O documento discute diferentes tipos de anemia, incluindo anemia ferropriva, anemia falciforme e anemia hemolítica. Ele explica as causas, sintomas e tratamentos de cada tipo de anemia. Referências adicionais são fornecidas no final.
2. O que é Anemia?
Popularmente a anemia é conhecida
como falta de sangue. Na verdade,
este conceito não está de todo errado.
Anemia é a redução do número de
glóbulos vermelhos (também chamados
de hemácias ou eritrócitos) no sangue.
6. Anemia Ferropriva
Anemia ferropriva é o tipo de anemia decorrente da privação, deficiência, de ferro dentro do organismo levando à uma diminuição
da produção, tamanho e teor de hemoglobina dos glóbulos vermelhos, hemácias. O ferro é essencial para a produção dos glóbulos
vermelhos e seus níveis baixos no sangue comprometem toda cascata de produção das hemácias. Dentro dos glóbulos vermelhos
existe uma proteína chamada hemoglobina que tem na sua estrutura bioquímica a presença de moléculas de ferro e de cobalto (o
cobalto está presente na vitamina B12). A hemoglobina é a responsável pelo transporte do oxigênio que respiramos até todas as
células do corpo humano. Na diminuição desta (hemoglobina) o transporte de oxigênio fica comprometido e várias consequências
danosas serão desencadeadas. Estima-se que 90% das anemias sejam causadas por deficiência de ferro.
7. Anemia Ferropriva - causas
Existem diversas causas para a anemia ferropriva, são elas:
Falta de ferro na alimentação: Continua sendo ainda a causa mais frequente de anemia ferropriva no mundo, principalmente em crianças
abaixo de 2 anos e mulheres gestantes. No Brasil, estima-se que atinja 25 % das crianças até os 2 anos de idade e 21% até os 5 anos de idade.
Alguns estudos no Brasil chegaram a apontar uma prevalência de anemia em 50% ou mais em crianças até os 5 anos de idade, que
frequentavam escolas ou creches e Unidades Básicas de Saúde.
Diminuição da absorção do ferro pela mucosa intestinal: Várias condições clínicas podem afetar a absorção de ferro na mucosa intestinal.
São elas:
● Cirurgias que retiram partes do estômago e/ou intestino que afetam a absorção do ferro
como gastrectomias por úlceras no estômago e cirurgia bariátrica que retira parte do
estômago e do intestino para redução do peso
● Parasitoses (verminoses) intestinais como ancilostomíase, causada pelo parasita
Ancylostoma duodenales, que “roubam” o ferro dos alimentos antes destes ser absorvido
pelo intestino
● Trânsito intestinal acelerado, como nos casos de diarreias frequentes dificultando a
absorção do ferro durante sua passagem pelo tubo digestivo que é o local de absorção
deste
● Doença Celíaca (enteropatia pelo glúten) que leva à diminuição da absorção do ferro
causada pela inflamação crônica da mucosa intestinal e diarreias frequentes.
8. Anemia Ferropriva - causas
Perda de sangue recorrente causada por:
● Fluxo sanguíneo menstrual de grande volume e por muitos dias, condição chamada de hipermenorréia pelos ginecologistas.
Também podem ser a causa de sangramentos vaginais excessivos os miomas uterinos
● Sangramentos crônicos do tubo digestivo causado por úlceras gástricas ou duodenais, câncer gastrointestinal, hemorroidas,
divertículos, doenças inflamatórias intestinais em fase aguda como Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa, varizes
esofágicas e parasitoses intestinais
● Sangramentos constantes pelo nariz (epistaxe ) ou pela urina ( hematúria e hemossidenúria )
● Doenças descamativas da pele que cursam com descamação cutânea excessiva.
9. Anemia Ferropriva - fatores de risco
O fator de risco mais importante para a anemia ferropriva é a dieta deficiente em ferro. Crianças e adolescentes, gestantes e
idosos são os públicos mais vulneráveis. Pacientes submetidos à cirurgia bariátrica para redução do peso também correm maior
risco de deficiência de ferro. Pessoas que dependem de terceiros para se alimentarem como idosos em asilos ou incapacitados
fisicamente também podem ter anemia ferropriva. Pacientes com hipotireoidismo podem desencadear anemia como manifestação
secundária. Vegetarianos mal orientados são também grupo de risco.
10. Anemia Falciforme
Anemia falciforme é uma doença hereditária (passa dos pais para os filhos) caracterizada pela alteração dos glóbulos
vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com uma foice, daí o nome falciforme. Essas células têm sua membrana alterada
e rompem-se mais facilmente, causando anemia. A hemoglobina, que transporta o oxigênio e dá a cor aos glóbulos vermelhos,
é essencial para a saúde de todos os órgãos do corpo. Essa condição é mais comum em indivíduos da raça negra. No Brasil,
representam cerca de 8% dos negros, mas devido à intensa miscigenação historicamente ocorrida no país, pode ser observada
também em pessoas de raça branca ou parda.
11. Anemia Falciforme - sintomas
A anemia falciforme pode se manifestar de forma diferente em cada indivíduo. Uns têm apenas alguns sintomas leves, outros
apresentam um ou mais sinais. Os sintomas geralmente aparecem na segunda metade do primeiro ano de vida da criança.
Crise de dor: é o sintoma mais freqüente da doença falciforme causado pela obstrução de pequenos vasos sanguíneos pelos
glóbulos vermelhos em forma de foice. A dor é mais frequente nos ossos e nas articulações, podendo, porém atingir qualquer
parte do corpo. Essas crises têm duração variável e podem ocorrer várias vezes ao ano. Geralmente são associadas ao tempo
frio, infecções, período pré-menstrual, problemas emocionais, gravidez ou desidratação;
Icterícia (cor amarela nos olhos e pele): é o sinal mais frequente da doença. O quadro não é contagioso e não deve ser
confundido com hepatite. Quando o glóbulo vermelho se rompe, aparece um pigmento amarelo no sangue que se chama
bilirrubina, fazendo com que o branco dos olhos e a pele fiquem amarelos;
Síndrome mão-pé: nas crianças pequenas as crises de dor podem ocorrer nos pequenos vasos sanguíneos das mãos e dos
pés, causando inchaço, dor e vermelhidão no local;
12. Anemia Falciforme - sintomas
Infecções: as pessoas com doença falciforme têm maior propensão a infecções e, principalmente as crianças podem ter mais
pneumonias e meningites. Por isso elas devem receber vacinas especiais para prevenir estas complicações. Ao primeiro sinal
de febre deve-se procurar o hospital onde é feito o acompanhamento da doença. Isto certamente fará com que a infecção seja
controlada com mais facilidade;
Úlcera (ferida) de Perna: ocorre mais frequentemente próximo aos tornozelos, a partir da adolescência. As úlceras podem
levar anos para a cicatrização completa, se não forem bem cuidadas no início do seu aparecimento. Para prevenir o
aparecimento das úlceras, os pacientes devem usar meias grossas e sapatos;
Sequestro do Sangue no Baço: o baço é o órgão que filtra o sangue. Em crianças com anemia falciforme, o baço pode
aumentar rapidamente por sequestrar todo o sangue e isso pode levar rapidamente à morte por falta de sangue para os outros
órgãos, como o cérebro e o coração. É uma complicação da doença que envolve risco de vida e exige tratamento emergencial.
13. Anemia Falciforme - diagnóstico
A detecção é feita através do exame eletroforese de hemoglobina. O teste do pezinho, realizado gratuitamente antes do bebê
receber alta da maternidade, proporciona a detecção precoce de hemoglobinopatias, como a anemia falciforme.
14. Anemia Falciforme - tratamento
Quando descoberta a doença, o bebê deve ter acompanhamento médico adequado baseado num programa de atenção
integral. Nesse programa, os pacientes devem ser acompanhados por toda a vida por uma equipe com vários profissionais
treinados no tratamento da anemia falciforme para orientar a família e o doente a descobrir rapidamente os sinais de gravidade
da doença, a tratar adequadamente as crises e a praticar medidas para sua prevenção. A equipe é formada por médicos,
enfermeiras, assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos, dentistas, etc. Além disso, as crianças devem ter seu crescimento e
desenvolvimento acompanhados, como normalmente é feito com todas as outras crianças que não têm a doença.
15. Anemia Hemolitíca
Sinônimos: anemia - hemolítica
Anemia é a condição na qual o organismo não possui glóbulos vermelhos em quantidade suficiente. Os glóbulos vermelhos são
responsáveis por fornecer oxigênio para os tecidos do corpo.
Em pessoas saudáveis, os glóbulos vermelhos duram por cerca de 120 dias antes de serem descartados pelo organismo. Na
anemia hemolítica, os glóbulos vermelhos no sangue são destruídos antes do tempo normal, sem dar tempo de serem repostos
pela medula óssea.
16. Anemia Hemolitíca - causas
A anemia hemolítica ocorre quando a medula óssea não é capaz de repor os glóbulos vermelhos que estão sendo destruídos.
A anemia hemolítica também tem sua forma autoimune, que ocorre quando o sistema imunológico identifica erroneamente seus
próprios glóbulos vermelhos como corpos estranhos, desenvolvendo anticorpos que atacam as hemácias, destruindo-as muito
prematuramente.
O organismo também pode destruir os glóbulos vermelhos devido a certos defeitos genéticos que fazem com que os glóbulos
vermelhos assumam formas anormais (como a anemia de células falciformes e anemia hemolítica devido à deficiência de G6PD).
Outras possíveis causas são:
● Coágulos em pequenos vasos sanguíneos
● Transfusão de sangue de um doador com um tipo sanguíneo que não corresponde ao seu.
17. Anemia Hemolitíca - fatores de risco
Os fatores de risco para anemia hemolítica são, em termos gerais:
● Exposição a determinados produtos químicos, drogas e toxinas
● Infecções.
18. Anemia Hemolitíca - sintomas
É possível que uma pessoa não apresente sintomas se a anemia hemolítica for branda. Se o problema se desenvolver
lentamente, os primeiros sintomas podem ser:
● Mau humor
● Fraqueza ou cansaço mais frequente que o normal
● Dor de cabeça
● Problemas de concentração ou raciocínio.
Se a anemia piorar, outros sintomas podem surgir, como:
● Coloração azul no branco dos olhos
● Unhas frágeis
● Tontura leve ao levantar-se
● Palidez da pele
● Falta de ar
● Língua dolorida.
19. Anemia Hemolitíca - diagnóstico
Um hemograma completo pode ajudar a diagnosticar a anemia e oferecer algumas dicas do tipo e da causa do problema. As partes
importantes de um hemograma completo incluem contagem de glóbulos vermelhos (RBC), hemoglobina e hematócrito (HCT).
Os seguintes exames podem identificar o tipo de anemia hemolítica:
● Contagem absoluta de reticulócitos
● Teste de Coombs direto
● Teste de Coombs indireto
● Teste de Donath-Landsteiner
● Aglutinina febril ou fria
● Hemoglobina livre no soro ou na urina
● Hemossiderina na urina
● Contagem plaquetária
● Eletroforese protéica sérica
● Haptoglobina sérica
● LDH sérica
● Urina e urobilinogênio fecal.
Um exame que mede a longevidade dos glóbulos vermelhos utilizando técnicas de rádio marcação
também pode ajudar a diagnosticar a anemia hemolítica.
20. Anemia Hemolitíca - tratamento
O tratamento depende do tipo e da causa da anemia hemolítica.
● Em casos de emergência, pode ser necessária transfusão sanguínea
● Para anemia hemolítica causada por doença autoimune, podem ser utilizadas drogas que reprimem o sistema
imunológico
● Quando os glóbulos vermelhos estão sendo destruídos em ritmo acelerado, o organismo pode precisar de ácido fólico
extra e suplementos de ferro para repor o que está sendo perdido.
21. Anemia por perda hemorrágica
Um tipo específico de anemia, onde uma grande perda de sangue devido a hemorragia ocorre em
qualquer parte do corpo, o que resulta em diminuição de glóbulos vermelhos anormalmente elevada
no sangue, é denominado como anemia hemorrágica ou anemia perda aguda ou crônica de sangue.