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Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling
unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Campus de Guaratinguetá
Colégio Técnico Industrial de Guaratinguetá “Professor Carlos Augusto Patrício Amorim”
FUNDAMENTOS DE AMPLIFICADORES
Versão 1.0 – Prof. Marcelo Wendling
Retirado do livro “Dispositivos Semicondutores – Diodos e Transistores”
1. Introdução
Relembrando a conceituação de um transistor polarizado na configuração emissor comum, cujo
ponto quiescente está no meio da região ativa, uma peuqena variação na tensão VBE provoca uma
variação semelhante na corrente de base iB. Esta variação faz com que a corrente de coletor iC e a
tensão VCE também variem, acompanhando a mesma forma de onda de entrada, como mostra a curva
característica de saída do transistor, apresentada na figura 1.
Fig. 1 – Variações de tensão e corrente no transistor.
A partir dessa análise inicial, será definida uma série de parâmetros importantes para a análise e
o projeto de circuitos amplificadores.
2
Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling
2. Ganhos de Corrente, Tensão, Potência e Defasagem
2.1. Ganho de Corrente
Como a ordem de grandeza das variações da corrente de base é menor que a da corrente de
coletor, observamos que a corrente de entrada foi amplificada de um fator Ai, denominado ganho de
corrente:
B
C
i
i
i
A (1)
2.2. Ganho de Tensão
Da mesma forma, como existe uma diferença na ordem de grandeza entre as tensões de entrada
(VBE) e saída (VCE), obervamos que a tensão de entrada foi amplificada de um fator Av, denominado
ganho de tensão:
BE
CE
v
V
V
A (2)
No caso do ganho de tensão, para este circuito de referência, seu resultado é negativo, pois
uma variação positiva na tensão de entrada causa uma variação negativa na tensão de saída. Isto
significa que o amplificador defasa a saída em 180º.
Já o ganho de corrente tem um resultado positivo, significando que o amplificador mantém a
corrente de saída em fase com a corrente de entrada, ou que a defasagem é nula. A figura 2 demonstra
graficamente a relação de fase entre as correntes e tensões de entrada e saída de um transistor.
Fig. 2 – Gráfico das tensões e correntes de entrada e saída no transistor.
3
Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling
2.3. Ganho de Potência
Os parâmetros ganho de tensão e ganho de corrente dão origem àesse parâmetro complementar,
denominado ganho de potência, definido como:
vip AAA . (3)
Ap é calculado em módulo, pois não faz sentido levar em conta um sinal negativo, já que este
sinal só diz respeito à defasagem entre variações de entrada e saída. Substituindo as equações (1) e (2)
em (3), obtemos:
BE
CE
b
c
p
V
V
i
i
A . (4)
Um amplificador genérico pode ser representtado pelo símbolo mostrado na figura 3, sendo A
ganho de corrente, tensão ou potência, em função do parâmetro que se deseja enfatizar.
Fig. 3 – Símbolo de um amplificador genérico.
3. Capacitores de Acoplamento
Para operarem de forma linear como amplificadores, os transistores devem estar polarizados na
região ativa, cujas tensões e correntes quiescentes são valores contínuos impostos por resistores e pela
fonte de tensão contínua que alimenta o circuito.
Porém, se o sinal variável de entrada possuir também um nível DC, este soma-se à tensão VBEQ
que, por sua vez, provoca um aumento em IBQ, que aumenta ICQ e diminui VCEQ, deslocando o ponto
quiescente na reta de carga para próximo da região de saturação, como mostra a figura 4.
Fig. 4 – Distorção causada por um nível DC (positivo) presente no sinal de entrada.
4
Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling
Com isso, o sinal de entrada, com um nível DC, distorce o sinal de saída, podendo levar o
dispositivo à saturação, se o sinal DC de entrada for positivo, ou ao corte, se negativo.
Para evitar este problema, entre o circuito gerdor do sinal de entrada e a entrada do
amplificador, é colocado um capacitor de acoplamento de entrada AC, que bloqueia o nível DC,
permitindo a passagem apenas da componente AC. Para isso, o capacitor deve ter um valor tal que
represente uma baixa impedância para a frequência do sinal alternado, como mostra a figura 5.
Algo semelhante acontece quando a saída do amplificador é ligada à uma carga ou a outro
circuito. É ligado na saída do amplificador um capacitor de acoplamento de saída AC, que evita que
o nível DC do amplificador não interfira na carga ou no circuito de saída.
Fig. 5 – Uso de capacitores de acoplamento na entrada e saída de amplificador.
4. Amplificadores em Cascata
Dependendo do ganho desejado, um amplificador pode ser formado pela associação de vérios
amplificadores ligados em cascata, figura 6. Neste caso, os ganhos totais de corrente, tensão e potência
são:
iniii
E
Sn
Ti AAAA
i
i
A ...... 321
1
(5)
vnvvv
E
Sn
Tv AAAA
V
V
A ...... 321
1
(6)
TiTvTp AAA . (7)
Fig. 6 – Amplificadores ligados em cascata.
5. Impedância de Entrada e Saída
Considerando amplificadores em cascata, para máxima transferência de potência, é
necessário que a impedância de saída de cada estágio amplificador seja igual à impedância de
entrada do estagio amplificador seguinte.
5
Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling
Logo, a impedância de entrada ZE e a impedância de saída ZS são dois outros parâmetros
importantes de um amplificador, senda essa igualdade entre eles denominada casamento de
impedâncias. A figura 7 mostra esse casamento de impedâncias, e estão representadas abaixo, as
equações do cálculo de impedâncias de entrada e saída:
E
E
E
i
V
Z (8)
S
S
S
i
V
Z (9)
nEnS ZZ 1 (10)
Fig. 7 – Casamento de impedâncias.
6. Curva de Resposta em Frequência
Em eletrônica, os sinais alternados podem ser classificados em várias categorias, de acordo com
a sua faixa de frequência:
(1) VLF (Very Low Frequencies) – 3kHz a 30kHz
(2) LF (Low Frequencies) – 30kHz a 300kHz
(3) MF (Medium Frequencies) – 300kHz a 3MHz
(4) HF (High Frequencies) – 3MHz a 30MHz
(5) UHF (Ultra High Frequencies) – 300MHz a 3GHz
(6) SHF (Super High Frequencies) – 3GHz a 30GHz
(7) EHF (Extra High Frequencies) – 30GHz a 300GHz
Assim, na prática, são necessáiors amplificadores para operarem nas mais diversas faixas de
sinais elétricos, porém, os transistores em limitações que os impedem de trabalhar em todas as faixas,
principalmente pelas capacitâncias parasitas que surgem em suas junções, além dos próprios
capacitores de acoplamento utilizados nos circuitos amplificadores.
Desta limitação dos transistores, surge um outro parâmetro importante, que deve ser levado em
consideração no estudo dos amplificadores: é a curva de resposta em frequência, que corresponde à
faixa de frequências que o amplificador opera com um nível mínimo de atenuação (inverso de ganho),
sendo limitada por uma frequência de corte inferior fCI e uma frequência de corte superior fCS,
como mostra a figura 8.
6
Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling
Fig. 8 – Curva de resposta em frequência.
7. Decibel
Bel é a unidade que mede a relação entre grandezas de forma logarítmica e, para adequar a
ordem de grandeza dessa unidade de medida aos fenômenos físicos, particularmente os eléticos, a
unidade de medida mais prática é o decibel (dB), ficando a relação entre potências da seguinte forma:
1
2
log10)(
P
P
dbAp (11)
Está é, então, uma outra forma de apresentar o ganho de potência de um circuito amplificador,
tomando-se como referência a potência em uma carga RL, como mostra a figura 9.
G
L
p
P
P
dbA log10)( (12)
Fig. 9 – Ganho de potência de um amplificador em dB.
Considerando também que
R
v
P
2
, temos as expressões de ganhos de potência e tensão em
dB:
G
L
v
v
v
A vv AdbA log20)( (12)
G
L
p
p
p
A pp AdbA log10)( (13)
7
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Exemplo: Um gerador fornece uma potência de 2mW a um amplificador, que por sua vez
entrega à carga o dobro da potência, pede-se (a) o ganho de potência em dB, (b) o ganho de potência
em dB, se a potência de saída fosse a metade da entrada e (c) o ganho de potência em dB, se a potência
de saída fosse dez vezes maior que a potência de entrada.
Solução:
(a)
dBdBA
dbA
P
P
dbA
p
p
G
L
p
3)(
10.2
10.4
log10)(
log10)(
3
3
Isso significa que a potência de saída está 3dB acima da potência de entrada.
(b)
dBdBA
dbA
P
P
dbA
p
p
G
L
p
3)(
10.2
10.1
log10)(
log10)(
3
3
Neste caso, a potência de saída estaria 3dB abaixo da potência de entrada, ou sofreria
uma atenuação de 3dB.
(c)
dBdBA
dbA
P
P
dbA
p
p
G
L
p
10)(
10.2
10.20
log10)(
log10)(
3
3
Neste caso, a potência de saída estaria 10dB acima da potência de entrada.
Podemos concluir que quando a potência dobra ou cai pela metade, as variações
correspondentes são, respectivamente, +3dB e -3dB, e quando a potência é multiplicada ou dividida
por dez, as variações correpondentes são +10dB e -10dB. Além disso, quando o ganho em dB é
positivo, significa que houve amplificação, e quando é negativo, significa que houve atenuação.
No caso de amplificadores ligados em cascata, o cálculo do ganho total em dB é muito mais
simples. Supondo, por exemplo, dois amplificadores com ganhos Av1 e Av2, o ganho total é dado por:
21. vvTv AAA ou )()()( 21 dBAdBAdBA vvTv (14)
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Essas relações entre potências e suas respectivas variações em dB são muito utilizadas na
prática, principalmente na parte de audioamplificadores.
No caso da curva de resposta em frequência, considera-se como frequências de corte
inferior e superior, aquela em que a potência de saída cai para sua metade, ou seja, sofre uma
atenuação de 3dB. Isto significa que a curva de resposta toma a própria potência de saída como
referência, porém o mais comum é representar a curva de resposta em frequência, tendo como
referência a tensão de saída, sendo necessário, portanto, determinar qual a correspondência entre a
queda de tensão e a atenuação de 50% ou de 3dB na potência de saída.
Assim, na região plana da curva de resposta em frequência, tem-se como referência uma tensão
de saída vLR e uma potência de saída pLR (tensão e potência de referências na carga).
Nas frequências de corte inferior e superior, como a potência de saída pL cai à metade de pLR,
tem-se:
707,0
2
1
2
1
2
1
2
2
LR
L
LR
LR
L
L
LR
L
v
v
R
v
R
v
p
p
Isto significa que, quando a potência de saída cai pela metade, a tensão de saída cai para
LRL vv .707,0 , isto é, tem uma queda de -3dB.
A curva de respota em frequência, assim representada, é denominada curva de resposta em
frequência normalizada. A figura 10 mostra as várias possibilidades de se representar uma curva de
resposta em frequência, tendo tensões ou ganhos de tensão em função da frequência do sinal.
Fig. 10 – Representações da curva de resposta em frequência.
9
Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling
8. Tipos de Amplificadores
Classificação dos amplificadores de acordo com a amplitude:
(a) Amplificadores de pequeno sinal ou baixa potência, cujos sinais de entrada são da ordem de
unidades de μV a dezenas de mV, ou correntes de coletor na ordem de unidades a centenas de
mA., ou potências de coletor na ordem de mW. Podemos empregá-los como pré-
amplificadores.
(b) Amplificadores de média potência, cujos sinais de entrada são da ordem de centenas de mV,
ou correntes de coletor na ordem de centenas de mA a unidades de Ampère, ou potências de
coletor na ordem de centenas de mW a unidades de Watt. Podem ser empregados como
amplificadores intermediários.
(c) Amplificadores de potência, cujos sinais de entrada são da ordem de centenas de mV, ou
correntes de coletor na ordem de unidades a dezenas de Ampère., ou potências de coletor na
ordem de unidades a centenas de Watt. São empregados como amplificadores finais de
potência.
De acordo com a freqüência dos sinais:
(a) Amplificadores de baixa frequência: operam com frequências 0,1Hz a 30KHz.
(b) Amplificadores de média frequência: operam com frequência na faixa de LF.
(c) Amplificadores de alta frequência: operam acima das frequência de LF (sendo classificadas
em VHF, UHF, microoondas, etc).
9. Classes de Amplificadores de Potência
São quatro os tipos de amplificadores de potência: classe A, B, AB e C.
(a) Amplificador Classe A: o transistor está operando com ponto Q no meio da reta de carga, e o
sinal faz com que o ponto Q oscile na região linear da curva do transistor. Neste caso temos a
reprodução de 360º do sinal. Ótimo para AF de baixa ou média potência.
(b) Amplificador Classe B: é aquele que trabalha com o ponto Q próximo do ponto de corte. Aqui
somente 180º do sinal é amplificado. Para AF, temos a necessidade de trabalhar com dois
transistores, cada um reproduzindo 180º do sinal.
(c) Amplificador Classe AB: é aquele que trabalha com o ponto Q próximo do entre o centro da
reta de carga e o ponto de corte. Aqui mais 180º do sinal é amplificado. Para AF, temos a
necessidade de trabalhar com dois transistores, cada um reproduzindo 180º do sinal. Este tipo
10
Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling
de polarização é empregado para que não ocorra a distorção cruzada típica dos amplificador
classe B.
(d) Amplificador Classe C: Neste caso, o ponto Q está abaixo do corte, de tal forma que o
transistor conduza menos de 180º do sinal. A classe C é empregada para amplificadores de RF.
10. Bibliografia
Este texto foi retirado em sua maior parte do livro:
MARQUES, A. E. B. CRUZ, E. C. A. CHOUERI, A. Dispositivos Semicondutores: Diodos e
Transistores. 7. ed. São Paulo: Editora Érica, 2002. 389p. Cap. 9.

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  • 1. 1 Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Campus de Guaratinguetá Colégio Técnico Industrial de Guaratinguetá “Professor Carlos Augusto Patrício Amorim” FUNDAMENTOS DE AMPLIFICADORES Versão 1.0 – Prof. Marcelo Wendling Retirado do livro “Dispositivos Semicondutores – Diodos e Transistores” 1. Introdução Relembrando a conceituação de um transistor polarizado na configuração emissor comum, cujo ponto quiescente está no meio da região ativa, uma peuqena variação na tensão VBE provoca uma variação semelhante na corrente de base iB. Esta variação faz com que a corrente de coletor iC e a tensão VCE também variem, acompanhando a mesma forma de onda de entrada, como mostra a curva característica de saída do transistor, apresentada na figura 1. Fig. 1 – Variações de tensão e corrente no transistor. A partir dessa análise inicial, será definida uma série de parâmetros importantes para a análise e o projeto de circuitos amplificadores.
  • 2. 2 Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling 2. Ganhos de Corrente, Tensão, Potência e Defasagem 2.1. Ganho de Corrente Como a ordem de grandeza das variações da corrente de base é menor que a da corrente de coletor, observamos que a corrente de entrada foi amplificada de um fator Ai, denominado ganho de corrente: B C i i i A (1) 2.2. Ganho de Tensão Da mesma forma, como existe uma diferença na ordem de grandeza entre as tensões de entrada (VBE) e saída (VCE), obervamos que a tensão de entrada foi amplificada de um fator Av, denominado ganho de tensão: BE CE v V V A (2) No caso do ganho de tensão, para este circuito de referência, seu resultado é negativo, pois uma variação positiva na tensão de entrada causa uma variação negativa na tensão de saída. Isto significa que o amplificador defasa a saída em 180º. Já o ganho de corrente tem um resultado positivo, significando que o amplificador mantém a corrente de saída em fase com a corrente de entrada, ou que a defasagem é nula. A figura 2 demonstra graficamente a relação de fase entre as correntes e tensões de entrada e saída de um transistor. Fig. 2 – Gráfico das tensões e correntes de entrada e saída no transistor.
  • 3. 3 Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling 2.3. Ganho de Potência Os parâmetros ganho de tensão e ganho de corrente dão origem àesse parâmetro complementar, denominado ganho de potência, definido como: vip AAA . (3) Ap é calculado em módulo, pois não faz sentido levar em conta um sinal negativo, já que este sinal só diz respeito à defasagem entre variações de entrada e saída. Substituindo as equações (1) e (2) em (3), obtemos: BE CE b c p V V i i A . (4) Um amplificador genérico pode ser representtado pelo símbolo mostrado na figura 3, sendo A ganho de corrente, tensão ou potência, em função do parâmetro que se deseja enfatizar. Fig. 3 – Símbolo de um amplificador genérico. 3. Capacitores de Acoplamento Para operarem de forma linear como amplificadores, os transistores devem estar polarizados na região ativa, cujas tensões e correntes quiescentes são valores contínuos impostos por resistores e pela fonte de tensão contínua que alimenta o circuito. Porém, se o sinal variável de entrada possuir também um nível DC, este soma-se à tensão VBEQ que, por sua vez, provoca um aumento em IBQ, que aumenta ICQ e diminui VCEQ, deslocando o ponto quiescente na reta de carga para próximo da região de saturação, como mostra a figura 4. Fig. 4 – Distorção causada por um nível DC (positivo) presente no sinal de entrada.
  • 4. 4 Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling Com isso, o sinal de entrada, com um nível DC, distorce o sinal de saída, podendo levar o dispositivo à saturação, se o sinal DC de entrada for positivo, ou ao corte, se negativo. Para evitar este problema, entre o circuito gerdor do sinal de entrada e a entrada do amplificador, é colocado um capacitor de acoplamento de entrada AC, que bloqueia o nível DC, permitindo a passagem apenas da componente AC. Para isso, o capacitor deve ter um valor tal que represente uma baixa impedância para a frequência do sinal alternado, como mostra a figura 5. Algo semelhante acontece quando a saída do amplificador é ligada à uma carga ou a outro circuito. É ligado na saída do amplificador um capacitor de acoplamento de saída AC, que evita que o nível DC do amplificador não interfira na carga ou no circuito de saída. Fig. 5 – Uso de capacitores de acoplamento na entrada e saída de amplificador. 4. Amplificadores em Cascata Dependendo do ganho desejado, um amplificador pode ser formado pela associação de vérios amplificadores ligados em cascata, figura 6. Neste caso, os ganhos totais de corrente, tensão e potência são: iniii E Sn Ti AAAA i i A ...... 321 1 (5) vnvvv E Sn Tv AAAA V V A ...... 321 1 (6) TiTvTp AAA . (7) Fig. 6 – Amplificadores ligados em cascata. 5. Impedância de Entrada e Saída Considerando amplificadores em cascata, para máxima transferência de potência, é necessário que a impedância de saída de cada estágio amplificador seja igual à impedância de entrada do estagio amplificador seguinte.
  • 5. 5 Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling Logo, a impedância de entrada ZE e a impedância de saída ZS são dois outros parâmetros importantes de um amplificador, senda essa igualdade entre eles denominada casamento de impedâncias. A figura 7 mostra esse casamento de impedâncias, e estão representadas abaixo, as equações do cálculo de impedâncias de entrada e saída: E E E i V Z (8) S S S i V Z (9) nEnS ZZ 1 (10) Fig. 7 – Casamento de impedâncias. 6. Curva de Resposta em Frequência Em eletrônica, os sinais alternados podem ser classificados em várias categorias, de acordo com a sua faixa de frequência: (1) VLF (Very Low Frequencies) – 3kHz a 30kHz (2) LF (Low Frequencies) – 30kHz a 300kHz (3) MF (Medium Frequencies) – 300kHz a 3MHz (4) HF (High Frequencies) – 3MHz a 30MHz (5) UHF (Ultra High Frequencies) – 300MHz a 3GHz (6) SHF (Super High Frequencies) – 3GHz a 30GHz (7) EHF (Extra High Frequencies) – 30GHz a 300GHz Assim, na prática, são necessáiors amplificadores para operarem nas mais diversas faixas de sinais elétricos, porém, os transistores em limitações que os impedem de trabalhar em todas as faixas, principalmente pelas capacitâncias parasitas que surgem em suas junções, além dos próprios capacitores de acoplamento utilizados nos circuitos amplificadores. Desta limitação dos transistores, surge um outro parâmetro importante, que deve ser levado em consideração no estudo dos amplificadores: é a curva de resposta em frequência, que corresponde à faixa de frequências que o amplificador opera com um nível mínimo de atenuação (inverso de ganho), sendo limitada por uma frequência de corte inferior fCI e uma frequência de corte superior fCS, como mostra a figura 8.
  • 6. 6 Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling Fig. 8 – Curva de resposta em frequência. 7. Decibel Bel é a unidade que mede a relação entre grandezas de forma logarítmica e, para adequar a ordem de grandeza dessa unidade de medida aos fenômenos físicos, particularmente os eléticos, a unidade de medida mais prática é o decibel (dB), ficando a relação entre potências da seguinte forma: 1 2 log10)( P P dbAp (11) Está é, então, uma outra forma de apresentar o ganho de potência de um circuito amplificador, tomando-se como referência a potência em uma carga RL, como mostra a figura 9. G L p P P dbA log10)( (12) Fig. 9 – Ganho de potência de um amplificador em dB. Considerando também que R v P 2 , temos as expressões de ganhos de potência e tensão em dB: G L v v v A vv AdbA log20)( (12) G L p p p A pp AdbA log10)( (13)
  • 7. 7 Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling Exemplo: Um gerador fornece uma potência de 2mW a um amplificador, que por sua vez entrega à carga o dobro da potência, pede-se (a) o ganho de potência em dB, (b) o ganho de potência em dB, se a potência de saída fosse a metade da entrada e (c) o ganho de potência em dB, se a potência de saída fosse dez vezes maior que a potência de entrada. Solução: (a) dBdBA dbA P P dbA p p G L p 3)( 10.2 10.4 log10)( log10)( 3 3 Isso significa que a potência de saída está 3dB acima da potência de entrada. (b) dBdBA dbA P P dbA p p G L p 3)( 10.2 10.1 log10)( log10)( 3 3 Neste caso, a potência de saída estaria 3dB abaixo da potência de entrada, ou sofreria uma atenuação de 3dB. (c) dBdBA dbA P P dbA p p G L p 10)( 10.2 10.20 log10)( log10)( 3 3 Neste caso, a potência de saída estaria 10dB acima da potência de entrada. Podemos concluir que quando a potência dobra ou cai pela metade, as variações correspondentes são, respectivamente, +3dB e -3dB, e quando a potência é multiplicada ou dividida por dez, as variações correpondentes são +10dB e -10dB. Além disso, quando o ganho em dB é positivo, significa que houve amplificação, e quando é negativo, significa que houve atenuação. No caso de amplificadores ligados em cascata, o cálculo do ganho total em dB é muito mais simples. Supondo, por exemplo, dois amplificadores com ganhos Av1 e Av2, o ganho total é dado por: 21. vvTv AAA ou )()()( 21 dBAdBAdBA vvTv (14)
  • 8. 8 Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling Essas relações entre potências e suas respectivas variações em dB são muito utilizadas na prática, principalmente na parte de audioamplificadores. No caso da curva de resposta em frequência, considera-se como frequências de corte inferior e superior, aquela em que a potência de saída cai para sua metade, ou seja, sofre uma atenuação de 3dB. Isto significa que a curva de resposta toma a própria potência de saída como referência, porém o mais comum é representar a curva de resposta em frequência, tendo como referência a tensão de saída, sendo necessário, portanto, determinar qual a correspondência entre a queda de tensão e a atenuação de 50% ou de 3dB na potência de saída. Assim, na região plana da curva de resposta em frequência, tem-se como referência uma tensão de saída vLR e uma potência de saída pLR (tensão e potência de referências na carga). Nas frequências de corte inferior e superior, como a potência de saída pL cai à metade de pLR, tem-se: 707,0 2 1 2 1 2 1 2 2 LR L LR LR L L LR L v v R v R v p p Isto significa que, quando a potência de saída cai pela metade, a tensão de saída cai para LRL vv .707,0 , isto é, tem uma queda de -3dB. A curva de respota em frequência, assim representada, é denominada curva de resposta em frequência normalizada. A figura 10 mostra as várias possibilidades de se representar uma curva de resposta em frequência, tendo tensões ou ganhos de tensão em função da frequência do sinal. Fig. 10 – Representações da curva de resposta em frequência.
  • 9. 9 Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling 8. Tipos de Amplificadores Classificação dos amplificadores de acordo com a amplitude: (a) Amplificadores de pequeno sinal ou baixa potência, cujos sinais de entrada são da ordem de unidades de μV a dezenas de mV, ou correntes de coletor na ordem de unidades a centenas de mA., ou potências de coletor na ordem de mW. Podemos empregá-los como pré- amplificadores. (b) Amplificadores de média potência, cujos sinais de entrada são da ordem de centenas de mV, ou correntes de coletor na ordem de centenas de mA a unidades de Ampère, ou potências de coletor na ordem de centenas de mW a unidades de Watt. Podem ser empregados como amplificadores intermediários. (c) Amplificadores de potência, cujos sinais de entrada são da ordem de centenas de mV, ou correntes de coletor na ordem de unidades a dezenas de Ampère., ou potências de coletor na ordem de unidades a centenas de Watt. São empregados como amplificadores finais de potência. De acordo com a freqüência dos sinais: (a) Amplificadores de baixa frequência: operam com frequências 0,1Hz a 30KHz. (b) Amplificadores de média frequência: operam com frequência na faixa de LF. (c) Amplificadores de alta frequência: operam acima das frequência de LF (sendo classificadas em VHF, UHF, microoondas, etc). 9. Classes de Amplificadores de Potência São quatro os tipos de amplificadores de potência: classe A, B, AB e C. (a) Amplificador Classe A: o transistor está operando com ponto Q no meio da reta de carga, e o sinal faz com que o ponto Q oscile na região linear da curva do transistor. Neste caso temos a reprodução de 360º do sinal. Ótimo para AF de baixa ou média potência. (b) Amplificador Classe B: é aquele que trabalha com o ponto Q próximo do ponto de corte. Aqui somente 180º do sinal é amplificado. Para AF, temos a necessidade de trabalhar com dois transistores, cada um reproduzindo 180º do sinal. (c) Amplificador Classe AB: é aquele que trabalha com o ponto Q próximo do entre o centro da reta de carga e o ponto de corte. Aqui mais 180º do sinal é amplificado. Para AF, temos a necessidade de trabalhar com dois transistores, cada um reproduzindo 180º do sinal. Este tipo
  • 10. 10 Fundamentos de Amplificadores V1.0 | Prof. Marcelo Wendling de polarização é empregado para que não ocorra a distorção cruzada típica dos amplificador classe B. (d) Amplificador Classe C: Neste caso, o ponto Q está abaixo do corte, de tal forma que o transistor conduza menos de 180º do sinal. A classe C é empregada para amplificadores de RF. 10. Bibliografia Este texto foi retirado em sua maior parte do livro: MARQUES, A. E. B. CRUZ, E. C. A. CHOUERI, A. Dispositivos Semicondutores: Diodos e Transistores. 7. ed. São Paulo: Editora Érica, 2002. 389p. Cap. 9.