3. De todas as artes, é sem dúvida a
arte dramática a que se encontra
mais intimamente presa à vida.
A história do teatro é tão
velha como a dos homens
na terra. Supõe-se que já
na Pré-História se dra-
matizava sob a forma de
danças guerreiras ou
mágicas, para atrair a
SAIR
boa vontade dos deuses e
favorecer a vitória.
4. O ser humano, desde
sempre, sentiu necessidade de
exteriorizar os seus sentimentos, a
sua relação com o meio em que
vivia.
Assim, foi procurando
diferentes formas de representar
as suas emoções, quer através da
pintura, da dança, da mímica e da
música, quer através da escrita e
de representações teatrais.
No século III ª C. já se
realizavam representações em
honra de Osíris, no Egipto, e na
China o teatro remonta ao século
SAIR II ª C.
5. Na Europa, considera-se que o teatro nasceu na Grécia, onde o
culto ao deus Dioniso, filho de Zeus, deu origem a diversas histórias.
Desta época clássica podemos destacar Ésquilo, Sófocles e
SAIR Eurípedes como cultores da tragédia; na comédia, Aristófanes e
Manandro.
6. A arte dramática desenvolveu-se a partir das
canções e das danças interpretadas durante o
culto de Dioniso. As peças decorriam num local
plano e circular chamado or-
questra que em grego significa
“lugar para dançar”.
cenário
As peças, tal como os orquestra
desportos e jogos, eram
muitas vezes objecto de
competição. Duravam
dias e eram atribuídos Teatron
prémios aos melhores Área do Juízes
dramaturgos. público
SAIR As máscaras eram
peças essenciais.
7. Ao ar livre, sem palco nem cortinas, as mudanças de cenário e a
iluminação eram muito limitadas. O cenário eram telas pintadas penduradas
na construção de madeira (skene). A acção decorria na orquestra circular, ou
numa plataforma. Não havia actrizes; os homens desempenhavam os papéis
femininos. Era esta uma das razões por que todos usavam máscaras, que
também ajudavam a projectar a voz para o público. Estas técnicas serão
também utilizadas em Roma.
SAIR
8. O teatro romano copiou o modelo grego, mas com
temas próprios. É de salientar como autores: Séneca, Plauto e
SAIR
Terêncio.
9. Os romanos adoptaram o teatro com grande entusiasmo e as
peças acabaram por perder quase todo o seu significado religioso. Os
romanos criaram um novo género de espectáculo, a pantomina,
semelhante ao ballet. Os actores faziam o uso inteligente do movimento e
SAIR do gesto e muitas mudanças de máscaras e fatos. Mais tarde outras
nações, como Portugal, continuaram a história do teatro.
10. Da necessidade do Homem exteriorizar os seus sentimentos e
as suas sensações nasceram os actos lúdicos e a dança. Igualmente
descobriu que tem um espírito que sobrevive à morte do corpo e
nasceram, então, os sacrifícios, rituais em honra dos mortos e dos
deuses. Ora em Ática, na Grécia, reunia-se, cada ano, uma pequena
multidão para participar na narração do suplício do deus que a
mitologia diz ter sido assassinado pelos seus inimigos e ressuscitado pelo
seu pai. Rapidamente o recitante dessa lenda de Dionisio, filho de Zeus,
se tornou actor. Da narração da lenda dionisíaca passou-se a outras
narrações de factos da História da Grécia, ligados às forças divinas,
num conflito entre o Homem e os deuses. Tal conflito gera a tragédia,
dominada pela fatalidade a que os humanos não podem fugir.Assim
nasceu a tragédia, depois da comédia.
SAIR
11. Na Idade Média, a par
das representações
religiosas,
desenvolviam-se
actuações com
personagens decalcadas
da realidade que
visavam a crítica social.
O teatro religioso dessa época nasceu, em
parte, das representações litúrgicas do
Natal e da Páscoa levadas a cabo nas
próprias igrejas. Na corte e nas ruas
representavam-se momos e pantominas,
SAIR i.e., teatro profano.
12. Os bispos acabaram por expulsar
do interior das igrejas as representações
originariamente religiosas, mas cada vez
mais profanas.
O mesmo público que assistia com
veneração às representações religiosas
divertia-se, noutros locais com espectá-
culos de malabaristas, mágicos, música e
dança e cenas sem qualquer texto e que
reproduziam, em caricatura o quotidiano.
SAIR
15. Fingir
Texto dramático
TEATRO Espectáculo
Edifício onde se representa
Representar
SAIR
16. Texto dramático
Emissor: o dramaturgo, o autor
Código: verbal, a escrita – a palavra
Canal: o papel
Receptor: o leitor, o actor
SAIR
17. Emissor múltiplo: o dramaturgo, o encenador e o actor
cenário
visual luz/sombra gesto
personagem movimento
não verbal expressão corporal
música
Código auditivo sons
voz
verbal – palavra
Canal: ar
Receptor: público
SAIR
18. Tem como finalidade fundamental ser representado,
por isso não tem narrador.
Integra
Réplicas ou falas Didascálias (indicações
das personagens cénicas, normalmente
(em entre parêntesis ou em
discurso directo, itálico, relativas à
antecedidas do movimentação, atitudes
nome da das personagens, ao
personagem) cenário, guarda-roupa,
SAIR
iluminação, música,...)
19. monólogo
apartes
Utiliza,
como modalidades
do discurso
As intervenções das
personagens são essenciais
para a estrutura e
desenvolvimento da acção
que se concentra num tempo
diálogo
presente e curto, embora
possam ser referidos
SAIR acontecimentos passados.
20. Interna Externa
1º Exposição Cenas (quando entra
(apresentação das ou sai uma
personagens e da personagem há uma
situação). cena nova).
2º Conflito
(desenvolvimento da
acção através de Actos (quando se muda de
momentos de tensão, espaço ou cenário, estamos
expectativa e clímax). perante um novo acto).
3º Desenlace
(desfecho).
SAIR
21. O espaço de representação, ou espaço cénico, pode ser muito
diferente. Desde a Idade Média os espaços foram-se multiplicando e até
meados do século XX, construíram-se grandes edifícios para peças de
teatro, óperas, operetas ou concertos para grandes audiências.
SAIR
23. De Gil Vicente pouco se sabe em
concreto. Desconhece-se o local e a data
exactos do nascimento e morte.
É provável que tenha nascido
na província (Guimarães, Beira
Alta? Ou terá sido na capital?),
cedo se fixando em Lisboa.
Quanto à data supõe-se que
terá sido entre 1460 e 1470
(1465?).
Alguns documentos, dão-no
como, além de dramaturgo, ourives,
ou mesmo alfaiate. Como ourives
terá sido autor da mais famosa e
admirada peça de ourivesaria
portuguesa, a Custódia de Belém.
SAIR
24. Na capital, sabe-se que no
dia 8 de Junho de 1502 representou
um monólogo à rainha D. Maria.
A sua principal ocupação
parece ter sido a de
escrever e representar autos nas
cortes do rei D. Manuel e do rei
D. João III. É considerado o pai
do teatro português.
Sabe-se também que foi
casado duas vezes e que teve
vários filhos, deles se destacando
Paula e Luís Vicente.
Foi funcionário, encarregado
de organizar as festas da Corte.
Supõe-se que terá morrido
SAIR
pouco depois de 1536, em Lisboa.
25. Obras: de 1502 a 1536, Gil Vicente produziu
mais de quarenta peças de teatro, chegando a
publicar em vida algumas delas. Colaborou no
Cancioneiro Geral de Garcia de Resende.
Gil Vicente foi o primeiro dramaturgo
português (antes dele já havia o teatro, mas não
era organizado literariamente).
Sua primeira peça foi o
Auto da Visitação ou Monólogo
do Vaqueiro que foi represen-
tada na Câmara da rainha D.
Maria, em 1502. Trata-se de um
curto monólogo de um vaqueiro
que ia saudar o recém-nascido
príncipe, futuro D. João III. O
facto de ser representado nos
aposentos da rainha prova a sua
familiaridade com a família
SAIR real.
26. 1502 - Auto da Visitação (ou Monólogo do Vaqueiro).
1504 - Auto de S. Martinho.
1506 - Sermão perante a Rainha D. Leonor.
1509 - Auto da Índia, Auto Pastoril Castelhano.
1510 - Auto dos Reis Magos; Auto da Fé.
1512 - Velho da Horta.
1513 - Auto dos Quatro Tempos; Auto de Sibila Cassandra.
1514 - Exortação da Guerra.
1515 - Quem tem Farelos?; Auto de Mofina Mendes (ou
Mistérios da Virgem).
SAIR
27. 1517 - Auto da Barca do Inferno.
1518 - Auto da Alma; Auto muito
impropriamente chamado da Barca do
Purgatório.
1519 - Auto da Barca da Glória.
1520 - Auto da Fama.
1521 - Cortes de Júpiter; Comédia de Rubena;
Auto das Ciganas.
1522 - D. Duardos.
1524 - Farsa de Inês Pereira; Auto Pastoril
Português; Auto de Amadis de Gaula; Comédia
do Viúvo; Frágua do Amor; Auto dos Físicos.
1525 ou 1526 - O Juiz da Beira.
1526 - Templo de Apoio; Auto da Feira.
SAIR
28. 1527 - Nau de Amores; Comédia sobre a Divisa da
Cidade de Coimbra; Farsa dos Almocreves;
Tragicomédia da Serra da Estrela; Breve Sumário da
História de Deus seguido do Diálogo dos Judeus
sobre a Ressurreição; Auto das Fadas (?).
1527 ou 1528 - Auto da Festa.
1529 - Triunfo do Inverno (e do Verão).
1529 ou 1530 — O Clérigo da Beira.
1532 - Auto da Lusitânia.
1533 - Romagem dos Agravados.
1534 - Auto da Ganância.
1536 - Floresta de Enganos.
SAIR
29. Só em 1562 os seus filhos, Paula e
Luís Vicente, publicam toda a sua obra com
o título Compilaçam de todalas obras de Gil
Vicente, a qual se reparte em cinco livros.
SAIR
30. O Auto da Barca do
Inferno foi representado
pela primeira vez no Natal
de 1516, no Paço da Rainha,
em Lisboa. Sendo uma peça
de inspiração religiosa, é,
sobretudo, de crítica social,
pelo que Gil Vicente a
classificou de moralidade,
ou seja, destinada a
transmitir “lições” sobre o
bem e o mal, as virtudes e os
vícios.
De facto “ridendo
castigat mores” é a máxima
deste dramaturgo, pois
rindo vai apontando os
vícios das diversas classes
sociais, através de perso-
SAIR
nagens-tipo.
31. Sim
Trabalho realizado por:
Ana Cristina de Carvalho