicionado em um trecho com curva.




                            Transporte especial com duas carretas.
Nesta foto, de movimentação de carga para montagem da extremidade de uma
torre, os operários ficam posicionados de modo a fixar a extremidade por meio de pontos de solda
ou parafusos. Qualquer desatenção do operador do guindaste, ou a incidência de ventos mais fortes
pode causar acidentes fatais.

                                                                               Evitando os riscos

                  Em atividades de transporte não se consegue eliminar riscos, mas sim mitiga-los.
A razão é devida ao fato de estarem presentes inúmeros fatores que passam a contribuir para as
ocorrências. O desnivelamento súbito do piso por uma tábua deixada no caminho, a falta de
conferência da tensão dos cabos de amarração, o rompimento de cabos ou cintas, o surgimento de
ventos mais fortes balançando a carga, um mal súbito do encarregado ou do operário responsável
pela operação do equipamento, enfim, inúmeros outros fatores podem ocorrer em conjunto ou
isoladamente e, o que é pior, muitas vezes sem terem sido previstos nos planejamentos da atividade.
Por essa razão é que se torna quase impossível eliminar-se o risco. Trata-se, de modo análogo, à
tentativa de solucionar-se uma equação matemática com várias incógnitas, sem que se tenha meios
de encontra-las para a solução.

                  Os principais riscos que devem ser avaliados para a realização devem ser
extraídos da planilha apresentada anteriormente. Mas, pode-se simplificar essa análise em alguns
tópicos, como a saber:

   1. Toda a atividade, por mais simples que seja, deve ser planejada. O planejamento deve
       contemplar não só a própria atividade do transporte, como também o ambiente onde essa
       atividade se desenvolverá. Para movimentações com cargas de grandes dimensões e peso
deve-se utilizar modelos de simulação em 3D, que possibilitam obter-se alternativas mais
   seguras;
2. A carga transportada deve ser observada como um todo, avaliando-se, no estudo:
       •   Dimensões;
       •   Peso;
       •   Centro de gravidade do conjunto;
       •   Centro de gravidade do componente de maior peso;
       •   Possibilidade de modularizar-se o transporte;
       •   Existência de protuberâncias, extremidades e ressaltos, que podem ser pontos de
           contato com objetos durante o transporte;
       •   Utilização de lingadas com coeficiente de segurança maior ou igual a 5;
       •   Existência de pontos de pega ou de amarração das lingadas;
       •   Inspeção de todos os pontos, suas conexões e soldas;
       •   Inspeção de todo o material empregado na atividade, cabos e todos seus acessórios;
       •   Definição do meio de transporte, assegurando-se que haja uma folga mínima entre a
           capacidade do mesmo e o peso da carga superior a 3;
       •   Verificação se todos os componentes do meio de transporte;
       •   Avaliação do percurso, verificando:
                   Possíveis pontos de contato,
                   Irregularidades do piso,
                   Restrição quanto à largura,
                   Possibilidade de a carga ser deixada sobre calços caso haja ventos com
                   velocidade superior a 15km/h,
                   Possibilidade do equipamento de transporte ficar parado por razões técnicas,
                   sem que haja o estorvo na circulação dos demais veículos,
                   Proximidade de linhas elétricas,
                   Proximidade da movimentação de outras cargas,
                   Movimentação de pessoal sob a carga,
                   Obstruções a serem ultrapassadas,
                   Existência de aclives ou declives.
       •   Local onde a carga será depositada;
       •   Existência de guias ou de pontos de conexão com outros elementos;
3. Toda a atividade de movimentação de cargas de grandes dimensões ou pesos deve ter
   APENAS UM RESPONSÁVEL, a quem todos devem se reportar;
4. TODOS os envolvidos na operação são importantes e necessários. Assim, deve existir um
       meio seguro de comunicação com as pessoas. O operador do equipamento ou operadores, já
       que há transportes com vários equipamentos envolvidos, como apresentado em algumas
       fotografias anteriores, devem ter sistema de comunicação segura, já que as sinalizações
       habituais por gestos podem ser mal interpretadas ou entendidas, podendo ser a causa de um
       acidente;
   5. Especial atenção deve ser dado a trechos do percurso com curvas ou com mudança do
       alinhamento da estrada, principalmente se a carreta for longa, com mais de 30 metros.

                                                                                       Conclusão

                   Por fim, uma atividade de transporte de carga é perigosa e pode apresentar
complexidades que aumentam o grau de risco. Em muitas dessas operações os trabalhadores devem
se aproximar tanto quanto possível para o posicionamento de spinas (pinos) ou parafusos de
fixação. Nesses momentos, qualquer balanço da carga pode significar pessoas mortas ou com
graves lesões.

                   Os acidentes somente podem ser considerados como algo normal quando um ou
vários procedimentos de segurança são descumpridos. Basta que o planejamento seja mal executado
para que a probabilidade de ocorrência de acidentes cresça exponencialmente. Isso costuma ocorrer
quando a empresa não possui a adequada cultura de segurança, quando as atividades são realizadas
“para ontem” e quando há improvisos. Somente estes três itens citados neste parágrafo já seriam
responsáveis por mais de 60% das ocorrências de acidentes.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Análise das probabilidades de ocorrências de acidentes causados durante a mov...
Análise das probabilidades de ocorrências de acidentes causados durante a mov...Análise das probabilidades de ocorrências de acidentes causados durante a mov...
Análise das probabilidades de ocorrências de acidentes causados durante a mov...Universidade Federal Fluminense
 
EPC - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA
EPC - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVAEPC - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA
EPC - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVALuiz Antonio Funabashi
 
MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS.ppt
MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS.pptMOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS.ppt
MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS.pptRobertoFailache1
 
Treinamento - Produtos Químicos
Treinamento - Produtos QuímicosTreinamento - Produtos Químicos
Treinamento - Produtos QuímicosHugoDalevedove
 
Treinamento escadas
Treinamento escadasTreinamento escadas
Treinamento escadasnetorochinha
 
Power+point+nr+11
Power+point+nr+11Power+point+nr+11
Power+point+nr+11Gil Mendes
 
Treinamento percepção de risco
Treinamento percepção de riscoTreinamento percepção de risco
Treinamento percepção de riscoSara Jaqueline
 
Trabalho a quente modulo II
Trabalho a quente   modulo IITrabalho a quente   modulo II
Trabalho a quente modulo IIemanueltstegeon
 
MODELO DE TREINAMENTO NR12 VOLTADO A FRENTES DE SERVIÇO EM OBRAS
MODELO DE TREINAMENTO NR12 VOLTADO A FRENTES DE SERVIÇO EM OBRASMODELO DE TREINAMENTO NR12 VOLTADO A FRENTES DE SERVIÇO EM OBRAS
MODELO DE TREINAMENTO NR12 VOLTADO A FRENTES DE SERVIÇO EM OBRASMateus Borges
 
Treinamento segurança do trabalho
Treinamento segurança do trabalho Treinamento segurança do trabalho
Treinamento segurança do trabalho ricardotortora
 
Amarração de cargas
Amarração de cargasAmarração de cargas
Amarração de cargasPaulinho Goes
 
Plano de Segurança do Trabalho em Oficinas Mecânicas de Veículos Pesados
Plano de Segurança do Trabalho em Oficinas Mecânicas de Veículos PesadosPlano de Segurança do Trabalho em Oficinas Mecânicas de Veículos Pesados
Plano de Segurança do Trabalho em Oficinas Mecânicas de Veículos PesadosJonas Abilio Sestrem Jr
 
A Cartilha Orientativa para Implantação de Segurança no Canteiro de Obras
A Cartilha Orientativa para Implantação de Segurança no Canteiro de ObrasA Cartilha Orientativa para Implantação de Segurança no Canteiro de Obras
A Cartilha Orientativa para Implantação de Segurança no Canteiro de Obrasxandaobyte
 

Mais procurados (20)

Análise das probabilidades de ocorrências de acidentes causados durante a mov...
Análise das probabilidades de ocorrências de acidentes causados durante a mov...Análise das probabilidades de ocorrências de acidentes causados durante a mov...
Análise das probabilidades de ocorrências de acidentes causados durante a mov...
 
Modelo de LTCAT
Modelo de LTCATModelo de LTCAT
Modelo de LTCAT
 
Nr 20
Nr 20 Nr 20
Nr 20
 
EPC - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA
EPC - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVAEPC - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA
EPC - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA
 
MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS.ppt
MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS.pptMOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS.ppt
MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS.ppt
 
NR - 35 Trabalho em altura
NR - 35 Trabalho em altura NR - 35 Trabalho em altura
NR - 35 Trabalho em altura
 
Treinamento - Produtos Químicos
Treinamento - Produtos QuímicosTreinamento - Produtos Químicos
Treinamento - Produtos Químicos
 
Treinamento escadas
Treinamento escadasTreinamento escadas
Treinamento escadas
 
NR 11
NR 11 NR 11
NR 11
 
Diferenças entre Perigo x Risco
Diferenças entre Perigo x RiscoDiferenças entre Perigo x Risco
Diferenças entre Perigo x Risco
 
Power+point+nr+11
Power+point+nr+11Power+point+nr+11
Power+point+nr+11
 
NR-33 espaço confinado (2017/2018)
NR-33 espaço confinado (2017/2018)NR-33 espaço confinado (2017/2018)
NR-33 espaço confinado (2017/2018)
 
Treinamento percepção de risco
Treinamento percepção de riscoTreinamento percepção de risco
Treinamento percepção de risco
 
Trabalho a quente modulo II
Trabalho a quente   modulo IITrabalho a quente   modulo II
Trabalho a quente modulo II
 
Treinamento nr 20
Treinamento nr 20Treinamento nr 20
Treinamento nr 20
 
MODELO DE TREINAMENTO NR12 VOLTADO A FRENTES DE SERVIÇO EM OBRAS
MODELO DE TREINAMENTO NR12 VOLTADO A FRENTES DE SERVIÇO EM OBRASMODELO DE TREINAMENTO NR12 VOLTADO A FRENTES DE SERVIÇO EM OBRAS
MODELO DE TREINAMENTO NR12 VOLTADO A FRENTES DE SERVIÇO EM OBRAS
 
Treinamento segurança do trabalho
Treinamento segurança do trabalho Treinamento segurança do trabalho
Treinamento segurança do trabalho
 
Amarração de cargas
Amarração de cargasAmarração de cargas
Amarração de cargas
 
Plano de Segurança do Trabalho em Oficinas Mecânicas de Veículos Pesados
Plano de Segurança do Trabalho em Oficinas Mecânicas de Veículos PesadosPlano de Segurança do Trabalho em Oficinas Mecânicas de Veículos Pesados
Plano de Segurança do Trabalho em Oficinas Mecânicas de Veículos Pesados
 
A Cartilha Orientativa para Implantação de Segurança no Canteiro de Obras
A Cartilha Orientativa para Implantação de Segurança no Canteiro de ObrasA Cartilha Orientativa para Implantação de Segurança no Canteiro de Obras
A Cartilha Orientativa para Implantação de Segurança no Canteiro de Obras
 

Destaque

Apr 003 rev 09 carga descarga de materiais -içamento de cargas e meio ambiente
Apr 003  rev 09 carga descarga de materiais -içamento de cargas e meio ambienteApr 003  rev 09 carga descarga de materiais -içamento de cargas e meio ambiente
Apr 003 rev 09 carga descarga de materiais -içamento de cargas e meio ambienteOrlando Junior Binda
 
Manual de prevenção de acidentes com empilhadeiras
Manual de prevenção de acidentes com empilhadeirasManual de prevenção de acidentes com empilhadeiras
Manual de prevenção de acidentes com empilhadeirasMário Roberto Ferreira
 
Instruções operação com paleteiras
Instruções operação com paleteirasInstruções operação com paleteiras
Instruções operação com paleteirasWilliam Nascimento
 
Treinamento de munck
Treinamento de munckTreinamento de munck
Treinamento de munckJupira Silva
 
(Modelo de apr análise preliminar de risco - 2)
(Modelo de apr   análise preliminar de risco - 2)(Modelo de apr   análise preliminar de risco - 2)
(Modelo de apr análise preliminar de risco - 2)Luis Araujo
 
Ergonomia – transporte manual de cargas
Ergonomia – transporte manual de cargasErgonomia – transporte manual de cargas
Ergonomia – transporte manual de cargasBruno Godoi
 
Cuidados Oper Grua -59
Cuidados Oper Grua -59Cuidados Oper Grua -59
Cuidados Oper Grua -59slideadg
 
Cuidados Oper Grua -58
Cuidados Oper Grua -58Cuidados Oper Grua -58
Cuidados Oper Grua -58slideadg
 
Politica de saúde e segurança do trabalho
Politica de saúde e segurança do trabalhoPolitica de saúde e segurança do trabalho
Politica de saúde e segurança do trabalhoEvandroPFonseca
 
28 modelos de ordens de servicos mega seguranca do trabalho
28 modelos de ordens de servicos   mega seguranca do trabalho28 modelos de ordens de servicos   mega seguranca do trabalho
28 modelos de ordens de servicos mega seguranca do trabalhoquantizar
 
Como calcular o Limite de Peso envolvendo levantamento manual de carga utiliz...
Como calcular o Limite de Peso envolvendo levantamento manual de carga utiliz...Como calcular o Limite de Peso envolvendo levantamento manual de carga utiliz...
Como calcular o Limite de Peso envolvendo levantamento manual de carga utiliz...EMS Indústria Farmacêutica
 
Slides transporte manual de cargas
Slides transporte manual de cargasSlides transporte manual de cargas
Slides transporte manual de cargasRafael Galupo
 
Integração segurança
Integração segurançaIntegração segurança
Integração segurançamaestro120
 
Transporte de cargas especiais e os riscos envolvidos aplicação da metodolo...
Transporte de cargas especiais e os riscos envolvidos   aplicação da metodolo...Transporte de cargas especiais e os riscos envolvidos   aplicação da metodolo...
Transporte de cargas especiais e os riscos envolvidos aplicação da metodolo...Universidade Federal Fluminense
 
Procedimentos contratação conta frete rpa 17022012
Procedimentos contratação   conta frete rpa 17022012Procedimentos contratação   conta frete rpa 17022012
Procedimentos contratação conta frete rpa 17022012Cidade Azul Transportes
 

Destaque (20)

Acidentes causados durante a movimentação de cargas
Acidentes causados durante a movimentação de cargasAcidentes causados durante a movimentação de cargas
Acidentes causados durante a movimentação de cargas
 
Apr 003 rev 09 carga descarga de materiais -içamento de cargas e meio ambiente
Apr 003  rev 09 carga descarga de materiais -içamento de cargas e meio ambienteApr 003  rev 09 carga descarga de materiais -içamento de cargas e meio ambiente
Apr 003 rev 09 carga descarga de materiais -içamento de cargas e meio ambiente
 
Manual de prevenção de acidentes com empilhadeiras
Manual de prevenção de acidentes com empilhadeirasManual de prevenção de acidentes com empilhadeiras
Manual de prevenção de acidentes com empilhadeiras
 
6 o que é grua
6 o que é grua6 o que é grua
6 o que é grua
 
Plano de carga de Grua
Plano de carga de GruaPlano de carga de Grua
Plano de carga de Grua
 
Instruções operação com paleteiras
Instruções operação com paleteirasInstruções operação com paleteiras
Instruções operação com paleteiras
 
APR
APRAPR
APR
 
Treinamento de munck
Treinamento de munckTreinamento de munck
Treinamento de munck
 
(Modelo de apr análise preliminar de risco - 2)
(Modelo de apr   análise preliminar de risco - 2)(Modelo de apr   análise preliminar de risco - 2)
(Modelo de apr análise preliminar de risco - 2)
 
Ergonomia – transporte manual de cargas
Ergonomia – transporte manual de cargasErgonomia – transporte manual de cargas
Ergonomia – transporte manual de cargas
 
Cuidados Oper Grua -59
Cuidados Oper Grua -59Cuidados Oper Grua -59
Cuidados Oper Grua -59
 
Cuidados Oper Grua -58
Cuidados Oper Grua -58Cuidados Oper Grua -58
Cuidados Oper Grua -58
 
Politica de saúde e segurança do trabalho
Politica de saúde e segurança do trabalhoPolitica de saúde e segurança do trabalho
Politica de saúde e segurança do trabalho
 
13 1-9-5526-1-pt br-8
13 1-9-5526-1-pt br-813 1-9-5526-1-pt br-8
13 1-9-5526-1-pt br-8
 
28 modelos de ordens de servicos mega seguranca do trabalho
28 modelos de ordens de servicos   mega seguranca do trabalho28 modelos de ordens de servicos   mega seguranca do trabalho
28 modelos de ordens de servicos mega seguranca do trabalho
 
Como calcular o Limite de Peso envolvendo levantamento manual de carga utiliz...
Como calcular o Limite de Peso envolvendo levantamento manual de carga utiliz...Como calcular o Limite de Peso envolvendo levantamento manual de carga utiliz...
Como calcular o Limite de Peso envolvendo levantamento manual de carga utiliz...
 
Slides transporte manual de cargas
Slides transporte manual de cargasSlides transporte manual de cargas
Slides transporte manual de cargas
 
Integração segurança
Integração segurançaIntegração segurança
Integração segurança
 
Transporte de cargas especiais e os riscos envolvidos aplicação da metodolo...
Transporte de cargas especiais e os riscos envolvidos   aplicação da metodolo...Transporte de cargas especiais e os riscos envolvidos   aplicação da metodolo...
Transporte de cargas especiais e os riscos envolvidos aplicação da metodolo...
 
Procedimentos contratação conta frete rpa 17022012
Procedimentos contratação   conta frete rpa 17022012Procedimentos contratação   conta frete rpa 17022012
Procedimentos contratação conta frete rpa 17022012
 

Semelhante a Riscos associados ao transporte de cargas

Revista Proteção: Transporte de Cargas - fevereiro de 2013
Revista Proteção: Transporte de Cargas - fevereiro de 2013Revista Proteção: Transporte de Cargas - fevereiro de 2013
Revista Proteção: Transporte de Cargas - fevereiro de 2013Universidade Federal Fluminense
 
Avaliação global do transporte de cargas e os riscos associados
Avaliação global do transporte de cargas e os riscos associadosAvaliação global do transporte de cargas e os riscos associados
Avaliação global do transporte de cargas e os riscos associadosUniversidade Federal Fluminense
 
Plano de rigging para a movimentação segura das cargas instruções gerais
Plano de rigging para a movimentação segura das cargas   instruções geraisPlano de rigging para a movimentação segura das cargas   instruções gerais
Plano de rigging para a movimentação segura das cargas instruções geraisUniversidade Federal Fluminense
 
Arrumação no Transporte de Cargas.pdf
Arrumação no Transporte de Cargas.pdfArrumação no Transporte de Cargas.pdf
Arrumação no Transporte de Cargas.pdfRosana Andrea Miranda
 
Ficha de trabalho nº 3 tec.dist. porta-paletes
Ficha de trabalho nº 3 tec.dist.  porta-paletesFicha de trabalho nº 3 tec.dist.  porta-paletes
Ficha de trabalho nº 3 tec.dist. porta-paletesLeonor Alves
 
Identificação das características da carga
Identificação das características da cargaIdentificação das características da carga
Identificação das características da cargallokkaum
 

Semelhante a Riscos associados ao transporte de cargas (9)

Acidentes causados durante a movimentação de cargas
Acidentes causados durante a movimentação de cargasAcidentes causados durante a movimentação de cargas
Acidentes causados durante a movimentação de cargas
 
Acidentes causados durante a movimentação de cargas
Acidentes causados durante a movimentação de cargasAcidentes causados durante a movimentação de cargas
Acidentes causados durante a movimentação de cargas
 
Revista Proteção: Transporte de Cargas - fevereiro de 2013
Revista Proteção: Transporte de Cargas - fevereiro de 2013Revista Proteção: Transporte de Cargas - fevereiro de 2013
Revista Proteção: Transporte de Cargas - fevereiro de 2013
 
Movimentação de carga e seus riscos associados
Movimentação de carga e seus riscos associadosMovimentação de carga e seus riscos associados
Movimentação de carga e seus riscos associados
 
Avaliação global do transporte de cargas e os riscos associados
Avaliação global do transporte de cargas e os riscos associadosAvaliação global do transporte de cargas e os riscos associados
Avaliação global do transporte de cargas e os riscos associados
 
Plano de rigging para a movimentação segura das cargas instruções gerais
Plano de rigging para a movimentação segura das cargas   instruções geraisPlano de rigging para a movimentação segura das cargas   instruções gerais
Plano de rigging para a movimentação segura das cargas instruções gerais
 
Arrumação no Transporte de Cargas.pdf
Arrumação no Transporte de Cargas.pdfArrumação no Transporte de Cargas.pdf
Arrumação no Transporte de Cargas.pdf
 
Ficha de trabalho nº 3 tec.dist. porta-paletes
Ficha de trabalho nº 3 tec.dist.  porta-paletesFicha de trabalho nº 3 tec.dist.  porta-paletes
Ficha de trabalho nº 3 tec.dist. porta-paletes
 
Identificação das características da carga
Identificação das características da cargaIdentificação das características da carga
Identificação das características da carga
 

Mais de Universidade Federal Fluminense

Punto de inflexión, accidentes frente a equipos de protección personal
Punto de inflexión, accidentes frente a equipos de protección personalPunto de inflexión, accidentes frente a equipos de protección personal
Punto de inflexión, accidentes frente a equipos de protección personalUniversidade Federal Fluminense
 
Tipping point, accidents versus personal protective equipment
Tipping point, accidents versus personal protective equipmentTipping point, accidents versus personal protective equipment
Tipping point, accidents versus personal protective equipmentUniversidade Federal Fluminense
 
Pegadas hídricas água, o precioso líquido do presente e do futuro
Pegadas hídricas   água, o precioso líquido do presente e do futuroPegadas hídricas   água, o precioso líquido do presente e do futuro
Pegadas hídricas água, o precioso líquido do presente e do futuroUniversidade Federal Fluminense
 
Rc para executivos ganha destaque no mercado segurador ad corretora de seguros
Rc para executivos ganha destaque no mercado segurador   ad corretora de segurosRc para executivos ganha destaque no mercado segurador   ad corretora de seguros
Rc para executivos ganha destaque no mercado segurador ad corretora de segurosUniversidade Federal Fluminense
 
Percepção, compreensão e avaliação de riscos análise de resultados de pesqu...
Percepção, compreensão e avaliação de riscos   análise de resultados de pesqu...Percepção, compreensão e avaliação de riscos   análise de resultados de pesqu...
Percepção, compreensão e avaliação de riscos análise de resultados de pesqu...Universidade Federal Fluminense
 
Editora roncarati incêndio em áreas de tancagem de produtos diversos arti...
Editora roncarati   incêndio em áreas de tancagem de produtos diversos   arti...Editora roncarati   incêndio em áreas de tancagem de produtos diversos   arti...
Editora roncarati incêndio em áreas de tancagem de produtos diversos arti...Universidade Federal Fluminense
 
Editora roncarati cenários críticos que ampliam riscos artigos e notícias
Editora roncarati   cenários críticos que ampliam riscos   artigos e notíciasEditora roncarati   cenários críticos que ampliam riscos   artigos e notícias
Editora roncarati cenários críticos que ampliam riscos artigos e notíciasUniversidade Federal Fluminense
 
Uma passagem só de ida no voo do dia 24 de março de 2015
Uma passagem só de ida no voo do dia 24 de março de 2015Uma passagem só de ida no voo do dia 24 de março de 2015
Uma passagem só de ida no voo do dia 24 de março de 2015Universidade Federal Fluminense
 
Editora roncarati autovistoria de edificações - considerações gerais arti...
Editora roncarati   autovistoria de edificações - considerações gerais   arti...Editora roncarati   autovistoria de edificações - considerações gerais   arti...
Editora roncarati autovistoria de edificações - considerações gerais arti...Universidade Federal Fluminense
 
Uma breve análise da evolução dos programas de gerenciamento de riscos
Uma breve análise da evolução dos programas de gerenciamento de riscosUma breve análise da evolução dos programas de gerenciamento de riscos
Uma breve análise da evolução dos programas de gerenciamento de riscosUniversidade Federal Fluminense
 

Mais de Universidade Federal Fluminense (20)

Punto de inflexión, accidentes frente a equipos de protección personal
Punto de inflexión, accidentes frente a equipos de protección personalPunto de inflexión, accidentes frente a equipos de protección personal
Punto de inflexión, accidentes frente a equipos de protección personal
 
Tipping point, accidents versus personal protective equipment
Tipping point, accidents versus personal protective equipmentTipping point, accidents versus personal protective equipment
Tipping point, accidents versus personal protective equipment
 
Pegadas hídricas água, o precioso líquido do presente e do futuro
Pegadas hídricas   água, o precioso líquido do presente e do futuroPegadas hídricas   água, o precioso líquido do presente e do futuro
Pegadas hídricas água, o precioso líquido do presente e do futuro
 
Rc para executivos ganha destaque no mercado segurador ad corretora de seguros
Rc para executivos ganha destaque no mercado segurador   ad corretora de segurosRc para executivos ganha destaque no mercado segurador   ad corretora de seguros
Rc para executivos ganha destaque no mercado segurador ad corretora de seguros
 
Liderança da gestão
Liderança da gestãoLiderança da gestão
Liderança da gestão
 
Percepção, compreensão e avaliação de riscos análise de resultados de pesqu...
Percepção, compreensão e avaliação de riscos   análise de resultados de pesqu...Percepção, compreensão e avaliação de riscos   análise de resultados de pesqu...
Percepção, compreensão e avaliação de riscos análise de resultados de pesqu...
 
Editora roncarati incêndio em áreas de tancagem de produtos diversos arti...
Editora roncarati   incêndio em áreas de tancagem de produtos diversos   arti...Editora roncarati   incêndio em áreas de tancagem de produtos diversos   arti...
Editora roncarati incêndio em áreas de tancagem de produtos diversos arti...
 
Editora roncarati cenários críticos que ampliam riscos artigos e notícias
Editora roncarati   cenários críticos que ampliam riscos   artigos e notíciasEditora roncarati   cenários críticos que ampliam riscos   artigos e notícias
Editora roncarati cenários críticos que ampliam riscos artigos e notícias
 
Cenários críticos que ampliam riscos
Cenários críticos que ampliam riscosCenários críticos que ampliam riscos
Cenários críticos que ampliam riscos
 
Uma passagem só de ida no voo do dia 24 de março de 2015
Uma passagem só de ida no voo do dia 24 de março de 2015Uma passagem só de ida no voo do dia 24 de março de 2015
Uma passagem só de ida no voo do dia 24 de março de 2015
 
Revista opinião.seg nº 7 maio de 2014
Revista opinião.seg nº 7   maio de 2014Revista opinião.seg nº 7   maio de 2014
Revista opinião.seg nº 7 maio de 2014
 
Editora roncarati autovistoria de edificações - considerações gerais arti...
Editora roncarati   autovistoria de edificações - considerações gerais   arti...Editora roncarati   autovistoria de edificações - considerações gerais   arti...
Editora roncarati autovistoria de edificações - considerações gerais arti...
 
Utilidade social e eficiência do mutualismo
Utilidade social e eficiência do mutualismoUtilidade social e eficiência do mutualismo
Utilidade social e eficiência do mutualismo
 
Uma breve análise da evolução dos programas de gerenciamento de riscos
Uma breve análise da evolução dos programas de gerenciamento de riscosUma breve análise da evolução dos programas de gerenciamento de riscos
Uma breve análise da evolução dos programas de gerenciamento de riscos
 
Teste de adequação de passivos susep
Teste de adequação de passivos   susepTeste de adequação de passivos   susep
Teste de adequação de passivos susep
 
Teoria do risco
Teoria do riscoTeoria do risco
Teoria do risco
 
Teoria do risco tese de doutoramento
Teoria do risco   tese de doutoramentoTeoria do risco   tese de doutoramento
Teoria do risco tese de doutoramento
 
Teoria de utilidade e seguro
Teoria de utilidade e seguroTeoria de utilidade e seguro
Teoria de utilidade e seguro
 
Tecnicas atuariais dos seguros
Tecnicas atuariais dos segurosTecnicas atuariais dos seguros
Tecnicas atuariais dos seguros
 
Tábuas de mortalidade
Tábuas de mortalidadeTábuas de mortalidade
Tábuas de mortalidade
 

Riscos associados ao transporte de cargas

  • 1. Riscos associados ao transporte de cargas Engº Antonio Fernando Navarro1 Introdução O transporte de uma carga é representado pelo deslocamento da mesma seguindo um roteiro e uma rota com um objetivo específico. O transporte pode servir para se posicionar em um mesmo local os vários componentes do produto, para preparar o produto para ser conectado a outros ou aplicar o produto em um local de destino. As formas de transporte são ditadas não só pelo tamanho ou dimensões das cargas, como também seus pesos, urgências no deslocamento das mesmas ou necessidades outras como a de conexão entre seus vários componentes. Em atividades industriais há uma natural tendência de que as partes a serem movimentadas sejam produzidas e aplicadas em paralelo, reduzindo assim os cronogramas finais de produção, ou seja, o produto final é fabricado em partes, simultaneamente, em uma mesma fábrica ou fábricas distintas. Os riscos associados ao transporte de cargas podem significar perdas às próprias cargas transportadas, a pessoas ou a bens patrimoniais. Quando se menciona transporte de cargas, quase sempre se associa a atividade a ambientes industriais, onde as cargas passam a ser enormes equipamentos, que precisam ser movidos por várias razões e meios. Más uma das cargas mais importantes ou preciosas, que muitas vezes são transportadas são os seres humanos, seja em transporte público, ou em cestos, quando realizando serviços em linhas aéreas, ou se deslocando de embarcações de apoio para os conveses dos navios ou de plataformas. Há muitos incidentes nesse tipo de deslocamento, quase sempre provocados por ventos fortes que balançam os cestos ou gaiolas. Quando os cestos chegam a se chocar contra o costado das embarcações os operários ali embarcados podem se soltar e cair no mar, de alturas que podem chegar a 20 ou 30 metros. Seguidamente ouvimos ou assistimos cenas envolvendo o transporte, de modo geral, e os acidentes. São rotuladas como causas: imperícias, imprudências, negligências. Parece até 1 Antonio Fernando Navarro é físico, engenheiro civil, engenheiro de segurança do trabalho, mestre em saúde e meio ambiente, doutorando em engenharia civil, especialista em gerenciamento de riscos, engenheiro e professor da Universidade Federal Fluminense – UFF/RJ – e-mail: navarro@vm.uff.br; afnavarro@terra.com.br.
  • 2. que essas palavras encontram-se inscritas no vocabulário gravado na mente das pessoas. Apesar de apresentarem significados distintos quase sempre se encontram associadas às tragédias. Neste paper iremos tratar de forma prática as questões que envolvem os riscos associados a transportes de cargas, baseados em nossos estudos, pesquisas e avaliações de atividades, onde imperícia, imprudência ou negligência foram fatores preponderantes. Imperícia, Imprudência, Negligência Excetuando-se os casos de incidentes ou acidentes provocados por falhas dos equipamentos de guindar ou movimentar as cargas, quase sempre se os associa a falhas provocadas pelos operadores. Nesse momento de análise dos acidentes, surgem as palavras: Imperícia, Imprudência e Negligência. Nessa primeira discussão serão apresentados cada um desses temas. Primeiramente sob a forma de definição da expressão e complementando a idéia com a associação desses às falhas detectadas no transporte de cargas. a) Imperícia As definições para a palavra “imperícia” são: falta de habilidade, experiência ou destreza; incompetência. A palavra possui como sinônimos: inabilidade (estado de uma pessoa legalmente incapaz), inaptidão (falta de aptidão, incapacidade total: inaptidão para um trabalho), incapacidade (falta de aptidão legal para gozar de um direito ou exercê-lo sem assistência ou autorização: a incapacidade dos menores ou dos interditos foi estabelecida com o fim de os proteger), incompetência (ausência de conhecimentos suficientes, inabilidade, ignorância) e inexperiência (falta de experiência: a inexperiência da juventude). A imperícia, apesar de apresentar vários sinônimos, significa um adjetivo desqualificador para um trabalhador. Essa desqualificação, em grande parte, pode ser devido à própria empresa que contrata o trabalhador, pois cabe a essa contratar pessoas hábeis para a execução dos serviços, ou optar por dar a oportunidade para os trabalhadores mais empenhados, capacitando-os. Na atividade de transporte existem situações onde os serviços são simples, como o de carregar um saco de cimento sobre um carrinho de mão, ou uma carga um pouco maior sobre uma plataforma sobre rodas. Para tanto, não há a necessidade de maiores conhecimentos, basta apenas a vontade do trabalhador para que a tarefa seja cumprida com êxito. Todavia, um simples ato de imperícia do trabalhador, ao se desviar de objetos móveis ou fixos, no trajeto, pode causar a queda da carga ou acidentes envolvendo a carga, o veículo transportador e objetos ou pessoas.
  • 3. Quanto maior for a carga, seja quanto ao peso e quanto ao volume maiores deverão ser os cuidados necessários no transporte. Nesse caso, a imperícia do operador pode ser um fator relevante para a ocorrência de acidentes. Voltando às cargas menores, tomemos como exemplo o transporte de um feixe de vergalhões através de uma plataforma de transporte, apresentada na imagem a seguir. Se o trabalhador não tiver a perícia para executar a tarefa e nem a percepção dos riscos, poderá empilhar os vergalhões uns sobre os outros. Assim que a carga estiver completa ele puxará a plataforma e conduzirá a carga ao seu destino final. Um feixe de varas de aço – vergalhões – empregados para a preparação das ferragens de uma estrutura de concreto armado (armado por possuir armadura, ou ferragens) não é uma carga estável, porque as varas tem a secção circular e também porque podem ter comprimento de até 12 metros, assim, a carga não fica contida no meio de transporte, ultrapassando as extremidades. Se durante o transporte o trabalhador tiver que fazer uma mudança súbita do traçado as varas podem se deslocar e até cair do carrinho. Também, por terem grande comprimento, podem atingir pessoas que se encontrem próximas. Um trabalhador hábil irá perceber que precisará prender o feixe de varas por meio de cintas ou arames, e que deverá sinalizar as extremidades expostas com um tecido vermelho, ou outra cor que chame a atenção das pessoas. Já o trabalhador inábil pode não ter essa mesma percepção e conduzir o carrinho com os vergalhões soltos. Com o deslocamento do mesmo sobre um piso irregular os vergalhões irão se soltar uns dos outros, podendo até cair do carrinho. Nesse caso bem simples, que poderia ter sido substituído por caixas de madeira ou de papelão sobrepostas, a carga sem uma correta fixação pode cair do carrinho e atingir pessoas. Do conjunto de acidentes relatados, atribui-se à Imperícia mais de 40% de todos os acidentes ocorridos. Nesses casos há falhas não só dos trabalhadores como também dos supervisores, que permitiram que o transporte se desse sem as proteções requeridas. No segundo exemplo temos a perícia. No transporte apresentado a seguir, de cargas de grande dimensão –equipamentos para uma refinaria – percebe-se que a carga é muito maior do que o veículo transportador. O centro de gravidade do conjunto carga + veículo fica bem acima da carreta, podendo provocar o tombamento da carga e do veículo. Para que isso não ocorra a
  • 4. carga deve ser bem estaiada (presa por cabos de aço ou cintas) e o veículo transita em baixa velocidade. Assim, tem-se menor probabilidade de tombamento da mesma. Em outro exemplo, a seguir, a perícia é o elemento primordial para o sucesso do transporte, pois os dois veículos transportadores devem estar perfeitamente alinhados, e na mesma velocidade. Pela foto verifica-se também que os pneumáticos do caminhão estão perfeitamente encaixados nas plataformas das carretas. Há uma relação direta entre as dimensões da carga e o tamanho do veículo de transporte. Na imagem a seguir pode ser avaliada uma plataforma de carga com 200 pneus, todos com capacidade de mudar de direção sincronizadamente. Assim, fica mais fácil deslocar-se a carga em todas as direções.
  • 5. Outro exemplo desses veículos especiais é o apresentado a seguir, utilizado para o transporte de uma grande embarcação. Aqui também pode ser avaliada a perícia no posicionamento e amarração da carga. b) Imprudência Ato contrário à prudência: o doente cometeu imprudências. Inconveniência, inadvertência, indiscrição, temeridade. Possui como sinônimos: açodamento (ato ou efeito de açodar ou de açodar-se; pressa, precipitação), atrapalhação (confusão, desordem; acanhamento), azáfama (pressa; atrapalhação; grande afã), precipitação (ato ou resultado de precipitar ou precipitar-se. Extrema velocidade; grande pressa; afobação. Rapidez em tomar uma resolução; irreflexão) e pressa (urgência, presteza, afã. Impaciência, precipitação).
  • 6. A imprudência é resultado de vários fatores. Uma pessoa pode ser imprudente por ser extremamente proativa, porém sem o conhecimento técnico necessário; pode ser imprudente por realizar algo perigoso e sem uma proteção adequada – uma das frases mais comuns ditas pelo imprudente é – faço isso há mais de 20 anos – confiando que por já haver feito o trabalho várias vezes sem que não tenha ocorrido nada, isso continuará ocorrendo. De modo geral o imprudente não mede consequências, ou seja, não se dá conta dos prováveis resultados de seu ato. Um operário imprudente transportava esta caixa, sem os cuidados necessários, quando um dos cabos de içamento rompeu-se e a carga caiu sobre uma tubovia. Neste outro exemplo, acima, uma carga de pedras, em uma caçamba sem a tampa traseira, desloca-se pelas irregularidades do piso, vindo a cair e provocando o quase tombamento do caminhão. Podem até existir inúmeras explicações para o fato de a carga estar sendo transportada
  • 7. sem a tampa traseira do veículo, que, porém, não justificam o acidente. Algumas dessas explicações podem estar associadas a um deslocamento curto, ou à facilidade de descarga das pedras, com uma pequena elevação da caçamba do caminhão. A irregularidade da carga fez com que o caminhão se inclinasse perigosamente. c) Negligência A negligência pode estar associada à falta de cuidado, de aplicação, de exatidão; descuido, incúria, displicência, desatenção. Muitos podem ser os fatores causadores de um ato negligente, que responde por quase cinquenta por cento dos acidentes. O toque de um celular, o fato do operário passar a prestar a atenção à conversa dos outros, a momentânea desatenção causada pela entrada de pessoas estranhas ao ambiente do trabalho ou o deslocamento de veículos pode ser motivo para a ocorrência de acidentes. Na fotografia a seguir tem-se a elevação e transporte de um submarino através de duas cábreas. A falta de cuidado no nivelamento da carga ou no controle da velocidade das balsas pode causar o tombamento ou queda da carga. Submarino sendo içado por um conjunto de dois guindastes flutuantes.
  • 8. Içamento, para posicionamento de módulo de plataforma fixa; A operação ilustrada na foto anterior é a do posicionamento de um módulo de plataforma fixa sobre a jaqueta (base). Para que a operação seja um sucesso ficam próximos aos pontos de apoio operários, repassando para o supervisor da operação as informações para o correto encaixe do módulo na jaqueta. A menos desatenção pode significar danos no suporte da jaqueta e semanas de retrabalho. Neste exemplo a carga é acondicionada em containers e esses são transportados por navios especiais. Apesar do transporte de containers em navios parecer uma atividade simples e rotineira, a carga, como um todo, deve ser bem posicionada, para que a embarcação não fique desequilibrada e venha a tombar sob a ação de uma onda mais forte.
  • 9. Exemplos de cargas transportadas por embarcação especial. Esse tipo de embarcação é submergida para que a carga, que se encontra flutuando, seja posicionada na embarcação. Depois de deslastreada a embarcação sobe a seu nível normal de flutuabilidade. Transporte de carga por empilhadeira móvel. Muitas vezes, no transporte por empilhadeira móvel, a carga obstrui a visão do operador de um desnível do piso, podendo causar a queda da mesma. Por ser um transporte silencioso, as pessoas nas proximidades devem ser alertadas dos riscos.
  • 10. Transporte de equipamento especial com cavalo mecânico especial e carreta dupla. São atividades extremamente complexas e em baixa velocidade. Nesse tipo de transporte não só deve existir um planejamento rigoroso da atividade como também o controle e supervisão da atividade, representada pelo conjunto veículo transportador + carga transportada. Deslocamento de embarcação com o emprego de quatro trolleys, cujas rodas são acionadas individualmente, por meio de controles centralizados. Os cuidados comentados anteriormente devem ser redobrados quando os meios de transporte são múltiplos.
  • 11. Transporte de cargas superpostas, para racionalização dos meios de transporte. Transporte de carga pesada com dois cavalos mecânicos, um à frente e outro à ré. Veículo para transportes especiais, com o centro de gravidade mais baixo do que o normal, oferecendo maior segurança durante o transporte. Os riscos derivados da imprudência, imperícia ou negligência podem potencializar a quantidade de ocorrências de incidentes e acidentes, principalmente em função fatos outros como:
  • 12. Prazo para a entrega; • Características do produto se frágil ou não; • Cargas especiais quanto ao peso e ou dimensões; • Capacidade de suportação do peso da mercadoria transportada, associado ao peso do veículo transportador; • Locais de embarque e de desembarque; • Locais de difícil acesso para o carregamento ou descarregamento; • Necessidade de equipamentos especiais para a descarga dos materiais; • Meios para a proteção mesmo que temporária das cargas; • Custos associados ao transporte; • Meios de transporte disponíveis; • Necessidade de embalagens especiais; • Possibilidade de transporte a granel ou fracionado, entre outras questões. Não se pode ignorar que quanto maior é a quantidade de manuseios da mercadoria maiores são as possibilidades de existência de danos aos bens. Isso se dá, em grande parte, devido às atividades de estiva. Tipos de cargas transportadas As cargas transportadas podem ser ter as seguintes características físicas: • Cargas sólidas; • Cargas líquidas; • Cargas gasosas; As formas de como as cargas podem ser acondicionadas são: • Tambores metálicos; • Caixas de madeira, plásticas ou de papelão; • Containers para sólidos, líquidos ou gases; • Containers pressurizados ou climatizados; • Pallets metálicos; • Carga a granel disposta no meio de transporte; • Cargas acondicionadas em bags ou outros meios de contenção para cargas à granel; • Cargas sem embalagem, etc..
  • 13. Em função das características físicas das cargas e das formas de como são acondicionadas, são definidas as estratégias de transporte. Em uma obra civil, para a montagem da estrutura da construção, por exemplo, em concreto armado, são necessários materiais, que aglomerados, misturados e posicionados possibilitam que a estrutura seja erigida. Assim, em vista dos volumes de materiais empregados, para acelerar-se o processo de construção, são preparadas no canteiro de obras as fôrmas de madeira ou metálicas, onde serão acondicionadas as ferragens e o concreto. As ferragens podem chegar em carretas e cortadas e preparadas no canteiro de obras, ou já virem prontas do fornecedor. O concreto pode chegar em betoneiras e seu lançado por bombas, sendo bombeados diretamente nas formas. Para cada tipo de carga e forma de transporte há riscos associados, potencializados por falhas decorrentes de imprudência, imperícia ou negligência. Avaliação Global – ferramentas de análise Vários são os aspectos a serem observados nas atividades de transporte de cargas, alguns dos quais podem ser redundantes, ou seja, mais de um fator pode ter contribuído para a ocorrência de acidentes ou incidentes, como por exemplo, o rompimento de uma eslinga, sem que a carga tenha ido ao solo, em uma atividade de içamento conjugada com a movimentação. As causas básicas podem ser definidas através de pesquisas e análises dos acidentes. Neste paper utilizou-se como base para a análise uma listagem de 221 acidentes de transporte de cargas, sem se distinguir, nessa fase, as características das cargas. A relação das causas básicas é a apresentada a seguir: Causas básicas % acidentes Rompimento de lingadas 55% Mau dimensionamento dos pesos e dispositivos de içamento 30% Tombamento do veículo transportador 15% Irregularidades no piso 25% Movimentação em função do vento 10% Balanço excessivo em função dos desníveis de terreno 15% Quebra da lança de içamento do equipamento de guindar 5% Falhas operacionais 40% Falhas no planejamento das atividades 35% Quebra dos acessórios de içamento da carga 20% Defeito de materiais 65% Quebra dos pontos de amarração 10% Quebra dos pontos de pega 10% Rompimento das embalagens 45% Queda do material transportado por má estiva 20% Dimensionamento inadequado do centro de gravidade 15% Impacto contra objetos fixos ao longo do caminho 25% Impacto contra objetos móveis 20%
  • 14. (Navarro, 2012) Acidente provocado pelo choque da carreta contra um poste, posicionado em um trecho com curva. Transporte especial com duas carretas.
  • 15. Nesta foto, de movimentação de carga para montagem da extremidade de uma torre, os operários ficam posicionados de modo a fixar a extremidade por meio de pontos de solda ou parafusos. Qualquer desatenção do operador do guindaste, ou a incidência de ventos mais fortes pode causar acidentes fatais. Evitando os riscos Em atividades de transporte não se consegue eliminar riscos, mas sim mitiga-los. A razão é devida ao fato de estarem presentes inúmeros fatores que passam a contribuir para as ocorrências. O desnivelamento súbito do piso por uma tábua deixada no caminho, a falta de conferência da tensão dos cabos de amarração, o rompimento de cabos ou cintas, o surgimento de ventos mais fortes balançando a carga, um mal súbito do encarregado ou do operário responsável pela operação do equipamento, enfim, inúmeros outros fatores podem ocorrer em conjunto ou isoladamente e, o que é pior, muitas vezes sem terem sido previstos nos planejamentos da atividade. Por essa razão é que se torna quase impossível eliminar-se o risco. Trata-se, de modo análogo, à tentativa de solucionar-se uma equação matemática com várias incógnitas, sem que se tenha meios de encontra-las para a solução. Os principais riscos que devem ser avaliados para a realização devem ser extraídos da planilha apresentada anteriormente. Mas, pode-se simplificar essa análise em alguns tópicos, como a saber: 1. Toda a atividade, por mais simples que seja, deve ser planejada. O planejamento deve contemplar não só a própria atividade do transporte, como também o ambiente onde essa atividade se desenvolverá. Para movimentações com cargas de grandes dimensões e peso
  • 16. deve-se utilizar modelos de simulação em 3D, que possibilitam obter-se alternativas mais seguras; 2. A carga transportada deve ser observada como um todo, avaliando-se, no estudo: • Dimensões; • Peso; • Centro de gravidade do conjunto; • Centro de gravidade do componente de maior peso; • Possibilidade de modularizar-se o transporte; • Existência de protuberâncias, extremidades e ressaltos, que podem ser pontos de contato com objetos durante o transporte; • Utilização de lingadas com coeficiente de segurança maior ou igual a 5; • Existência de pontos de pega ou de amarração das lingadas; • Inspeção de todos os pontos, suas conexões e soldas; • Inspeção de todo o material empregado na atividade, cabos e todos seus acessórios; • Definição do meio de transporte, assegurando-se que haja uma folga mínima entre a capacidade do mesmo e o peso da carga superior a 3; • Verificação se todos os componentes do meio de transporte; • Avaliação do percurso, verificando: Possíveis pontos de contato, Irregularidades do piso, Restrição quanto à largura, Possibilidade de a carga ser deixada sobre calços caso haja ventos com velocidade superior a 15km/h, Possibilidade do equipamento de transporte ficar parado por razões técnicas, sem que haja o estorvo na circulação dos demais veículos, Proximidade de linhas elétricas, Proximidade da movimentação de outras cargas, Movimentação de pessoal sob a carga, Obstruções a serem ultrapassadas, Existência de aclives ou declives. • Local onde a carga será depositada; • Existência de guias ou de pontos de conexão com outros elementos; 3. Toda a atividade de movimentação de cargas de grandes dimensões ou pesos deve ter APENAS UM RESPONSÁVEL, a quem todos devem se reportar;
  • 17. 4. TODOS os envolvidos na operação são importantes e necessários. Assim, deve existir um meio seguro de comunicação com as pessoas. O operador do equipamento ou operadores, já que há transportes com vários equipamentos envolvidos, como apresentado em algumas fotografias anteriores, devem ter sistema de comunicação segura, já que as sinalizações habituais por gestos podem ser mal interpretadas ou entendidas, podendo ser a causa de um acidente; 5. Especial atenção deve ser dado a trechos do percurso com curvas ou com mudança do alinhamento da estrada, principalmente se a carreta for longa, com mais de 30 metros. Conclusão Por fim, uma atividade de transporte de carga é perigosa e pode apresentar complexidades que aumentam o grau de risco. Em muitas dessas operações os trabalhadores devem se aproximar tanto quanto possível para o posicionamento de spinas (pinos) ou parafusos de fixação. Nesses momentos, qualquer balanço da carga pode significar pessoas mortas ou com graves lesões. Os acidentes somente podem ser considerados como algo normal quando um ou vários procedimentos de segurança são descumpridos. Basta que o planejamento seja mal executado para que a probabilidade de ocorrência de acidentes cresça exponencialmente. Isso costuma ocorrer quando a empresa não possui a adequada cultura de segurança, quando as atividades são realizadas “para ontem” e quando há improvisos. Somente estes três itens citados neste parágrafo já seriam responsáveis por mais de 60% das ocorrências de acidentes.