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O uso de plantas por moradores de origem italiana e polonesa em
                 comunidades rurais do município de Erechim/RS

                      A. S. CHAVES¹, E. M. ZANIN² e S. B. ZAKRZEWSKI³

¹MuRAU-Museu de Ciências, URI-Campus de Erechim(RS), ²,³Departamento de Ciências
Biológicas, URI- Campus de Erechim(RS)

Palavras-chave: comunidades rurais; etnobotânica; uso de plantas.

Resumo:
Introdução:O município de Erechim/RS vem sofrendo graves consequências decorrentes
do desmatamento e redução da cobertura florestal. Com a realização desta pesquisa
procurou-se por meio de uma abordagem com base no “saber local”, a identificação e a
valoração dos serviços ambientais por moradores de origem italiana e polonesa em três
comunidades rurais do município, abordando aspectos históricos e ecológicos da relação do
ser humano com os recursos vegetais.
Material e métodos: O resgate etnobotânico foi a ferramenta básica da pesquisa e
aconteceu por meio de entrevistas semi-estruturadas com 46 pessoas de origem italiana e
polonesa, moradores da comunidade a mais de 40 anos e com idade acima de 50 anos.
Resultados/Discussão: Foram mencionadas 259 espécies, de 88 famílias botânicas sendo
44% nativas e 56% espécies exóticas, com hábitos herbáceos na sua maioria (46%),
seguido do arbóreo(33%), arbustivo(13%) e trepador(8%). Foram lembradas 224 espécies
vegetais pelos moradores de origem italiana, 117 espécies pelos de origem polonesa e
oitenta e duas espécies ou seja, 24% por moradores das duas origens. As famílias
botânicas com maior número de espécies lembradas foram Asteraceae, Poaceae,
Lamiaceae, Lauraceae e Myrtaceae. As espécies foram divididas em quatro categorias
etnobotânicas: 66,6% indicadas como medicinais, 20,7% para fins madeireiros, 18,8% para
uso na pecuária, agricultura e controle biológico e 43,3% para a categoria outros usos. As
relações dos entrevistados com o ambiente possuem abordagens que levam em conta
fatores como crenças e valores baseados na religião, cultura e história; necessidade de
subsistência; busca da felicidade pessoal e progresso material.
Conclusão: Muitos impactos vem sendo percebidos pelos atores sociais que interagem com
a paisagem local. Trabalhos como este contribuem com informações primordiais para a
elaboração e planejamento de ações que visem a preservação e a conservação da
vegetação em nível regional, com a preocupação de conservar a biodiversidade local.

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  • 1. O uso de plantas por moradores de origem italiana e polonesa em comunidades rurais do município de Erechim/RS A. S. CHAVES¹, E. M. ZANIN² e S. B. ZAKRZEWSKI³ ¹MuRAU-Museu de Ciências, URI-Campus de Erechim(RS), ²,³Departamento de Ciências Biológicas, URI- Campus de Erechim(RS) Palavras-chave: comunidades rurais; etnobotânica; uso de plantas. Resumo: Introdução:O município de Erechim/RS vem sofrendo graves consequências decorrentes do desmatamento e redução da cobertura florestal. Com a realização desta pesquisa procurou-se por meio de uma abordagem com base no “saber local”, a identificação e a valoração dos serviços ambientais por moradores de origem italiana e polonesa em três comunidades rurais do município, abordando aspectos históricos e ecológicos da relação do ser humano com os recursos vegetais. Material e métodos: O resgate etnobotânico foi a ferramenta básica da pesquisa e aconteceu por meio de entrevistas semi-estruturadas com 46 pessoas de origem italiana e polonesa, moradores da comunidade a mais de 40 anos e com idade acima de 50 anos. Resultados/Discussão: Foram mencionadas 259 espécies, de 88 famílias botânicas sendo 44% nativas e 56% espécies exóticas, com hábitos herbáceos na sua maioria (46%), seguido do arbóreo(33%), arbustivo(13%) e trepador(8%). Foram lembradas 224 espécies vegetais pelos moradores de origem italiana, 117 espécies pelos de origem polonesa e oitenta e duas espécies ou seja, 24% por moradores das duas origens. As famílias botânicas com maior número de espécies lembradas foram Asteraceae, Poaceae, Lamiaceae, Lauraceae e Myrtaceae. As espécies foram divididas em quatro categorias etnobotânicas: 66,6% indicadas como medicinais, 20,7% para fins madeireiros, 18,8% para uso na pecuária, agricultura e controle biológico e 43,3% para a categoria outros usos. As relações dos entrevistados com o ambiente possuem abordagens que levam em conta fatores como crenças e valores baseados na religião, cultura e história; necessidade de subsistência; busca da felicidade pessoal e progresso material. Conclusão: Muitos impactos vem sendo percebidos pelos atores sociais que interagem com a paisagem local. Trabalhos como este contribuem com informações primordiais para a elaboração e planejamento de ações que visem a preservação e a conservação da vegetação em nível regional, com a preocupação de conservar a biodiversidade local.