SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 60
Diagnóstico, Prevenção e Tratamento
Manuel Parreira
Assistente Graduado de Cirurgia Geral
Hospital de Faro, E.P.E.
Epidemiologia
 380 milhões de diabéticos em 2025
 2-5% desenvolvem úlcera do pé anualmente
 Prevalência da ulceração de 4 a 25%
 50% das amputações dos membros inferiores
não traumáticas são em diabéticos
 85% destas são precedidas de úlcera do pé
 Risco de amputação é 15 vezes maior no
diabético
International Consensus on the Diabetic Foot, IWGDF, IDF, 1999
30/05/2015 2
Definição de Pé Diabético
O que é o Pé Diabético?
 “ Pé diabético é a situação de infecção, ulceração e/ou
também a destruição de tecidos profundos dos pés,
associados com anormalidades neurológicas
(panneuropatia) e vários graus de doença vascular
periférica no membro inferior.”
*DEFINIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
30/05/2015 3
Mundo Ocidental e Pé Diabético
Mal perfurante plantar
Infecção
Neuroartropatia de Charcot
Doença arterial periférica
Gangrena
Aumento dos internamentos hospitalares dos diabéticos
Aumento da demora média de internamento hospitalar
Amputações
430/05/2015
Mundo Ocidental e Pé Diabético
30/05/2015 5
Consulta
Multidisciplinar
Prevenção
Redução
amputações
major
+
Reabilitação
Organização - Níveis de Cuidados do
Pé Nível 1
 Clínico Geral, Enfermeiro Especializado Diabetes, Podologista
 Objectivos: - reforço da educação dos doentes e familiares
- cuidados lesões não ulceradas
- tratamento úlceras superficiais
- seguimento de úlceras já referenciadas
 Nível 2
 Diabetologista ou Internista, Cirurgião ou Ortopedista
 Enfermeiro Especializado, Podologista
 Objectivos: - avaliação doentes com patologia ulcerosa, isquémica
ou com infecção e ou necrose
- necessidade de desbridamento ou internamento
 Nível 3
 Centro especializado , Cirurgião Vascular, Fisiatra, Técnico de
ortóteses
 Objectivos: tratamento de infecção e úlceras graves, investigação
vascular
630/05/2015
Objectivos da Consulta de
Prevenção
 Criação da equipa multiprofissional e multidisciplinar
 Educação dos pacientes quanto ao risco
 Sensibilizar os profissionais de saúde
 Identificação precoce das lesões de risco, isquémicas
ou neuropáticas
 Tratamento eminentemente preventivo
 Evitar complicações
 Classificar o paciente quanto ao grau de risco
 Propiciar melhores condições para reintegração do
doente no ambiente familiar e social
 Contribuir para a optimização do leito hospitalar
 Redução das amputações em 50%
30/05/2015 7
Consulta Multidisciplinar – H. Faro,
EPE
 Nível 2:
 Cirurgião Geral
 Diabetologista (Internista)
 Enfermeiro Especialista
 Outros:
○ Fisiatra (apoio imediato)
○ Ortopedista
○ Ortésico
○ Dermatologista
○ Cirurgia Plástica
30/05/2015 8
PODOLOGISTA
Consulta Multidisciplinar – H. Faro,
EPE
 Recente: de Agosto 2009 a Fevereiro 2010
 Primeiras: 56 doentes
 Segundas: 78 doentes
 Total: 134 consultas
 Horário:
 4ª feira das 14-17 h, quinzenal
 6ª feira das 9-12 h, semanal
30/05/2015 9
Material da Consulta de Pé
Diabético
 Monofilamento Semmes-Weinstein
 Diapasão 128 Hz
 Esfingmomanómetros
 Doppler portátil
 Marquesa adaptada
 Carro de pensos
 Material cirúrgico
30/05/2015 10
Diagnóstico do Pé diabético
 Como se faz o diagnóstico de pé diabético?
 Avaliação clínica
○ História clínica
○ Exame físico direccionado
 Estado dos Pés, Faneras
 Músculo-esquelético
- Deformações, flexibilidade articular
 Testes de avaliação neurológicos e vasculares
○ Sensitivo, Vibratório e Tendinoso
 Monofilamento Semmes-Weinstein e diapasão de 128 Hz
 Reflexos tendinosos profundos (patelar e aquiliano)
○ Vascular
 Pulsos, IPTB, Doppler arterial
 Preenchimento capilar( <1;1-3;>3 s)
30/05/2015 11
Avaliação Clínica e Grau de Risco – Formulário da
Consulta Multidisciplinar
 História clínica - Características do doente
○ Idade do doente, duração e tipo de diabetes
○ Glicemia e Hemoglobina glicada
○ Dislipidemia e HTA
○ Retino e nefropatia diabética
○ Doença cardio e cerebrovascular
○ Estado nutricional, Peso, Altura (IMC)
○ Hábitos tabágicos, toxicofilias
○ Alergias
○ Medicação corrente para diabetes e comorbilidades
○ Internamentos ou cirurgias anteriores
○ Escolaridade
○ Autonomia motora e acuidade visual
○ Antecedentes de lesão prévia nos pés
30/05/2015 12
Avaliação Clínica e Grau de Risco – Formulário
da Consulta Multidisciplinar
 História Clínica – Sinais
○ Hiperqueratoses, calos, fissuras
○ Onicogrifose, Onicomicose, Onicocriptose
○ Dermatomicose
○ Temperatura cutânea, ingurgitamento venoso
○ Cuidados ungueais
○ Hidratação da pele
○ Alterações estruturais (dedo garra, martelo, hallux
valgus, rigidus,…), flexibilidade articular
○ Calçado adequado ou inadequado
○ Amputação major ou minor
30/05/2015 13
Avaliação Clínica e Grau de Risco –
Formulário da Consulta Multidisciplinar
 História Clínica – Patologia
○ Neuropatia
 Sensibilidade Pressão (monofilamento Semmes -
Weinstein)
 Sensibilidade Vibratória (profunda)(diapasão 128 Hz)
 Discriminatória (picada)
 Parestesia/Disestesia
 Edema
○ Arteriopatia
 Claudicação intermitente, dor em repouso
 Perda de pêlos
 Rubor
 Pulsos periféricos e Doppler portátil (TP, pediosos)
 IPTB
30/05/2015 14
Testes de Avaliação Neurológicos
1. Pesquisa da sensibilidade protectora com o
monofilamento de Semmes-Weinstein 5,07(10 g),
para despiste de neuropatia periférica
2. Diapasão de 128 Hz para avaliação da
sensibilidade profunda
3. Discriminatória (alfinete rombo) entre 2 pontos
4. Táctil (algodão)
5. Dolorosa
6. Térmica
30/05/2015 15
Testes e Exame dos Pulsos para
Avaliação Vascular na Consulta
1. Avaliação dos Pulsos periféricos
2. Índice de Pressão Tornozelo-Braço
3. Doppler arterial portátil
4. Pressão Sistólica no Tornozelo
30/05/2015 16
Avaliação Vascular
 IPTB*< 0,9 = Isquemia (o IPTB pode ser elevado e haver
isquemia por mediocalcinose nas artérias do pé e tornozelo)
se IPTB< 0,7 = Isquemia grave e <0,5 é Isquemia crítica
 TcPO2 < 30 mm hg = pé isquémico
 Pressão digital <40 mm hg = pé isquémico
 Pé Isquémico = Consulta Cirurgia Vascular
 Eco-doppler arterial dos membros inferiores
 Avaliar potencial de revascularização:
○ Arteriografia
○ MRI/Angiografia
○ TAC/Angiografia
* IPTB = Índice Pressão Tornozelo Braço (PS tornozelo/PS braço)
30/05/2015 17
Via de Ulceração e de Amputação do Pé
Diabético – Consenso Internacional
Diabetes
Mellitus
Neuropatia Angiopatia
Motora
Sensitiva Autonómica
Limitação mobilidade
articular
Desvio
coordenação e
postura Diminuição da
sensação dolorosa
e proprioceptiva
Micro-
angiopatia
Doença
Vascular
Periférica
Diminuição sudorese
Alteração da regulação
do fluxo sanguíneo,
Pele seca,
Fissuras
Deformidade, stress,
pressão de
acomodação
calos
Calçado inadequado, não
adesão tratamento,
negligência, inadvertência,
educação terapêutica
precária
(pacientes/profissionais)
Isquemia
Gangrena
Trauma
Úlcera
AmputaçãoInfecção
Trauma
30/05/2015 18
Entidades Clínicas do Pé Diabético
Quente Frio
 Pé Neuropático
60%
 Pé Neuroisquémico
40%
1930/05/2015
30/05/2015 20
Pé Neuropático Pé Neuroisquémico
Etiologia Degenerescência
axonal terminal e
bilateral
Oclusão, estenose
arterial
Pulsos (T.P. e Pedioso) 1 ou 2 pulsos
palpáveis
Ausentes
Pele Seca (anidrose) e
descamativa
(paralisia SNS)
Fina, violácea,
palidez, rosáceas
cianóticas
Sensibilidade:
- Pressão
- Vibratória
Ausência no hallux
Ausência no maléolo
externo
Presente ou ausente
Presente ou ausente
Complicação Úlcera neuropática,
indolor, zonas de
hiperpressão sobre o
pé
Úlcera necrótica,
dolorosa; dorso do
hallux, joanete
Sastre, calcanhar
Fisiopatologia - Factores de Risco
 Neuropatia periférica
 Doença vascular periférica
 Microangiopatia (atinge a túnica média)
 Macroangiopatia
 Deformação do pé
 Trauma
 Infecção
 Hiperglicemia
 Idade do doente e duração da diabetes
“2 ou mais factores de risco levam ao aparecimento da
lesão, é multifactorial”
2130/05/2015
Factores de Risco Sistémicos
 Duração da Diabetes Mellitus superior a 10 anos
 Hiperglicemia
 Doença arterial periférica, mais frequente no
diabético e quando presente deve ser tratada
precocemente
 Amaurose ou diminuição da acuidade visual
 Nefropatia diabética
 Idade superior a 60 anos
30/05/2015 22
Factores de Risco Locais
 Neuropatia periférica - ausência de dor ao trauma
 Deformação estrutural do pé congénita ou adquirida (neuropatia
motora e atrofia da musculatura intrínseca, alteração da biomecânica
do pé com dedos em garra e em martelo e aumento da pressão na
cabeça dos MT, falanges, tornozelo equino)
 Trauma e sapatos inadequados: factor desencadeante
 Calosidades resultantes da sobrecarga
 Antecedentes de úlcera ou amputação
 Mecanismo de pressão plantar exagerada levam a deslocação das
almofadas plantares, pressão áreas ósseas
 Limitação da mobilidade articular por glicolização do colagénio
(encurtamento dos tendões, ligamentos e cápsulas articulares
assim como a fascia plantar espessada)
30/05/2015 23
30/05/2015 24
Prevenção
1. Inspecção e exame frequente do pé em
consulta multidisciplinar
2. Avaliação do grau de risco
3. Educação do doente e familiares e dos
profissionais de saúde
4. Utilização de calçado apropriado
5. Tratamento da patologia não ulcerativa no
doente de risco
“Mais que tratar do pé diabético há que cuidar dos pés
dos diabéticos”
Prevenção
 Inspecção e exame frequente do pé
 Avaliação de pulsos/IPTB
 Detecção de zonas de pressão
 Hiperqueratoses
 Micoses, onicogrifoses, onicocriptose
 Avaliação da sensibilidade
○ Monofilamento Semmes-Weinstein
○ Vibratória (diapasão 128 Hz)
○ Discriminação (picada de alfinete)
○ Táctil (algodão, pincel)
○ Reflexos (martelo)
2630/05/2015
Prevenção
 Avaliação do grau de risco
 Categoria da lesão de acordo com a tabela do
Working Group on the Diabetic Foot, 2007
 Progressão do Risco de Ulceração de acordo
com as directivas práticas do tratamento e
prevenção do pé diabético, DGS 2010
30/05/2015 27
Categorização do Risco de Ulceração
Categoria Perfil de Risco Frequência de exame
1 Ausência de neuropatia sensitiva Anual
2 Presença de neuropatia sensitiva Semestral
3
Presença de neuropatia sensitiva
Com doença arterial periférica e/ou
deformações do pé
Trimestral
4 Ulceração prévia Cada 1 a 3 meses
International Working Group on the Diabetic Foot, 2007
2830/05/2015
Progressão do Risco de
Ulceração
Directivas práticas do tratamento e prevenção do pé diabético, DGS 2010
Com neuropatia sensitiva e/ou
Doença arterial periférica e/ou
Deformações do pé e/ou
Ulceração ou amputação prévia
Alto Risco
Com neuropatia sensitiva Médio Risco
Sem neuropatia sensitiva Baixo Risco
30/05/2015 29
Encaminhamento do Doente de
Acordo com o Risco de
Ulceração
Categoria Consulta Frequência de exame
1 Nível 1 Anual
2 Nível 1 Semestral
3 Nível 2 Trimestral
4 Nível 2 ou 3 Mensal ou
30/05/2015 30
Prevenção
 Educação do doente, familiares e profissionais
de saúde
 Inspecção diária dos pés e espaços interdigitais
 Ajuda de outra pessoa se o doente não consegue
 Lavagem diária dos pés e cuidadosamente secos,
especialmente entre os dedos
 Temperatura da água inferior a 37ºC
 Evitar andar descalço, usar sapatos adequados e
meias sem costuras
 Não usar calicidas ou adesivos para os calos
 Inspeccionar o interior dos sapatos diariamente
 Cuidados ungueais
30/05/2015 31
Prevenção
 Utilização de calçado apropriado
 O sapato é a causa mais frequente do trauma
contínuo que leva à ulceração
 Não pode ser apertado nem demasiado largo
(edemas). Escolher ao fim do dia
 Comprar o sapato um número acima
 Base alta, largura igual à largura da região
metatarso-falângica
 Calçado especial, palmilhas e ortóteses
30/05/2015 32
Prevenção
 Tratamento da patologia não ulcerativa no
doente de risco
 Calosidades
 Anidrose
 Onicomicoses, onicogrifose, oniconiquia
 Dermatomicoses
 Deformações ósseas
30/05/2015 33
Úlcera Diabética
 Neuropática
 Neuroisquémica
 Descrever a úlcera, referir a coloração, a
profundidade, a localização, a classificação
(P.E.D.I.S.)
 Infecção
 Superficial
 Profunda
 Etiologia ou factor desencadeante
 Mecânica (traumática)
 Térmica
 Química
30/05/2015 34
Sistemas de Classificação da Úlcera
Diabética
 Sistema de Classificação de Wagner
 Sistema de Classificação Universidade do Texas
 P.E.D.I.S.
 Perfusão
 Extensão (cm2)
 Depth (Profundidade)
 Infecção
 Sensibilidade
30/05/2015 35
Classificação de Wagner
Grau Lesão
0 Lesão fechada; pode ter deformação ou celulite
1 Úlcera superficial
2 Úlcera profunda, atinge o tendão ou a cápsula articular
3 Úlcera profunda com abcesso, osteomielite/sépsis articular
4 Gangrena localizada
5 Gangrena de todo o pé
30/05/2015 36
Classificação da Universidade do
Texas
Estadio
A
B
C
D
Grau
0 1 2 3
Lesões
completamente
epitelizadas pré
ou pós-ulcerativas
Ferida superficial
não envolve
tendão, cápsula ou
osso
Ferida profunda,
envolve o
tendão ou
cápsula
Ferida envolve o osso ou
articulação
Infectada Infectada Infectada Infectada
Isquémica Isquémica Isquémica Isquémica
Infectada e
Isquémica
Infectada e
Isquémica
Infectada e
Isquémica
Infectada e
Isquémica
30/05/2015 37
Classificação P.E.D.I.S
CLASSIFICAÇÃO
PEDIS
Perfusão
Extensão (Área cm2)
Depth (Profundidade)
Infecção
Sensibilidade
Grau
1 2 3 4
Sem DAP
Pulsos periféricos
palpáveis,
ITB= 0,9-1,1
TcpO2>60 mm Hg
Com DAP
Sem Isquemia crítica;
ITB<0,9 ;
TAS tornozelo>50
mm Hg
TcpO2 =30-60 mm
Hg
Isquemia crítica;
TAS tornozelo
< 50 mm Hg;
TcpO2<30 mm Hg
Medição em 2 cm
Superficial se
atingimento para além
da derme
Profunda. Atinge
estruturas
subcutâneas:
fascia, músculo ou
tendão
Atingimento
ósseo ou articular
Sem infecção
Sinais infecção
local subcutânea
com eritema < 2cm
; sem sinais
sistémicos
Sinais de infecção
subcutânea local
eritema > 2 cm ou
com atingimento
profundo
Sinais de infecção
2 ou + : Temp.
>38ºC ou <36 ºC;
FC>90bpm; FR>20
cpm
Leucócitos>12.000
ou < 4.000/ul
Sem perda da
sensibilidade à
Pressão ou Vibração
Com perda de
sensibilidade à
Pressão ou
Vibração
30/05/2015 38
30/05/2015 39
Tratamento da Úlcera
 Gold Standard: encerramento da úlcera
 Controlo da diabetes e co-morbilidades
 Avaliação do estado arterial
 Deixar de fumar, controlo do peso, álcool e
outras toxicofilias.
 Avaliar a mobilidade do doente, evitar
caminhadas prolongadas, usar calçado apropriado
e com protecção
 Remoção e alívio da pressão (carga)
Tratamento da Úlcera Isquémica
 Tratar primeiro a causa (aterosclerose)
 Evitar desbridamentos cirúrgicos ou outros, manter a
placa de necrose e não macerar por risco de infecção
 Medicamentos: vasodilatadores, antiagregantes
plaquetários, iloprost (vasodilatador e.v.)
 Cirurgia Vascular:
 By-pass (veia autóloga ou PTFE)
 Endovascular/stents
 Simpaticectomia lombar
 Amputações minor ou major
30/05/2015 40
Tratamento da Úlcera Diabética Neuropática
 Desbridamento (excepção à úlcera isquémica)
 Cirúrgico (pedra angular)
 Hidrocirurgia (Versajet)
 Enzimático (colagenase ou papaverina)
 Autolítico (hidrogel)
 Larvas (Lucilia sericata)
 Penso em ambiente húmido
 Tratamento Avançado
 Factores de crescimento
 DNA plaquetário recombinado(peclaplermim)
 Endotélio Vascular
 Fibroblastos
 Plasma autólogo rico em plaquetas
 Tecidos de bioengenharia (Apligraft e Dermagraft)
 Matrizes extracelulares de derme acelular
30/05/2015 41
Pensos Locais
 Pensos
 Hidrofibras
 Películas
 Hidrocolóides
 Espumas
 Alginatos
 Hidrogel
 Agentes
 Iodo
 Prata
 Ácido hialurónico
 Inibidor da metalo-
proteinase
 Colagénio liofilizado
30/05/2015 42
Pensos Locais
 Películas semioclusivas de poliuretano ou co-
polímeros
○ feridas superficiais em fase epitelização
 Poliuretanos, carboximetilcelulose (espumas e
hidrofibras)
○ úlceras em fase de granulação com maior ou menor
quantidade de exsudado
 Alginatos (algas)
○ Grande capacidade de absorção, feridas muito exsudativas
 Hidrocolóides (absorvente)
○ Opaco, oclusivo, risco infecção, EVITAR
 Hidrogel (autolítico) e colagenase (enzimático)
○ Remoção de tecidos necróticos (maceração excessiva pode
aumentar o risco de infecção)
30/05/2015 43
Agentes Farmacológicos
 Iodo
 feridas infectadas
 Prata
 feridas infectadas, largo espectro antimicrobiano
 Ácido hialurónico
 úlceras não infectadas, crónicas, estimulante da
cicatrização
 Inibidor da metaloproteinase (Promogram)
 Colagénio liofilizado (Septocol)
 gentamicina (uso controverso)
 Carvão activado ou associado à prata
 adsorvente do odor, antimicrobiano (prata)
30/05/2015 44
Tratamento Adjuvante da Úlcera
 Oxigénio Hiperbárico (úlcera Wagner 3 e 4)
 Ultra-som: MIST (spray salino e ultra-som par
não romper os capilares; desbrida e estimula a
cicatrização)
 Pressão Negativa (Aparelho de vácuo: VAC)
 Estimuladores Eléctricos
 Infra-vermelhos
30/05/2015 45
Risco de Infecção no Diabético
 Comum e mais severa do que no paciente não
diabético
 Maior risco de osteomielite
 Muito frequente
 Maior responsável pelo internamento
hospitalar destes doentes
 Factores predisponentes: diminuição da
resposta imunológica, neuropatia e doença
arterial periférica
 Disseminação pelas fascia, infecções e
abcessos profundos
30/05/2015 46
Factores de Impedimento da
Cicatrização
 Locais
 Pressão ou carga
 Vascularização
 Infecção
30/05/2015 47
A Infecção no Pé Diabético
Diagnóstico
 Sinais sistémicos
 Presença de secreções purulentas
 Sinais clássicos de inflamação
 Calor
 Tumor
 Rubor
 Dor
30/05/2015 48
A Infecção no Pé Diabético
Diagnóstico
 Falência de cicatrização
 Tecido de granulação anormal
 Tecido friável
 Cheiro fétido
 Produção prolongada de exsudado
 Aumento da dimensão da úlcera
 Presença de dor
30/05/2015 49
Gravidade Clínica da Infecção
Classificação IDSA- PEDIS
Evidência Clínica de Infecção
Severidade
da
Infecção
PEDIS
Ferida sem sinais de infecção Não infectada Grau 1
Presença de 2 sinais inflamatórios, eritema
>2 cm, limitada ao tecido celular subcutâneo
Infecção ligeira Grau 2
Eritema > 2 cm, linfangite ou progressão pela
fáscias, gangrena ou abcesso profundo,
atinge o músculo, tendão, cápsula articular
ou osso
Infecção moderada Grau 3
Sinais sistémicos de infecção Infecção grave Grau 4
30/05/2015 50
30/05/2015 51
Infecção
 Aguda
○ Tecidos moles
○ Osteoarticular (artrite séptica)
- Via hematogénea (mais crianças), directa (mais frequente) e por contiguidade
(rara)
 Crónica
○ Tecidos moles (mecanismo de hiperpressão, é essencial aliviar a
carga)
○ Osteoarticular
○ Pé de Charcot
○ Osteomilelite crónica
“Os sintomas e sinais típicos da infecção como: dor, tensão local, edema,
rubor, calor podem não estar presentes no doente diabético, mesmo a infecção
sistémica é muitas vezes sub-clínica”
A Infecção no Pé Diabético -
Diagnóstico Microbiológico
 Efectuar colheitas por aspiração,
curetagem ou biópsia
 Prova probe to bone (estilete)
 Evitar zaragatoas das superfícies
ulceradas
 Efectuar hemoculturas se houver sinais
sistémicos
 Proceder ao transporte rápido em meio
apropriado para o laboratório
30/05/2015 52
Meios Complementares
Diagnóstico
 Exames Laboratoriais
 Glicemia, Hb A1c, VS, PGCR,
hemograma,, FA, ionograma,
Função renal e hepática
 urina II
 hemoculturas
 cultura do pús do leito
profundo da ferida com cureta
ou biopsia
 Imagiologia
 Cintigrafia óssea:
○ Tc-99 MDP
○ Indium 111
○ Tc-99MDP-Indium 111
○ Tc-99 HMPAO
 TAC
 RMN com gedolinium
 PET Scan
30/05/2015 53
Tratamento da Infecção
 Desbridamento cirúrgico
 Repouso
 Antibioterapia
 Pensos locais
 Controlo glicémico apertado (insulina)
 Controlo de co-morbilidades
30/05/2015 54
Antibioterapia
 Espectro de acção estreito
 Menor duração do tratamento
30/05/2015 55
Factores que influenciam a escolha
da antibioterapia
 Gravidade clínica da infecção
 Agentes etiológicos presumíveis
 Terapêutica antibiótica prévia
 Alergias
 Dados susceptibilidade antibiótica local
 Insuficiência renal ou insuficiência hepática
 Absorção gastrointestinal prejudicada
 Potenciais interacções medicamentosas
 Custo
30/05/2015 56
Agentes Etiológicos Presumíveis
 Úlcera com infecção ligeira
 Estafilococos aureus, Estreptococos beta- hemolítico
 Úlcera com tratamento prévio
 Idem + Enterobacteriaceae
 Úlcera macerada
 Pseudomonas aeruginosa
 Úlcera crónica com tratamento prévio de largo
espectro
 Todos anteriores + Bacilos Gram -, Estirpes multirresistentes
 Gangrena e necrose extensa com odor fétido
 Cocos Gram +, Enterobact., Bacilos Gram -, Anaeróbios
30/05/2015 57
Fármacos com Eficácia Clínica
Comprovada
 Cefalexina (po)
 Cefoxitina (ev)
 Ceftriaxone (ev)
 Amoxicilina/ác. Clavulânico (po, ev)
 Piparacilina/Tazobactam
 Cipro e Levofloxacina (po,ev)
 Ertapenem, Imipenem/cilastatina; Meropenem (ev)
 Clindamicina (po, ev)
 Linezolide (po, ev)
 Vancomicina (ev)
30/05/2015 58
Selecção do Esquema de
Antibioterapia
30/05/2015 59
Infecção Ligeira Antibioterapia Agentes
• Sem CC Flucloxacilina Cocos Gram +
• Antibioterapia prévia
Amoxicilina/ácido
clavulânico
Cocos Gram +
Bacilos Gram -
• Alergias
Clindamicina
ou
Fluorquinolona
Selecção do Esquema de
Antibioterapia
Infecção moderada
a
grave
Antibioterapia Agentes
• Sem CC
Amoxicilina
Ácido
Clavulânico
Cocos Gram +,
Bacilos Gram -
• Antibioterapia prévia ou
necrose
Fluorquinolona
+ Clindamicina
Ertapenem, Imipenem
ou Meropenem
Cocos Gram +,
Bacilos Gram –
Anaeróbios
• Suspeita de MRSA Vancomicina, Linezolide
Cotrimoxazol
Idem,
MRSA?
• Osteomielite
Fluorquinolona
+
Clindamicina
Flora mista
30/05/2015 60
Duração do Tratamento
Infecção Ligeira 1 a 2 semanas
• Infecção moderada a grave 2 a 4 semanas
• Osteomielite 6 ou mais semanas
TERAPÊUTICA DIRIGIDA QUANDO SE ISOLA O AGENTE
30/05/2015 61

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Atenção integral ao portador de pé diabético
Atenção integral ao portador de pé diabéticoAtenção integral ao portador de pé diabético
Atenção integral ao portador de pé diabéticoadrianomedico
 
Úlcera diabética (thamires e stéfani)
Úlcera diabética (thamires e stéfani)Úlcera diabética (thamires e stéfani)
Úlcera diabética (thamires e stéfani)William Castilho
 
Pé diabético no contexto da neuropatia diabética e doença arterial periférica
Pé diabético no contexto da neuropatia diabética e doença arterial periféricaPé diabético no contexto da neuropatia diabética e doença arterial periférica
Pé diabético no contexto da neuropatia diabética e doença arterial periféricaadrianomedico
 
Apresentação pé diabético - William e Stéfani (Cuidar-te/EPE)
Apresentação pé diabético -  William e Stéfani (Cuidar-te/EPE)Apresentação pé diabético -  William e Stéfani (Cuidar-te/EPE)
Apresentação pé diabético - William e Stéfani (Cuidar-te/EPE)William Castilho
 
1 pé diabético - fisiopatologia
1 pé diabético - fisiopatologia1 pé diabético - fisiopatologia
1 pé diabético - fisiopatologiaAntónio Bandarra
 
Pé diabético Dr Omar Mohamad M. Abdallah
Pé diabético  Dr Omar Mohamad M. Abdallah Pé diabético  Dr Omar Mohamad M. Abdallah
Pé diabético Dr Omar Mohamad M. Abdallah Omar Mohamad Abdallah
 
5 pé diabético papel da cirurgia
5 pé diabético   papel da cirurgia5 pé diabético   papel da cirurgia
5 pé diabético papel da cirurgiaAntónio Bandarra
 
3 pé diabético antibióticos
3  pé diabético antibióticos3  pé diabético antibióticos
3 pé diabético antibióticosAntónio Bandarra
 
Importância da prevenção e cuidados ao pé diabético ( TCC)
Importância da prevenção e cuidados ao pé diabético ( TCC)Importância da prevenção e cuidados ao pé diabético ( TCC)
Importância da prevenção e cuidados ao pé diabético ( TCC)Alex Carvalho
 
O CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PACIENTES DIABÉTICOS: UM ENFOQUE NA NEUROPATIA PER...
O CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PACIENTES DIABÉTICOS: UM ENFOQUE NA NEUROPATIA PER...O CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PACIENTES DIABÉTICOS: UM ENFOQUE NA NEUROPATIA PER...
O CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PACIENTES DIABÉTICOS: UM ENFOQUE NA NEUROPATIA PER...Carla Regina de Lima Goés
 
Diagnóstico diferencial das poliartrites
Diagnóstico diferencial das poliartritesDiagnóstico diferencial das poliartrites
Diagnóstico diferencial das poliartritespauloalambert
 
Doença reumatóide
Doença reumatóide Doença reumatóide
Doença reumatóide pauloalambert
 

Mais procurados (19)

6 pé diabético ortopedia
6   pé diabético ortopedia6   pé diabético ortopedia
6 pé diabético ortopedia
 
PÉS DIABÉTICOS
PÉS DIABÉTICOSPÉS DIABÉTICOS
PÉS DIABÉTICOS
 
Prevenção no Pé Diabético: Educação
Prevenção no Pé Diabético: EducaçãoPrevenção no Pé Diabético: Educação
Prevenção no Pé Diabético: Educação
 
Pé Diabético
Pé DiabéticoPé Diabético
Pé Diabético
 
Atenção integral ao portador de pé diabético
Atenção integral ao portador de pé diabéticoAtenção integral ao portador de pé diabético
Atenção integral ao portador de pé diabético
 
Úlcera diabética (thamires e stéfani)
Úlcera diabética (thamires e stéfani)Úlcera diabética (thamires e stéfani)
Úlcera diabética (thamires e stéfani)
 
Pé diabético no contexto da neuropatia diabética e doença arterial periférica
Pé diabético no contexto da neuropatia diabética e doença arterial periféricaPé diabético no contexto da neuropatia diabética e doença arterial periférica
Pé diabético no contexto da neuropatia diabética e doença arterial periférica
 
Apresentação pé diabético - William e Stéfani (Cuidar-te/EPE)
Apresentação pé diabético -  William e Stéfani (Cuidar-te/EPE)Apresentação pé diabético -  William e Stéfani (Cuidar-te/EPE)
Apresentação pé diabético - William e Stéfani (Cuidar-te/EPE)
 
1 pé diabético - fisiopatologia
1 pé diabético - fisiopatologia1 pé diabético - fisiopatologia
1 pé diabético - fisiopatologia
 
O pé diabético e suas especificidades
O pé diabético e suas especificidadesO pé diabético e suas especificidades
O pé diabético e suas especificidades
 
Pé diabético Dr Omar Mohamad M. Abdallah
Pé diabético  Dr Omar Mohamad M. Abdallah Pé diabético  Dr Omar Mohamad M. Abdallah
Pé diabético Dr Omar Mohamad M. Abdallah
 
5 pé diabético papel da cirurgia
5 pé diabético   papel da cirurgia5 pé diabético   papel da cirurgia
5 pé diabético papel da cirurgia
 
3 pé diabético antibióticos
3  pé diabético antibióticos3  pé diabético antibióticos
3 pé diabético antibióticos
 
Abordagem Local do Pé Diabético
Abordagem Local do Pé DiabéticoAbordagem Local do Pé Diabético
Abordagem Local do Pé Diabético
 
Importância da prevenção e cuidados ao pé diabético ( TCC)
Importância da prevenção e cuidados ao pé diabético ( TCC)Importância da prevenção e cuidados ao pé diabético ( TCC)
Importância da prevenção e cuidados ao pé diabético ( TCC)
 
11 pe diabetico aces
11 pe diabetico aces11 pe diabetico aces
11 pe diabetico aces
 
O CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PACIENTES DIABÉTICOS: UM ENFOQUE NA NEUROPATIA PER...
O CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PACIENTES DIABÉTICOS: UM ENFOQUE NA NEUROPATIA PER...O CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PACIENTES DIABÉTICOS: UM ENFOQUE NA NEUROPATIA PER...
O CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PACIENTES DIABÉTICOS: UM ENFOQUE NA NEUROPATIA PER...
 
Diagnóstico diferencial das poliartrites
Diagnóstico diferencial das poliartritesDiagnóstico diferencial das poliartrites
Diagnóstico diferencial das poliartrites
 
Doença reumatóide
Doença reumatóide Doença reumatóide
Doença reumatóide
 

Semelhante a Diagnóstico, Prevenção e Tratamento do Pé Diabético

Pé Diabético Formação Clinica
Pé Diabético Formação ClinicaPé Diabético Formação Clinica
Pé Diabético Formação ClinicaManuel Parreira
 
Pé DiabéTico FormaçãO
Pé DiabéTico FormaçãOPé DiabéTico FormaçãO
Pé DiabéTico FormaçãOguestb54443
 
Apresentacao5 examedospes-130206134233-phpapp01
Apresentacao5 examedospes-130206134233-phpapp01Apresentacao5 examedospes-130206134233-phpapp01
Apresentacao5 examedospes-130206134233-phpapp01Annie Marie
 
Artigo avaliação do pé dabetico
Artigo avaliação do pé dabetico Artigo avaliação do pé dabetico
Artigo avaliação do pé dabetico Johannes Oliveira
 
Fisioterapia_nos_cuidados_paliativos.pdf
Fisioterapia_nos_cuidados_paliativos.pdfFisioterapia_nos_cuidados_paliativos.pdf
Fisioterapia_nos_cuidados_paliativos.pdfGustavoArouche1
 
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DO PÉ PROPOSTO PELO GRUPO DE T...
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DO PÉ PROPOSTO PELO GRUPO DE T...AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DO PÉ PROPOSTO PELO GRUPO DE T...
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DO PÉ PROPOSTO PELO GRUPO DE T...Câmara de Vereadores
 
Fisioterapia OncolóGica Uninorte
Fisioterapia OncolóGica UninorteFisioterapia OncolóGica Uninorte
Fisioterapia OncolóGica UninorteDaniel Xavier
 
Diagnósticos diferenciais das monoartrites.
Diagnósticos diferenciais das monoartrites.Diagnósticos diferenciais das monoartrites.
Diagnósticos diferenciais das monoartrites.Paulo Alambert
 
Cga.neurologia.neuropatias perifericas (1)
Cga.neurologia.neuropatias perifericas (1)Cga.neurologia.neuropatias perifericas (1)
Cga.neurologia.neuropatias perifericas (1)Andreé Sigala Escamilla
 
Diagnósticos diferenciais das monoartrites
Diagnósticos diferenciais das monoartritesDiagnósticos diferenciais das monoartrites
Diagnósticos diferenciais das monoartritespauloalambert
 
Diagnósticos Diferenciais das monoartrites
Diagnósticos Diferenciais das monoartritesDiagnósticos Diferenciais das monoartrites
Diagnósticos Diferenciais das monoartritesPaulo Alambert
 
Doença reumatóide
Doença reumatóide Doença reumatóide
Doença reumatóide pauloalambert
 

Semelhante a Diagnóstico, Prevenção e Tratamento do Pé Diabético (20)

Pé Diabético Formação Clinica
Pé Diabético Formação ClinicaPé Diabético Formação Clinica
Pé Diabético Formação Clinica
 
Pé DiabéTico FormaçãO
Pé DiabéTico FormaçãOPé DiabéTico FormaçãO
Pé DiabéTico FormaçãO
 
Pé Diabético .ppt
Pé Diabético .pptPé Diabético .ppt
Pé Diabético .ppt
 
Pé diabético aspectos clínicos
Pé diabético  aspectos clínicosPé diabético  aspectos clínicos
Pé diabético aspectos clínicos
 
Apresentacao5 examedospes-130206134233-phpapp01
Apresentacao5 examedospes-130206134233-phpapp01Apresentacao5 examedospes-130206134233-phpapp01
Apresentacao5 examedospes-130206134233-phpapp01
 
Artigo avaliação do pé dabetico
Artigo avaliação do pé dabetico Artigo avaliação do pé dabetico
Artigo avaliação do pé dabetico
 
Fisioterapia_nos_cuidados_paliativos.pdf
Fisioterapia_nos_cuidados_paliativos.pdfFisioterapia_nos_cuidados_paliativos.pdf
Fisioterapia_nos_cuidados_paliativos.pdf
 
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DO PÉ PROPOSTO PELO GRUPO DE T...
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DO PÉ PROPOSTO PELO GRUPO DE T...AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DO PÉ PROPOSTO PELO GRUPO DE T...
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DO PÉ PROPOSTO PELO GRUPO DE T...
 
11 pe diabetico aces
11 pe diabetico aces11 pe diabetico aces
11 pe diabetico aces
 
Fisioterapia OncolóGica Uninorte
Fisioterapia OncolóGica UninorteFisioterapia OncolóGica Uninorte
Fisioterapia OncolóGica Uninorte
 
Diagnósticos diferenciais das monoartrites.
Diagnósticos diferenciais das monoartrites.Diagnósticos diferenciais das monoartrites.
Diagnósticos diferenciais das monoartrites.
 
Cga.neurologia.neuropatias perifericas (1)
Cga.neurologia.neuropatias perifericas (1)Cga.neurologia.neuropatias perifericas (1)
Cga.neurologia.neuropatias perifericas (1)
 
Diagnósticos diferenciais das monoartrites
Diagnósticos diferenciais das monoartritesDiagnósticos diferenciais das monoartrites
Diagnósticos diferenciais das monoartrites
 
Diagnósticos Diferenciais das monoartrites
Diagnósticos Diferenciais das monoartritesDiagnósticos Diferenciais das monoartrites
Diagnósticos Diferenciais das monoartrites
 
Doença reumatóide
Doença reumatóide Doença reumatóide
Doença reumatóide
 
Aula pé cavo
Aula pé cavoAula pé cavo
Aula pé cavo
 
Resumo anamnese
Resumo anamneseResumo anamnese
Resumo anamnese
 
Osteoartrose ac basico
Osteoartrose   ac basicoOsteoartrose   ac basico
Osteoartrose ac basico
 
Op2014
Op2014Op2014
Op2014
 
Livro clinica medica kroton
Livro clinica medica krotonLivro clinica medica kroton
Livro clinica medica kroton
 

Mais de Annie Marie

Patologaungueal 140217095859-phpapp02
Patologaungueal 140217095859-phpapp02Patologaungueal 140217095859-phpapp02
Patologaungueal 140217095859-phpapp02Annie Marie
 
Onicomicosis 140415111935-phpapp01
Onicomicosis 140415111935-phpapp01Onicomicosis 140415111935-phpapp01
Onicomicosis 140415111935-phpapp01Annie Marie
 
Onicomicosis 131216215439-phpapp01
Onicomicosis 131216215439-phpapp01Onicomicosis 131216215439-phpapp01
Onicomicosis 131216215439-phpapp01Annie Marie
 
Cursobsicoparamanicure parte1-130517180426-phpapp02
Cursobsicoparamanicure parte1-130517180426-phpapp02Cursobsicoparamanicure parte1-130517180426-phpapp02
Cursobsicoparamanicure parte1-130517180426-phpapp02Annie Marie
 
C 140604194027-phpapp02
C 140604194027-phpapp02C 140604194027-phpapp02
C 140604194027-phpapp02Annie Marie
 
Anatomafisiologayalteracindelasuas 110321094415-phpapp01
Anatomafisiologayalteracindelasuas 110321094415-phpapp01Anatomafisiologayalteracindelasuas 110321094415-phpapp01
Anatomafisiologayalteracindelasuas 110321094415-phpapp01Annie Marie
 
Uasmariposas 121103064538-phpapp02
Uasmariposas 121103064538-phpapp02Uasmariposas 121103064538-phpapp02
Uasmariposas 121103064538-phpapp02Annie Marie
 
Tabela descritiva -diversos_usar_somente_para_ortese_e_protese
Tabela descritiva -diversos_usar_somente_para_ortese_e_proteseTabela descritiva -diversos_usar_somente_para_ortese_e_protese
Tabela descritiva -diversos_usar_somente_para_ortese_e_proteseAnnie Marie
 
Revistauas undecoradoparacadames-120721173926-phpapp02
Revistauas undecoradoparacadames-120721173926-phpapp02Revistauas undecoradoparacadames-120721173926-phpapp02
Revistauas undecoradoparacadames-120721173926-phpapp02Annie Marie
 
Podologiaformulacion 100702202949-phpapp01
Podologiaformulacion 100702202949-phpapp01Podologiaformulacion 100702202949-phpapp01
Podologiaformulacion 100702202949-phpapp01Annie Marie
 
Doenasdasunhas 130709084446-phpapp01
Doenasdasunhas 130709084446-phpapp01Doenasdasunhas 130709084446-phpapp01
Doenasdasunhas 130709084446-phpapp01Annie Marie
 
Cusersanadownloadsescultural 1-090418092633-phpapp01
Cusersanadownloadsescultural 1-090418092633-phpapp01Cusersanadownloadsescultural 1-090418092633-phpapp01
Cusersanadownloadsescultural 1-090418092633-phpapp01Annie Marie
 
Consensointernacionaldopdiabtico 130426083111-phpapp01
Consensointernacionaldopdiabtico 130426083111-phpapp01Consensointernacionaldopdiabtico 130426083111-phpapp01
Consensointernacionaldopdiabtico 130426083111-phpapp01Annie Marie
 
Pdf 176 a50_fc987-dcc0-599e-c624a8dbdd23449d
Pdf 176 a50_fc987-dcc0-599e-c624a8dbdd23449dPdf 176 a50_fc987-dcc0-599e-c624a8dbdd23449d
Pdf 176 a50_fc987-dcc0-599e-c624a8dbdd23449dAnnie Marie
 
Curso de manicure e pedicure
Curso de manicure e pedicureCurso de manicure e pedicure
Curso de manicure e pedicureAnnie Marie
 

Mais de Annie Marie (15)

Patologaungueal 140217095859-phpapp02
Patologaungueal 140217095859-phpapp02Patologaungueal 140217095859-phpapp02
Patologaungueal 140217095859-phpapp02
 
Onicomicosis 140415111935-phpapp01
Onicomicosis 140415111935-phpapp01Onicomicosis 140415111935-phpapp01
Onicomicosis 140415111935-phpapp01
 
Onicomicosis 131216215439-phpapp01
Onicomicosis 131216215439-phpapp01Onicomicosis 131216215439-phpapp01
Onicomicosis 131216215439-phpapp01
 
Cursobsicoparamanicure parte1-130517180426-phpapp02
Cursobsicoparamanicure parte1-130517180426-phpapp02Cursobsicoparamanicure parte1-130517180426-phpapp02
Cursobsicoparamanicure parte1-130517180426-phpapp02
 
C 140604194027-phpapp02
C 140604194027-phpapp02C 140604194027-phpapp02
C 140604194027-phpapp02
 
Anatomafisiologayalteracindelasuas 110321094415-phpapp01
Anatomafisiologayalteracindelasuas 110321094415-phpapp01Anatomafisiologayalteracindelasuas 110321094415-phpapp01
Anatomafisiologayalteracindelasuas 110321094415-phpapp01
 
Uasmariposas 121103064538-phpapp02
Uasmariposas 121103064538-phpapp02Uasmariposas 121103064538-phpapp02
Uasmariposas 121103064538-phpapp02
 
Tabela descritiva -diversos_usar_somente_para_ortese_e_protese
Tabela descritiva -diversos_usar_somente_para_ortese_e_proteseTabela descritiva -diversos_usar_somente_para_ortese_e_protese
Tabela descritiva -diversos_usar_somente_para_ortese_e_protese
 
Revistauas undecoradoparacadames-120721173926-phpapp02
Revistauas undecoradoparacadames-120721173926-phpapp02Revistauas undecoradoparacadames-120721173926-phpapp02
Revistauas undecoradoparacadames-120721173926-phpapp02
 
Podologiaformulacion 100702202949-phpapp01
Podologiaformulacion 100702202949-phpapp01Podologiaformulacion 100702202949-phpapp01
Podologiaformulacion 100702202949-phpapp01
 
Doenasdasunhas 130709084446-phpapp01
Doenasdasunhas 130709084446-phpapp01Doenasdasunhas 130709084446-phpapp01
Doenasdasunhas 130709084446-phpapp01
 
Cusersanadownloadsescultural 1-090418092633-phpapp01
Cusersanadownloadsescultural 1-090418092633-phpapp01Cusersanadownloadsescultural 1-090418092633-phpapp01
Cusersanadownloadsescultural 1-090418092633-phpapp01
 
Consensointernacionaldopdiabtico 130426083111-phpapp01
Consensointernacionaldopdiabtico 130426083111-phpapp01Consensointernacionaldopdiabtico 130426083111-phpapp01
Consensointernacionaldopdiabtico 130426083111-phpapp01
 
Pdf 176 a50_fc987-dcc0-599e-c624a8dbdd23449d
Pdf 176 a50_fc987-dcc0-599e-c624a8dbdd23449dPdf 176 a50_fc987-dcc0-599e-c624a8dbdd23449d
Pdf 176 a50_fc987-dcc0-599e-c624a8dbdd23449d
 
Curso de manicure e pedicure
Curso de manicure e pedicureCurso de manicure e pedicure
Curso de manicure e pedicure
 

Diagnóstico, Prevenção e Tratamento do Pé Diabético

  • 1. Diagnóstico, Prevenção e Tratamento Manuel Parreira Assistente Graduado de Cirurgia Geral Hospital de Faro, E.P.E.
  • 2. Epidemiologia  380 milhões de diabéticos em 2025  2-5% desenvolvem úlcera do pé anualmente  Prevalência da ulceração de 4 a 25%  50% das amputações dos membros inferiores não traumáticas são em diabéticos  85% destas são precedidas de úlcera do pé  Risco de amputação é 15 vezes maior no diabético International Consensus on the Diabetic Foot, IWGDF, IDF, 1999 30/05/2015 2
  • 3. Definição de Pé Diabético O que é o Pé Diabético?  “ Pé diabético é a situação de infecção, ulceração e/ou também a destruição de tecidos profundos dos pés, associados com anormalidades neurológicas (panneuropatia) e vários graus de doença vascular periférica no membro inferior.” *DEFINIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE 30/05/2015 3
  • 4. Mundo Ocidental e Pé Diabético Mal perfurante plantar Infecção Neuroartropatia de Charcot Doença arterial periférica Gangrena Aumento dos internamentos hospitalares dos diabéticos Aumento da demora média de internamento hospitalar Amputações 430/05/2015
  • 5. Mundo Ocidental e Pé Diabético 30/05/2015 5 Consulta Multidisciplinar Prevenção Redução amputações major + Reabilitação
  • 6. Organização - Níveis de Cuidados do Pé Nível 1  Clínico Geral, Enfermeiro Especializado Diabetes, Podologista  Objectivos: - reforço da educação dos doentes e familiares - cuidados lesões não ulceradas - tratamento úlceras superficiais - seguimento de úlceras já referenciadas  Nível 2  Diabetologista ou Internista, Cirurgião ou Ortopedista  Enfermeiro Especializado, Podologista  Objectivos: - avaliação doentes com patologia ulcerosa, isquémica ou com infecção e ou necrose - necessidade de desbridamento ou internamento  Nível 3  Centro especializado , Cirurgião Vascular, Fisiatra, Técnico de ortóteses  Objectivos: tratamento de infecção e úlceras graves, investigação vascular 630/05/2015
  • 7. Objectivos da Consulta de Prevenção  Criação da equipa multiprofissional e multidisciplinar  Educação dos pacientes quanto ao risco  Sensibilizar os profissionais de saúde  Identificação precoce das lesões de risco, isquémicas ou neuropáticas  Tratamento eminentemente preventivo  Evitar complicações  Classificar o paciente quanto ao grau de risco  Propiciar melhores condições para reintegração do doente no ambiente familiar e social  Contribuir para a optimização do leito hospitalar  Redução das amputações em 50% 30/05/2015 7
  • 8. Consulta Multidisciplinar – H. Faro, EPE  Nível 2:  Cirurgião Geral  Diabetologista (Internista)  Enfermeiro Especialista  Outros: ○ Fisiatra (apoio imediato) ○ Ortopedista ○ Ortésico ○ Dermatologista ○ Cirurgia Plástica 30/05/2015 8 PODOLOGISTA
  • 9. Consulta Multidisciplinar – H. Faro, EPE  Recente: de Agosto 2009 a Fevereiro 2010  Primeiras: 56 doentes  Segundas: 78 doentes  Total: 134 consultas  Horário:  4ª feira das 14-17 h, quinzenal  6ª feira das 9-12 h, semanal 30/05/2015 9
  • 10. Material da Consulta de Pé Diabético  Monofilamento Semmes-Weinstein  Diapasão 128 Hz  Esfingmomanómetros  Doppler portátil  Marquesa adaptada  Carro de pensos  Material cirúrgico 30/05/2015 10
  • 11. Diagnóstico do Pé diabético  Como se faz o diagnóstico de pé diabético?  Avaliação clínica ○ História clínica ○ Exame físico direccionado  Estado dos Pés, Faneras  Músculo-esquelético - Deformações, flexibilidade articular  Testes de avaliação neurológicos e vasculares ○ Sensitivo, Vibratório e Tendinoso  Monofilamento Semmes-Weinstein e diapasão de 128 Hz  Reflexos tendinosos profundos (patelar e aquiliano) ○ Vascular  Pulsos, IPTB, Doppler arterial  Preenchimento capilar( <1;1-3;>3 s) 30/05/2015 11
  • 12. Avaliação Clínica e Grau de Risco – Formulário da Consulta Multidisciplinar  História clínica - Características do doente ○ Idade do doente, duração e tipo de diabetes ○ Glicemia e Hemoglobina glicada ○ Dislipidemia e HTA ○ Retino e nefropatia diabética ○ Doença cardio e cerebrovascular ○ Estado nutricional, Peso, Altura (IMC) ○ Hábitos tabágicos, toxicofilias ○ Alergias ○ Medicação corrente para diabetes e comorbilidades ○ Internamentos ou cirurgias anteriores ○ Escolaridade ○ Autonomia motora e acuidade visual ○ Antecedentes de lesão prévia nos pés 30/05/2015 12
  • 13. Avaliação Clínica e Grau de Risco – Formulário da Consulta Multidisciplinar  História Clínica – Sinais ○ Hiperqueratoses, calos, fissuras ○ Onicogrifose, Onicomicose, Onicocriptose ○ Dermatomicose ○ Temperatura cutânea, ingurgitamento venoso ○ Cuidados ungueais ○ Hidratação da pele ○ Alterações estruturais (dedo garra, martelo, hallux valgus, rigidus,…), flexibilidade articular ○ Calçado adequado ou inadequado ○ Amputação major ou minor 30/05/2015 13
  • 14. Avaliação Clínica e Grau de Risco – Formulário da Consulta Multidisciplinar  História Clínica – Patologia ○ Neuropatia  Sensibilidade Pressão (monofilamento Semmes - Weinstein)  Sensibilidade Vibratória (profunda)(diapasão 128 Hz)  Discriminatória (picada)  Parestesia/Disestesia  Edema ○ Arteriopatia  Claudicação intermitente, dor em repouso  Perda de pêlos  Rubor  Pulsos periféricos e Doppler portátil (TP, pediosos)  IPTB 30/05/2015 14
  • 15. Testes de Avaliação Neurológicos 1. Pesquisa da sensibilidade protectora com o monofilamento de Semmes-Weinstein 5,07(10 g), para despiste de neuropatia periférica 2. Diapasão de 128 Hz para avaliação da sensibilidade profunda 3. Discriminatória (alfinete rombo) entre 2 pontos 4. Táctil (algodão) 5. Dolorosa 6. Térmica 30/05/2015 15
  • 16. Testes e Exame dos Pulsos para Avaliação Vascular na Consulta 1. Avaliação dos Pulsos periféricos 2. Índice de Pressão Tornozelo-Braço 3. Doppler arterial portátil 4. Pressão Sistólica no Tornozelo 30/05/2015 16
  • 17. Avaliação Vascular  IPTB*< 0,9 = Isquemia (o IPTB pode ser elevado e haver isquemia por mediocalcinose nas artérias do pé e tornozelo) se IPTB< 0,7 = Isquemia grave e <0,5 é Isquemia crítica  TcPO2 < 30 mm hg = pé isquémico  Pressão digital <40 mm hg = pé isquémico  Pé Isquémico = Consulta Cirurgia Vascular  Eco-doppler arterial dos membros inferiores  Avaliar potencial de revascularização: ○ Arteriografia ○ MRI/Angiografia ○ TAC/Angiografia * IPTB = Índice Pressão Tornozelo Braço (PS tornozelo/PS braço) 30/05/2015 17
  • 18. Via de Ulceração e de Amputação do Pé Diabético – Consenso Internacional Diabetes Mellitus Neuropatia Angiopatia Motora Sensitiva Autonómica Limitação mobilidade articular Desvio coordenação e postura Diminuição da sensação dolorosa e proprioceptiva Micro- angiopatia Doença Vascular Periférica Diminuição sudorese Alteração da regulação do fluxo sanguíneo, Pele seca, Fissuras Deformidade, stress, pressão de acomodação calos Calçado inadequado, não adesão tratamento, negligência, inadvertência, educação terapêutica precária (pacientes/profissionais) Isquemia Gangrena Trauma Úlcera AmputaçãoInfecção Trauma 30/05/2015 18
  • 19. Entidades Clínicas do Pé Diabético Quente Frio  Pé Neuropático 60%  Pé Neuroisquémico 40% 1930/05/2015
  • 20. 30/05/2015 20 Pé Neuropático Pé Neuroisquémico Etiologia Degenerescência axonal terminal e bilateral Oclusão, estenose arterial Pulsos (T.P. e Pedioso) 1 ou 2 pulsos palpáveis Ausentes Pele Seca (anidrose) e descamativa (paralisia SNS) Fina, violácea, palidez, rosáceas cianóticas Sensibilidade: - Pressão - Vibratória Ausência no hallux Ausência no maléolo externo Presente ou ausente Presente ou ausente Complicação Úlcera neuropática, indolor, zonas de hiperpressão sobre o pé Úlcera necrótica, dolorosa; dorso do hallux, joanete Sastre, calcanhar
  • 21. Fisiopatologia - Factores de Risco  Neuropatia periférica  Doença vascular periférica  Microangiopatia (atinge a túnica média)  Macroangiopatia  Deformação do pé  Trauma  Infecção  Hiperglicemia  Idade do doente e duração da diabetes “2 ou mais factores de risco levam ao aparecimento da lesão, é multifactorial” 2130/05/2015
  • 22. Factores de Risco Sistémicos  Duração da Diabetes Mellitus superior a 10 anos  Hiperglicemia  Doença arterial periférica, mais frequente no diabético e quando presente deve ser tratada precocemente  Amaurose ou diminuição da acuidade visual  Nefropatia diabética  Idade superior a 60 anos 30/05/2015 22
  • 23. Factores de Risco Locais  Neuropatia periférica - ausência de dor ao trauma  Deformação estrutural do pé congénita ou adquirida (neuropatia motora e atrofia da musculatura intrínseca, alteração da biomecânica do pé com dedos em garra e em martelo e aumento da pressão na cabeça dos MT, falanges, tornozelo equino)  Trauma e sapatos inadequados: factor desencadeante  Calosidades resultantes da sobrecarga  Antecedentes de úlcera ou amputação  Mecanismo de pressão plantar exagerada levam a deslocação das almofadas plantares, pressão áreas ósseas  Limitação da mobilidade articular por glicolização do colagénio (encurtamento dos tendões, ligamentos e cápsulas articulares assim como a fascia plantar espessada) 30/05/2015 23
  • 24. 30/05/2015 24 Prevenção 1. Inspecção e exame frequente do pé em consulta multidisciplinar 2. Avaliação do grau de risco 3. Educação do doente e familiares e dos profissionais de saúde 4. Utilização de calçado apropriado 5. Tratamento da patologia não ulcerativa no doente de risco “Mais que tratar do pé diabético há que cuidar dos pés dos diabéticos”
  • 25. Prevenção  Inspecção e exame frequente do pé  Avaliação de pulsos/IPTB  Detecção de zonas de pressão  Hiperqueratoses  Micoses, onicogrifoses, onicocriptose  Avaliação da sensibilidade ○ Monofilamento Semmes-Weinstein ○ Vibratória (diapasão 128 Hz) ○ Discriminação (picada de alfinete) ○ Táctil (algodão, pincel) ○ Reflexos (martelo) 2630/05/2015
  • 26. Prevenção  Avaliação do grau de risco  Categoria da lesão de acordo com a tabela do Working Group on the Diabetic Foot, 2007  Progressão do Risco de Ulceração de acordo com as directivas práticas do tratamento e prevenção do pé diabético, DGS 2010 30/05/2015 27
  • 27. Categorização do Risco de Ulceração Categoria Perfil de Risco Frequência de exame 1 Ausência de neuropatia sensitiva Anual 2 Presença de neuropatia sensitiva Semestral 3 Presença de neuropatia sensitiva Com doença arterial periférica e/ou deformações do pé Trimestral 4 Ulceração prévia Cada 1 a 3 meses International Working Group on the Diabetic Foot, 2007 2830/05/2015
  • 28. Progressão do Risco de Ulceração Directivas práticas do tratamento e prevenção do pé diabético, DGS 2010 Com neuropatia sensitiva e/ou Doença arterial periférica e/ou Deformações do pé e/ou Ulceração ou amputação prévia Alto Risco Com neuropatia sensitiva Médio Risco Sem neuropatia sensitiva Baixo Risco 30/05/2015 29
  • 29. Encaminhamento do Doente de Acordo com o Risco de Ulceração Categoria Consulta Frequência de exame 1 Nível 1 Anual 2 Nível 1 Semestral 3 Nível 2 Trimestral 4 Nível 2 ou 3 Mensal ou 30/05/2015 30
  • 30. Prevenção  Educação do doente, familiares e profissionais de saúde  Inspecção diária dos pés e espaços interdigitais  Ajuda de outra pessoa se o doente não consegue  Lavagem diária dos pés e cuidadosamente secos, especialmente entre os dedos  Temperatura da água inferior a 37ºC  Evitar andar descalço, usar sapatos adequados e meias sem costuras  Não usar calicidas ou adesivos para os calos  Inspeccionar o interior dos sapatos diariamente  Cuidados ungueais 30/05/2015 31
  • 31. Prevenção  Utilização de calçado apropriado  O sapato é a causa mais frequente do trauma contínuo que leva à ulceração  Não pode ser apertado nem demasiado largo (edemas). Escolher ao fim do dia  Comprar o sapato um número acima  Base alta, largura igual à largura da região metatarso-falângica  Calçado especial, palmilhas e ortóteses 30/05/2015 32
  • 32. Prevenção  Tratamento da patologia não ulcerativa no doente de risco  Calosidades  Anidrose  Onicomicoses, onicogrifose, oniconiquia  Dermatomicoses  Deformações ósseas 30/05/2015 33
  • 33. Úlcera Diabética  Neuropática  Neuroisquémica  Descrever a úlcera, referir a coloração, a profundidade, a localização, a classificação (P.E.D.I.S.)  Infecção  Superficial  Profunda  Etiologia ou factor desencadeante  Mecânica (traumática)  Térmica  Química 30/05/2015 34
  • 34. Sistemas de Classificação da Úlcera Diabética  Sistema de Classificação de Wagner  Sistema de Classificação Universidade do Texas  P.E.D.I.S.  Perfusão  Extensão (cm2)  Depth (Profundidade)  Infecção  Sensibilidade 30/05/2015 35
  • 35. Classificação de Wagner Grau Lesão 0 Lesão fechada; pode ter deformação ou celulite 1 Úlcera superficial 2 Úlcera profunda, atinge o tendão ou a cápsula articular 3 Úlcera profunda com abcesso, osteomielite/sépsis articular 4 Gangrena localizada 5 Gangrena de todo o pé 30/05/2015 36
  • 36. Classificação da Universidade do Texas Estadio A B C D Grau 0 1 2 3 Lesões completamente epitelizadas pré ou pós-ulcerativas Ferida superficial não envolve tendão, cápsula ou osso Ferida profunda, envolve o tendão ou cápsula Ferida envolve o osso ou articulação Infectada Infectada Infectada Infectada Isquémica Isquémica Isquémica Isquémica Infectada e Isquémica Infectada e Isquémica Infectada e Isquémica Infectada e Isquémica 30/05/2015 37
  • 37. Classificação P.E.D.I.S CLASSIFICAÇÃO PEDIS Perfusão Extensão (Área cm2) Depth (Profundidade) Infecção Sensibilidade Grau 1 2 3 4 Sem DAP Pulsos periféricos palpáveis, ITB= 0,9-1,1 TcpO2>60 mm Hg Com DAP Sem Isquemia crítica; ITB<0,9 ; TAS tornozelo>50 mm Hg TcpO2 =30-60 mm Hg Isquemia crítica; TAS tornozelo < 50 mm Hg; TcpO2<30 mm Hg Medição em 2 cm Superficial se atingimento para além da derme Profunda. Atinge estruturas subcutâneas: fascia, músculo ou tendão Atingimento ósseo ou articular Sem infecção Sinais infecção local subcutânea com eritema < 2cm ; sem sinais sistémicos Sinais de infecção subcutânea local eritema > 2 cm ou com atingimento profundo Sinais de infecção 2 ou + : Temp. >38ºC ou <36 ºC; FC>90bpm; FR>20 cpm Leucócitos>12.000 ou < 4.000/ul Sem perda da sensibilidade à Pressão ou Vibração Com perda de sensibilidade à Pressão ou Vibração 30/05/2015 38
  • 38. 30/05/2015 39 Tratamento da Úlcera  Gold Standard: encerramento da úlcera  Controlo da diabetes e co-morbilidades  Avaliação do estado arterial  Deixar de fumar, controlo do peso, álcool e outras toxicofilias.  Avaliar a mobilidade do doente, evitar caminhadas prolongadas, usar calçado apropriado e com protecção  Remoção e alívio da pressão (carga)
  • 39. Tratamento da Úlcera Isquémica  Tratar primeiro a causa (aterosclerose)  Evitar desbridamentos cirúrgicos ou outros, manter a placa de necrose e não macerar por risco de infecção  Medicamentos: vasodilatadores, antiagregantes plaquetários, iloprost (vasodilatador e.v.)  Cirurgia Vascular:  By-pass (veia autóloga ou PTFE)  Endovascular/stents  Simpaticectomia lombar  Amputações minor ou major 30/05/2015 40
  • 40. Tratamento da Úlcera Diabética Neuropática  Desbridamento (excepção à úlcera isquémica)  Cirúrgico (pedra angular)  Hidrocirurgia (Versajet)  Enzimático (colagenase ou papaverina)  Autolítico (hidrogel)  Larvas (Lucilia sericata)  Penso em ambiente húmido  Tratamento Avançado  Factores de crescimento  DNA plaquetário recombinado(peclaplermim)  Endotélio Vascular  Fibroblastos  Plasma autólogo rico em plaquetas  Tecidos de bioengenharia (Apligraft e Dermagraft)  Matrizes extracelulares de derme acelular 30/05/2015 41
  • 41. Pensos Locais  Pensos  Hidrofibras  Películas  Hidrocolóides  Espumas  Alginatos  Hidrogel  Agentes  Iodo  Prata  Ácido hialurónico  Inibidor da metalo- proteinase  Colagénio liofilizado 30/05/2015 42
  • 42. Pensos Locais  Películas semioclusivas de poliuretano ou co- polímeros ○ feridas superficiais em fase epitelização  Poliuretanos, carboximetilcelulose (espumas e hidrofibras) ○ úlceras em fase de granulação com maior ou menor quantidade de exsudado  Alginatos (algas) ○ Grande capacidade de absorção, feridas muito exsudativas  Hidrocolóides (absorvente) ○ Opaco, oclusivo, risco infecção, EVITAR  Hidrogel (autolítico) e colagenase (enzimático) ○ Remoção de tecidos necróticos (maceração excessiva pode aumentar o risco de infecção) 30/05/2015 43
  • 43. Agentes Farmacológicos  Iodo  feridas infectadas  Prata  feridas infectadas, largo espectro antimicrobiano  Ácido hialurónico  úlceras não infectadas, crónicas, estimulante da cicatrização  Inibidor da metaloproteinase (Promogram)  Colagénio liofilizado (Septocol)  gentamicina (uso controverso)  Carvão activado ou associado à prata  adsorvente do odor, antimicrobiano (prata) 30/05/2015 44
  • 44. Tratamento Adjuvante da Úlcera  Oxigénio Hiperbárico (úlcera Wagner 3 e 4)  Ultra-som: MIST (spray salino e ultra-som par não romper os capilares; desbrida e estimula a cicatrização)  Pressão Negativa (Aparelho de vácuo: VAC)  Estimuladores Eléctricos  Infra-vermelhos 30/05/2015 45
  • 45. Risco de Infecção no Diabético  Comum e mais severa do que no paciente não diabético  Maior risco de osteomielite  Muito frequente  Maior responsável pelo internamento hospitalar destes doentes  Factores predisponentes: diminuição da resposta imunológica, neuropatia e doença arterial periférica  Disseminação pelas fascia, infecções e abcessos profundos 30/05/2015 46
  • 46. Factores de Impedimento da Cicatrização  Locais  Pressão ou carga  Vascularização  Infecção 30/05/2015 47
  • 47. A Infecção no Pé Diabético Diagnóstico  Sinais sistémicos  Presença de secreções purulentas  Sinais clássicos de inflamação  Calor  Tumor  Rubor  Dor 30/05/2015 48
  • 48. A Infecção no Pé Diabético Diagnóstico  Falência de cicatrização  Tecido de granulação anormal  Tecido friável  Cheiro fétido  Produção prolongada de exsudado  Aumento da dimensão da úlcera  Presença de dor 30/05/2015 49
  • 49. Gravidade Clínica da Infecção Classificação IDSA- PEDIS Evidência Clínica de Infecção Severidade da Infecção PEDIS Ferida sem sinais de infecção Não infectada Grau 1 Presença de 2 sinais inflamatórios, eritema >2 cm, limitada ao tecido celular subcutâneo Infecção ligeira Grau 2 Eritema > 2 cm, linfangite ou progressão pela fáscias, gangrena ou abcesso profundo, atinge o músculo, tendão, cápsula articular ou osso Infecção moderada Grau 3 Sinais sistémicos de infecção Infecção grave Grau 4 30/05/2015 50
  • 50. 30/05/2015 51 Infecção  Aguda ○ Tecidos moles ○ Osteoarticular (artrite séptica) - Via hematogénea (mais crianças), directa (mais frequente) e por contiguidade (rara)  Crónica ○ Tecidos moles (mecanismo de hiperpressão, é essencial aliviar a carga) ○ Osteoarticular ○ Pé de Charcot ○ Osteomilelite crónica “Os sintomas e sinais típicos da infecção como: dor, tensão local, edema, rubor, calor podem não estar presentes no doente diabético, mesmo a infecção sistémica é muitas vezes sub-clínica”
  • 51. A Infecção no Pé Diabético - Diagnóstico Microbiológico  Efectuar colheitas por aspiração, curetagem ou biópsia  Prova probe to bone (estilete)  Evitar zaragatoas das superfícies ulceradas  Efectuar hemoculturas se houver sinais sistémicos  Proceder ao transporte rápido em meio apropriado para o laboratório 30/05/2015 52
  • 52. Meios Complementares Diagnóstico  Exames Laboratoriais  Glicemia, Hb A1c, VS, PGCR, hemograma,, FA, ionograma, Função renal e hepática  urina II  hemoculturas  cultura do pús do leito profundo da ferida com cureta ou biopsia  Imagiologia  Cintigrafia óssea: ○ Tc-99 MDP ○ Indium 111 ○ Tc-99MDP-Indium 111 ○ Tc-99 HMPAO  TAC  RMN com gedolinium  PET Scan 30/05/2015 53
  • 53. Tratamento da Infecção  Desbridamento cirúrgico  Repouso  Antibioterapia  Pensos locais  Controlo glicémico apertado (insulina)  Controlo de co-morbilidades 30/05/2015 54
  • 54. Antibioterapia  Espectro de acção estreito  Menor duração do tratamento 30/05/2015 55
  • 55. Factores que influenciam a escolha da antibioterapia  Gravidade clínica da infecção  Agentes etiológicos presumíveis  Terapêutica antibiótica prévia  Alergias  Dados susceptibilidade antibiótica local  Insuficiência renal ou insuficiência hepática  Absorção gastrointestinal prejudicada  Potenciais interacções medicamentosas  Custo 30/05/2015 56
  • 56. Agentes Etiológicos Presumíveis  Úlcera com infecção ligeira  Estafilococos aureus, Estreptococos beta- hemolítico  Úlcera com tratamento prévio  Idem + Enterobacteriaceae  Úlcera macerada  Pseudomonas aeruginosa  Úlcera crónica com tratamento prévio de largo espectro  Todos anteriores + Bacilos Gram -, Estirpes multirresistentes  Gangrena e necrose extensa com odor fétido  Cocos Gram +, Enterobact., Bacilos Gram -, Anaeróbios 30/05/2015 57
  • 57. Fármacos com Eficácia Clínica Comprovada  Cefalexina (po)  Cefoxitina (ev)  Ceftriaxone (ev)  Amoxicilina/ác. Clavulânico (po, ev)  Piparacilina/Tazobactam  Cipro e Levofloxacina (po,ev)  Ertapenem, Imipenem/cilastatina; Meropenem (ev)  Clindamicina (po, ev)  Linezolide (po, ev)  Vancomicina (ev) 30/05/2015 58
  • 58. Selecção do Esquema de Antibioterapia 30/05/2015 59 Infecção Ligeira Antibioterapia Agentes • Sem CC Flucloxacilina Cocos Gram + • Antibioterapia prévia Amoxicilina/ácido clavulânico Cocos Gram + Bacilos Gram - • Alergias Clindamicina ou Fluorquinolona
  • 59. Selecção do Esquema de Antibioterapia Infecção moderada a grave Antibioterapia Agentes • Sem CC Amoxicilina Ácido Clavulânico Cocos Gram +, Bacilos Gram - • Antibioterapia prévia ou necrose Fluorquinolona + Clindamicina Ertapenem, Imipenem ou Meropenem Cocos Gram +, Bacilos Gram – Anaeróbios • Suspeita de MRSA Vancomicina, Linezolide Cotrimoxazol Idem, MRSA? • Osteomielite Fluorquinolona + Clindamicina Flora mista 30/05/2015 60
  • 60. Duração do Tratamento Infecção Ligeira 1 a 2 semanas • Infecção moderada a grave 2 a 4 semanas • Osteomielite 6 ou mais semanas TERAPÊUTICA DIRIGIDA QUANDO SE ISOLA O AGENTE 30/05/2015 61